domingo, 18 de julho de 2010

42101 ATÉ 42200 DILEMAS

001

A vida em esperanças
Prepara algum dilema
E quando já se algema
Aonde tu avanças
Ao nada tu te lanças
E sabe deste tema,
A sorte sempre tema
As frias setas, lanças,
E vença ou mesmo perca
Imerso em dor e cerca
Jogado em algum canto,
Do todo que sonhavas
Apenas meras lavas
E nelas desencanto.

002


Do vale oriental
Ocidental montanha
A vida perde e ganha
No fundo é tão igual
Caminho que usual
Ditame desta sanha
Aonde já se entranha
Dilema magistral
Seguir cada passada
No tudo ou mesmo o nada
Trazendo a queda e a messe,
Porquanto sendo assim,
Do início vejo o fim,
Porém nada obedece.


003


Estrela vespertina
Dos sonhos de um poeta
Aonde se repleta
Ou nada determina,
Seguir o que pudera
Deixando para trás
O quanto satisfaz
Ou gera a mesma espera.
No ser ou no não ser
Apenas a resposta
Na face decomposta
De quem tenta o prazer
Dilemas desta vida
Encontro ou despedida...


004


Perfume de uma rosa
Atrai o colibri
E nele percebi
A estrada majestosa,
Enquanto dolorosa
Também ora senti
Da abelha por aqui
A sorte caprichosa,
Nas ânsias pelo pólen
Dispersos vãos assolem
E geram tal dilema
Beleza tanto atrai
O quando nos distrai,
Porém novo problema...

005


Orvalho em tal estio
Pudesse pelo menos
Trazer dias amenos
Aonde desafio
O medo e neste fio
Bebendo dos venenos
Imensos ou pequenos
Secando cada rio.
E o preço que se paga
Ou mesmo valha a chaga
Ou nada no final,
Rocios matinais
E sóis tão infernais
O bem precede o mal.

006


Decorações diversas
De corações expressos
Em medos e tropeços
Ou tanto além tu versas,
E quando mais dispersas
E tramas adereços
Os erros não confessos
Em pálidas conversa
Verdade que liberta
Também traz e desperta
A fúria em cada olhar,
No quanto ser ou não
Superna indecisão,
Que rumo irei tomar?


007


Olhando sobre as vagas
Além deste horizonte
A nuvem que se aponte
O sol quando o me tragas
E assim diversas plagas
Nas quais a mesma ponte
No tanto quanto é fonte
Deveras tanto alagas.
Resumo em verso e dor
O imenso dissabor
Ou tal sabor intenso,
No gozo ou neste infausto
Amor diz holocausto,
Enquanto me compenso?

008


Saudades do dorido
Caminho aonde um dia
Talvez em alegria
Ou fardo construído,
O canto ou num ruído
O quanto poderia,
Vencer a hipocrisia
Nas ânsias deste olvido,
O longe está tão perto
E quando me desperto
Ausente novamente,
Livrando dos pecados
Os dias disfarçados
Confundem minha mente.


009


Decoras com a dor
O olhar em rubra tez,
O quanto se desfez
Ou novo campo em flor,
A morte traz no ardor
A vida que tu vês,
E quando sem porquês
Assim também o amor.
Princípio dita o fim,
Mortalha no jardim
Presume uma florada,
E a vida se reflete
Neste ato e se repete
O todo vem do nada.

010


Sonhando com o ocaso
No fim um ar sublime
Que tanto me redime
E nele se me aprazo,
O tempo não tem prazo
Apenas já se estime
O quanto ora suprime
Prenunciando este azo.
Assim dicotomias
Além das que vivias
Verás a cada passo,
O rumo desconexo
De um novo sendo anexo
Traduz o mesmo traço.

011


A liberdade traz
A podridão, raiz
E nela se condiz
A guerra sela a paz.
O fim devera faz
Começo e por um triz
O traço deste giz
Na farsa mais audaz.
O manto já puído
Em novo convertido
Abriga em frio intenso,
O amor gerando este ódio
Catódio busca anódio
Na perda, às vezes venço.

012


Seguindo em caravana
Por vezes solitário
Nem sempre o solidário
Traduz a soberana
Vontade enquanto dana
E trama o temporário
Caminho imaginário
Sacrário em tez profana.
Orgásticos terrores
Delírios em amores
Sofrido desenhar
No pêndulo da vida
Começo é despedida
Num novo caminhar.

013


Zagais em tal cuidado
Transportam muito além
O quanto se contém
Do farto e imenso gado,
Errático legado
No fundo não convém
E faz logo refém
O mal pastoreado.
Assim em descaminho
Da sorte ao mais daninho
Um erro traduzindo
Na queda sem defesas
Enquanto somos presas
Do que pensamos lindo.

014


Relvosa esta campina
Esconde a torpe urtiga
A vida se prossiga
Enquanto determina
E gera nova mina
Matando aquela, antiga,
Ou tanto assim prossiga
Ao quanto se destina.
A vida em tais dilemas
Verdades negam lemas
Ou trazem em mentiras
O quanto que querias
Nestas dicotomias
Ao ermo tu te atiras.

015


A fonte saborosa
Por vezes mais salobra
Enquanto se desdobra
E traz espinho e rosa,
Embora majestosa
Cuidado se redobra
E quando dita a sobra
Expressa pedregosa.
Assim a vida traça
Em ares divergentes
O que deveras sentes
Esvai mera fumaça
Seguir ou se negar
Num mesmo desenhar.

016


Viver contigo ou não
Sentir o mesmo espaço
E quando este cansaço
Traduz a ingratidão
Inverno com verão?
No fundo me desfaço
E nada além do lasso
Os dias mostrarão.
A primavera em flor
Outono em vária cor
Amenizado clima,
Porém enquanto ao fundo
Aos poucos me aprofundo
Irás só para cima.

017

Escravo ama a vergasta?
Deveras muita vez
O fato que ora vês
Com tudo se contrasta,
A sorte assim desgasta
E nela sem porquês,
O mundo em altivez
Prepara a cena e basta.
O risco de sonhar
E a queda a se moldar
Num antro interminável.
Seguir em procissão
Ou mesmo em solidão
Seria mais potável?


018


Nas águas onde banhas
E bebes com fartura,
Também a desventura
Prepara suas sanhas,
E quando pensas; ganhas,
Deveras se perdura
A dor que não tem cura
E nela tu te entranhas.
E resolutamente
A vida tanto mente
Conforme nos ajuda,
A sorte se renova
A lua cheia ou nova,
Porém nem sempre acuda.

019


No frio que me aqueces
Lareira em vital brilho,
Mas quando além eu trilho
Esqueces as benesses
E logo te confesses
Num sonho, este andarilho
Enquanto em vão palmilho
Ausentes sonhos, preces.
Seguir o passo enquanto
A queda; além garanto
Ou mesmo me quedar
Distante do que possa,
A sorte dita a fossa
Também bebe o luar.

020


Beber deste sagrado
E beatificar
O sonho em vago altar
Que agora é meu legado,
Ou no ermo do pecado
Os mares a singrar
O sonho a delirar
E nele sem enfado.
O risco a queda o corte
A vida não comporte
Diversa realidade,
E ser o que pudera
Ou morto em tola espera
Dilema dita a grade.


021


Meu canto em pobres tons
Talvez não traduzisse
A vida em tal mesmice
Diversos ecos, dons,
Momentos outros bons
E neles a tolice
Ou mesmo se desdisse
O quanto em vários sons,
Resumo de quem tenta
Vencer qualquer tormenta
Ou quieto se permite
Viver somente o quanto
O passo eu não garanto
E respeito o limite.


022


Um cego palpa e sente
Relevos desejosos,
Campos maravilhosos
E nada se apresente
Ao menos o que ausente
Do olhar em pedregosos
Delírios caprichosos
Dominam cada mente.
No fundo o que me resta
A sorte mais funesta
Ou mesmo a redenção,
Se eu tento e não consigo
Ou bebo o desabrigo
E cavo a cova em vão.

023


Os miseráveis; vejo
Num ápice e deveras
Exposto às tantas feras
Enfrento a cada ensejo
O quanto em tal negrejo
A vida diz esperas
E nela as primaveras
Jamais em mim prevejo.
Seguir ou me negar
Enfastiado passo
Aonde cada traço
Não pude completar,
E assim neste vazio
O mundo em mim desfio.

024

Pequeno olhando além
Imensa cordilheira,
O amor dita a bandeira
E nada mais contém
Senão tanto desdém
Aonde a verdadeira
Imagem traiçoeira
O sonho ainda tem.
Serenos em tempestas
O sol em meras frestas
Quem sabe traduzira
Alguma sorte enquanto
O tanto tento e canto,
Porém leda mentira.

025


Um heroísmo em guerras
Tola carnificina
Enquanto já fascina
Os corpos; mal enterras
Assim também encerras
O quanto determina
A dura e fria sina
Dos torpes que desterras.
A raça rapineira
Ousando na bandeira
Da pura liberdade
Assola em podridão
A sórdida visão
Que aos poucos nos invade.

026


Grandezas em tais atos
E neles o viril
Caminho presumiu
Em dores e relatos
De sangue em finos pratos,
No corte que se viu
O coração civil
Em turbulentos fatos,
Resgates dos demônios
Ou emergir de hormônios
Batalhas tão sangrentas,
E nelas transpareces
O quanto destas preces
Tão sórdido apresentas.

027


A faca, a foice e a espada
Canhões bombas atômicas
As multidões atônitas
E a sorte destroçada,
Assim a cada estrada
Em notas desarmônicas
As faces quase agônicas
Jogadas nesta estada.
Ao ser este fantoche
Que enfim rege o deboche
O farto se transforma
Mortalha que teceste
No quanto percebeste
Obedecendo à norma.

028


Lauréis aos enganosos
Caminhos mais venais,
E sei dos abissais
Delírios entre os gozos,
Cenários fabulosos
Ou falsos os cristais
No fundo são iguais,
E sei fantasiosos.
A glória se desmancha
E gera a torpe mancha
Marcada em consonância,
Aonde me alimento
Talvez jogando ao vento
Palavra em abundância.


029

O livro invés da adaga,
Quem sabe fosse assim
O mundo de onde vim
Aonde em torpe plaga
A morte tanto afaga
E gera este estopim,
Mas sendo que no fim
A mancha em paz se apaga.
A boca desdentada
A face desenhada
Num tétrico delírio,
Enquanto busco a paz,
A bala já me traz
Risonho algum martírio.


030


O gládio bipartido
Em ânsias mais diversas
Assim velhas conversas
Concebem seu sentido,
No corpo resumido
As horas mais dispersas
E quando à morte versas
Condena-te este olvido.
Percebo em solidão
Os ermos que virão
E neles me apresento,
O manto se puindo
Do quanto fora lindo,
Agora solto ao vento.

31

O quanto aqui na Terra
A vida diz promessas
E logo te endereças
Ao todo que se encerra
E quando te desterras
Deveras te confessas
Em pânicos e expressas
O medo que descerra.
No fato da partida
Não ter a garantida
Chegada noutro prado
Permite este dilema
Da vida que me algema
E o novo desejado.

32


A vida mais sombria
Em luzes de neon
Num ato em vago tom
Diversa fantasia,
O quanto se queria
E a mágica faz bom
O que não tendo o dom
Desvenda uma utopia.
Assim o nada ser
E o tanto a se querer
Confundem cada passo,
E neste vago rumo
Enquanto além me esfumo
O falso espaço traço.

33

Vergéis já destruídos
Em cinzas, nada mais
E deles magistrais
Caminhos construídos,
Assim tantos ruídos
Em ritos musicais
Também diverso cais
Traduz nossos sentidos,
Escassos quando tanto,
O nada enfim garanto
E sei do fim do passo
No vago de um anseio
E nisto tomo o veio
Diverso e me desfaço.

34

Sem luzes no meu céu
O quadro em treva; eu vejo,
Porém num outro ensejo
O mundo em carrossel
Traduz o mel e o fel
E neste vão prevejo
O quanto do desejo
Por vezes é cruel,
Assim em passo vário
O mundo este corsário
Saqueia enquanto pune
O mesmo caminhar
Diverso desejar
Por vezes já nos une.

35

As asas querubim,
As asas de um Satã
Imagem farta e vã
Dicotomia em mim,
O mundo sendo assim
A treva na manhã
A sorte se malsã
Impede algum jardim,
Mas quando se aproxima
E muda todo o clima
Primaveril caminho,
Escolhas tão diversas
Aonde queres, versas
Gerando um torpe ninho.

36


Brandura enquanto açoita
A sorte nos transcende
E quando se recende
À fúria que se acoita
Na espreita em leda moita
O quanto se desvende
O risco de um duende
Ou mesmo a sorte afoita.
O prazo determina
Embora a mera mina
Secando não se sabe
Nem quando e nem aonde
O todo já se esconde
Enquanto não desabe.


37


Um cisne ou mesmo um corvo
O pássaro liberto
Num rumo sempre incerto
No gozo diz do estorvo,
Assim ao me entregar
Em asas tão diversas
O quanto além dispersas
No tanto polvilhar
As ânsias delegadas
E os antros que penetro,
A gelidez do cetro
Traduz em derrocadas,
Sanguínea face exposta
Da messe decomposta.

38


A solitária flor
Não perde esta beleza,
Porém numa incerteza
O quanto em vária cor
Não traz novo fulgor
E mata a natureza,
Na sorte a correnteza
Transmite assim vigor.
Ausente de teus braços,
Inúteis os meus passos,
Mas não quedo em vazio.
Perder traduz um ganho
E quando em ti me entranho
Encerro um longo estio.

39


A palidez de agora
Na rubra face um dia
Outrora não traria
A dor que me decora,
O não previne e ancora
O quanto da heresia
Tramando em agonia
A fúria que devora.
Ser tal ou não jamais
São frágeis os cristais
E o brinde muita vez
Traduz falsa ilusão
E em decomposição
O todo agora vês.

40


Poeta delirante
Ou mero vagabundo,
No quanto me aprofundo
Enfrento num instante
O quadro onde se espante
Ou doure qualquer mundo
Dos sonhos que me inundo
Nenhum já se garante.
Assisto ao quanto pude
Do todo em juventude
Num iludido verso,
Ou mostro a realidade
Ou vivo em liberdade
Do ser real, diverso.

41

Do pego em abissais
À imensa cordilheira
No quanto já se queira
O sonho em dias tais
Pudessem desiguais
Caminhos onde esgueira
A sorte verdadeira
Ou mitos rituais.
O ser emana o ser
E neste bem querer
O quanto se traduz
Ausente da esperança
Meu passo não avança,
Porém foge da cruz.

42


Um sol em noite imensa
O verso se aproxima
Do quanto busca a rima
E nisto se compensa,
Nos pólos, tal intensa
Verdade dita o clima
E quando subestima
A vida volve tensa.
Pereço enquanto luto
E sei que sendo astuto
Talvez não esvaísse
Meu passo noutra senda,
Mas quando além se estenda
Fugindo da mesmice.


43


Seguindo o passo além
Do quanto pude crer,
E neste perceber
O nada não convém
E quando se refém
Do amor eu tento ser
A morte a esmorecer
A luta me retém.
O término do sonho
Aonde me proponho
Talvez trouxesse luz,
Mas quando se perece
O quanto fora messe
Agora vira pus.

44


Arrojo-me no nada
E tento a solução
E sei que desde então
A sorte desenhada
Não traz a nova estrada
E nela sei do vão
Aonde em queda, o chão
Presume a madrugada
Aprendo com meu erro
Ou vago no desterro
E nisto me degredo,
O tempo dita o rumo
E sendo mero fumo,
O medo; a ti segredo.

45


Levando além do cais
A falsa claridade
Enquanto tanto invade
Gestando em divinais
Delírios desiguais
E neles a verdade
Traduz a ansiedade
E fende meus cristais.
O ser ou não prossigo
E tento ainda abrigo
Aonde nada havia,
O quanto inda traduzo
Embora mais confuso
Recende à poesia.


46

Nas flores a semente
Em nova geração
E nesta divisão
O quanto se apresente
Do belo e mais contente
Invade e toma o chão,
Da morte surge o grão
E a vida se pressente.
No fato de seguir
Ou mesmo de tentar
Algum novo lugar
Que possa no porvir
Traçar diverso rumo,
Enquanto em vão me esfumo.


47


Espaços que concebes
Em luzes e tormentas
Aonde te apresentas
São tantas, várias sebes,
No quanto tu recebes
E nadas alimentas
Assim também fomentas
As fúrias onde bebes.
O risco traduzindo
O turvo, o frágil, lindo,
Seguindo sempre à risca
O passo na verdade
Não traz a novidade
Quem vence sempre arrisca.


48

Amores ditam dores
E nisto se traduz
A noite em plena luz
A bruma nos albores
Seguir por onde fores
Ou mesmo não produz
Quem tanto quanto opus
Gerara dissabores,
Dilemas são constantes
E neles adiantes
O quanto inda virá,
O incerto se apresenta,
Mas quanto mais sedenta
A vida brilhará.

49


A fantasia traça
A queda ou ascensão
Diversa direção
A vida assim embaça,
O risco da devassa
O medo de outro chão
Momentos que virão
Reinando em dura praça
A guerra, a barricada
A sorte desejada
O fim já não prometo,
Quem sabe no passado
O dia anunciado
Gerando outro soneto.


50


Abismos entre quedas
E medos mais tenazes
Aonde nada trazes
O rumo também vedas,
E sei que te enveredas
Em tantas várias fases
Desfazes minhas bases
Ou mesmo até me sedas.
Disfarces e defesas
Expondo em nuas mesas
O que inda sou ou tento,
Assim neste dilema
A vida sempre algema
E doma o pensamento.

51


O firmamento além
Contrasta com o abismo
E quando tento e cismo
No quanto me convém
Vagando sei que tem
Bem mais o cataclismo
E nele cada sismo
Traduz também o bem.
O risco de seguir
O medo do por vir
E o passo inadiável,
Assim entre dois pólos
A vida em risos, dolos
Dilema insaciável.

52


Ridente primavera
Vem logo após o estio,
E neste desafio
Domando a dura espera
A vida se tempera
E nela cada fio
Presume o quanto crio
E o todo degenera,
Açoda-me o querer
E tento até poder
Num ser diverso a mim
Vagar na plenitude
No quanto o passo ilude
E trama outro jardim.

53


O paraíso veda
A entrada de quem sonha?
A face mais bisonha
E atroz desta moeda,
Aonde o que te seda
Talvez dita a vergonha
No fundo em tez bisonha
A vida nos enreda.
O quanto pude ou não
A sorte, imprecisão
A provisão divina,
Ao mesmo tempo atroz
Em vária e turva voz
O nada determina.


54


Sorriso de ironia
Ou mesmo em tez eufórica
Na face mais bucólica
A dura fantasia,
O quanto se recria
Atriz em tal retórica
Verdade quase histórica
A vida já sabia
Dos ermos e dos cumes
E quando te acostumes
A queda se pressente,
Herméticos delírios
Em risos e martírios
Dilema tão presente.

55


Abrindo o peito à vida
A dor vem e aproveita
E traz insatisfeita
O quanto foi guarida,
Assim tão dividida
A senda onde se deita
Enquanto me deleita
Também é desprovida
Erguer ou me calar,
Sentir ou navegar
Por mar bem mais tranquilo
Sem cais que se garanta
A noite em turva manta
Dilemas, eu desfilo.

56


Infindo caminhar
Em urzes e florais,
Os dias magistrais
Ou mesmo o sonegar
Do passo a se criar
E nele os temporais
Diversos e venais
Prenúncios de um luar.
Arcar ou me verter
Nas tramas do não ser
E crer no que não veio,
Assumo os meus problemas
E enfrento tais dilemas,
Mas sempre com receio.


57


Das harpas divinais
Às liras de um poeta,
O quanto se completa
Em fartos vendavais
A vida traz a sorte
Diversa e mesmo assim,
Quem tenta ver no fim
A luz que inda o conforte
Provavelmente veja
Dicotomia além
Do quanto já não tem
A dita benfazeja
Fortuna diz dilema
E nisto a messe tema.

58

O canto em harmonia
Ou tantas falsas luzes
Aonde me conduzes
Talvez sonegue o dia,
O quadro se tecia
Nos antros entre as urzes,
E assim diversas cruzes
Da paz é garantia?
Estrela em diadema
A vida em tal dilema
Não deixa que se sinta
A fonte luminosa
Ou mesmo caprichosa,
Por vezes quase extinta.

59


O céu em azulejo
As grises alvoradas,
As sortes desenhadas
Aonde o nada vejo,
O risco mais sobejo
Atravessando estradas
E nelas já raiadas
As tramas que eu trovejo.
O parto, o feto, o aborto,
O cais o velho porto
Dilemas que presumo
Enquanto nada tendo
Tampouco; o que desvendo
Traduz da vida o sumo.


60


Os vagos caminhares
Por tantos dias tento
E quando em sofrimento
Diverso mergulhares
Aos poucos dos luares
Sequer algum provento,
E quando me alimento
Dos rústicos altares
Entranho o quase empírico
Talvez até onírico
E tento além do místico,
No verso este dilema
Gerando em nova gema
Final em torpe dístico.


61


Escrito a ferro e fogo
O nome nas estrelas
Pudesse percebê-las
Além de mero rogo,
O jogo se traçando
Em ganho, perda e empate
Assim a cada embate
Um ar manso ou nefando,
O passo rumo ao que
Deveras poderia
Trazer uma alegria
Que ao fundo não se vê
Seguir ou me calar?
Dilema a desenhar.


62


Farol que ora me guia
Em noite tenebrosa,
Por vezes caprichosa
Ou noutra fantasia,
Miragem? Poderia
A sorte é perigosa
E tanto gera a glosa
Enquanto bendizia.
O risco em cada passo,
O medo quando traço
Não deixa de ser fato,
Seguir ou me omitir,
Quem sabe no porvir
Já não mais eu resgato.


63


Serenas asas; tento
Enquanto nada vejo
Senão mero desejo
De estar bem mais atento
Seguindo contra o vento
E nisto tanto almejo
Ou logo mais lampejo
O sonho em excremento.
Redomas que a verdade
Produz e nesta grade
Nem mesmo de soslaio
Tramando o passo além
Enquanto o fim não vem,
Deveras já me traio.

64


Um esmoler conhece
A face desdenhosa
De quem sobejo goza
E nega qualquer messe,
O quanto se agradece
Na sorte caprichosa
Por vezes dita a glosa
E nada mais se tece.
Seguir cada detalhe
E nesse passo eu falhe
Gerando a minha queda,
Não quero esta promessa
Tampouco se professa
A sorte onde se veda.


65


Um vinho já guardado
Há tanto se avinagre,
E quando não consagre
Trazendo do passado
A marca de um legado
E nisto a morte sagre
E crer nalgum milagre?
O rumo desenhado.
Dilemas de quem tenta
Sorver ou preservar,
O quanto há de ficar
Por vezes é tormenta,
Porém se logo o bebo
O fim turvo eu percebo.

66


A chave poderia
Abrir algum segredo,
Mas quando o tempo é ledo
A sorte em ironia,
O quanto trancafia
E nisto não concedo
O manto dita o medo
E a noite rege o dia,
A bruma traz após
A chuva e nestes nós
A vida se refaz,
Da guerra sanguinária
A face temerária
Gerando a plena paz.


67


De uma inocência vaga
A presa se permite
Além de algum limite
A caça nesta plaga,
A boca que te afaga
Também a que se omite
Ou mesmo a que acredite
E gere em ti a chaga.
Seguir em sortilégios
Ou dias claros, régios
No fundo é tudo igual,
O passo ao nada enquanto
O salto para o tanto
A queda é ritual.

68


Clementes olhos; vejo
Em quem me amaldiçoa,
A vida segue à toa
E nega algum ensejo
Diverso onde prevejo
A sorte da canoa
E nela se abençoa
Ou mesmo em malfazejo.
Naufrágio costumeiro
Dilema derradeiro
Seguir ou não mais crer,
No quanto pude outrora
A seca me devora
A dor gera o prazer?

69


Destinos? Não mais creio
Embora na verdade
O quanto em realidade
Produz mero receio
Enquanto o devaneio
Deveras já me invade,
Percebo a liberdade
E dela cada veio.
Fiar ou não tecer
Gerar, apodrecer
O que fazer então?
O passo dessedenta
A vida mais sangrenta
Ou nega a viração?


70


Enleios, pensamentos
Por vezes são profundos,
E neles tantos mundos
Entregues aos tais ventos
Gerando desalentos
Ou mesmo vagabundos
Caminhos oriundos
De novos sofrimentos.
Assisto ao meu presságio
E nele este naufrágio
Jamais evitaria,
Mas quando me negava
Sabendo da onda brava
Veria a luz do dia...

71

Desejos inquietantes
E neles posso ver
O ledo amanhecer
Ou mesmo deslumbrantes
Manhãs que me adiantes
Nas sendas do prazer
Seguir; permanecer
Aonde há diamantes?
Nos ritos mais sombrios
Enfrento os desafios
E a ponte leva ao que?
No canto mais perfeito
Sereia mata e o pleito
Traduz o que não vê.

72


Transborda no meu peito
O quanto quis outrora
E agora me apavora
Ou deixa insatisfeito,
Resumo onde me deito
O corte que se aflora
A dor não vai embora,
Porém de qualquer jeito
A tentativa vale?
Montanha sobre um vale
Esmaga e o deformando,
Assim a vida passa
E nela a sorte é traça
Gerando um ar infando.

73


Nas amplidões que tento
Vagar em noite espúria
Quem sabe na penúria
Encontre o meu provento?
E quando mesmo atento
Adentro em tal incúria
A sorte diz lamúria
E o tempo dita o vento,
Restauro cada passo
Aonde nada traço
Senão a mesma queda,
A vida deste jeito
Transborda no meu peito
Ou tudo então se veda...


74


Recordo-me deveras
Dos dias mais felizes
E neles contradizes
Gerando duras feras
Assim também temperas
Em meio às tantas crises
Por vezes os deslizes
Eclodem primaveras.
E nasço deste fato
Aonde me resgato
Ou tento outra fortuna,
A vida que nos uma
Também já nos separa
Descanso diz escara?


75


Revivo em cada verso
Ou mesmo noutro acorde
A vida se recorde
De um tempo já disperso,
E quando sigo imerso
No quanto se transborde
O mesmo que eu aborde
Traduz o mais submerso.
Dilemas que desnudo
E sei quanto amiúdo
O mundo diz do não
Enquanto quero o sim
E sendo sempre assim
Qual rumo e direção?


76


Nos ermos onde dorme
A estrela que me guia
Durante o pleno dia
O sol se faz enorme,
E a sombra mais disforme
Daquela que traria
Resposta em ironia
No nada se transforme.
Quem sabe noutra noite
A vida num acoite
Traduza o que virá.
Cenário transparente?
Ainda que eu mais tente
Não sei se existirá.


77

Voltar ao velho mundo
Por onde começara
Sabendo desta clara
Manhã onde me inundo,
Ou mesmo nauseabundo
Delírio se escancara
No corte da seara
O sonho mais imundo.
Resumos destes ledos
Anseios em segredos
Dos quais nada adivinho
Bebendo gole a gole
A vida nos engole
E sorve em podre vinho.

78


Da multiforme vida
Que tanto traz o sim
Enquanto o não em mim
Ditando sua ermida
No quanto sem saída
Percebo o que no fim
Gerando outro jardim,
Matando a soerguida
Imagem que pensei
Domasse a velha grei
Ou mesmo aliviasse,
Mas quando nada veio
Apenas devaneio
Dilema gera impasse.


79


Recordo etereamente
Do fato que vivi
E logo vi em ti
O olhar clarividente
De quem tanto pressente
Ou traça o que perdi,
Se nada resolvi
O passo não se tente.
Escassa maravilha
Por vezes se palmilha
Buscando a redenção,
Que jamais se faria
Sequer em ironia
Quem sabe em solução?


80


Uma esperança traz
No olhar vivo farol,
Mas quando em arrebol
A traça é mais voraz
O todo perde a paz
E morre girassol,
O corte nunca em prol
Deveras mais tenaz.
O ser que poderia
O quanto em agonia
Dilemas costumeiros,
E assim ao preservar
Ou mesmo mal cuidar
Matando estes canteiros.


81


Do sonho adentro alardes
E gesto o temporal,
A vida bem ou mal
Enquanto não resguardes
Deveras mais aguardes
O passo triunfal
E nele este cristal
Com cuidado, pois guardes,
E sei dos falsos brilhos
Aonde em meros trilhos
A queda se anuncia,
Andar ou recuar
Seguir em turvo mar
Em noite mais sombria?

82


Bonança que se espera
Nem sempre se presume,
A vida chega ao cume
E gera outra pantera,
No quanto em vaga espera
Ao fim serei estrume
No todo e em cada lume
A messe destempera.
Arcando com engodos
Adentro velhos lodos
E deles eu refaço
Errático caminho
Aonde me avizinho
E sigo noutro passo.


83

Recordo velhas mágoas
E nelas me alimento
Enquanto em sofrimento
Aquém de mim deságuas,
Mantendo velhas fráguas
Os versos em lamento
Quem sabe outro momento
Trazendo claras águas.
A vida é sempre assim,
O quanto diz do fim
Jamais reza o começo
A cada outro problema
A sorte é um dilema
Quem sabe este endereço?

84


Em meio aos nevoeiros
O barco perde o rumo.
E quando erros assumo
Deveras corriqueiros,
Estendo os verdadeiros
Delírios onde esfumo,
Mas logo me acostumo
E deles os canteiros.
Difícil recomeço
Após cada tropeço
Tropéis em ilusões
E nestas faces várias
Enquanto temerárias
Dilemas tu me expões.

85


Em devaneios vãos
Os passos quase erráticos
No fundo não são práticos,
Mas vivo em sins e nãos.
Cevasse novos chãos
E neles mais enfáticos
Caminhos que temáticos
Traduzem velhos grãos.
Errando é se aprende,
No quanto isto depende
Do dia que se trama,
Ao acender a luz
O que se reproduz
Nem sempre é vera chama.

86

O quanto é desolado
O rumo que se traça
Aonde uma fumaça
Define o meu passado,
O canto desvendado
E nele tudo embaça
A vida gera a traça
E o canto abandonado,
Resulto do que outrora
Vivesse e se demora
Há tanto não reluz,
Seguir em direção
Aos dias que virão
Falena busca a luz.


87


Sorrindo ao soluçar
Entendo a vida assim,
No quanto resta em mim
Do farto caminhar
Procuro algum lugar
E sei que quando enfim
O todo em estopim
Puder determinar
O passo noutro intento
Por vezes me alimento
Desta ilusão audaz,
Mas quando acordo e só,
Dilema dando um nó
Na trama que se faz.


88

Erguer da vida os véus
E crer no quanto possa
Ao transpassar a fossa
Entranho em claros céus?
Assim dos fogaréus
A vida não apossa
E o passo quando endossa
Ditames quase incréus.
Resulto do que tanto
Buscara e me adianto
Ou mesmo até recuo,
O mundo em solidão
Dispersa direção,
Mas sempre em rumo duo.


89

Guardando com recato
O quanto poderia
Dizer sem ironia
Aonde e se retrato
O rumo que resgato
E nele novo dia
Ou mesmo a voz sombria
E frágil do regato.
O manso delirar
O torpe navegar
Dilemas que apresento
Enquanto vejo a sorte
Diversa e me suporte
Enfrento ou não tal vento?


90

Perdida aquela estrela
Que um dia me guiara,
Aonde em que seara
Ainda posso vê-la?
No fundo a vida traz
Um passo muito aquém
Do quanto nos convém
Ou é bem mais audaz.
Assim ao perceber
Dilema a cada instante
Aonde me adiante
A queda eu posso ver.
Colher a flor matando
O grão a renovando?


91


Intemerato sonho
Por vezes nos maltrata
A vida sendo ingrata
O fim quase medonho,
Deveras recomponho
Após o que arrebata
E tento sem bravata
Um novo e mais risonho.
Mas nem sempre consigo
E volto ao mundo antigo
Buscando acolhimento,
Ascendo ao que ora acendo,
Ao fim messe ou remendo?
Em viração tal vento?


92


A vida diz do quando
O manto se puíra
E traz em nova mira
O mundo se moldando,
Assim modificando
Nas tramas da mentira
O quanto se retira
Aos poucos transbordando.
Dilemas são diversos
E neles os meus versos
Procuram soluções
Sabendo desde já
Que nunca encontrará,
São tantas direções!


93


A fria correnteza
Levando para além
O quanto não retém
Nem serve em minha mesa,
A vida traz leveza,
Mas traz logo, porém
A dor que já contém
Gerindo fera e presa.
A cada passo a espreita
E nela já se aceita
A queda ou mesmo a glória,
Dilemas são ditames
E deles; não reclames,
É feita a tua história.


94


Dos ermos da matéria
Ao quanto pude ver
No sonho a se tecer
No farto da miséria
A sorte não é séria
E nisto o desprazer,
O mundo ao perceber
Produz a fome e a féria.
O quanto do caminho
É feito em mais mesquinho
Ou mesmo abençoado,
Dilemas sem respostas
Aonde são compostas
As tramas do legado.


95

Recordar e sonhar
Não basta para tal,
O dia é desigual
E o passo a se mostrar
Não deixa adivinhar
Do todo o seu final,
Vagando pelo astral
A cada desenhar
A face não se vendo
Assim hoje estupendo
Amanhã é mais frágil,
Porquanto a própria vida
Dilema sem saída
Eu sei é bem mais ágil.


96


Um mero beduíno
Desértica esperança
Ao nada já se lança
E nada mais domino,
O quanto me alucino
E sinto a fria lança
Depois peço a mudança
E nada determino.
Ditames de uma sorte
Dilema diz aporte
E nada se traduz
No quanto quis ou não
Diversa dimensão
Em vária ou tosca luz.


97


Os dias claros, brancos
As grises frias tardes,
No quanto não aguardes
Aos trancos e barrancos
Os tempos não são francos
E deles te resguardes
E nada, pois retardes
Que os passos seguem mancos.
Olhando de soslaio
Por vezes também caio
Nas tramas da fortuna,
Dilemas não traduzo
Num mundo tão confuso
O que se quer, desuna.


98


Amiga dê teu braço
E vamos mundo afora
Aonde quer e ancora
O sonho, mero traço
Deveras num espaço
Sem ver o que demora
E nisto se apavora
Ditando este cansaço,
O mundo é variável
E neste imaginável
Desenho nada vejo
Senão quem nada sabe
Decerto antes que acabe
Traduz mero desejo...




99


Amigos, na verdade a vida trama
Diversa maravilha ou mesmo a dor,
Quem tenta alguma luz a se compor
No fundo não conhece e até reclama,
Do todo que pensara ser a chama
Depois de certo tempo em furta-cor
Percebo ser somente o dissabor
Que quando mais voraz resume em drama,
O passo mais audaz traduz a queda
Ou pode até quem sabe redimir.
Nas ânsias delicadas do porvir
A porta que se abrindo já se veda
Não deixa adivinhar o que se crê
E nem tudo reluz como se vê.


100


Ao terminar aqui este livreto
Falando dos dilemas desta vida
Resposta? Nem de longe percebida
Encerro neste errático soneto
E quando qualquer sorte a mim prometo
No fundo desamparo esta guarida,
E sei ou não concebo a despedida,
Enquanto no vazio me arremeto.
Depois de tantos anos, sonhos, erros,
Os cortes condenando aos vãos desterros
Esgoto sem respostas este tema,
Questão como diria o sábio inglês
Ser ou não ser, quiçá mesmo talvez
Persiste indecifrável tal dilema.

Nenhum comentário: