AMBÍGUA
Odeio e amo! Sofro desse mal!
Eterna ambigüidade desumana
que vem e me avassala - é tão tirana -
tornando-me insensato animal.
Amo e odeio! Ambígua, sou dual!
E olho nos teus olhos, soberana,
Sentindo tanta ira! Tanta gana
De ser cortante, feito um bom punhal!
Odeio e amo! Quanta ambigüidade!
E assim te odeio só pela metade,
E a outra te quer mais que a própria vida.
Mas quando tu me tocas tudo esqueço,
E tu me tens inteira e pelo avesso
Louca d’amor, tão lânguida e vencida!
Edir Pina de Barros
Se tanto poderia ser diverso
Do quanto sou ou mesmo mais queria,
A vida se traduz dicotomia
E nisto sigo em mágoas, vou imerso,
E quando de mim mesmo me disperso
Vagando pelos vãos da fantasia,
Adentro o que pudera e não teria,
Gerando novos mundos e universos,
Às vezes; amoroso, outras nem tanto,
Já nada mais prometo e nem garanto
Apenas o que sou neste momento,
Mimetizando enquanto sofra ou goze,
Vivendo o que puder; metamorfose,
Jogado sem sentido, bebo o vento.
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