sexta-feira, 29 de outubro de 2010

14201 A 14300

1


Roçando o teu grelinho com meus dedos,
Sarrando esta buceta com meu pau,
Invado sem temor os teus segredos
E chamo para um puta bacanal.

Na frente tu enfias teus brinquedos
Atrás vou penetrando em bom anal.
Na foda mais gostosa, tais enredos
Terminam com um gozo triunfal.

A porra que tu bebes safadinha,
Espalha em tua boca o meu prazer.
Te quero toda noite bem putinha

Jamais em cansarei de te fuder.
Rainha dos meus sonhos, abertinha
Do gozo que me dás quero beber...



2




Roçando mansamente teus sentidos,
Tomando-te de assalto nem pergunto.
Amores que queremos, resolvidos,
No toque sensual, contigo junto
Vontades e desejos decididos,
Nós vamos já diretos ao assunto.

E as roupas esquecidas pelo chão,
São simples testemunhas do furor
Que invade e nos tomando de paixão,
Mostrando neste quarto tanto ardor,
Explode sem juízo o coração,
Nas ondas mais profundas deste amor...

Assim vamos seguindo a madrugada,
Que chega, num sorriso, saciada...

Marcos Loures



3


Roçando a tua pele, brônzeo altar
Erguendo ao teu louvor, prazer intenso,
Fazendo de teu corpo, lupanar.
No amor que me enlouquece, eu tanto penso.

Orgasmos santificas, deusa plena,
Incensos que se espalham virginais,
Na fúria deste gozo já se acena,
Fornalhas tão divinas, vendavais.

Numa avalanche sempre formidável,
Uma explosão fantástica, vulcânica
Orgástica loucura insaciável,
Enchente que transbordas, oceânica...

Delírios insensatos, fogaréu,
Incêndios tresloucados, carrossel...



4


Roçando a minha pele, o teu sorriso
Enigmaticamente não traduzo
Porém a cada vez eu bebo e biso
Embora ainda seja tão confuso.

Se a carapuça cabe e não me acaba
Cabalas e mosaicos descortinas.
Candeias incendeiam nossa taba
Estava com os olhos nas neblinas

Ao subverter as ordens que me deste
Estive justamente onde não quis
Crisântemo em mormaço se reveste
O quanto que negaste fez feliz.

Quem dera se dourasses meu martírio
Dos olhos da morena o meu colírio...
Marcos Loures


5

Roçando a minha boca
Tocando a tua nuca,
Prazer que se aloca
Deixando-te maluca.

O gozo que sufoca
Decerto não machuca
Encontro insana toca,
E quero esta cumbuca

Em úmida delícia,
Amor nosso colírio
Promete com malícia

Na dança mais audaz
Traçada num delírio
Amanhecer em paz..


6


Roça que plantei, de milho
Passarinho já comeu.
A mulher quer me dar filho
Outro filho já nasceu.

Procurei um estribilho
Nunca foi nem meu nem seu
Revólver sabe o gatilho
Passarinho já morreu!

Nunca mais vou plantar roça
Nem mais filho quero ter,
Na danada da palhoça

Já não tem nem mais espaço
Como poderei viver
Sem saber do teu abraço?
Marcos Loures


7

Ritos rotas rumos sendas
Entre noites, corpos peles.
Quanto eu quero e já desvendas
Meu destino no teu seles.

Sem fronteiras nem emendas
Nos caminhos em que atreles
Nas taperas, camas, tendas
Tanto gozo que reveles

Sem revezes nem partidas.
Esporando uma ilusão
Que domina nossas vidas

E nos traz transposição
Do meu corpo pro teu leito
Do teu sangue pro meu peito...
Marcos Loures


8



Ritos fantasmagóricos, carnais
Tramando a fantasia já nos tomam.
Chegando às noites vagas e venais
Desejos e delírios loucos somam

Formando os insensatos, canibais
Caminhos que em verdade sempre domam
Arcanjos e demônios que se assomam
Expressam nossos jogos sensuais.

Beleza que se expondo em transparências
Entranha nos meus olhos, não me larga,
Na tensa sensação, pesada carga

Demonstração de cura em penitências.
Desfruto cada gole do veneno
Exposto em minha cama, atroz, sereno...
Marcos Loures



9



Ritinha uma menina tão gulosa
Pensando que este mundo logo acaba
Comendo a se fartar – e toda prosa –
Lá não deixou sobrar jabuticaba...

Barriga começou logo a roncar
Porém nada saía lá por baixo
A dor foi piorando devagar
- Cólica pra quem tem é o diacho.

Levaram a menina mais depressa
Para o Pronto Socorro da cidade.
Doutora; de crianças diz que gosta;

Começou a tirar peça por peça.
Porém ao desabar: calamidade!
Jaleco ficou lindo: Cor de bosta...



10


Risonho, meu caminho, pede paz,
E mesmo que inda venha o temporal,
De ter um novo dia sou capaz
Cobrindo o meu passado, pá de cal.

O vento que nos toma sendo audaz,
Espalha a vã tristeza irrompe o astral
Mergulha nesta imagem triunfal
Deixando este vazio para trás...

Eu ergo um brinde ao sonho que em triunfo
Usando a fantasia como um trunfo
Adoça o meu porvir, polvilha a luz

Estampo o teu sorriso em minha face,
Por mais que a noite fria ainda embace
Teu gozo em meu prazer se reproduz...


11


Riscando os horizontes, liberdade,
Alcança os teus olhares sedutores,
Perdida em tal beleza, ansiedade,
Esquece do amanhã e seus alvores.

Assim ao conhecer felicidade,
Atada aos teus carinhos tentadores,
Por mais que inda resista ou mesmo brade
Adentra teus limites, sonhadores.

Assíduas ilusões bebem da fonte,
E a vida se tomando em belo apronto
Permite que se veja no horizonte

A força deste olhar, rara torrente,
A dias tão fantásticos remonto,
E vibro em belo lume, vou contente...
Marcos Loures


12


Riscando o meu passado, ledo giz,
Versões que nos verões foram primeiras,
Os mares esqueceram as palmeiras
Colares morrem contas, nada fiz.

Gerindo o quanto outrora ainda quis,
Não posso responder pelas asneiras
Que foram cometidas, mas me queiras
Que enfim eu poderei ser mais feliz.

Um gole de café, um botequim,
A valsa diz da vala que há em mim,
Um tango de Gardel, nossa vitrola.

Vitrais já destruídos pelos ventos,
Os medos inundando os pensamentos,
Minha alma pro teu lado, enfim, decola.



13


Riscadas pelos cortes das navalhas,
Nas costas, as profundas cicatrizes,
As noites são inglórias meretrizes
Marcadas pelos erros, tantas falhas.

Carrego desde então pesadas tralhas,
Os dias são doridos, aprendizes,
As dores, repetidos chafarizes,
Trazidas em meu lombo, tais cangalhas.

Olhos d’água, cacimbas vêm vazias
Tristezas produzindo suas crias
E o tempo de viver vai se esgotando.

A cada novo sonho, as armadilhas,
Ferrando minha carne, velhas trilhas
Destino na saudade desaguando.



14


Riqueza que se encontra em raras gemas,
Uma amizade é sempre benfazeja,
Trazendo com certeza como emblemas
A solidariedade que deseja
Aquele que sabendo dos problemas,
Felicidade em paz, decerto almeja,

Esteja onde estiver, esteja certa,
Que a glória da alegria não se esquece,
A sorte de demonstra sempre alerta,
Um belo amanhecer, em luz e prece,
Florindo a senda amarga e até deserta,
Canteiros de esperanças; logo tece.

Assim no campo santo da amizade,
Eu vejo com mais calma, a liberdade...
Marcos Loures



15


Riqueza incomparável de ouro e prata
Tornando em diamante nossas vidas.
Na força maviosa da cascata

Redime nossas horas já perdidas.
Um norte que nos toma e arrebata
Achando em labirintos, as saídas...

Num mar que se permite em tantas ondas,
- A vida – transformando em calmaria
As tormentas que fazem suas rondas
Deixando muita dor em agonia.

Riqueza que se encontra na verdade,
No rosto companheiro, num sorriso.
Quem tem este tesouro, uma amizade,
Por certo já tem tudo o que é preciso...



16


Rio, você foi feito para mim,
Nas moças que passeiam pela praia
Na Rua do Passeio, no jardim,
O vento levantando a sua saia,

Vislumbre em morenice belas pernas.
Do Lido, em Ipanema, no Recreio,
As horas não se passam, são eternas.
A vida se promete sem anseio.

O quanto o Rio é belo disse Tom,
Concordo e não discuto, peço bis
Descendo pela praia do Leblon
Eu vejo o quanto posso ser feliz,

O vento vem chegando; mansa brisa,
O gozo de viver, depressa avisa...
Marcos Loures



17



Rimar Amor com dor? Não quero mais.
A gente deve ter felicidade,
E quando uma tristeza nos invade,
Procuro em velhas taças os cristais.

Não são todos os dias, magistrais,
Às vezes solidão rompe esta grade;
Mas tendo a poesia; esta deidade,
Recolho as minhas roupas dos varais

E enfrento a tempestade, peito aberto,
Não tendo mais receios do que vem,
No amor que já se espalha, farto bem

Que tanto nos maltrata num deserto
Enquanto transmudando esta paisagem
Estende um novo oásis. É Miragem?



18


Rudes canções, o canto que me resta
Depois de tantos anos, inda só.
Saudades no meu peito dando um nó,
O frio vai entrando pela fresta

De um sonho que talvez seja quem gesta
Uma ilusão que aflora, simples pó.
Não tendo quem me escute, sobra a dó
De um verme abandonado na floresta

Egresso das terríveis ilusões,
Um canto transtornado; ainda escuto,
Qual fora sinfonia, ou ode ao luto,

Canto residual destas paixões
Que um dia, reviver, talvez consiga,
Na busca de palavra mais amiga...
Marcos Loures



19



Roubaste o meu sossego mesmo assim
Não deixo de querer tal tempestade
Matando do meu peito a liberdade
Ao latejar amor dentro de mim.

A vida que já fora, outrora, clean,
Num tormento que açoda e que me invade
Deveras esqueceu tranqüilidade,
Tormenta do começo até o fim.

Paixão me avassalando, faz estragos,
Delícias de carícias e de afagos,
Sombrio maremoto no meu peito.

Na paz que desde agora é movediça
Florada num esterco, forte viça
Maltrata me deixando satisfeito...
Marcos Loures


20


Roubaste o meu sossego e mesmo assim
Não deixo de querer tal tempestade
Matando do meu peito a liberdade
Ao latejar amor dentro de mim.

A vida que já fora, outrora, clean,
Num tormento que açoda e que me invade
Deveras esqueceu tranqüilidade,
Tormenta do começo até o fim.

Paixão me avassalando, faz estragos,
Delícias de carícias e de afagos,
Sombrio maremoto no meu peito.

Na paz que desde agora é movediça
Florada num esterco, forte viça
Maltrata me deixando satisfeito...


21


Roubar de tua boca um beijo intenso,
Deitando sobre ti minhas vontades
É tudo o que desejo e mesmo penso,
Bebendo até chegar saciedades.

As tuas resistências sei que venço
Por mais que dissimules e até brades
De todo este prazer; eu recompenso
A quem se deu em loucas tempestades.

Enlaças o meu corpo em tuas pernas,
E as horas que vivemos, loucas,ternas
Anunciando um belo amanhecer

Envolto nas delícias deste enredo,
O amor deixa a tristeza no degredo
E enreda com delírios, o prazer...



22



Roubar de tua boca este melaço
Tão doce cana em caldo em mel desejo.
No beijo que procuro em cada abraço
Tão melado sentindo cada beijo.

Forjado pela vida em vil bagaço
O traço do prazer no corpo vejo.
O corte da navalha-olhar em aço,
Riscando céus, espaços, relampejo.

Viola ponteando sertaneja
Trazendo desta lua, raio e gozo.
Neste galope louco sempre arqueja

Rebentos do prazer andando nus.
O beijo cristalino e tão gostoso
Com corte de paixão ardendo em cruz.


23


Roubando toda a forma de prazer
Qual fosse um bom pirata chego ao cais
Desejo o tempo inteiro e sempre mais,
Não tenho mais temor, quero saber

O mapa dos tesouros; posso crer,
Que leve aos teus requebros sensuais.
Orgásticas loucuras magistrais
Além do que eu podia, assim prever.

Caçando a noite inteira o teu desejo,
Saudade meu amor deste molejo
Rebolativa deusa em minha cama.

Quasares e luares, sanduíches
As noites sem ninguém em azeviches
Apagam o que sobra desta chama...
Marcos Loures


24


Roubando mesmo falsa, uma alegria,
Eu passo o tempo inteiro a me iludir
Do quanto venho em versos te pedir
A noite transformada em frágil dia.

Procuro nos teus lábios, poesia
E disso vejo o sonho a redimir.
Cevando o que jamais irei sentir
O medo pouco a pouco se recria.

Vem ver a vida que se perde aos poucos,
Olhares que se encontram, quase loucos
Não deixam que se pense em amanhã.

Amor que não se entrega e não se dá,
Decerto nem saudade nos trará.
No gozo inesquecível, nosso afã...



14225


Roubando gota a gota todo o sumo
Do resto da esperança que inda trago,
Vivendo sem sequer ter um afago,
Aos poucos no vazio eu me consumo.

A vida se esvaindo em frágil fumo,
Da sorte desejava cada bago,
Agora o restou denota o estrago
Negando no final caminho e prumo.

Vencido totalmente sigo só,
Estrada se tornando areia e pó,
Só me resta um consolo: muito lutei.

Inverno eternamente cai em mim.
Não tendo mais escolha, sigo assim
Fazendo do vazio, a sorte e lei.
Marcos Loures



26

Roubando deste sol a luz imensa,
Transporto meus desejos vis, insanos...
Não espero carinho, recompensa,
Minhas tristezas contam-se por anos...

No quadro das esperas, desavença
Os dias mais nublados, tantos planos,
Folhas caídas, outonais, doença...
Escondido prefiro teus enganos....

No limbo que me encontro, nada falo...
Os caminhos fechados não permitem...
Espero tanta coisa, mas me calo...

Os risos que guardei, deram em nada...
As mortes que planejo, sempre omitem;
Roubando deste sol, vida gelada...
Marcos Loures


14227

Roubando desta lua cor de prata
Os brilhos em mil raios luminosos,
Depois de certos dias dolorosos,
A sorte novamente me arrebata.

Apenas neste amor, sorvendo a nata,
Esqueço de teus lábios venenosos.
Percebo em trocadilhos mais jocosos,
Que quem eu desejei agora, mata.

Jogada nos currais, em lama e barro,
Passeia o seu sorriso mais bizarro,
Vestida da mortalha em que se fez,

Luxúrias e vergonhas, desprezada,
A forma desdenhosa e profanada
Mostrando a podridão em suja tez.


28

Santos espasmos quero em nosso leito
De amor. Nestas convulsas sensações
Eu quero-me sentir tão satisfeito
Imerso na loucura de emoções...

Trilhando palmo a palmo este caminho
Deliciosamente descoberto;
Depois nas reentrâncias fazer ninho
E revezar escuro e céu aberto.

Eu quero o arfar dos seios desejosos
De mais e mais carinhos e carícias.
Dedos: exploradores talentosos
Sabendo deste mapa de delícias.

Eu quero ser enfim, um bandeirante
Em busca do tesouro deslumbrante!


29
Sarcástico o meu verso é mais constante
E faz o dia-a-dia suportável,
A sede necessita água potável
A dor a se espalhar, contagiante.

Não tendo mais aonde nem diante
Eu tento ser ao menos mais amável.
Embora o mar não seja navegável
Meu barco vai tentando, num rompante.

A triste solidão já me assoalha
Trazendo como brinde uma mortalha,
E toda esta ironia por bandeira.

Fazer o quê? Seguindo a minha sina
Ao nada meu caminho se destina
Deixando para trás a sorte inteira.
Marcos Loures


30


Saqueio com meus lábios, tuas minas.
Bebendo cada gole do teu vinho.
Enquanto desatino, me alucinas,
Em chamas absolutas de carinho.

Sangro meu amor por tuas sanhas,
Sagras teus desejos neste altar,
Traduzo em fúria intensa tantas manhas,
Maçãs deliciosas, devorar.

Dois corpos se entranhando, como anexos,
Pertencendo tão somente ao bel prazer.
Na fome desgrenhada, nossos sexos,
Entre os lençóis se deixam conhecer.

Imerso nos teus lábios, róseos, bocas,
Vou à profundidade, santas tocas...


31


Saprófita dos sonhos que se foram,
Eu teimo em resistir, um marinheiro
Que perde a direção, sem timoneiro,
Naufrágios no caminho não demoram.

As sendas mais incríveis que se exploram
Não deixam que veja algum ribeiro,
Na seca que se dá, um forasteiro
Sem ter porto, seus rumos não ancoram.

Assim permanecendo em quietude
Perdendo o que restou da juventude,
Devoro o que pensara ser só meu.

O amor que não chegou, nada dizendo,
Vazios da esperança percorrendo,
Degluto então o sonho que morreu...
Marcos Loures


32

Satélite que ronda um astro belo,
Vagando no infinito da emoção.
Um lavrador que usando o seu rastelo
Fomenta a geração em cada grão.

Também por nosso amor- eterno – eu velo
E faço em toda a sorte de oração
Unindo nossos cantos em forte elo
Galgando num instante esta amplidão

Formada por palavras e carícias
Banquete que é tão bom usufruir.
Servido em mil temperos, em delícias

Deixando todo o amor, enfim, fluir.
Encontro neste bem, minha guarida
Valorando com certeza a nossa vida

33

Sarcófagos carrego dentro em mim,
Mordazes as palavras que me tocam,
O fundo da esperança vai assim
E mortas, tais estrelas se deslocam.

A maquiagem, tolas, já retocam
E pensam que inda brilham no jardim.
Porém os meus caminhos se rebocam
E vagam sem ter rumo até o fim.

As cracas se procriam em colônias
Perfumes que me exalas quais amônias
Estúpidas palavras me disseste.

Sem velas o meu barco vai sem rumo,
Porém os erros todos eu assumo
E morro epidemia feita em peste.


34

São nove horas da noite e nada além
Do fardo que carrego há tantos anos,
Enquanto a poesia nunca vem,
Apenas recolhendo desenganos.

Soneto após soneto e perco o trem,
Quem dera se tivesse soberanos
Momentos onde um dia tive alguém
Agora sem destino, cadê planos?

Acendo outro cigarro e na fumaça
Eu vejo o teu retrato. Tudo passa.
Somente passageiro da ilusão.

Teclado repetindo o velho tema,
Rompi, não me esqueci, antiga algema,
Problema necessita solução...


35


São muitos meus pecados e meus erros.
A morte e podridão perene sina...
Cadáveres jogados nos aterros,
Acaricio essa mão fria, assassina...

Os vermes são convivas, comensais,
Os ossos que sobrarem triste resto...
As bocas que me lambem, canibais,
Deveras são parceiras que me infesto...

O cheiro que se emana não te atrai,
Porém são os carinhos que te lego...
Amor que inseparável nunca trai

Precisa desse câncer testemunha...
Por quantas vezes dizes, carne e unha
És tesouro maior que, enfim, carrego!
Marcos Loures


36


São flores sem perfume e nada mais,
Amores que já tive antes de ter
A sorte de poder te conhecer
Rainha dos meus sonhos triunfais.

Rastreio cada passo aonde vais,
Seguindo o teu aroma, meu prazer,
Contigo vou sentindo renascer
O mundo que eu queria, assim, demais.

Sou qual um passageiro deste trem
Chamado por alguns, louca paixão.
Sabendo que de noite sempre vem

A chama que me queima, sem perdão.
E envolto na beleza soberana,
A vida majestosa não me engana...


37


São feitas no lençol sob a coberta;
As tramas de um desejo que não cessa,
A porta quando está decerto aberta
Garante o cumprimento da promessa.

Bebericando o gozo ensandecido,
Acesas as fornalhas, não descanso.
Prazer que só é bom se dividido,
Depois de toda festa traz remanso.

No colo da mulher enamorada,
Nos seios e na boca, sem mistérios,
A noite desenhando a madrugada
Forrando em nossos sonhos, mil impérios.

As pernas e as vontades confundidas
Garantem em loucuras, nossas vidas...


38


São ermos os caminhos de quem ama
Decerto; tanta vez acreditei.
Agora que conheço a louca chama
Agora que, por fim, me apaixonei.

Percebo quanto estava me iludindo,
Percebo quanto amor é salutar,
O dia radiante sempre vindo,
Trazendo com beleza, a luz solar.

A noite transbordando em alva lua,
A vida transcorrendo em mansas águas.
Minha alma transportada já flutua
Escondem-se de mim, todas as mágoas...

Amar é caminhar sobre as estrelas,
É muito mais do que isso, até contê-las...


39



São duros os caminhos; acredite.
A vida não promete mansas flores
E saiba que por onde, amiga, fores
Terás a solidão como limite.

Por mais que a liberdade ainda grite,
Pensando em tuas costas vis rancores
Negando o que tiveste por pendores
Nublando este horizonte que a alma fite.

Heranças tão diversas colherás
Enigmas dolorosos guerra e paz
Fadando a nossa vida ao sofrimento.

Mas tenha na esperança uma aliada,
Assim superarás a vaga estrada
Obstáculo é somente um vão momento...


40


São duros os caminhos desta vida,
Não nego e nunca tive essa ilusão,
Se temos uma infância já perdida,
Difícil consertar, eis a razão.

Não vejo noutros olhos esta fera
Que tantas vezes falam sem pensar.
Apenas, se matar a primavera
Como o verão, enfim, irá chegar?

Sem flor o que será do pobre fruto?
Tão somente um aborto de esperança.
Quem não teve carinho segue bruto,
Se mata a todo dia, esta criança...

A fera, com certeza, anda contigo,
Espero que tu sejas mais amigo...


41


São coisas tão difíceis de entender,
Trazendo um reboliço sem igual,
Depois de ter comido com prazer,
Efeito feito em gás, colateral.

Assim como também quando beber
Eructação é sempre assim, fatal,
Num gasoduto, vou me converter,
Porém, doutor me disse: Isso é normal!

Eu gosto de farofa e frango frito,
Falar com boca cheia? Sai da frente.
Entorna a farinhada em toda gente

Assim, a pontaria eu exercito.
Voltando ao velho tema; é tanto gás,
Que traz suficiência à Petrobrás...


42


São chuvas de verão, tais sentimentos
Que teimam em rondar meu coração?
Das dores e fantasmas, como ungüentos
Prometem, finalmente a redenção...

Mudando a direção dos velhos ventos,
Fecundam com destreza cada chão,
Canteiros da esperança, sem tormentos,
Garantirão, enfim, a floração?

Viver tão simplesmente por viver,
Sem ver a plantação se renovando,
Será que faz feliz? Depois, em bando

Os meus prazeres fogem. Que fazer?
Tentar mesmo que saiba do vazio
Que pode ser herança deste estio?
Marcos Loures


43


São vários sentimentos que nos tocam,
Amor entre tristezas e alegrias.
As faces que se ofuscam se retocam
E mostram com certeza as alquimias

Que fazem do tormento, calmarias
Enquanto estas correntes nos deslocam
Das águas venturosas, águas frias
Prazeres e agonias desembocam.

Mas saiba que isto sempre fortalece,
A dor que tantas vezes enobrece
Permite que se vá com mais vigor,

Vencer as intempéries do caminho,
Tornando mais suave, licor, vinho
Maturando deveras nosso amor...


44

São vários os caminhos que percebo,
Nas curvas mais difíceis derrapei.
Se tenho tantas coisas, não concebo,
Esse medo da vida, que entranhei.

Eu tenho tantas coisas por dizer
Apenas não consigo mais sonhar.
O quanto foi medonho reviver
Os dias tão distantes, triste mar...

Agora que não vejo mais saída,
Agora que estas portas se fecharam;
Agora que não temo despedida,
Agora meus caminhos se encontraram.

E posso, enfim, dizer que tenho abrigo,
No verdadeiro afeto de um amigo!


45


São tristes os caminhos desta vida
Para quem decidiu se entregar sem
Ao menos procurar saber-se tida
Como amada por outro certo alguém.

Amiga, cometeste o mesmo engano
Que eu. Tantas vezes tive como certa
A presença de quem, em desengano,
Minha alma pressentira a descoberta

Do amor. Porém te digo companheira
Que mesmo quando estamos enganados
Por essa sensação tão costumeira,
Devemos nos sentir recompensados.

Pois, por pior que sejam os espinhos,
Devemos procurar nossos caminhos...


46


São tantos descaminhos, desacertos
Que enfrento vida afora, temporais.
Na ausência de teus braços, doces cais
Encontro tão somente vãos, desertos

Imerso nos vazios desencantos
Não tendo uma saída, vou assim.
As nuvens estendendo negros mantos
Sem chuva, o que será do meu jardim

Herdeiras deste inverno, as ilusões
Mergulham dos abismos, amplidões
E geram solitários desamores.

Quem dera se inda visse algum nuance
Do sonho de um amor, porém sem chance
Eu vejo o desbotar das minhas flores.


47


São tantas odaliscas e pierrôs
No baile da ilusão, que já passou...
Por certo, nas janelas e vitrôs
Um quadro na parede, o que sobrou...

Na doce fantasia do passado,
Confetes, serpentinas, marcha-rancho.
O quadro se mostrando esfumaçado,
As letras, misturadas, qual garrancho.

Me lembro deste beijo que te dei,
A colombina linda que se foi.
Na bela alegoria, já fui rei,
Nas ruas da emoção, bumba meu boi...

Agora nada encontro. Não faz mal,
Contigo, vivo eterno carnaval!


48



São tantas as promessas já desfeitas
Perdidas neste tempo sem ninguém.
Mas quando em nossas vidas foram feitas,
Em busca da certeza de outro bem.
Sabemos rebuscar os nossos sonhos,
Sabemos rabiscar o nosso nome...
Os passos que caminhas, são risonhos,
Meu peito no teu peito chega e some...
Nós somos as metades mais completas
Da mesma sensação de frio e medo.
As rotas que seguimos; prediletas,
Vivemos nosso amor neste degredo.
Lutamos pela mesma sensação
Viver a tempestade da paixão!


49


São tantas as belezas dos jardins
Que um velho jardineiro cultivava,
São crisântemos, lírios e jasmins...
Nas manhãs, com presteza ele regava

As flores mais bonitas dos canteiros
Adubados com lágrimas, suor;
Carinhos tão gentis e verdadeiros
Daquele beija-flor, amante mor.

Mas as rosas vermelhas, preferidas,
Pois eram as mais belas que já vi,
Mesmo as outras que foram preteridas,
Sabiam que a nobreza estava ali.

Ao fazer destas rosas um buquê,
Logo vi: a mais bela era você!



14250

São tantas armadilhas, uma delas
Traduz o quanto vale o ser humano.
Poeta enamorando-se de estrelas
Encontra na pureza um ledo engano.

Do leite derramado eu não reclamo,
É cáustica a verdade e isso me dói.
Enquanto em noite imensa, amor te chamo,
O queijo feito em beijo me corrói.

Pior que este tormento que me assola,
Saber que tudo leva um aditivo,
O requeijão com gosto assim de cola,
Mentira que me vendem, nela eu vivo.

Sujeito lá na roça ao ordenhar,
Rezando pra vaquinha ali mijar..
Marcos Loures


51


São raros os sonetos, hoje em dia.
Disformes paisagens são mostradas
Apenas ledas curvas das estradas
Tão íngremes da pura poesia.

Tu tens em tuas mãos esta magia
Ns regras que, por poucos, são lembradas
Em versos tão perfeitos demonstradas
Trazendo a quem te lê, tanta alegria.

Querida poetisa, eu te garanto,
As pérolas poéticas que fazes
Permitem um banquete inesquecível

Teu brilho iluminando este recanto
Estrofes mais perfeitas e capazes
Encanto com nobreza, indescritível...

PARA A GRANDE SONETISTA NILZA AZZI
Marcos Loures


52

São raios que me invadem de saudade
Fulgores entre as trevas dos meus dias.
Enfáticas lembranças, agonias
Matando o que restou da claridade...

Enquanto a noite fria agora invade
Revejo teus olhares, ardentias,
Fadando à solidão, melancolias
Marcando em voz cruel, tranqüilidade...

Aonde te encontrar depois de tanto?
Vagando pela vida tão somente
O fim que, merencório, se pressente

Sinônimo de dor e desencanto...
Será que inda terei algum momento
Que possa me trazer enfim, alento?


53


São poucas as palavras que encontrei
Que possam definir nossa amizade.
No canto que, sincero, imaginei
Por mais que procurei com liberdade

Não pude te dizer tudo o que sei
Da força que me traz felicidade.
Por isso companheiro; te direi,
Com minha mais fiel sinceridade.

Quando comemoramos essa data
Perfeita para todos refletirmos
De quanto uma alegria que arrebata

É feita por quem dá carinho vário
Por isso sempre é bom nós repetirmos
Os votos de feliz aniversário.


54


Sanguínea caminhada em dura treva,
Crivando em nosso sonho este granito,
Olhar que me arremessas, se maldito
Impede da esperança qualquer ceva.

Ao tempo em que saudade já me leva
Eu sinto inda ressoa um velho grito,
Trazendo o teu olhar, que sei aflito,
Além do que talvez eu possa e deva.

Ardências entre flâmulas atrozes
Escárnios em olhares, risos, vozes
O tempo impedirá um novo cio?

Olhares esparramam vis sarcasmos,
Sonegam com certeza meus orgasmos
Deixando o coração deveras frio...
Marcos Loures


55



Sangrar todo pecado da batina
Exposto pelos séculos afora,
Sabendo que esta dor já não tem hora
E toda uma vertente já domina...

Ver, tente, tal milagre que não veio,
Da cura que não houve; falsidade,
Receba esta mentira, caridade,
Que é faca que penetra no teu seio.

Vendendo o que jamais teve defesa,
Arrancam TUAS vestes, te desnudam...
Nos cofres dos ingênuos a limpeza

Se faz a cada dia. Amigo, veja
Que os tempos se passaram mas não mudam,
Os vendilhões matando em cada igreja...

É MEU AMIGO, DEPOIS DE 2000 ANOS DE TEU SACRIFÍCIO, TUDO CONTINUA NA MAIS PERFEITA ORDEM E NA MAIS SANTA PAZ...


56

Sangrar a fera estúpida em tocaia
Que lambe sua cria com venenos.
Martirizando sempre quem desmaia
Das loucas fantasias, gozos plenos.

Ignara multidão em campo ou praia
Não sabe dos desejos mais “amenos”
Da corja que se esconde sob a saia,
Mostrando duros pênis aos pequenos.

Depois em voz tão calma, nega tudo,
Calando o povo pobre e quase mudo
Mentindo sobre o bom da liberdade.

Um lobo que se esconde num cordeiro
Sangrando cada ovelha o tempo inteiro,
Logrando o que se diz ser amizade...


57


Sangrando teus olhares mais funestos,
Bastardas ilusões? Ano que vem.
Jogados pelas ruas; os meus restos,
Depois do que morri, sobrou ninguém.

Os passos se perderam noutros gestos,
Agônica emoção; amores têm,
Insetos tão infectos. Manifestos
Do quanto desejei ser outro alguém.

Cabeças em bandejas, guerra e paz.
Mortíferas lambidas desta fera.
A podre sensação – ser incapaz

Matando em nascedouro a primavera.
Teu lábio se mostrando mais voraz
No gozo em fanatismo me tempera...


58


Sangrando estas barragens, turbilhões
Invadem pensamentos e desejos.
De tanto que enfrentei em negações
Momentos de agonia tão sobejos.

Saudades entranhando em borbotões,
Resíduos dos antigos relampejos.
Agora nos meus passos, medos, pejos.
Não vejo num sorriso, as soluções.

A par do que já tive e não mais tenho,
A vida vai cerrando amargo cenho
Na pétrea sensação do nada ter.

Apenas os resquícios que transbordam,
As manhãs tão grisalhas que me abordam,
Renegam qualquer forma de prazer...
Marcos Loures


59


Sanando em redenção o mais duro desgaste
Uma esperança borda um novo amanhecer,
E nela reconheço o mais forte poder
De nossa resistência é com certeza uma haste.


Amigo, com certeza eu sei que triunfaste
E reconheço sempre o quanto é bom viver
Sabendo desta glória, eterno renascer.
Amor que quando em dor muitas vezes rimaste

É mais do que percebo, a rima que é tão pobre
Permite que se veja o sentimento nobre
Que trama a cada verso, um pouco de esperança.

Deixando para trás, o medo de encontrar
Depois da tempestade o mais claro luar
Distâncias sem igual, meu canto então alcança.


60


Sanando em mansidão antigos danos
Amor vai transformando a nossa sorte
Prevendo calmamente cada corte
Estende os sentimentos mais humanos.

Deixando para trás os desenganos
De uma alegria intensa traz aporte,
Permite com firmeza um claro norte
Corroborando assim, os nossos planos.

A par desta emoção, não mais descanso,
A cada novo dia mais avanço
Sonhando com teus braços, teu afeto.

Amor é com certeza o meu caminho,
Jamais me imaginando, enfim, sozinho,
Em ti amada amiga, eu me completo...
Marcos Loures


61


Saltitante e feliz, a perereca
Pulava no arvoredo e não sabia
Que a sorte dum anfíbio qual peteca
Dum momento para outro já varia.
Ao ver um sapo boi, moça sapeca
Mergulha num segundo em água fria

O sapo ao ver a moça saltitante,
Fazendo um charme deu uma guinada,
A perereca quis ser sua amante,
Porém o sapo boi era de nada.
Mas dono de beleza deslumbrante
O sapo se escondeu na sapaiada.

A perereca soube num jornal,
Sapo-boi era metrossexual!

Marcos Loures


62


Saltando os desafios, em cascatas;
Em meio a corredeiras imodestas,
Adentra nosso amor, por suas matas
Penetra tantas grutas, tantas frestas...

Vazantes e vertentes sei de cor,
Nascentes, afluentes, vou veloz.
Enchentes, tempestades, bem maior
Que todos outros mares, quero a foz...

Deitadas suas margens, minha amada;
Eu quero em seus desejos transbordar.
A mata tão macia, ciliada,
Loucura de em seus braços navegar...

Recebo suas águas, nosso afago,
Nos lagos empoçados, eu naufrago...


63


Salpicando ternura e fantasia
Recolho a doce fruta imaginada,
Cevando nosso amor, no dia a dia,
Colheita com certeza assegurada.

Encontro todo o bem que mais queria,
Na boca tão gostosa e delicada.
A mão de quem carinha com magia,
Permite que se creia em deusa e fada.

Desfilo meus desejos em teu porto,
Recebo o vento manso da esperança.
O mar do amor imenso nunca morto,

Trazendo ao coração paz e remanso.
No amor que em noite clara assim avança
Paraísos contigo eu sempre alcanço.
Marcos Loures


64


Saindo de Sodoma, o puro Ló
Esconde-se em cavernas com as filhas
Depois de percorrer diversas trilhas
Estando abandonado, velho e só.

Desejos aflorando então nas duas,
Embriagando o pai, um ancião,
Tendo ali com ele, relação
Entregam-se à luxúria e anseios; nuas.

E grávidas no incesto consumado,
Gerando então Moab e Ben-Ami
Os filhos do prazer desabalado;

Pois Ló não percebendo este artifício,
Dos netos-filhos, feitos desde ali,
A geração moabita tem início...


65


Saiba: tudo o que eu faço nessa vida
Eu faço por amor, eu te garanto.
A noite na minha alma, adormecida
Esquece que na vida, há sempre um pranto...

Vieste dessas dores do passado,
Salvando meus amores da desgraça.
Agora que convives ao meu lado,
Vontade de dançar em plena praça

Eu quero caminhar sempre contigo,
Amor de minha vida, sou teu fã,
Não vejo mais nem temo umsó perigo,
Acordando ao teu lado na manhã...

E saiba que no mundo, sem temor,
Tudo o que eu fizer é por amor


66


Saiba que tens o amor de um Deus perfeito,
Senhor de todos seres, bem supremo.
Vencendo mesmo o medo mais extremo
O coração mais puro quando aceito

Percebe ter o encanto por direito.
Ao lado deste Pai eu nada temo,
Mostrando o bom caminho, traz o remo
E nas vicissitudes abre o peito.

Num dia quando em glória Ele se deu,
Felicidade intensa para nós,
Um ser maravilhoso aqui nasceu

Derramando assim Graças sobre a Terra.
A glória se mostrando logo após,
Belezas sem igual o amor encerra...

PARA UMA PESSOA MUITO ESPECIAL
Marcos Loures


67



Saiba que nossos rumos se tocaram
Num instante difícil para mim.
Decerto que eles quando se encontraram
Mudaram tudo que eu pensara enfim.

Vinha de tantas dores e promessas
Caminhando sem saber onde chegar...
Guardava nas lembranças, às avessas,
A vontade risonha de sonhar...

Os nossos desesperos eram tantos
Que nada mais havia por fazer...
Buscava nesta vida, seus encantos,
Só tinha uma ilusão nesse meu ser...

Agora que encontrei não vou perder...
Pois só nos resta então, amor, viver!


68



Saiba que eu estarei sempre contigo
Por mais que seja duro o dia-a-dia
Jamais terá na vida um desabrigo,
A mão que te apascenta em harmonia

Permite-me dizer: sou teu amigo.
Às vezes tão distante da alegria
Vencendo qualquer forma de perigo,
Um laço mais estreito assim se cria.

E tendo esta certeza de poder
Contar com a amizade, posso crer
Que quando necessário dou meus ombros,

E ao ver que já se ergueste minha amiga,
Eu quero te servir como haste e viga
Erguendo-te com força dos escombros...
Marcos Loures


69



Saiba que em teu corpo eu me perdendo
Encontro meus caminhos, vou inteiro.
Sentindo o delicado e doce cheiro
Da senda em que mergulho, percorrendo.

Nos braços deste sonho me envolvendo
Nas mãos, louco desejo feiticeiro
Bebendo cada gota, estou tecendo
Um novo paraíso, o derradeiro.

Em arrepios tantos teus gemidos,
Convites para orgástica loucura
No ápice deste sonho, uma procura

Que toque, em arrepio, os meus sentidos.
Na fúria sem limites, cada língua
Jamais terminará sedenta, à míngua...
Marcos Loures


70

Sagrada é cada gota de suor
Que salga nossos corpos em loucuras,
O mundo que queremos, bem melhor
Se feito entre desejos e ternuras.

Encharcas minha pele com teus gozos,
E marcas com teus lábios minha tez.
Cabelos mais macios e sedosos,
Desfraldas em total insensatez...

Sentindo em minhas mãos teus belos seios,
Enquanto me percebo todo em ti.
Assim em mil delírios devaneios,
Achei-te e neste instante eu me perdi.

Agora somos pares irmanados,
Num corpo eternamente bem atados...
Marcos Loures


71

Sacrifícios banais, não os mereço.
As aves cujas garras se aprofundam,
Por vezes, tantas dores, desconheço.
Os meus versos, exóticos, redundam...

Não quero nem saber teu endereço,
Os olhos que clausuras nunca afundam
Nas pernas que escondeste, neste avesso.
Permita que sentidos nos confundam...

O mesmo sentimento que exorcisas,
Enclausura os amores que negaste.
As bizarras fanfarras que cotizas

Em avalanches tétricas devoras...
Simulas delicada, negas haste,
No fundo te desejo sem demoras...
Marcos Loures


72


Sacrário dos meus sonhos, a distância
Dos olhos de quem penso ser só minha.
Trazendo o velho encargo de uma infância
Aonde uma esperança nunca vinha.

Do gozo da alegria, discrepância
Impede a migração desta andorinha,
Teu rosto a quem se empresta esta elegância
Tornou-se uma erva audaz, cruel, daninha...

Vencido pelas dores que sonegam
Um pouco de ilusão, eu vou sozinho.
Por mais que em outros cais eles se apegam,

Os sonhos se encarregam do meu fim.
Na busca quase inútil por carinho,
O vinho da esperança nega o sim...
Marcos Loures


73


Sacio o meu desejo em teus caprichos
Os corpos se misturam, loucos nós,
De amores insensatos, belos nichos,
Eu quero o teu prazer e o meu após.

Grudados com firmeza, carrapichos,
Não tendo mais desculpas, vejo em nós
Além destes prazeres nos esguichos,
Um vício tresloucado, nosso algoz

Agora venha ver com quantos paus
Se faz uma canoa, com firmeza.
Nos portos mais profanos, minhas naus

Invadem saqueando, teu corsário,
O amor sendo bem feito, com destreza,
Demonstra um Paraíso solidário...
Marcos Loures


74


Sacio minha sede, mato a fome
Neste maná divino que ofereces
Meu corpo dentro em ti, te peço: tome!
Um templo onde encontrei mágicas preces.

Os olhos que passeiam paraísos,
Encontram maravilhas sem igual,
E sabem percorrer passos precisos
Num campo generoso e sensual...

Não vejo escravidão, mas sou escravo
Do sentimento enorme que nos toma,
No rio dos prazeres eu me lavo
E sirvo, cão fiel à minha dona.

Porém sei que me endeusas, e eu também.
Escravos somos ambos, deste bem...



14275


Sacias teu desejo em meu desejo
E loucos de paixão, à flor da pele,
No gozo inebriante que prevejo
Ao teu prazer meu corpo já me impele.

Fazemos, refazemos, sem cansaço,
Aos poucos penetrando novamente,
Atando sem limites nossos laços
Orgasmos nos tomando corpo e mente.

Audazes nossas línguas vão buscando
As fontes deste mel que nos encanta.
O fogo da vontade nos queimando
A fome de te ter, querida é tanta

Que a noite vai passando mais devassa
E quero ser de novo a tua caça...



76

Sabores que me encantam delicados
Encontro nos teus lábios, doce mel,
Na pele em avelãs, divino véu
Em tons divinamente bronzeados.

Teus seios em desejos bem marcados,
Romãs que levarão decerto ao céu,
Deitada e já desnuda em meu dossel,
Comer destas maçãs e sem pecados.

Na boca sedutora uma cereja
Que mal se toca, logo se deseja
Numa úmida delícia carmesim.

Prazeres natalinos e diuturnos
Nos jogos matinais, fogos noturnos
Sabores encantando até o fim...
Marcos Loures



77


Sabores delicados, raros gozos,
Tomados em carícias e desejos.
Recebo esta umidade dos teus beijos
Em caminhos mais lúbricos, gostosos...

Não deixo de querer voluptuosos
Carinhos que se mostram, relampejos.
Amor que nós fazemos, com traquejos
Por certo são profanos, fabulosos...

Nós somos dois bacantes noite afora,
Na festa divinal que nunca cessa,
Amar além de tudo, mais depressa,

A vida que queremos não demora.
Estrelas que vagueiam pelo céu
Decoram nossa cama, claro véu...

Marcos Loures


78





Sabor de uma amizade que permita
O novo amanhecer em céu mais claro,
Sonega com ternura o desamparo
Tornando a nossa vida mais bonita.

Eu sigo o belo rastro que tu deixas
Enquanto assim caminhas, peito aberto.
Oásis que encontrei neste deserto,
Escutas, paciente, minhas queixas

E tens sempre a palavra que apascenta
Amiga, como é bom falar teu nome.
E quando a solidão vem; me consome,

Com fúria ilimitada e violenta,
Encontro no teu colo a força imensa,
Trazendo a mansidão por recompensa...
Marcos Loures


79


Sabia que tu tens uns belos seios?
Sereia que domina esta paisagem
Pensei, quando te vi: uma miragem,
Usei para chegar, tantos rodeios...

Agora que encontrei macetes, meios
Percebo que no fim, era bobagem.
Destino preparando a molecagem
Causando em prejuízo tais anseios.

A moça desfilando tal beleza,
Caminha peito erguido, olhar seguro,
Mas deixa no final uma incerteza.

Meu coração que andava assim tão só,
Ao ver a claridade fica escuro,
A moça mal disfarça o seu gogó!!!


80


Sabia que de nada adiantava
Ficar em pleno escuro sem ter nada,
Olhando pra mulher amante amada,
Rompia do passado qualquer trava.

E o peito incandescendo em fria lava
Vencendo os seus temores na alvorada,
Percebe a cada passa a barricada
Que a vida, sem ter penas, preparava.

Fugindo dos porões deste navio,
A sorte sempre estando por um fio
Talvez fosse melhor não mais tentar.

Porém o seu destino como um rio,
À foz em corredeiras, desafio,
Um dia, ele veria, enfim, o mar...
Marcos Loures



81


Saber que estás comigo me permite
Cantar com mais vigor, em liberdade,
O amor quando demais sempre se admite
Que o sonho em poesia nos invade.

É tempo de colher e sem limite
Voamos rumo à plena claridade,
Não tendo nada mais que delimite
Seguimos na total tranqüilidade.

Vencendo os preconceitos de quem tenta
Aplacar esta inércia violenta
Usando subterfúgios “culturais”

Sabemos que jamais ninguém nos cala,
Cupido usando seta, flecha ou bala
Invade nossos versos sensuais...
Marcos Loures


82


Saber o que se fora precaução
Depois de caminhar com alma tonta?
Amor fazendo a festa. Coração!
Arroubos de emoção tomando conta,

Vibrando no teu colo, esta paixão
Domina o sentimento. Amor me conta
De tudo o que sonhei, e a sensação
Do teu olhar divino. Em cada conta

Roubando um manso beijo em tua boca,
Sonhando nossa vida, insana e louca
Transtorna em alegria nossa mente

Não vejo outra saída e nem quero,
Vencendo o meu passado amargo e fero
Eu bebo a fantasia, novamente...
Marcos Loures


83

Saber em que caminhos eu perdi
Teus lábios e teu corpo sedutor.
Vencido pelas tramas deste amor
Que tantas ilusões cevou aqui.

Durante tanto tempo eu vi em ti
Além de uma mulher, raro louvor,
Cenário mavioso a se compor,
Beleza sem igual jamais eu vi.

Entregue à solidão sem paradeiro,
A vida se transforma em picadeiro,
Eu vejo o meu final, comédia amarga,

Imagem do que fomos não me larga,
Espectro que carrego em tatuagem.
Futuro é simplesmente vã miragem...
Marcos Loures



84




Saber dos desencontros desta vida,
Errôneo coração vai vacilante.
Guardando as esperanças numa estante,
Julguei não ter sequer luz ou saída.

A rota dos meus sonhos, já perdida,
O sol que se escondeu noutro quadrante,
Rebrilha bem mais forte neste instante
Em que t’a bela voz se faz ouvida.

Relembro dos engodos, devaneios,
As luas derramaram falsas pratas,
A vida se perdeu em outros veios

E tudo o que restara: solidão...
Inúteis poesias, serenatas,
Porém tu me trouxeste a redenção...



85


Saber de teus desejos e vontades
Sem medo e sem juízo. Sem pecados.
Loucuras entre corpos misturados
Completam, vão até saciedades.

Desenhos pele a pele tatuados
Na farta profusão de insanidades
Rompendo dos pudores velhas grades
Momentos tão gostosos realizados.

Vem logo que esta noite é toda nossa
O gozo interminável nos acossa
E adoça nossa vida, farto mel.

Eu quero ser a presa, tua caça
Enquanto a poesia nos abraça
Viajo em teus prazeres, ganho o céu...



86


Saber de cada parte, corpo exposto,
Crescendo pouco a pouco, sedução.
Sentindo em tua boca todo o gosto
Deslizo em tua cama, tentação.

Mulher, como é bonito este teu rosto,
Sorriso que se aflora em perdição.
Na gula que te invade, já me encosto
E sinto em teu carinho, a vibração...

A língua me percorre sem segredos,
Aumenta o meu desejo, o teu sabor.
Amor que se faz manso e quer brinquedos

Rompendo estas barragens, tudo inunda.
Deitando levemente um bom torpor
Em sensação diversa e tão profunda...
Marcos Loures



87

Saber das tramas todas de um amor
Que ao mesmo tempo é cura e nosso algoz,
Ouvindo mansamente a clara voz
Que vem já nos dizer o que propor.

Fazendo da alegria, qual louvor,
Atando bem mais forte velhos nós,
Sem importar sequer se existe após
Vivendo o Paraíso em rara cor.

Saber de cada passo rumo aos céus
Vencendo a calmaria em fogaréus
Em plena tempestade ver bonança

Assim que Deus permita prossigamos,
Sem medos ou ciúmes, penetramos
Futuro feito em glória e temperança...
Marcos Loures


88



Saber da poesia
Que encanta minha amada,
Mostrando em alegria
Estrela iluminada
Além do que sabia,
A princesa encantada

E ser por ti amado,
Amor que sem medida,
Invade rumo e Fado,
Dourando minha vida,
Estar sempre ao teu lado,
E ter tanta guarida...

O sonho que eu persigo,
Estar sempre contigo...


89


Saber amar é ter o coração
Aberto às mais complexas emoções
Colher com mansidão os turbilhões,
Fazendo da esperança o seu refrão.

A cada novo dia a negação
Explode em diversas direções,
Brotando com certeza aos borbotões,
Crisálidas refazem floração.

Perigos enfrentando com ternura,
Brandura sendo o mote principal.
O rio que adoçando mar de sal

Expressa a fantasia que me cura
Dos medos coligidos pela vida
Sabendo perceber logo a saída...



90


Saber a cada frase, em cada verso
Os erros cometidos perdoar,
Sentindo que se dá em mar diverso
Às vezes nos proíbe navegar.

Por isso é que te peço assim querida,
Que possas meus enganos esquecer.
Quem redime em carinhos minha vida
Estampa em glória plena o meu prazer.

Nos olhos da pantera, solidão,
Eu vejo refletidos os pecados
Que um dia não serviram de lição
E foram, na verdade revelados.

Mas tendo o sentimento raro e nobre,
Perdão com sua teia, amor recobre.


91


Sabendo transformar a dor em riso
As tuas mãos mitigam sofrimento,
A vida vai tomando enfim assento
Trafego esta ilusão, vou sem aviso.

Metamorfoseado eu me matizo,
Seguindo até o fim, nego o tormento,
Enquanto estou contigo eu me apascento
E em cada novo dia, mais conciso.

Por vezes me escondera e numa espreita
Sentindo uma alma livre e satisfeita,
Eu quis estar contigo lado a lado,

Sorvendo cada gota da esperança
Que imerso em pleno amor, a glória alcança
Nos raios deste céu iluminado.
Marcos Loures



92

Sabendo todo o bem que propicia
Trazendo uma alegria como meta,
Nos braços da amizade, a poesia
Quem sabe salvará nosso planeta?

As luzes mais sublimes distinguindo
Emblemas mais divinos decoraram
O dia amanhecendo claro e lindo,
Carinhos tão perfeitos ancoraram

Em portos mais seguros, com certeza,
No encanto valoroso da amizade,
A vida não trará fria surpresa,
Na proteção imersa em liberdade.

Cantando este poder eu não desisto,
Relembro-me de ti, amigo Cristo.
Marcos Loures



93


Sabendo ser Ló feito prisioneiro,
Persegue os inimigos até Dã,
E sendo vitorioso neste afã,
Abrão, filho de Deus, o verdadeiro,

Libertando o sobrinho, não aceita
Sequer a recompensa merecida,
Bastando tão somente a própria vida
E os víveres nos quais ela se deita.

Melquisedec, de Deus um sacerdote
Levando pão e vinho para Abrão
Recebe em recompensa, um farto dote

Nas bênçãos derramadas pela fé,
Do patriarca vem libertação
Ungida pela força de Javé.



94

Sabendo ser amor a nossa senha,
Meu verso se embebeda no perdão
Que cada novo verso já contenha
Uma amizade plena de emoção.

Assim ao caminharmos lado a lado,
Enfrentaremos qualquer intempérie
Ao ter a sensação de um Eldorado,
A vida recomeça em nova série

O sonho que se fez em utopia
De um mundo bem mais justo e mais amigo.
E mesmo que inda venha a noite fria,
O dia nos protege do perigo.

E acima das complexas diferenças,
É na amizade a força destas crenças


95


Sabendo ser a lua, uma cigana
A noite em plenitude se adivinha
Minha alma busca a tua, soberana,
Encontra a fantasia em que se aninha,

A vida em harmonia não se engana,
Se ufana por tu seres toda minha.
Além do que imagina amor se explana
E trama em maravilha a sacra vinha

Aonde recolhendo o doce vinho,
Nos marcos de teu corpo, encontro o ninho
Farturas da vindima onde enfim

Eu percebi o quanto sou feliz
Bebendo de teu corpo, quero em bis
A eterna sensação de um novo sim.
Marcos Loures


96




Sabendo que o porvir é tão incerto
Que às vezes se fará em triste frio,
Se disso, companheira, eu desconfio,
Meu passo nos teus braços eu acerto.

Por mais que o mundo traga desconcerto
As águas turbulentas deste rio
Se acalmam noutras margens, noutro estio.
Oásis salvador de tal deserto

Tua amizade paira, deslumbrando,
Tornando meu futuro de outro jeito
Promessa que se faz e sem demora

Demonstra na verdade, aonde e quando
O dia nascerá mais satisfeito,
Na força da palavra redentora...


97


Sabendo que o amor é cultivado
Um pouco a cada dia, sempre e tanto.
E nisso se demonstra o seu encanto,
Perfaço o meu caminho lado a lado

De quem perdoa e sendo perdoado
Às vezes já me causa dor e pranto
Mas quando é necessário traz o manto
Que torna o meu destino iluminado.

Sabendo que a verdade é relativa
Eu tenho uma certeza que me guia,
Mantendo uma amizade sempre viva,

Percebo ser possível a alegria
E faço deste amor sincero, lei.
Sabendo que em verdade, nada sei.



98


Sabendo que não vou jamais sozinho,
Penetro pelas sendas mais ferozes,
A cada novo passo, de mansinho
Escuto da esperança belas vozes.

Os dias vão passando e com carinho
Os pensamentos seguem mais velozes,
Bebendo da alegria o raro vinho,
Deixando para trás manhãs atrozes.

No sol em raro brilho, a bela aurora
No orvalho matinal diamantino,
A Terra em amizade se decora

E mostra ser possível ser feliz,
Depois de tanto tempo em desatino
Serenidade chega e traz seu bis.


99


Sabendo que me queres a ventura
De ser não tão somente sofrimento,
Viver a fantasia em um momento
E ter n’alma a certeza que me cura.

Embora naveguemos outros mares
Que são diversos, porém já convergem;
Na mesma dimensão em que convertem
De nossa escuridão belos luares.

Não somos passageiros sem destino,
Vivemos nossos casos separados,
Porém se nossos mares encontrados

Transformam calmaria em desatino.
Por isso não te quero eternamente
Apenas mergulhar intensamente...
Marcos Loure



14300

Sabendo que esta chama não se esgota
Retomo o meu caminho feito em braços,
Deixando uma saudade tão remota
Revejo a solução, aperto os laços

Ventila sobre nós a brisa mansa
Maná que roubo em lábios desejados.
Enquanto a fantasia não descansa
Eu quero os teus prazeres, nossos fados.

Enfados do passado, nem saber...
Melindres são palavras simplesmente
Singrando em teus carinhos, bem querer
O fogo da paixão vem plenamente

Uma alegria além; aonde entranho
A fonte delicada em que me banho
Marcos Loures

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