PARA TANTOS, PRINCIPALMENTE MARCOS GABRIEL, MARCOS DIMITRI E MARCOS VINÍCIUS. MINHA ESPERANÇA. RITA PACIÊNCIA PELA LUTA.
domingo, 18 de julho de 2010
41901 ATÉ 42000 SONETOS FEITOS EM SANTA MARTA 2
101
a chama de um verão
após a face escusa
do quanto em mim se abusa
o passo em solidão,
o vento desde então
já nada além mais cruza,
a face mais obtusa
desnuda esta estação
as urzes do caminho
o quanto vou sozinho
e nada no horizonte,
quisera uma nascente
por onde iridescente
o mundo em paz se aponte.
102
o olhar em tez mais gris
o risco de uma queda
o tempo já se veda
a quem tanto mais quis
e nada mais condiz
senão enquanto enreda
a sorte que me seda
o olhar cego e infeliz,
os antros da memória
a vida em vaga escória
escoras já não traz,
e assim tu mal notaste
o sonho sem tal haste
no fim reina mordaz.
103
um céu em trevas feito
o manto enegrecido
brumoso e percebido
aonde o nada aceito
e sei quanto deleito
no risco deste olvido,
o farto concebido
o amor já morto pleito,
ausente do que um dia
pudesse em poesia
trazer jardim e flor,
agora em farsa e medo
o pouco que concedo
recende ao frio e à dor.
104
os campos do passado
em flórea maravilha
agora o tempo trilha
em passo desolado,
o rumo desenhado
e nele outra armadilha
a sorte não encilha
e segue em tolo enfado,
perpetuando o frio
o peito em vago estio
e o risco de sonhar,
ao fim da vida trama
na derradeira chama
a réstia de um luar.
105
neste horizonte em nuvens e temores
os olhos se perdendo sem ao menos
sentir o quanto possa em tons amenos
viver ainda os últimos fulgores,
e quando assim percebo as frias cores
os sonhos embebidos em venenos
os riscos são deveras torvos, plenos
e os meus caminhos matam velhas flores,
resumos do que fora uma promessa
e o tempo após o tempo não começa
somente se espalhando em neve e pranto,
o risco de sonhar ao fim da vida
resulta nesta estrada sem saída
aonde um passo em vão, teimo e adianto.
106
já não me cabe mais sonhar com luzes
e Ter no olhar ao menos a esperança
a sorte sobre a mesa então se lança
enquanto do passado reproduzes
cenários entre medos, pedras, urzes
e neste caminhar sem confiança
a morte se aproxima e já se trança
nos pântanos que em mim queres, produzes.
Aprendo com a dor e nada mais
Ensina do que os tantos vendavais
E nesta paz inglória e tão somente
O que inda resta em mim ainda trama
A derradeira luz em frágil chama
E o sonho, mero sonho atroz me mente.
107
o orgulho juvenil agora morto
o caos tomando conta dos meus dias,
e quando alguma luz me prometias
o barco desarvora aquém de um porto,
o amor que inda quisera, mero aborto
ao menos restam tolas poesias
e nelas outras faces mostrarias
de um rumo tão venal, porquanto torto.
Restaurações inúteis, versos vãos,
E os velhos caminhares, podres grãos
No chão em aridez, nada mais faço
E quando tento além de alguma sorte,
Apenas vislumbrando ao fim a morte,
Errático caminho em tolo passo.
108
falar de um calmo inverno a quem poeta?
[e como imaginar outro cenário
diverso deste farto e temerário
da vida noutra história, em tosca seta,
no vago meu caminho não completa
o sonho sempre sendo necessário
agora vaga além, tolo corsário
sem Ter sequer a luz, perdendo a meta.
O rastro que deixara em verso e canto,
Não vale qualquer passo num futuro
Aonde qualquer cais tento e procuro,
E nada vendo apenas eu me espanto,
Mesclando com diversos tons, a vida,
Há tanto já não resta uma saída...
109
ao me sentir imóvel frente [a fúria
da louca tempestade ao fim da lida
ao menos poderia na perdida
estância desvendar além penúria.
Mas quando se percebe tanta incúria
Numa alma sem sentido e desvalida
O passo com certeza o tempo acida
Talvez o que inda reste, esta lamúria
Amar e ter no olhar um brilho falso,
Gerado pelo imenso cadafalso
No qual adentro e sinto plenamente
Masmorras da ilusão entorpecendo
Esta alma enlameada e mais atroz,
Sem Ter sequer das sombras mera voz,
O que se vê, apenas um remendo.
110
nesta estação da morte eu vejo apenas
as horas sem destino, vago passo
e quando algum risonho mundo traço
somente com terror tu me envenenas
e sigo as noites tolas, podres plenas
e o peso do meu dia diz cansaço
aos poucos sem saber de algum espaço
distante das esperas mais amenas.
Agrisalhado céu, apenas isto
E na certeza atroz em que consisto
O risco de viver não mais permite
Um sonho que pudesse alimentar
Uma alma já cansada de lutar
E o tempo muito além de seu limite.
111
os fúnebres caminhos invernais
e neles os meus passos turbulentos
exposto ao mais doridos, frios ventos,
aguardo os meus momentos terminais,
olhando de soslaio, os funerais
que a cada novo sonho eu alimento
grassando sobre mim em provimento
aos dias que se foram, desiguais,
funéreo desenhar de um vago fim
acendo com terror este estopim,
vazios se mostrando após o estio,
e a sórdida presença da mortalha,
apenas o vazio aqui se espalha
gerando o olhar vazio e mais sombrio.
112
um alazão vagando em verso e sonho
poeta não se cansa ou poderia
apenas renovar o velho dia
trazendo um tom diverso ao enfadonho,
o quanto se permite ser risonho
ou mesmo traz na tez dura e sombria
ao reviver assim em poesia
o velho em nova face eu recomponho,
servindo ao que pudesse ser diverso
ousando na palavra, cada verso
transcende à realidade e busca um rito
aonde se tentasse em nova fonte
viver o que deveras já se aponte
pouco importando mesmo se acredito.
113
soltando ao vento a crina da esperança
marcando com meu sonho o que talvez
não faço e nem pudesse aonde fez
viver o quanto o rumo ainda alcança
e sinto a sorte atroz, ou mesmo mansa
e nela a viva espera em altivez,
o quanto do que tento e não mais vês
disfarça na palavra seta e lança
arcar com fardos tantos vida afora,
cenário mais diverso já se aflora
e o tempo após o tempo nada dita,
tropéis avassalando estas campinas
se apenas no passado determinas
o rumo desta senda mais aflita.
114
indômito, decerto o sonhador
que usando da palavra como uma arma
aos sonhos e delírios se desarma
e traz no olhar o rito em riso e dor,
o canto tantas vezes sedutor
enquanto muitas vezes nos alarma
depois de certo tempo muda o carma
e gera novo templo, redentor.
Ousar até no crer em discordância
E nesta mais diversa e torpe instância
A poesia dita o que não é
E vive em tons dispersos, fantasia
E quando tenta além do que teria
E até no que não crê presume em fé.
115
a fuga se transforma em realidade
no verso e na palavra variada
aonde o quase tudo dita o nada
e o medo com ternura nos invade,
a sorte traz no olhar plena saudade
do que não fora mesmo, ou desagrada
e assim o dia a dia em mãos de fada
presume a discordante realidade.
Ecoa dentro em mim o que não fui,
E tento resolver enquanto pui
O mundo em tom diverso do que outrora
Pudesse até viver e não sentir
Mudando a cada instante o que há de vir
Em multifacetário tom decora.
116
os elementos todos dominando
o canto de quem tenta novo mundo
e neste caminhar eu me aprofundo
sabendo sem sentir o quanto e o quando,
o manto noutro tom se desenhando
o velho corarão de um vagabundo
e se do meu passado ora me inundo,
futuro ao mesmo tempo desdenhando,
ocaso após as quedas tão constantes
no quanto em realidade me adiantes
gestar outro momento além do fato,
e assim em versos tendo a luz que guia
vivendo esta vital dicotomia
aonde em tais mosaicos me retrato.
117
uivando dentro da alma a solidão
e nela se transcorre em tons sombrios
olhares ditam rumos, desafios,
e bebo a mais diversa direção
o verso se traduz em sonho e chão
e restam dentro em mim dispersos fios
e neles outros tantos desvarios
tentando adivinhar um novo grão,
porquanto fui feliz ou nunca mais
ouvindo as vozes torpes e banais
enveredando sonhos mais diversos,
ousando até sentir o que não creio
disperso o meu caminho em novo veio
usando para tal somente os versos.
118
ginetes da ilusão, ledos cantares
vagando pelos antros de almas tantas,
e quando te retratas, desencantas
urdindo com terror, belos altares,
e assim perpetuando o que notares
e neles ares vários tu levantas
alçando o que buscasse e se te espantas
resumes no vazio os que tentares.
Escasso caminhar em noite vaga,
A solidão em fúria nos afaga
E gera o mesmo tom disperso e frio,
O medo de sonhar não mais alenta
O verso que ao vazio já fomenta
Expressa o quanto quero ou mesmo crio.
119
canteiros em nefastas flores vejo
nas hordas onde esta alma freqüentara
e sei da morbidez desta seara
aonde morro a cada vão desejo,
e sei que aproveitando cada ensejo
esbarro no vazio onde tentara
apenas a certeza que escancara
o passo rumo ao nada e assim me alvejo
carpir a solidão? Jamais eu pude
e tanto quanto mato a juventude
em seus esboços tolos e sutis,
esgarço o que inda resta dentro em mim
arcando com engodos chego ao fim,
e desta forma, sorvo a paz que eu quis.
120
arenas tão diversas entre as guerras
porquanto quis ao menos nova luz
e o fardo que meu passo reproduz
enquanto nele trevas tu encerras,
esbarro nos vazios destas serras
e o manto decomposto em treva e pus,
atrevo-me a lutar e nisto pus
o canto delirante que descerras,
esgarces tão constantes de quem tanto
reluta e na verdade me adianto
ao passo em tons sombrios e venais,
mecânicas diversas, mesmo fim,
o cântico demonstra o que há em mim,
tropéis de sonhos fúteis, desiguais.
121
encaracolam sonhos em novelos
apresentando tons diversos quando
minha alma noutra face desenhando
momentos entre tantos. Posso vê
e crer na servidão dos pesadelos,
o canto noutro tom se denotando,
o preço do viver inflacionando
em mim os meus terríveis vãos desvelos.
Zelasse pelo tempo que não veio,
E quando alguma messe ainda anseio
Fortuna se renega e o que desvendo
Em meio aos frágeis tons desta esperança
A vida aonde o nada tenta e alcança
Traduz o que me resta, esse remendo.
122
os olhos dos amores que tentara
durante certo tempo em amaurose
porquanto a vida tenta e não mais goze
a sorte desdenhosa da seara,
a faca que deveras se amolara
e nela o coração em frágil dose
do quanto poderia e o tempo glose
gerando a farsa aonde a vida ampara
errático porquanto sonhador,
o tempo nega ao tolo trovador
momento mais feliz, talvez suave,
e tendo em meu olhar parco horizonte,
sem ter onde pousar, logo desponte
esta ilusão sublime frágil ave.
123
fanfarras entre os velhos vãos coretos
nas praças do passado e agora apenas
as tantas heresias onde acenas
moldando com terror meus poemetos,
os versos entrelaçam nos sonetos
momentos onde ao longe me serenas,
nos realejos mortos, concatenas
os sonhos escondidos noutros guetos
minha alma transparece em cada verso
e tento novamente outro universo,
porém meus pés no arcaico cimentados,
revendo o lambe-lambe na pracinha,
a sorte na verdade não mais vinha
nas podres águas turvas dos passados.
124
o pó da estrada dita o meu futuro,
se ainda resta em mim qualquer nuance
e nesta fantasia que se lance
ao quanto resta enquanto inda procuro
sinais de um tempo amargo, e mesmo duro,
o vandalismo aos poucos já me alcance
e o corte tão freqüente que se canse
gerando a cada engodo novo apuro.
Merecimentos vários divergentes
E neles outros dias me apresentes
Diversos dos que tanto procurei,
O farto caminhar em tom sombrio,
O olhar em tons diversos, desafio
E tento na alegria [ultima lei.
125
vislumbro o p[o da estrada e nele sinto
o tempo em seus matizes mais diversos
e tento com certeza novos versos
e neles o meu rumo em vago extinto
transcendo ao que pudesse e não pressinto
senão mesmos demônios onde imersos
caminho se traduzem em submersos
delírios desenhados nos absintos.
Rescaldos de um passado aonde eu pude
Viver a minha leda juventude
Em meio {as fantasias mais audazes,
E quando um sonho apenas tu me trazes
Revelo este tropel em agonia
E dele o nada além desenharia.
126
tentáculos tocando o meu caminho
e neles os medonhos ares vejo
resulto do passado e a cada ensejo
eu tento deslindar além do espinho
e quando um novo tempo eu avizinho
tentando reviver o realejo
que há tanto já se fora e num desejo
trouxera este futuro mais mesquinho.
Ciganos corações meus dias sigo
E tento desvendar um vento amigo
Aonde nada mais se vendo agora,
Restauro a fantasia que decora
E nela busco apenas meu abrigo
Vivendo cada ausência desde outrora.
127
na margem desta estrada o que se vê
somente a solidão e nada mais
o quanto quis e morto em ares tais
deliro enquanto em nada já se crê
na melindrosa face sem por que
os tantos e diversos areais
desérticos caminhos onde vais
e neles o meu mundo se revê
desnudo em face escusa, dita o quanto
o vento se mostrara em desencanto
e o risco de sonhar já se apresenta
no tempo aonde quis e não podia
vencer com paz a dura fantasia
na dura realidade mais sangrenta.
128
há quanto algum fervor pudesse Ter
neste horizonte em tez dura e brumosa,
a vida noutra face caprichosa
desenha o que jamais fora prazer,
e o porto já não posso nem mais ver
o corte se aprofunda e o tempo glosa
espinho dominando assim a rosa
canteiro desbotado a percorrer,
esbarro nos momentos mais sutis
e quantas vezes tanto já desfiz
do passo entrelaçado em verso e dor,
apenas resta em mim o olhar sombrio
de quem ao procurar quem sabe o fio
perdeu-se em labirinto, um sonhador.
129
soberbos os silêncios onde pude
sentir a mansidão que não quisera
a vasta solidão dita a quimera
e nela se entranhando esta atitude
aprendo muito mais do quanto ilude
percebo a imensidão onde se espera
a vaga e tenebrosa primavera
após a morte espúria em juventude.
Acordos que velados não cumprira
Assisto [a face espúria da mentira
E arisco caminheiro adentro o vago
E neste desenhar em tal desdém
Apenas o vazio ainda tem
O corpo quase esquálido que eu trago.
130
neste esplendor risonho vejo a cena
que possa retratar o nada em mim,
e sendo tão constante sei que o fim
transcende {a própria luz, imensa e plena
o marco se transcorre e nada acena
senão a mesma escória de onde vim
e bebo em tua boca, o rum e o gim
inebriante sonho concatena
e nasço deste impasse aonde tanto
vestira a solidão e sei que canto
apenas nesta fútil realidade,
esgoto o meu caminho em solidão,
e sei dos meus demônios, e verão
olhares o terror que ora me invade.
131
a rima em alas feita leva ao farto
delírio onde pudesse ver o Céu
e sinto desairoso este tropel
no qual a cada passo me reparto
e bebo da esperança e se me aparto
do mundo em girassol e carrossel
restando dentro em mim ledo papel
o passo no final tento ou descarto,
o velho desacato em sordidez
o marco mais atroz e nele vês
apenas o desenho em tez sombria
do quanto pude e mesmo nada tive
aonde em cada sonho quis e estive
vestir a mais espúria fantasia.
132
sopesado desenho em vagos tons
e néscio caminhante em noite escassa
o vento as ilusões, tudo trespassa
e nada se reflete em velhos sons,
as arcas que me trazes, meus neons
a mansa sensação expressa a traça
e tudo num momento se esfuma;a
alguns sonhos deveras foram bons.
Mas nada do que possa ainda trago
E visto a solidão em raro estrago
Egresso de um passado em tom venal,
O carma se deslinda em abandono
E quando o meu caminho desabono
Jogando na esperança a p[a de cal.
133
harmônico caminho, jamais pude
e sei dos meus erráticos cometas
e quando novo dia me prometas
aprendo com terrível magnitude
o corte onde se molde e se saúde
as mansas heresias acometas
e tentas quando muito e não remetas
senão as velhas traças, juventude.
Marcando a minha voz em discordância
Ao menos poderia a tolerância
Enquanto o que me resta não se mede
Causando dentro em mim tal frenesi
O pranto aonde o mundo soergui
O passo rumo ao nada se procede.
134
a queda dos meus sonhos, a senzala
gerada pelas tantas noites vãs
e quando procurara por manhas
a sorte que tentara não se cala
o prazo determina e a vida exala
somente os meus diversos, vis afãs
as horas se passando são malsãs
o corpo apodrecendo em minha sala.
Apraza-me saber do quanto ainda
Entranho pela noite outrora infinda
E agora em vastas farsas discernida
Há tanto procurara apenas isto,
Razão para sonhar, mas se desisto
Recuperando as sombras de uma vida.
135
Revela-se a verdade em tons sutis
E tento apenas isso e nada mais
A ausência dos meus sonhos onde vais
Tomando com certeza o mais que eu quis,
Viver e ser somente um aprendiz
Escondo os meus erráticos banais
Momentos entre tantos, quero mais
E o mundo noutra face contradiz
Servindo ao que pudesse de alimária
A sorte muitas vezes temerária
Não pode e nem pudera ser assim,
O marco de um viver ensandecido
Aonde o novo tempo percebido
Ditame de um florido e vão jardim.
136
inúteis estas pugnas onde outrora
o mundo se fizera em guerra e eu sinto
o olhar ensandecido e quando minto
a velha solidão me desancora,
o risco de viver e sem demora
meu canto noutra face segue extinto
e quando na ilusão enfim me tinto
o rastro se perdendo a qualquer hora,
estranhamente a vida se moldara
em trágicos momentos na seara
que tanto procurei qual redenção
os mesmos caminhares tão sombrios
e os dias entre novos desafios
aporta-me o terror em podridão.
137
caíste nos meus antros mais profundos
e assim ao te entranhar eu me embebi
do sonho em delicado frenesi
e vi bem mais que meros, vagos mundos,
e os dias entre errôneos vagabundos
destinos destroçados percebi
o quanto ainda resta sei em ti
e nestes caminhares mais fecundos,
ao perceber a sorte em tom suave
sem nada que deveras nos agrave
desafiando o passo em tom errático,
as ânsias costumeiras de quem sonha
a face mais atroz, dura e bisonha,
sorriso em ironias, enigmático.
138
olhos fixos procuram novos céus
e neles adentrando sem saber
o quanto poderia mesmo ver
quem sabe destes tantos fogaréus,
os dias entre erráticos e incréus
os mortos que aprendi a recolher
o canto se esvaindo a se perder
deixando para trás antigos véus,
arrasto os meus caminhos entre engodos,
desvios costumeiros, sei de todos,
e os antros que freqüento sendo assim
tramando em discordância a voz enquanto
ainda ao longe tento, busco e canto
sabendo deste mundo que há em mim.
139
reluto enquanto busco a claridade
dispersa dos meus dias, tantos anos,
e sei quanto comuns os desenganos
no passo que a certeza já degrade,
o marco ainda vivo não me agrade
e neles os meus cantos mais insanos,
os mantos desvendando em velhos panos
a solidão expressa a morte e a grade,
ocasos entre falsas pedrarias
aonde na verdade não verias
senão este desenho em tom mordaz,
aprendo com meus erros, mas tampouco
o mundo se mostrara muito pouco
daquilo que a esperança sempre traz.
140
tocado por clarões entranho em senda
aonde o verso tanto poderia
fadar o meu caminho em luz sombria
enquanto o desejar já não se atenda,
e quando desenhada em mera tenda
a sorte se transforma e moldaria
do beduíno sonho em fantasia
a sorte que deveras não se entenda,
vicejas entre tantas flores quando
o dia nos transforma e te tocando
em radiantes tons dita a beleza
e sei do passo aonde pude ver
desenho mais sobejo do prazer
e deste desdenhar, a mera presa.
141
em languidez deitada no meu colo,
apraza-me viver em teus caminhos
vencer os meus demônios vãos mesquinhos
neste delírio aonde em luz me assolo,
o mundo se desenha sem o dolo
e trava entre os terrores os espinhos,
brindando a nossa sorte em raros vinhos,
já não percebo o quanto aquém me imolo.
Aprendo a caminhar em tantas urzes
Porquanto ainda assim tu me conduzes
Gestando o quanto pude em tom diverso,
No vasto desejar dessedentando
O sonho noutra face em ar mais brando,
Rendendo em homenagem cada verso.
142
fulgindo em raro espírito permito
o dia que vir[a e mostraria
a sorte noutra face em ironia
e nisto o meu cantar esboço aflito,
o marco de transforma em novo rito
e o peso mais atroz da poesia
gerando o que pudesse em agonia
bem mais do quanto busco e necessito,
atocaiado sonho em verso e dor
no quanto quero ser o sonhador
e ardores mais atrozes ditam sortes
apático e decerto mais venal
o risco se mostrando ora real
e nele em mansa voz tu me confortes.
143
nos pálidos momentos desta vida
aprendo como devo proceder
jazigos da esperança passo a ver
no quanto se prepara a despedida,
a sorte muitas vezes decidida
errático desenho e sem rever
o pântano que aprendo a conceber
nos charcos traduzindo a vaga ermida,
reprimo os meus anseios quando tento
vencer o olhar ausente e entregue ao vento
meu passo jamais molda novo encanto
e quando me aproximo do oceano
disfarço o passo enquanto ao fim me dano
e embora entre tormentas, me agiganto.
144
revendo o meu passado em tais encostas
aonde na verdade o passo dita
a sorte que deveras já finita
demonstra o quanto agora não mais gostas
as faces mais sombrias sendo expostas
no quanto a sorte mesmo necessita
da tenra solução onde esta aflita
verdade gera o medo em consonância
e o rastro do que fomos posso ver
nas ânsias dolorosas do querer
e nelas esta farsa em discrepância.
145
volvendo aos meus hedônicos caminhos
porquanto muitas vezes, sonhador,
ao menos dissimulo a minha dor
e tento adivinhar sobejos ninhos,
os olhos entre os medos mais daninhos
espinhos entranhando cada flor
o céu que procurara em nova cor
trazendo os vários ermos tão mesquinhos.
Aprendendo com erros costumeiros
Tentando ao cultivar nobres canteiros
Colheita aonde nada se faria
Num ápice diverso do que eu quis
O vasto desenhar em torpe giz
No quanto morta em mim a poesia.
146
no grato coração de quem se fez
disperso caminheiro do vazio
enquanto o risco tento ou desafio
a farsa desnudando esta altivez
e quando em desespero agora vês
o marco mais atroz traçando o rio
e nele outro farsante propicio
na lúdica verdade em cupidez,
escassos sonhos moldam a verdade
e nela o que deveras jaz e invade
estranhamente a mente pode ou quis
singrar novos caminhos onde outrora
a fonte do passado desarvora
e torna o sonho amargo ou infeliz.
147
o quanto do desejo eu levarei
depois de Ter buscado ao menos riso
e sei do mais terrível paraíso
no carma que carrego em torpe lei,
o vasto deste intento desenhei
e quando tento ser bem mais preciso,
a vida se aproxima e sem aviso
destrói o pouco ou nada que criei
assumo os desenganos de quem tanto
buscara muito mais que o desencanto
comum a quem se fez em tom suave
participar dos cânticos confusos
e neles os meus versos mais profusos
aonde a solidão decerto agrave.
148
adustos cumes traço em sonhos quando
o mar se rebelando em tais procelas
e nelas os delírios que revelas
aos poucos o meu mundo transbordando,
alego com ternura transmudando
o passo aonde outrora vi as celas
e nelas os demônios quando atrelas
gestando um ar sombrio e quase infando.
Na homérica loucura aonde sigo
Buscando qualquer messe como abrigo
O preço que se paga, na verdade
Angustiadamente se apresente
E mostre um ar dorido e penitente
E o sonho morre longe em vil saudade.
149
o amor que na verdade eu sei pungente
expressa a realidade mais audaz,
no quanto tanto ou pouco satisfaz
deixando olhar ausente ou mais contente,
no todo aonde o brilho impertinente
transcorre em passo lúbrico ou tenaz,
aprendo a Ter quem sabe a ansiada paz
ousando na esperança em contingente
diverso do que tanto quis um dia
e sei do pouco caso que faria
quem finge ou mais se omite frente ao rastro
deixado pela vida em tom atroz
unindo em concordância nossa voz
aos poucos sem destino ora me alastro.
150
vetusto caminheiro aonde um dia
a juventude houvera e nem resiste
ao quanto meu olhar sangrento e triste
desvenda o que tampouco poderia
gestar em raro brilho de alegria
e assim ainda mesmo teima e insiste
no quanto o desenhar já não persiste
matando o quanto pude em poesia.
Ao menos cada engodo se desenha
E quando a solidão atroz ferrenha
Expõe a face dura, esta velhaca
O corpo desancando em dor e medo
Ao nada se deveras me concedo
Meu barco noutro cais já não atraca.
151
como agiganta o coração sombrio
o sonho temporão de amor que entranha
vetusto caminheiro em tal montanha
desfiladeiro enorme que recrio
e a queda quando em sonho eu desafio
a fúria na verdade sei tamanha
e muda com certeza a inútil sanha
e nela se desvenda um novo rio,
assisto ao meu final e da sacada
a sorte há tanto tempo desenhada
esboça um novo fato em passo rude.
Seara desenhada ao fim de tudo
No quanto sou agora amargo e mudo
O sonho que se vê agora ilude.
152
balbuciando apenas
o tanto quanto eu quis
e sei da cicatriz
em duras, toscas penas
o quanto ainda acenas
e tento ser feliz
etéreo este aprendiz
em noites mais amenas
pudesse pelo menos
beber destes serenos
e fúteis desenhares
porquanto pude crer
no farto desprazer
insólitos altares.
153
o quanto em mim alberga
a sorte em tom diverso
ousando neste verso
o peso que me enverga
o fim atroz se enxerga
e vejo e me disperso
enquanto pude e verso
a morte já soerga
e vasto pantanal
na imensa charqueada
a sorte desenhada
em ar duro e venal
o medo de sentir
transforma o meu porvir.
154
ainda rindo quando
o olhar já não sacia
a tola melodia
aos poucos entornando
e assim se revoando
o sonho em harmonia
dourando o dia a dia
ou mesmo desolando
o passo de quem tenta
singrar esta tormenta
incauto sonhador,
no fardo em que me entrego
o passo agora cego
traduz imensa dor.
155
das encostas e rocas
os riscos mares trago
e quando algum afago
desenha em raras tocas
aos poucos tu deslocas
sentidos vários magos
e sei dos mansos lagos
e neles suas locas.
Meu passo dessedento
Enquanto busco e invento
Um cais onde tranqüilo
Pudesse ancoradouro
E quando em paz me douro
Mentiras eu desfilo.
156
da vida algum rumor
que possa desenhar
no quanto me entregar
fulgindo neste albor
o nada a se propor
e tanto divagar
entranho o caminhar
e nele intensa cor,
na tensa realidade
o quanto já degrade
o passo em falso vejo
e sendo assim falaz
o coração me traz
somente um vago ensejo.
157
no coração ingrato
de quem se fez alheio
vencendo um vago anseio
aonde eu me retrato
no passo onde desato
o sonho em devaneio
e sigo mesmo alheio
na busca de um regato
resgato em atitude
o quanto mais eu pude
depois de tanto medo
necessitando apenas
as horas mais serenas
ao tanto eu me concedo.
158
desejo amargo e triste
de quem se fez talvez
no pouco que inda vês
ou mesmo não desiste
enquanto assim consiste
em mera insensatez
deveras já não crês
no olhar que inda persiste
vestindo a fantasia
e nela não teria
a sombra mais feliz
do todo se perdendo
o mundo este remendo
diverso do que eu quis.
159
num verde vale sigo
em busca desta fonte
aonde já desponte
o amor amante e amigo
e sei que não consigo
senão sobeja ponte
e nela este horizonte
traduz qualquer perigo.
Ascendo ao que tentara
E vejo como escara
O risco de sonhar,
Vacante coração
No fundo em emoção
Delírio a se moldar.
160
para mim há de ser
o que jamais se fez
no risco em lucidez
a fonte do prazer
e nisto passo a crer
embora já não crês
nem mesmo agora vês
o quanto pude ver.
Arcar com erro quando
O mundo se tomando
Em dor ou heresia,
Na paz que me redime
Um ar duro e sublime
Entranho a poesia.
161
os de alto coração
expondo uma verdade
que quando desagrade
esboça a reação
e gera uma ilusão
que tanto nos invade
e dita a realidade
dos dias que virão
aporto em teus caminhos
e sei dos meus daninhos
imerso em verso e pranto,
mas quando vejo o fardo
e sei de cada cardo
o passo eu adianto.
162
posto na aridez
do passo em resoluto
caminho aonde astuto
delírio já não vês
e quando mesmo fez
o rosto em tom mais bruto
deveras teimo e luto
em louca insensatez
ascendo ao nada quando
o manto revelando
a face mais sutil
por onde quis um dia
em luz e fantasia
e o nada após se viu.
163
a alma cansada dita
a sorte em tom disperso
e quando sigo imerso
a vida necessita
do quanto mais aflita
ou mesmo tão perverso
desejo aonde verso
em voz tênue, a desdita
acasos costumeiros
e neles os canteiros
já não florescem mais,
assim ao me perder
nas tramas do querer
esqueço os meus florais.
164
nas rochas mais tenazes
vencer os meus anseios
e crer nos devaneios
que sei sempre me trazes,
a vida em suas fases
a dama em belos seios,
os dias vão alheios
e neles me desfazes
resumos de outros tantos
e sei destes quebrantos
espantos onde pude
sentir o olhar confuso
de quem nos ermos cruzo
e a voz ao fim se ilude.
165
sentindo na planura
dos vales onde outrora
a sorte desancora
e traz o que procura
a morte em amargura
o corte onde se aflora
o peso me apavora
e nada mais perdura,
somente a vaga lua
deitando bela e nua
reinando em céu imenso,
e quando me percebo
nas ânsias em que eu bebo
do amor eu me convenço.
166
amar esta colina
aonde no passado
vivera o já traçado
caminho que alucina
a sorte determina
ao fim duro legado
e o passo desolado
entranha em rara mina,
aprendo com o pouco
e nisto quase louco
errático poeta
no fundo sabe bem
da vida em seu desdém
e em nada se repleta.
167
entre os mais verdejantes
caminhos que eu seguira
ao menos da mentira
os sonhos me garantes
e tanto quanto espantes
ou mesmo se prefira
a sorte noutra mira
em dias deslumbrantes,
riscando deste mapa
a luz ora se escapa
e gera esta sombria
verdade mais dorida
regendo a minha vida
marcando o dia a dia.
168
espiga em brisa e vento
dos milharais do sonho
aonde me proponho
e bebo o sentimento
expresso enquanto tento
num ar manso ou risonho
se tanto em enfadonho
caminho, envolvimento,
aprendo com engodos
e sei dos velhos lodos
e deles me aproximo,
aonde quis a sorte
apenas se comporte
em mim o medo e o limo.
169
o gado enquanto pasta
olhando de soslaio
o quanto agora traio
e a vida já se afasta
do passo que desgasta
e nisto outro lacaio,
o sonho não distraio
e bebo a solidão
na cética impressão
de um dia mais feliz,
o pranto não sacia
quem tanto quis o dia
e o dia nunca o quis.
170
das torres, fortalezas
os rastros de quem sigo
há tanto e em desabrigo
expondo as frias presas
nas tantas incertezas
o manto não consigo
e quanto mais antigo
o rumo sem surpresas
ascendo ao nada em mim
e bebo e sei do fim
tempestuosamente
o quanto quis um dia
e nada poderia
senão no quanto mente.
171
tu me dizes que não
pudesse ainda haver
qualquer mero prazer
aonde há solidão
na mesma condição
o risco de saber
o medo do viver
e nele a solução
expondo em ar sombrio
o quanto desafio
do tempo em ar atroz
e quando ouvir o canto
de quem amara tanto
já não conheço a voz.
172
enquanto a bela lua
deitando essa nudez
demonstra o que tu vês
enquanto a alma flutua
deitando sobre a rua
no rumo onde se fez
imensa esta altivez
a sorte não atua
e vejo sobre as casas
o quanto em sorte abrasas
os passos rumo ao farto,
no todo quanto possa
saber também ser nossa
a lua que eu reparto.
173
nos mortos que carrego
vergando o coração
tomando a decisão
e nela em rumo cego
ao tanto que me entrego
e bebo imprecisão
encontro o mesmo não
no quanto em vão navego,
ascendo ao que podia
na noite mais vazia
em meio aos meus fantoches
e nesta fúria expressa
a vida em tal promessa
aonde mais deboches.
174
qual oração desfeita
em tétrica miragem
procuro nova aragem
aonde se deleita
a sorte quando aceita
tramando na paisagem
momento em tal visagem
amor bebe na espreita
serenos desta sorte
que tanto me conforte
enquanto me assedia,
no farto caminhar
desenho a se traçar
marcando a poesia.
175
em doces prendas raras
encontro o que procuro
e sei do quanto duro
caminho em vãs searas
e quando me preparas
um céu bem mais escuro
o canto em que amarguro
espalho e me escancaras
nas tramas mais audazes
e nelas tu me trazes
verdades inerentes
a quem se fez alheio
vencendo enquanto veio
momento que apascentes.
176
alegres desde quando
o tempo se sacia
na fonte em heresia
o mar já me inundando
e nele se moldando
a voz onde teria
quem sabe a fantasia
deveras transbordando,
refaço com meu verso
o mundo aonde imerso
bebera esta ilusão
e o tempo desancora
o quanto quis outrora
coragem, coração.
177
juntas estão comigo
as ânsias mais felizes
e quantos dos matizes
traduzem este abrigo
e quando te persigo
e tanto me desdizes
gerando cicatrizes
nas crises que prossigo.
Aprendo ou não pudera
Vencer a dura fera
Atocaiada em mim,
E o pântano gerado
No sonho desolado
Ditando tudo enfim.
178
a morte conjurada
há tanto em face escusa
o passo que se cruza
a noite constelada
a voz já degradada
o risco aonde abusa
a sorte mais confusa
e nela nova estada
apreços que procuro
e quando em céu escuro
escusa realidade
domina qualquer passo
aonde me desfaço
a cena se degrade.
179
em tanto bem pudera
vencer vicissitudes
e quanto quer que mudes
gerando em ti a fera
a morte numa espera
define em atitudes
ainda que isto mudes
a sorte destempera.
O parto, o pranto o riso
Distante paraíso
E nele não se vendo
Sequer qualquer detalhe
Porquanto se retalhe
Fortuna em vão remendo.
180
com tanta dor me dizes
desta alma demarcada
na faca desdenhada
e nela em cicatrizes
as sortes são atrizes
e tento nova estada
aonde havendo o nada
os dias geram crises
esparso canto alheio
ao quanto em vão rodeio
e tento apenas isto,
sentir o que talvez
ainda já não vês,
mas tento e não desisto.
181
levando-me a tal mar
por onde singro e tento
vencer o desalento
diverso em desamar
e quanto a procurar
olhar quem sabe atento
vencendo assim o vento
e nele me entranhar
desvendo em verso e luz
e quando reproduz
vontade mais audaz
aquém do que pudera
a vida diz da esfera
que o tempo nunca traz.
182
se tens o coração
envolto em claridade
o quanto se degrade
do dia feito em vão
tramando em si o grão
que tanto nos invade
e gera esta verdade
em dia sem senão
rescaldos de outras eras
aonde destemperas
e perdes rumo quando
o mar que existe em ti
já não reconheci
e sinto-me inundando.
183
numa arrogância imensa
o olhar se traz aquém
do quanto já retém
o passo de quem pensa
na sorte em recompensa
e busca noutro bem
o amor que deste alguém
jamais nada convença
o marco em voz sombria
a sorte não veria
sequer o que procura,
assídua companheira
das noites mensageira
em ti, jamais a cura.
184
na medida em que as mãos
procuram cada veio
e tanto ora te anseio
adentrando tais vãos
e nestes artesãos
delírios sem receio
enquanto fora alheio
em mim diversos nãos
e os medos retratando
no olhar duro e nefando
realidade atroz,
mas quando sem espinho
o amor onde me aninho
transcende e gera a foz.
185
palavras soltas tento
e nelas me entregando
e sei que desde quando
ao mundo mais atento
sem medo ou sofrimento
o olhar se transmudando
o risco sonegando
o amor traduz alento,
esgoto em verso e luz
ao quanto se conduz
o passo mais presente
e nesta lua imensa
a sorte se compensa
e a bênção se pressente.
186
escaramuças tantas
e nelas a vontade
de Ter a liberdade
aonde tu me encantas
seguindo as noites santas
porquanto em claridade
a vida agora brade
e nisto me adiantas
um rumo aonde eu creio
vencendo o meu receio
de ver ausência em luz,
já não comportaria
assim a poesia
o mundo ao que propus.
187
falasses entre os ritos
diversos e mesquinhos
a vida trama em ninhos
momentos mais aflitos
e bebo de infinitos
delírios entre os vinhos
e sei dos meus daninhos
caminhos tão malditos
restauro em verso o sonho
e quando me proponho
encontro o libertário
desejo mais audaz
e a sorte então se faz
bem mais que imaginário.
188
galopo este cavalo
em novas tempestades
e quando ora me invades
em ti eu avassalo
assim eu não me calo
e tento em liberdades
vencer minhas saudades
e nisto a cada embalo
o risco de sentir
alheio ao meu porvir
a vasta noite aonde
o mundo em tom venal
deveras sempre igual
cenário agora esconde.
189
jogando em tuas lanças
as tantas alegrias
ao menos poderias
imersa em esperanças
vencer as nunca mansas
memórias e agonias
e nestes novos dias
as sortes tu alcanças
e quando sabes bem
do sonho quando vem
domar a realidade
tropel em fulgurante
caminho se levante
e o gozo em paz invade.
190
dançando em noite clara
ciganas sincronias
as horas e alegrias
a bênção se declara
e quando a noite ampara
o quanto mais querias
vencer em harmonias
a dor cruel e amara,
o parto renegado
aborto disfarçado
nos antros da promessa
o medo não traduz
o canto em contraluz
e o fardo recomeça.
191
como destra em plena guerra
que jamais há vencedor
o meu canto sonhador
tanto sonho sempre encerra
e deveras já descerra
noutro tom jamais se opor
ao que tange sonho e dor
na verdade teima e berra
outra vez a voz avulsa
a certeza quando pulsa
sem repulsa dita a sorte,
o cigano coração
sabe as ânsias do verão
e vagueia sem seu norte.
192
se tu tens o coração
entre as ânsias e legados
outros rumos derramados
neles mesmo a divisão
entre as fúrias não verão
meus caminhos desolados
e deveras dos soldados
noutra senda ou batalhão
o meu canto se extasia
entre luz clara ou sombria
degenero em passo atroz
ao buscar a liberdade
o que tanto ora me invade
sela em dor a minha voz.
193
com tua arrogância vejo
a verdade já desnuda
a saudade cega e muda
preparando novo ensejo
e se tanto amor trovejo
a mortalha não ajuda
a palavra nunca iluda
quem deveras diz desejo,
o meu canto se inebria
na certeza de outro dia
nele tendo a paz ou guerra,
aprazível cercania
onde tanto te queria
e a verdade não descerra.
194
deixando voar o sonho
onde nunca pude ver
sem cenário a se tecer
o caminho que proponho
muitas vezes mais bisonho
outras tantas desprazer
um cigano a percorrer
os delírios onde ponho
coração sem liberdade
ou deveras a saudade
doma o passo do tropel
ao cerzir em poesia
o meu canto não veria
qualquer luz em turvo céu.
195
entre as damas o valete
o reinado se desfaz
quando vejo o sonho audaz
o meu canto não reflete
e se pouco me compete
eu persisto e sou tenaz
ao buscar o quão mordaz
caminheiro se repete
e desenha em sortilégio
o que tanto quis mais régio
e não pode discernir
vandalismo invés de sonho
e o que tanto te proponho
já não nega este porvir.
196
o cavalo em liberdade
meu corcel quase indomável
o caminho decorável
noutro rumo em liberdade
através da ansiedade
o cenário mais palpável
ou deveras agradável
com certeza ainda brade
e domine sem temor
o meu rumo em farta cor
farsa alheia a que inda resta
no passado a voz funesta
no futuro este vazio
e se tanto quero e posso
coração aonde endosso
o meu canto em desafio.
197
zambo passo em noite vaga
risco alheio ao que pudera
a saudade destempera
no caminho onde mais traga
a palavra dita afaga
e se trama a velha fera
onde quis a primavera
nos olhares mera adaga,
nas adegas da saudade
esperança não agrade
quem tentara libertário
caminhar em plenitude
se o meu canto já não pude
da ilusão atroz corsário.
198
nos anseios e nas crenças
arco em voz com heresia
tanto tempo poderia
e deveras já não pensas
nem sequer mais tu compensas
o que tange ao novo dia
feito em luz ou sintonia
onde há tantas desavenças
esperança não pudesse
presumir esta benesse
feita em luz ou turbulência
neste farto caminhar
procurando algum luar
e não tendo esta clemência.
199
no quanto jogasse a lança
e pudesse em seta ou alvo
na verdade não ressalvo
nem sequer amor avança
e deveras sendo mansa
a verdade enquanto salvo
o meu mundo em monte calvo
outro olhar gera esperança
de quem tanto ou nunca quis
a verdade em dor e riso
no meu ermo paraíso
gera o sonho, este aprendiz.
200
ao dançar onde desloca
o meu rumo em tom sombrio
o meu verso toma o brio
e deveras beija a roca
adentrando medo e loca
onde teima em desvario
e se tanto desafio
no caminho não se toca
nem sequer o que pudera
ou talvez em nova espera
cerziria em verso ou canto,
se talvez inda teimasse
noutro rumo nova face,
mas sozinho enfim me espanto.
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