sábado, 21 de abril de 2018

NOITE IMENSA

Vagando em noite imensa, penso e crio
Em solilóquio vão venço ou me perco
E as dores entranhando fecham cerco
Acerco-me deveras do vazio.

E o vento vergastando em vasto frio
Do sonho mais bisonho adubo e esterco
E quando de algum terço ou reza acerco
Invernal e abismal granizo estio

Mudando a direção de vento e sombra
A sórdida impressão de novo assombra
Mundana fantasia estribo e açoite

Sem ter quem tentaria trazer luz
O vendaval revolta e me conduz
Traçando em treva e neve o meu pernoite.


MARCOS LOURES

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