domingo, 18 de julho de 2010

42201 até 42300 SENTIMENTOS

001

A flórea maravilha
Em tons iridescentes
Aonde te pressentes
O coração palmilha,

Amor uma armadilha
A faca entre meus dentes,
Olhares penitentes
Que a guerra em paz polvilha

Falasse deste caso
E quando tanto aprazo
Quem sabe discernir

A dor de um abandono
O brilho onde me abono
O sol sempre a luzir


002


A bela criação
Dos sonhos mais audazes
E nela tu me trazes
Inteira esta emoção
Vivesse desde então
Momentos mais tenazes
E nele novas fases,
Renovam a estação,
O amor quando se cobre
De luz suave e nobre
Transcende à própria vida,
E quando se recria
Imerge em fantasia
Em luz sobeja, ungida.


003


Às tramas do pecado
Eleito sonhador
Vibrando em raro amor
O tempo desejado,
E quando se é tocado
Com raro despudor
Gerando em rara flor
Um mundo renovado,
Essência em primavera
O amor quando se gera
Prenunciando a glória
Prefácio de um verão
E nele se verão
Os lauréis da vitória.

004


Mais do que tudo eu quero
O gozo deste sonho
Aonde me proponho
E sendo mais sincero,
Além do quanto espero
O céu claro e risonho
O verso que componho,
Jamais um rito mero.
Amar em pura entrega
Num mar onde navega
Esta ilusão sublime,
E quando mesmo em trevas
Nas sendas onde levas
O brilho nos redime.


005


Em tantas sutilezas
As sortes mais profanas
E quando tu me enganas
Causando tais surpresas
As horas sendo presas
Das tramas soberanas,
Assim tu tanto danas
Marcando em tais vilezas
O quanto quis um dia
Em clara sintonia
E nada se fizera,
Do olhar que possa até
Gerar além do que é
O amor em primavera.


006


Recordo-me do bote
Da serpe mais feroz,
E tendo dentro em nós
A vida onde se note
O corte que se esgote
Na fúria em tom atroz,
Amor vulgar algoz,
Que o sonho não denote.
Nem tanto pude crer
Nos âmbitos do ser
Mascaro a dor e tento
Vencer com novo canto,
O duro desencanto
Em tons de alheamento.


007


Surgindo destas chamas
Imagem do passado
Aonde por legado
Deixaste duras tramas,
E quando tu reclamas
Do dia sonegado,
Do sonho desolado
Enfrento velhos dramas
E bebo cada gota
Desta alma dura e rota,
Apenas tão somente
Um visceral anseio
E nele se amor veio,
A vida ora desmente.


008


Inquisidor caminho
Aonde pude outrora
Vestir o que se ancora
Nos ermos de um daninho.
Delírio toma o ninho
E a sorte me apavora
Vibrando enquanto agora
O céu se faz mesquinho,
Resvalo no funâmbulo
Destino que em preâmbulo
Pensara ser diverso,
E a queda se anuncia
Além do próprio dia
No passo aonde eu verso.

009


Excelsa divindade
Desnuda em raros tons,
Momentos que tão bons
Entranham na saudade
E quando o vento brade
Lembrando os tantos sons
E brilhos em neons
No quarto a realidade
Expressa o olhar ausente
De quem quer e pressente
O que jamais viria,
Assim ao acordar
E nada enfim achar,
Apenas fantasia...


010


Um mar em sangue e guerra
O quadro que apresentas
E vendo tais tormentas
A noite se descerra
E gera outra cratera
E nela mergulhando
O mundo desde quando
A sorte não me espera,
O risco se aumentara
E o corpo ensandecido
Apenas presumido
A dita mais amara,
E o sonho se esvaindo
Num ermo vago e findo.


011



Saudade mais que tédio
O que restou de nós,
O corte mais atroz
E a vida sem remédio,
O passo rumo ao fim
E o vento desolado
De quem teve ao seu lado
O amor que quis enfim,
E assim ao me perder
Nos antros dos meus erros,
Apenas dos desterros
Passando a conhecer
Assédios do vazio
No sonho que inda crio.

012


A singular vontade
De ter bem junto aqui
O amor que mereci
E a vida já degrade,
Rompendo a realidade
A fantasia em ti
Traduz o que verti
Em tal insanidade.
Vacante peito agora
Ao menos se decora
De sonho e busca ainda,
Fortuna mais suave,
Porém a vida esta ave
Ao longe se deslinda.


013


Egrégia fantasia
Dourando em verso e luz
O quanto não reluz
E mata à flor do dia.
Quem tanto se escondia
E agora já me expus
Desnudo em contraluz
Vagando em poesia
O vértice, apogeu
Vislumbro enquanto busco,
Porém em lusco fusco
O rumo se perdeu,
E o manto em traças; vejo
Reflexo de um desejo...


014


Gerando da poeira
A messe que eu buscara
Na atroz, dura seara
A vida não se inteira
A luz que derradeira
Pudesse e se prepara
Agora desampara
E nega esta bandeira.
Refúgio de quem sonha,
A sorte mais risonha
Jamais eu percebi,
E aquém destas escarpas
Tocado pelas farpas
Sozinho, estou aqui.


015


Nas praias deste anseio
Que tanto quis o mar,
Só pude desenhar
O amor quando o rodeio,
E sinto estar alheio
Ao quanto navegar
Tentando imaginar
Somente um manso veio,
O devaneio toma
Quem tanto quis a soma
E nunca pode vê-la,
Aonde se escondeu
Em céu escuso, em breu
A magnífica estrela?


016

O amor deitado langue
Aos olhos de quem tenta
Vencer a tez sedenta
E sorve atroz o mangue,
O corpo quase exangue
A vida se atormenta
E nada mais alenta
Espúrio e escuso sangue.
A parte que cabia
Agora em heresia
Negando o frenesi
De um sonho mais ardente
Porquanto ainda tente
O todo já perdi.


017


Reinando entre as sirenas
Deitando enlanguescida
Domina a minha vida
E dita em raras cenas
Enquanto me serenas
E trama enlouquecida
De luzes se engravida
E traz belezas plenas.
Resisto a tal deidade?
Viver a claridade
Enquanto se permite,
O tempo se eterniza
E sinto a leve brisa
Do amor já sem limite.

018

Noite desencantada
Nas tramas, solidão
Os dias que virão
Deitando sobre a estrada
A mesma madrugada
E nela a direção
Perdida desde então
Há quanto sonegada...
Resulto deste inferno
E quando busco um terno
Caminho nada veio,
Somente o olhar vazio
De quem em desafio
Persiste em tom alheio.

019

Dos sonhos, entrelaces
Aonde se pudera
Saber quanto me espera
E neste encanto grasses,
Moldando em mansas faces
O que se fez tão fera
A vida regenera
E nega os vãos impasses,
Alheio aos dissabores
Seguindo aonde fores
Sem medo do que ouvisse,
Ao canto me entregando
E nisto desde quando
Amor nega a mesmice.


020


Bizarros passos dão
Quem tenta novo rumo,
E quando ali me assumo
Nas tramas da emoção
Deveras o verão
Entranho em raro sumo
E logo enfim aprumo
O passo em direção.
Escassas dores; vejo
Enquanto neste ensejo
Mergulho insanamente,
O quanto se apresente
Do tanto que te anseio
Sem medo e sem rodeio.




021

Em dias mais galhardos
Os sonhos perfilando
O tempo bem mais brando
Vencendo tantos fardos
E quando ouvindo bardos
Deveras delirando
O mundo desde quando
Houvera duros cardos
E neste caminhar
Adentro em teu luar
Bebendo cada raio
Dos versos e das messes
O quanto me ofereces
Fazendo-me lacaio.


022


Meu verso em eloqüência
Buscando ressonância
Em quem com inconstância
Gerara tal demência
Procuro por clemência
Embora em consonância
A vida em discrepância
Transforma em penitência
O sonho que talvez
Pudesse ou já me fez
Um mero adendo teu,
Remendo da ilusão
Adentro na canção
Que em ti amor verteu.

023


Vivesse qual nababo
Nas tramas deste sonho
Aonde me reponho
Enquanto não desabo
E o tempo aonde acabo
Em verso e te proponho
O canto mais risonho
Das dores dando cabo,
A sorte e o privilégio
Do amor deveras régio
Expresso em verso e canto,
E quanto mais te quero
Decerto, e sou sincero,
De ti eu mais me encanto.


024


Em lânguido sereno
Vivendo sem pudor
As tramas deste amor
Aonde me enveneno
E sinto mais ameno
O tempo em tal calor
Traçando em raro amor
O dia em ti tão pleno.
Risonho navegante
Quem sabe doravante
O cais seja seguro,
Do todo que buscara
Em ti, rara seara
Enfim, o que procuro.

025


Entranho o sonho enquanto
Desejo mais diverso
E sigo nele imerso
A cada vez que canto,
E sei e te garanto
Em todo este universo
Jamais de ti disperso
Meu passo em raro encanto,
Versejo com ternura
E tudo se assegura
Neste momento quando
O olhar te toca e sente
O amor bem mais presente
E nisto me tomando.


026


Neste indolente espasmo
O amor que se transforma
E toma em ti a forma
Sublime e sem sarcasmo,
Agora sigo pasmo
Vivendo a rara norma
Do quanto nos informa
O sonho a cada orgasmo,
Sentindo em frenesi
O quanto concebi
Além deste infinito,
E amar sem ter fronteira
História derradeira
E dela eu necessito.


027


Beleza cativante
Sublime maravilha
Aonde o sonho trilha
E segue a cada instante
E nisto se agigante
O quanto amor rebrilha
E tanta luz polvilha
Agora e doravante,
Vestir a poesia
E ser o que eu queria
Liberto caminheiro,
No tanto que se estenda
Em bela e rara senda
Traçando o meu canteiro.


028


Cedo tendo a imensa
Sobeja luz que em ti
Deveras conheci
E assim se recompensa
A vida outrora tensa
E sei que me embebi
Do amor que ora sorvi
Em claridade intensa,
Viver o quanto posso
O quanto sei ser nosso
O mundo onde eu desenho
O canto mais feliz
E nele bem mais quis
Com todo o meu empenho.

029

A vida se transforma
E bebe a claridade
Enquanto diz saudade
E nisto toma a forma
Do amor intensamente
E tanto me inebria
A imensa fantasia
Dourando corpo e mente
O nada do passado
O tanto no futuro
E quando me asseguro
Ao ter sempre ao meu lado
Quem quis e desejei
Dourando a minha grei.



030


A doce fantasia
De ter quem mais desejo
E assim a cada ensejo
O amor transformaria
O passo dia a dia
Em claro e mais sobejo
Delírio aonde vejo
Inteira esta alegria,
Reinando em claridade
O sol que nos invade
Gerando este sublime
Delírio que nos toma
E quando enfim nos doma
De todo o mal redime.

031


Meu verso enamorado
Vagando sem destino
Em ti eu me alucino
E sigo extasiado,
Agora lado a lado
Com quem eu me fascino
Volvendo a ser menino,
Sem ter sequer passado,
O risco de sofrer?
Melhor é perceber
O sol que se aproxima
E nele com furor
Bebendo este calor
Num raro e doce clima.


032

Angustiadamente
O tempo se moldara
E agora bem mais clara
A vida se apresente
E tanto em inclemente
Delírio se tomara
A luz quando escancara
Dourando plenamente,
O passo para além
E nele se contém
O rastro de quem ama,
Sentindo este perfume
Por onde quer que eu rume,
Em clara e bela chama.

033



Já não me calaria frente à dor
Tampouco poderia ser assim,
O tempo ao permitir neste jardim
Beleza incomparável de uma flor
Traçando com ternura o redentor
Delírio que sentindo dentro em mim
Permite o meu caminho até o fim,
Num rumo com certeza alentador,
Mas quando a solidão ditasse as regras
E nesta tempestade desintegras
A sorte que eu pensara abençoada,
Dos tantos do passado, na verdade
Não resta nem a sombra da saudade,
Colheita resumindo em mero nada.

034


A mórbida presença de quem fora
Há tanto a minha musa, a divindade
E agora com terror o olhar invade
E mostra a face mesmo sedutora
Noutro caminho esgarce em tentadora,
Porém desta medusa na verdade
O que resta somente da deidade
A boca sensual, devoradora.
Pensara em ter comigo a remissão
Dos erros do passado. Tudo em vão,
Apenas a mortalha alimentava
E quando em erupção eu percebi
O amor que imaginava haver em ti
Somente mera cinza e fúria em lava.

035



Meu verso se transcorre em dor e pranto
E quando tento ao menos um descanso,
Apenas o vazio agora alcanço
E nele este delírio onde me espanto,
O corte se apresenta em tal quebranto
E neste delirar não me esperanço
A busca inconsolável por remanso
Gerara este tormento e desencanto.
Ausente dos meus olhos o futuro,
O porto que encontrei; jamais seguro
A queda se mostrando em evidência,
No olhar extasiado em tal furor,
Aonde quis somente o manso amor,
Não resta nem sinais de paz, clemência.


036


Ocaso de um amor em treva e medo,
Aonde se pudesse haver um brilho,
Apenas o vazio agora eu trilho
E o quanto quis em paz, momento ledo,
O tanto do não ser dita o degredo,
E o resto do meu sonho; eu não partilho
O fardo cada dia mais empilho
E apenas ao tormento eu me concedo.
Ausência do que fora claridade
Na bruma desnudada no horizonte,
Somente o sortilégio enfim se aponte
Deixando a mera sombra da saudade,
E o canto que enaltece a glória e a paz,
O tempo em voz tão fúnebre desfaz.

037


Enquanto quis um gozo quase célico
Deveras não quiseste a mesma sorte,
Apenas na verdade te conforte
Confronto sem final, quase que bélico
Homérico caminho para o nada,
A sorte desenhada em turvas cores,
E sigo tão constantes dissabores
Matando o que pudesse em alvorada,
Resgates entre mortos, não mais vejo.
A vida simplesmente não vislumbra
A luz aonde agora em tal penumbra
O sonho não passado de um lampejo,
Anseios tão diversos, gozo e festa
No fundo este sombrio céu, nos resta.


038


A lânguida figura entre as alfombras,
Há tanto se esquecera de um alento
E quando alguma messe ainda tento,
Deveras, com terror, tu já me assombras,
E sigo sem saber sequer agir,
Não tendo mais momentos de prazer,
Apenas me restando te esquecer
Deixando qualquer luz sem mais porvir.
O fardo que carrego a cada dia
Já não comporto mais, em abandono,
A cada tentativa desabono
A sorte que matara a fantasia
Sinceramente a vida tem seu preço,
Mas quanto desta dor, enfim, mereço?


039


Eclodem entre nós alguns dilemas
E neles nada vejo em provisão,
Somente o meu delírio, imprecisão,
E nela com certeza tu me algemas,
A vida se perfaz em tais problemas
E quando tempestades moldarão
O rumo sem destino, desde então
Contra a maré insana tu não remas,
E sei deste temor que agora embala
O sonho de dorme na ante-sala
Enquanto tu te deitas neste quarto,
O amor que imaginara ser mais forte,
Morrendo até por falta de um aporte
E solitário ao nada enfim, eu parto.


040


Auspiciosamente a vida trama
Momentos de alegria, vez em quando,
Mas vejo no teu rosto transbordando
A fúria de quem tenta novo drama,
A sorte da alegria, uma mucama,
O gozo na verdade mais nefando
Enquanto dentro em nós segue nevando
Já não se vê decerto a menor chama,
E a lua se esgueirando em brumas tais
Matando o que pensara magistrais
Momentos de prazer, agora em nada.
O peso desta vida não teria
Sequer algum terror, desarmonia,
Deixando intransitável esta estrada.

041

Esqueço cada passo que pudera
Trazer alguma paz a quem se fez
Além da meramente estupidez
E tenta reviver a morta fera,
Assim a minha vida é vã quimera
E nela cada passo se desfez
Gerando aonde quis a cupidez
Somente o desespero em tola espera,
O risco de sonhar e ser feliz
Já na verdade agora não condiz
Com toda a claridade que eu buscara,
A sorte se transforma em tom nefasto
E a cada novo dia mais me afasto
Do quanto desejei em noite clara.


042


A cada ocasião aonde pude
Viver a mansidão eu coletava
A sorte desejosa e me entregava
Deixando nos teus braços, juventude,
Porém o tempo muda e nos ilude
Aonde houvera paz, somente lava,
Maré se desandando, agora é brava
E o passo muda sempre de atitude.
Rebeldes passos ditam nossa vida
Condenam nosso amor à despedida
Insólita incerteza toma o rumo,
O quanto que te quis e nada tenho,
Apenas este medo mais ferrenho
Herético delírio, agora assumo.


043


Escassos e tampouco desejáveis
Herdades deste amor que não mais vejo,
E quando quero um gozo tão sobejo
As noites são assim, intermináveis.
Os dias com temores, intragáveis
O canto mais feliz e benfazejo
Agora noutra senda não prevejo
Somente os mesmos ermos insondáveis.
Escuto a voz de quem outrora quis
E sei o quanto sou tão infeliz
Ao ver o meu destino em tez sombria,
O pouco que inda resta não permite
No amor ultrapassado algum limite
E neste vago espaço morreria.


044


Atrozes os meus dias quando ausente
Do sonho que talvez ainda venha
E quando a noite vaga em dor ferrenha
Somente este vazio se apresente,
Quem tanto desejo e agora mente,
Tomando do braseiro toda a lenha,
Ainda quer que o sonho se contenha
No olhar mero e sombrio, impertinente.
Abismos vão se abrindo sob os pés
O amor não se percebe e de viés
Eu sigo sem saber qualquer promessa,
Ausência dita a regra e nada faço,
Do quanto desejei sequer um traço
E a dor a cada dia recomeça.



045


Fadado a nada ter, seguindo alheio
Aos cantos divinais desta sirena,
A noite solitária me envenena
Falena mera luz, teimo e rodeio,
O quanto se perdera em devaneio
A sorte na verdade não acena
E a morte se mostrando agora plena
A casa se perdendo sem esteio.
O vândalo sonhar aporta o cais
E a vida se reflete e nunca mais
Especular beleza se veria,
O tanto que pensara no passado,
Agora mero rosto desolado
Traçado com as mãos da hipocrisia.


046


Já não comportam mais sonhos e versos
Os riscos do viver não me detêm
O amor quando se faz e dita um bem
Gerando em calmaria os universos,
Mas quando noutros rumos, mais dispersos
Do medo e do vazio sou refém,
O todo não transborda e nada em
Somente os meus caminhos já submersos.
Restando muito pouco do que um dia
Pudesse ser ao menos a alegria
Existo tão somente por haver
No olhar mais reticente da saudade
Resquício do que fora claridade
Deixando para trás qualquer prazer.


047


Esforço-me em tentar salvar o fato
De ter acreditado neste amor,
E sei que na verdade é morta a flor,
E neste caminhar nada resgato,
Somente este vazio e no maltrato
Meu sonho que se fez revelador
Demonstra o quão terrível desamor
Transborda no que fora algum regato.
Esvai-se a fantasia e; no entanto,
Alguma redenção eu me adianto
E tento descobrir em meio às trevas.
O quanto de esperança ainda resta,
E vejo da emoção somente a fresta
Enquanto noutro lado ainda nevas.


048


Sagrando esta canção em tom suave,
O amor que nos redime bem pudera
Singrar este oceano em mansa espera
Na libertária voz de uma nobre ave
Não tendo nada além que mais agrave,
Quem sabe a face agora regenera
E o todo noutro tanto mata a fera
Já não se comportando mais a trave.
Crepusculares ermos de minha alma
Quem sabe neste amor a vida acalma
E trague finalmente o quanto eu quis,
Do todo que se fez em dor intensa
Viver outra alegria me convença
E finalmente eu seja então feliz.



049

Apresso-me a buscar alguma messe
Aonde na verdade não se vendo
Senão das ilusões mero remendo
O quanto da esperança o tempo esquece,
E nada do que busco se obedece
O amor quando se pensa vai perdendo
O rumo e neste caos, sem dividendo
Apenas o não ser já se merece.
Ocaso de quem tanto quis a glória
E a vida nesta face merencória
Abusa do terror e gera o caos,
E quando imaginara novo dia,
Da imensa bela e clara escadaria,
Não consegui alçar nem os degraus.


050

Ao eximir dos erros do passado
Quem tanto na verdade foi culpada,
A paz se desta forma foi selada
Destino conhecendo outro traçado,
E quando se transforma lado a lado
O que se transbordava em mero nada,
O verso diz da messe anunciada,
Porém o olhar se torna mais velado.
O riso me abandona, resta apenas
As horas onde além ainda acenas
E tentas renovar o que está morto.
É como se a placenta progredisse,
E o amor se desenhando em tal tolice
Deveras é melhor, o claro aborto.


051

Depois de tanto estudo em volta à luz
Que tanto desejei e não sabia
Do olhar envolto em mera hipocrisia
Aonde esta verdade reproduz
Ao sonho cada gesto me conduz
E tanto noutra face poderia
Acredita ao menos na heresia
Que tantas vezes dita messe ou pus.
Meu rumo em noite amena ou mais brumosa,
O passo com ternura se antegoza
Mas sabe do vazio como herança
Aonde pude crer em amizade
Somente este temor da vida invade
Enquanto ao nada meu medo avança.

052
.......................
Não pude alimentar meu sonho enquanto
O risco de sonhar já não cerzira
Sequer as velhas tramas da mentira
Gerando o que inda vejo em desencanto,
E quando novo passo eu acalanto
Vestindo a fantasia mesmo em tira,
Do pouco este total já se retira
E nada resta além do desencanto.
Mereceria ao menos melhor sorte
Quem tanto sem saber teima e suporte
Os ermos mais bisonhos de uma vida
Por vezes noutra face denegrida
E tenta, inutilmente qualquer norte
Sabendo sua história já perdida.

053

Perdendo a direção do rumo enquanto
Eu tento desvendar qualquer caminho
E quando do passado eu me avizinho
Encontro novamente o vão quebranto
E tanto poderia, mas me espanto
Ao perceber o mundo tão mesquinho
E bebo a solidão qual fosse um vinho
Espúrio aonde a safra eu não garanto,
A vida esboça em passos mais atrozes
Os rumos que pudesse em novas fozes
E sei quanto provém do sofrimento,
O risco de sonhar e ter apenas
As horas onde audaz; tu envenenas
Deveras, sem saída, às vezes tento.


054


Negar o que pudesse ser um dia
Em plena mansidão e claridade
Enquanto a solidão domina e invade
Gerando a mais sutil desarmonia,
O quanto deste sonho se perdia
Nas ânsias de uma vaga ansiedade
No fundo o quanto resta diz saudade
E o verso noutra face se esvairia.
Ao menos ofereço algum sinal
De um novo amanhecer em magistral
Cenário imaginado pelo verso,
E quando neste fato imprevisível
O sonho não se torna mais visível
Apenas no vazio sigo imerso.


055


O sonho é necessário e o novo dia
Refeito após as quedas dos antigos
Enfrentam na verdade desabrigos
Aonde cada sorte se veria
E tanto quanto posso viveria
Aquém dos ermos fartos dos perigos
E tendo em meu caminho alguns amigos,
Quem sabe renascesse em poesia?
Posseiro da esperança, quem me dera,
No fundo a mais sombria primavera
Aguarda este invernal caminho aonde
O mundo sem remédio e sem alento
Entregue ao furioso e duro vento
Apenas neste sonho em vão se esconde.

056


Apenas um teimoso caminheiro
Resisto aos meus anseios mais diversos
E sei da liberdade dos meus versos
Na provisão imensa do canteiro
E os dias onde o vento costumeiro
Gerara em mim dispersos universos
E nele meros sonhos; vejo imersos
Ousando além das cores do tinteiro.
Usando da palavra qual cinzel
Adentro sem sentir o imenso céu
E bebo do infinito imaginário,
Ao ser poeta ou mero sonhador
Num mundo muitas vezes multicor
Dos rumos e dos sonhos, sou corsário.



057


Amigo tantas vezes, meu amigo,
O vento se transforma em fúria quando
O tempo no vazio se entornando
Condena além do cais, velho perigo,
Nas ânsias muitas vezes eu persigo
E sei que quando estou além do bando
O mundo se desnuda e já nublando
Trazendo a cada passo o mesmo antigo.
Articulando o sonho aonde eu pude
Viver ou renascer em juventude
Restando dentro em mim leda memória,
O manto se desnuda e o que inda vejo
É mera fantasia; atroz desejo
E nele a lua nua e merencória.



058


Os olhos carregados de poeira
O passo terminal em rumo ao nada,
O pranto noutra face, a mais velada
Encontra na verdade quem o queira,
Ousando da palavra corriqueira
E nela o que se vê não é da alçada
Mudando muitas vezes de calçada
A história se desnuda passageira,
Nas galerias tantas da ilusão,
Apenas os reflexos mostrarão
Olhares que deveras quis bem mais
E meros sonhos moldam dia a dia
O quanto deste encanto poderia
Já não suportaria os vendavais.

059


O sonho ajunta tantas discordâncias
E nelas se aproximam vários mitos
Os dias mesmo os turvos ou aflitos
Retratos das difíceis concordâncias
E quantas vezes luto além de instâncias
Aonde dias traço em infinitos
Cenários que julgando mais bonitos
No fundo só gerassem discrepâncias.
Encontro meus cadáveres e vejo
O olhar que imaginasse noutro ensejo
Apenas serventias da esperança,
Mas quando a realidade dita o rumo,
Aos poucos sem paragem me resumo
Na noite solitária que se avança.

060



Acordo e ouvindo as tramas mais sutis
E delas entranhando outras novéis
Bebendo em sortilégio vários féis
Desfaço neste instante o quanto eu quis,
O velho sonhador, um chamariz
Das dores e dos dias mais cruéis
Brindando com a morte os seus papéis
No fundo cada passo contradiz,
Realizando assim em ermo passo
Presumo enquanto a messe em dor desfaço
Fortunas discordantes que acumulo,
E todo o meu desenho em garatuja
Bem antes que a verdade sobrepuja
A morte se anuncia em ágil pulo.

061


Recorrendo aos bosques do passado
Recordações que nunca percebi
Presença que pensava haver em ti
O olhar já tanto mesmo embaraçado,
O corte noutro tempo preservado
Transcende à realidade e o sinto aqui,
Depois de cada passo onde envolvi
O mundo em tal terror, temor e enfado.
Escassas melodias, mero e rude
Desenho muito aquém do que inda pude
Eventualmente tento outro caminho,
Mas quando me aproximo e vejo então
A face da total desolação
Percebo quanto em vida fui sozinho.


062


Cabelo ao vento, eu sigo sem saber
Se um dia a tempestade me encontrar
E neste variável caminhar
O manto mais dorido, o desprazer
Ainda a cada instante eu posso ver
E nele novo tempo desenhar,
Servindo como fosse um raro altar
Seguindo sem sentir e me perder,
O tempo redimindo uma razão
E nele novas faces moldarão
O todo que deveras se perdeu,
O amor como se fosse um manto falso
Prepara a cada queda o cadafalso
Depois de ser erguido em apogeu.


063


Gineteando o sonho em tal tropel
Arcando com os prêmios ou meus danos,
E quando em dias vários, desenganos
Procuro em pleno abismo o claro céu,
O vento se transforma e leva ao léu
Momentos mais doridos e profanos,
Arcar com tantos erros, velhos danos,
A sórdida presença deste fel,
E quis acreditar noutro bendito
Desejo, mesmo assim eu acredito
Nas traiçoeiras luzes de teu deus,
Do quanto poderia em haras raro,
Apenas ao vazio me preparo
E nele adivinhando o ledo adeus.


064


As carniceiras noites solitárias
E neles as rapinas me tocando
O mundo se transforma desde quando
As horas transbordando temerárias
Além das mais sutis, imaginárias
O corte a cada passo se mostrando
E nele o meu desenho desnudando
As vastas sensações desnecessárias,
A morte em tais momentos tanto alenta
E quando noutro termo mais sangrenta
Explode em consonância com meus erros,
E sinto o quanto pude e não viera
Alimentando assim a dura fera
Que traz na própria face tais desterros.


065


O olhar ardente busca apenas isto
O risco de algo mais que algum lampejo
E quando a realidade; agora vejo
Transforma cada passo aonde insisto
E vejo noutro olhar pútrido cisto
E tanto poderia ser sobejo
O fato de sonhar, mas não desejo
Se eu tento transformar, logo desisto.
Escassa luz se molda no horizonte
E nada mais decerto ainda aponte
Senão este sombrio em brumas feito,
O quanto pude mesmo acreditar
E apenas vejo a ausência do luar
No hermético delírio em que me deito.


066


Descalço coração em pedregulho,
Espinhos adentrando a minha pele
E quando ao descaminho se compele
O passo traduzindo onde eu mergulho,
Expresso a realidade deste entulho
Aonde a vida atroz sempre se atrele,
E nada do que eu busque ainda sele
Deixando no passado o tolo orgulho,
Nefasta face gasta da esperança
E o peso do viver nesta balança
Na qual o desencanto diz fiel
A queda anunciada já condiz
Com todo o caminhar deste aprendiz,
Ousando até sem asas crer no céu.


067


Um personagem; crio no abandono
E tento adivinhar qual Pirandello
O autor do mesmo fato onde me atrelo
A morte de quem tanto agora abono,
Perdido num cenário, morto em sono,
O conto mais fantástico eu revelo
E bebo do vazio de um castelo
No qual o medo diz ser tolo dono.
Algum enredo em vida procurara
E sei do quanto é dura tal seara
Sementes entre farpas, não mais quero,
Agulha num palheiro, esta esperança
Que traz no olhar a fúria e não se lança
Deixando um ar sombrio, frio e fero.

068


Escadaria; eu busco com o verso
Alçar o céu que nunca se desvenda,
O todo que pensara é vil remenda
E nela sigo em penas, vou submerso,
Egresso do fastio; estou disperso
No tanto quanto pude além da lenda
E o medo na verdade não se estenda
Calcando em mero infausto este universo.
Degraus apodrecidos desta escada
A sorte numa queda desenhada
A face exposta molda tão somente
O duro caminhar de quem porfia
E nada se apresenta em montaria
Ginete da esperança, a vida mente.


069


Grilhões que eu conheci em tais masmorras
E quando na verdade quis a luz
Somente o mesmo fardo em contraluz
E nele nem sequer quiçá socorras,
Ainda que decerto em paz tu morras
O quanto poderia não compus
Contradizendo o passo não me opus
Sem ter sequer caminho aonde corras,
Esboço reações e sei quão fúteis
Os passos nestas noites mais inúteis
E risco do meu canto o que pudera
Apenas ser quem sabe solução
E sei dos erros tantos e virão
Gerar do meu palácio esta tapera.

70

Os olhos que sorriem
Não dizem da verdade
E nela a falsidade
Enquanto não se adiem
Os tantos que percorro
Vagando pelo errático
Delírio de um lunático
E nele me socorro
Ao ver já retratado
O tempo que não pude
E nesta magnitude
O fim reza o legado,
O corte se profana
E a sorte é desumana.


71

Sorrisos que me olhando
Falassem muito mais
Que ritos usuais
Ou mesmo desde quando
O tanto transpirando
Em risos, riscos, sais
E nestes tão iguais
Caminhos desenhando
O quanto desejara
A vida que escancara
Angústia, medo ou gozo,
O tempo se traduz
Em sonho, glória ou cruz,
Cenário caprichoso.


72


Nos olhos que pretendo
Beber tão fartamente
O todo e se apresente
Além deste remendo
E quando se prevendo
O nada me atormente
Ou tudo agora sente
O resto em dividendo,
Adendos entre quedas
E nelas também sedas
Caminhos costumeiros
Entranho em ares tais
Por vezes magistrais
Ou noutras vãos luzeiros.

73

Sorrisos que deliro
Ou medos que carrego
No tanto quanto cego
O sonho em que desfiro
O risco este vampiro
Ao qual gozo eu sonego
E tento em sutil ego
O fardo onde transpiro,
Retiro gota a gota
Até que vejo rota
A cota que pensara
Ser minha e na verdade
Aos poucos me degrade
E o fundo se escancara.

74

De flores tantas cores
Não fazem primavera
Aonde destempera
O amor em tais pudores
E seja aonde fores
Seguindo em tal espera
O risco degenera
E nele sem albores
Os dias são brumosos
Ou tanto pedregosos
Jamais imaginaste
No fim de cada verso
O rosto estando imerso
Nas tramas do desgaste.

75

Amando sem querer
O que mais poderia
Jazer em fantasia
Ou manto a se tecer
No quase do prazer
Regendo a melodia
Aonde estancaria
Sangria sem poder.
O passo rumo ao fim
O tempo de onde vim
Diversa provisão,
E neste frio inverno
Ou mesmo em teu inferno
Prefiro a hibernação.

76


Caminhos e promessas
Não dizem da verdade
Aonde se degrade
Ou tanto recomeças
Não tendo mais tais pressas
O quanto ainda brade
Do verso em falsidade
E nele te confessas
Dispersa caminhada
Gerando o mesmo nada
E neste pouco tempo
Que resta para mim
O som de um bandolim
É mero contratempo.

77

Perdoe se meu verso
Não diz do que querias
E tinto os velhos dias
No quanto sou imerso
E sei se inda disperso
O canto em heresias
Ou tais alegorias
Adentram universos
Por onde quis a glória
Sobeja da memória
Risonha ou mais gentil,
A morte diz do quando
O mundo se tomando
Aquém do que se viu.


78


Não sabes deste encanto
Que um dia prometido
Transcorre em vã libido
Ou mesmo em tal quebranto,
O peso se é; portanto
O corte resumido
Ou noutro desmedido
E nele me adianto,
O couro se tecendo
Na base da lambada
A sorte desenhada
Ou quase algum remendo,
No fundo desprovendo
Aonde houvera o nada.


79


Versejo cada vez
Que tanto quis um riso
E nada mais granizo
Na chuva que tu vês
E sinto a estupidez
Do canto em que preciso
Resumo mais conciso
Num gole de xerez.
Expresso em liberdade
O quanto ainda invade
O pensamento e tento
Cinzéis abandonados
Ou dias desolados
Apenas mero invento.


80


Ao rever deste medo
A face inusitada
E nela já traçada
O tom do meu degredo
O quanto me concedo
E sei no fim em nada
A porta destroçada
E quase sem segredo,
Mesclando poesia
Aonde não havia
Sequer outro momento,
O peso se aproxima
Do quanto em rara estima
Procuro algum alento.


81



Nos lábios tanto brilho
Carmins que não conheço
E sei do vão tropeço
Aonde nada trilho
E sinto do andarilho
O risco que mereço
O sonho em adereço
Gerasse este estribilho,
Pilhando com a queda
Quem tem e não se seda
Com sonho ou quase tanto,
Restituindo o passo
E neste velho traço
Encontro o velho encanto.


82


A própria sorte diz
Do medo mais arguto
E quando além reluto
Deveras sou feliz
Amor é chamariz
E nisto não escuto
A voz de quem astuto
Produz o mesmo bis,
Bisonho caminheiro
No quanto quis inteiro
Agora satisfeito
Apenas bebo o gim
Do quanto existe em mim
E assim em vão me deito.

83


Macabra realidade
Esboça o sonho atroz
E sei quantos de nós
Encontram a verdade
No pouco que se agrade
Ou mesmo nesta voz
O corte mais atroz
Deveras nos degrade
O riso em consonância
A sorte em tal estância
Já não mais se produz,
E o vento amaldiçoa
Tombando esta canoa
Aonde teimo em cruz.

84

Ó rosa dos meus sonhos
Reinando plenamente
Aonde se presente
Momentos mais risonhos
Em dias enfadonhos
Amor nos apresente
E quando mais urgente
Deixando além, tristonhos
Os risos em prazeres
Delírios de quereres
Sem medos ou pudores
Seguindo em tez profana
Aonde amor se emana
Gerando mais amores.

85

Não quero sentir medo
Tampouco a tempestade
Aonde bem mais brade
Os dias neste enredo
O amor outrora ledo
Agora nos invade
E sinto em tal verdade
O quanto me concedo
E nada mais temendo
O gozo em estupendo
Momento triunfal
Permite cada instante
Aonde se agigante
Um rito sensual.

86

Apenas esse vento
Tocando em arrepio
Gestando este rocio
Aonde me alimento
E bebo o sentimento
E nele propicio
O quanto em rodopio
O mundo diz fomento
Cerzindo em fortes goles
Enquanto tu me engoles
Sedenta madrugada
A sorte desenhada
Em ânsias e vulcões
Orgástica, te expões.

87

Trazendo, esse poder
De ser além do cais,
E neles sensuais
Momentos a verter
No quanto conceber
E querer sempre mais
Delírios desiguais
Aonde posso ver
O todo a se traçar
Sem medo de tocar
As tramas do infinito,
O amor quando se dá
E bebe desde já
O quanto o necessito.

88

A noite sem talvez
O tanto em louca entrega
E assim sempre navega
Em rara insensatez
O quanto além se fez
A vida louca e cega
O amor não se sonega
E dana a lucidez,
Querer e ter comigo
O sonho em raro abrigo,
Incontinente luz,
Na fúria deste anseio
O quanto em ti permeio
Fartando nos conduz.


89

Promessa que me traga
Bem mais que uma ilusão
Plena satisfação
E nisto a noite vaga,
E sei do gozo/adaga
E nele a dimensão
Dos sonhos que virão
Vento nenhum apaga,
Resumos delirantes
Aonde me agigantes
Sem medo em tais altares
Expressas maravilhas
E nelas também trilhas,
Sem nada mais notares.


90

No brilho desta estrela
Desnuda em minha cama
Amor tanto nos clama
E quando posso vê-la
E assim tanto bebê-la
Moldando em rara trama
A noite já nos chama
E sinto ao envolvê-la
A sorte desenhada
E cada madrugada
Repete-se a loucura,
No amor que se extasia
E trilha dia a dia
O bem que além perdura.

91



TERNURA SE FAZ
EMBALAR A ALMA
CO´ESTE AMOR DIVINO
SOM DOCE, DE SINO
CANÇÃO, MELODIA
VERDADEIRO HINO
TEUS CABELOS EM MINHAS MÃOS...
TEU CORPO, NUM AFAGO...
TEU SORRISO, ENCANTADO!
NADA, MAIS PRECISO...
SÓ ETERNIZAR,
DOCE PARAÍSO!

ANA MARIA GAZZANEO

Pudesse eternizar cada momento
E te sentir comigo até quem sabe
O tempo noutro tempo enfim desabe
Traçando eternidade em tal alento,
No amar e ser feliz, decerto atento
Encontro todo o mar que em nós já cabe
E sei da maravilha onde se gabe
Este universo imenso que ora invento.
E sei também da glória de poder
Sentir em consonância tal prazer
Ao redimir meus erros do passado,
Um paraíso em ti eu adivinho
E quando imaginara estar sozinho
Percebo tal deidade ora ao meu lado.


92



Amiga como é bom te ter ao lado,
e partilhar contigo minha vida.
Dormindo ou sonhando acordado
te sinto junto a mim minha querida.

Na certa foste feita na medida,
moldada com carinho, com cuidado.
Amiga como é bom te ter ao lado
e partilhar contigo minha vida.

Eu sei nunca serei por ti logrado,
em ti sempre acharei doce guarida,
e sempre serei terno apaixonado,
cantar o nosso amor é minha lida
Amiga, como é bom te ter ao lado

HLUNA

Sentir tua presença e ter decerto
A vida que buscara dia a dia,
E nela me entranhando em poesia,
A solidão por certo enfim deserto
E quanto mais a luz; em mim desperto
Percebo a plenitude da alegria
E sorvo com prazer tal fantasia
E neste belo encanto estou liberto,
Vestindo a mais sobeja sensação
Meus olhos novos tempos moldarão
Ao perceber em ti a bela tela
Que a vida sem sentir presenteara
Tornando majestosa esta seara
Aonde o amor se tréguas se revela.


93


Aprendo, a cada dia, esse segredo
de amar, de me entregar à fantasia
do beijo, do desejo sem ter medo
e, assim, acalentar minh'alma fria.

Não quero mais viver em agonia
vivendo de um sonho o arremedo.
Aprendo, a cada dia, esse segredo
de amar, de me entregar à fantasia.

Cansei de ser das outras um brinquedo.
Te achei! A vida é pura alegria.
Agora, só agora eu me concedo
a graça da mais bela sinfonia.
Aprendo, a cada dia, esse segredo.

HLUNA

Ao conhecer em ti a luz superna
Que tanto poderia deslumbrar
Caminho aonde a glória faz altar
Usando teu amor como lanterna
Beleza sem igual, sublime e terna
O tempo neste instante a divagar
Um novo belo e raro caminhar
Traçando a solução porquanto eterna,
E quando me entranhara em tal momento
Sentindo mansidão de um calmo vento
Prenunciando o gozo em explosão,
Do todo fabuloso desenhado,
Deixando para trás o meu passado,
Delírios sem igual se mostrarão.

94


Argêntea maravilha traça a lua
Deitando um claro raio sobre o mar
E ao perceber quão belo então te amar
Deidade tão sobeja, imensa e nua,
Sem paralelo a sorte continua
Reinando sobre todo este lugar
E bebo cada gota a me fartar
Da imagem que em meus olhos já flutua,
Sirena maviosa em plena areia
A messe desejosa me incendeia
E traça este momento sem igual,
Delírio de um poeta enamorado,
Nos ermos de um tristonho e vão passado
Percebo imagem rara e divinal.

95

Beijando a mansa areia este oceano
Deitando sobre a praia, mansamente
Traduz o que decerto esta alma sente
E bebe este delírio sobre-humano.
O gozo mais audaz, louco e profano
Domina neste instante minha mente
E toda a maravilha se apresente
Deixando no passado o medo e o dano,
Retalhos de uma vida entorpecida
Jogada pelos cantos, sem valia,
Agora ao explodir em poesia
Num ato sem juízo, enlouquecida,
Expressa a realidade deste sonho
Aonde sem defesas eu me ponho.


96

Perfume desenhando este cenário
Primaveril beleza em meu outono,
É como se pudesse num abono
O tempo muito além do imaginário
O quanto me guardada em tolo armário
E agora do futuro ora me adono,
O mundo mais sombrio eu abandono
E singro esta paixão qual um corsário,
Estradas renovadas pelo anseio,
E quando o temporão delírio veio
Tornando a minha vida palatável,
O amor sem ter sossego, este menino,
Deveras tão audaz quanto ladino
Surpresa noutro rumo incontrolável.

97

Desmaia ao longe o sol e a lua traz
Num raro desenhar maravilhoso
Prenunciando em nós o belo gozo
Momento mais feliz, porquanto audaz,
E o quanto deste instante satisfaz
Traçando outro caminho fabuloso,
O mundo se mostrando caprichoso
Enquanto amor se fez claro e tenaz,
Arcando com as dores, nada temo,
E sigo o meu delírio, busco o remo
E tento a travessia mais feliz,
Neste outonal desenho agrisalhado,
O coração decerto renovado,
Adentra bem além do que já quis.

98

Eternizando assim este azulejo
De um céu aonde tanto desejara
A vida num instante bela e clara,
Moldando cada cena onde prevejo
O mundo noutro instante, em manso ensejo
E assim a divindade se escancara
Profético cenário se prepara
Realizando a voz de um realejo.
O manto consagrado da ilusão
Desnudo sobre nós traça o verão
Incendiando além do que pudera
Imaginar quem tanto se previra
Nos ermos mais atrozes da mentira
E agora se renova em doce espera.

99

Fantásticos os serros da esperança
E neles adentrando sem defesas
Aonde se preparam tais surpresas
Olhar abençoado a vida lança
E quando mais se quer e já se alcança
Expondo as iguarias sobre as mesas
Vencendo impenetráveis fortalezas
O amor tramando em paz nova mudança
Pujante companheiro da ilusão
Por vezes gera o medo e a imprecisão,
Mas quando nos conquista não sossega
Uma alma enamorada é quase cega,
Mas sabe dos prazeres que virão
E em mar tempestuoso, em paz, navega.

100

As tardes de verão aonde um dia
Sirena sensual desnuda vinha
E nesta maravilha, a deusa minha
Deitava sobre mim em alegria,
O amor se desenhava e poderia
Traçar o quanto em sonho se adivinha
E bebo da ilusão nunca daninha
Gestada pela luz da fantasia.
Os sonhos feitos peixes num cardume
Sentindo o teu calor, sobejo ardume
A sorte desenhada em tal nudez,
O sol ao se encantar, superno e pleno
A cada novo raio, um belo aceno
Do amor quando em amor, o gozo fez.

Um comentário:

Unknown disse...

Amei recordar nosso primeiro duo, meu querido! Saudades imensas daqueles tempos! Sempre, sempre meus parabéns! Você com teus trabalhos maravilhosos engrandece a Poesia Brasileira! Um grande beijo.

Ana Maria Gazzaneo