JÁ NADA MAIS COUBERA
Já nada mais coubera dentro em mim
Senão a mesma face desditosa
De quem porquanto a vida toca e glosa
Esbarra e traduzindo de onde eu vim
Prenunciando agora o ledo fim
E quando se pensara em canto e rosa
A vida noutra senda, vaporosa
Esvai e nada deixa em vão motim.
Expresso a solidão porquanto tento
Vencer o quanto possa e num lamento
Marcando com penúria o dia a dia,
Esgoto a minha vida num segundo
E os ermos deste vago eu aprofundo
Enquanto a podridão já se veria.
MARCOS LOURES
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