domingo, 27 de maio de 2018


Mas sei que no final, virá ninguém,
Por isso me despeço num soneto
E quando nos teus braços me arremeto
Bebendo cada gota que contém

Enquanto a madrugada inda não vem,
Medonhas ilusões; já não prometo
E tomo do veneno, adentro o gueto
Aonde a poesia dita o bem.

Nefastos tais espectros do passado,
O beijo que me deste, amortalhado,
O gozo de um prazer é quase um risco.

Dos pélagos de uma alma entorpecida,
Procuro reviver o que, perdida,
Nesta sorte intragável, eu me arrisco...


MARCOS LOURES

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