sexta-feira, 23 de julho de 2010

42601 até 42700

001

Nessa curva da saudade,
Coração em capotagem
Já não segue mais viagem
E perdeu felicidade
Vivo tanta ansiedade
Do passado mero pajem
E se quero outra paisagem
A de outrora vem e invade.
Não consigo caminhar
Nem tampouco desenhar
Outra imagem no futuro,
O meu céu já não tem cor,
Revivendo o velho amor,
Algum novo; em vão procuro.

002

Encontrei meu bem querer
Nestas curvas do caminho
E não sigo mais sozinho,
Rumo ao claro amanhecer
Tanto amor me fez crescer
E esquecer o velho espinho,
Novo canto eu adivinho
Nas estâncias do prazer,
Vivo em ti esta certeza,
Sigo em mansa correnteza
Deixo além a solidão,
Nos desejos mais felizes
Superando velhas crises
Novos dias se verão.

003

Procurei algum remanso
Nos caminhos de minha alma,
Conhecendo cada palma
O vazio sempre alcanço,
Quando o dia fosse manso,
Nos meus olhos, tanta calma
Se este amor decerto acalma,
Nos seus braços me esperanço,
Volta e meia quero mais
E saber dos desiguais
Caminhares deste rio.
Um lugar bem mais suave,
Onde em paz já nada agrave,
É o que tento e desafio.


004

A razão para eu sonhar
Nos olhares da morena,
Ao sentir a noite amena,
A viola a pontear
Na varanda este luar
O desejo já se acena,
A saudade que envenena
Faz o sonho delirar,
Quero apenas um momento
Onde amor e encantamento
Possam sempre estar comigo,
Sorte diz ao coração
Dos acordes, violão
Na seresta, em paz, prossigo.

005

Mas, me deixaste sozinho,
Depois disso nada faço,
Tanto amor pedindo espaço
Passarinho perde o ninho,
O meu mundo de mansinho
Noutro mundo teimo e traço,
Nos meus olhos o cansaço
No teu canto eu já me aninho.
Vicejando a primavera,
Mas a solidão tempera
O que tanto pude ver,
E sabendo da verdade,
A tristeza vem e invade
Dominando o bem querer.

006


Coração tão sem juízo
Aprontando assim das suas,
Entre céus, estrelas nuas
Vejo o sonho em paraíso
Todo o amor que mais preciso
E deveras continuas
Como em ti houvesse luas
Transtornando em mim o siso.
Festejando esta alegria
De quem tanto poderia
Ter ao menos um momento,
Onde a paz viesse inteira,
Mas a noite companheira,
É decerto o meu alento.


007


Foste buscar n’outros braços,
Este amor que eu tanto quis,
E se sou tão infeliz
Os meus dias seguem lassos,
Os cigarros, tantos maços,
O meu passo por um triz
Coração de um aprendiz
Carregando os seus cansaços,
Visto o sonho e nada vejo,
O meu tempo malfazejo
Azulejos; não permite,
O que tanto quis um dia
Morre em noite amarga e fria,
O meu canto é meu limite.


008


Aquilo que eu quis te dar
E jamais pudesse então,
Ao mostrar a direção
De um diverso caminhar,
Leva às tramas do luar
Escurece o meu sertão
E no fundo o coração
Já não sabe mais amar,
O meu velho companheiro
Que se fez um caminheiro
Sem saber desta paragem,
Ao beber desta saudade
Morre aos poucos, na verdade
Já cansado da viagem.


009

Meus olhos ficando tristes
Sem ter nada nem ninguém,
A saudade quando vem
E lembrando que inda existes,
No caminho onde persistes
Já não vejo qualquer bem,
Tão somente este desdém
Por vazios onde insistes,
Lua mansa em noite clara,
A saudade se declara
E projeta outro momento,
Algum cais bem mais tranqüilo,
Nos meus sonhos eu desfilo,
Mas somente, em dor invento.


10


Silêncio no meu cantar
Nada além deste vazio,
O meu sonho eu desafio
Adentrando céu e mar,
Onde outrora fui buscar
As certezas deste rio,
Encontrando um ar sombrio,
Já não pude mais sonhar,
O meu verso se perdendo,
O meu canto algum remendo,
Outro passo eu necessito,
Venço as curvas do caminho
E prossigo em vão, sozinho,
Rumo ao caos neste infinito.

11


Já negaste a redenção
E me deste como luz
O que tanto se produz
Nesta turva imensidão
O meu verso desde então
Na verdade em contraluz
Transformado em dor e cruz,
Novos sonhos, canto em vão,
E se tento alguma sorte
O que sempre me conforte
Já não serve para nada,
A saudade é dolorida,
Mas regendo a minha vida
Retornando à mesma estrada.

012

Por que foste tão cruel?
Bastaria dizer não,
Eu bebendo a solidão
Costumeiro e cinza véu,
No que posso sempre ao léu
Sem ter rumo ou direção,
Passageiro da ilusão
Tão distante de algum céu.
Sigo vago e tenho em mim,
A certeza deste fim,
E não posso mais saber
Dos momentos mais felizes
Onde tudo contradizes
Sonegando algum prazer.


013

Quis te dar minha amizade
Num momento até pensei
Que de tanto em vão sonhei
Encontrara a claridade,
Mas decerto agora invade
A tristeza, dura lei
E do todo onde passei
Nem a sombra da verdade.
O vazio no meu peito,
O meu mundo insatisfeito,
Meu choroso coração,
Noutros dias poderia
Ter apenas fantasia,
Uma chuva de verão.

014

Nem o olhar quiseste bem
E se tanto nada sou
O que agora me restou
Dita as normas do desdém,
O passado quando vem
Demonstrando aonde vou
O caminho se entranhou
Nas angústias, vivo aquém.
O meu passo rumo ao nada
A certeza de outra estrada
Poderia haver no peito
De quem sabe caminhar
E cansado de lutar
E jamais vai satisfeito.


015

Para falar deste amor
Que doendo traz em mim,
A certeza de algum fim
Pobre e triste cantador,
Nos meus sonhos, dissabor,
A verdade diz enfim
Da incerteza do jardim
Que não sabe mais da flor,
Esperança é colibri
E se tanto eu te segui
Nada tive, nem lembranças
E se ainda quero agora
O que tanto se demora
Ao vazio tu me lanças.


016


Eu preferia morrer
Ao saber da solidão
Teu olhar de ingratidão
A vontade de querer
E não tendo este prazer,
A mortalha é solução
O meu canto sempre em vão
No vazio a percorrer,
Olho em volta e nada vejo,
O meu sonho benfazejo
Na verdade uma mentira,
O que a vida me daria
Novamente a fantasia
Pouco a pouco já retira.


017

A viver sem teu carinho
É melhor eu ir embora,
A saudade quando aflora
Produzindo novo espinho,
E o meu mundo mais daninho
Pouco a pouco desarvora
E se tanto quero agora,
Do vazio eu me avizinho,
Bebo um gole da saudade
E o que tanto ainda invade
Já não deixa mais espaço,
O meu mundo tu destróis
E sem ter os teus faróis,
Esperança já não traço.

018

Meu coração vagabundo
Já cansado de sofrer
Procurando um bem querer
Vasculhando todo o mundo,
No vazio me aprofundo
E no fundo sem saber
Onde existe o meu prazer
Do vazio eu já me inundo.
Resistindo ao quanto pude,
Na distante juventude
Não encontro nem a sombra
De quem tanto desejava,
A minha alma sendo escrava
No não ser ora se assombra.

19


A vida segue doendo,
Não consigo mais parar
A sangria a me tomar,
Meu amor, mero remendo,
O que tanto percebendo
Já não posso adivinhar,
Onde existe algum lugar
Mais bonito ou estupendo,
Caminhando no vazio,
A certeza em desvario
Rio seco, alma também,
E o meu canto sem destino,
Na verdade não domino,
Quando a noite, triste, vem.

20

Eu, na vida, solitário
Sem saber de alguma chance
Onde o passo não alcance
Meu caminho sempre é vão
Ouço sempre o mesmo não,
E meu canto se balance
Quando além já não alcance
Nem sequer a solução.
Resistindo ao quanto pude
A verdade, em atitude
Tão somente nos liberta,
Meu destino já sem rumo,
Na verdade toma o prumo
Desta vida mais incerta.


21

Na vida, sigo sozinho
Sem paragem e descanso
Quando além do sonho alcanço
O meu mundo eu adivinho,
Se deveras sou daninho
Na verdade sem remanso
O meu passo não avanço
E percorro o descaminho,
Onde quis algum momento
De alegria este tormento
Não me deixa mais sonhar,
De que vale a noite bela,
Se o meu peito não revela
Nenhum raio do luar?

22

E ninguém, de mim falando
Nem pensando ou mesmo até
A saudade diz da fé
De outro dia, ao menos brando,
Mas amor; não sei nem quando
Eu encontre mesmo a pé
O delírio por quem é
A verdade desenhando.
O meu canto noutro tempo
Sem temor ou contratempo
Já dizendo da alegria,
Mas se nada trago em mim,
Onde levo até o fim,
Esta estrela que não guia?


22

Quero somente te ver
E jamais eu consegui,
Meu amor que existe em ti
Já não sabe mais colher
O que tanto quis prazer
E jamais eu prossegui
E sabendo desde aqui
O caminho do sofrer,
Não pretendo outra viagem
O meu canto em homenagem
Ao desejo mais feliz,
Tanto tempo sem colheita,
A saudade insatisfeita
Vai fazendo o que bem quis.


23

Não consigo te esquecer
Nem tampouco quero mais,
Entre tantos temporais
Esta dor tomando o ser,
O meu canto a se perder
Nos caminhos desiguais,
Se eu pudesse, mas jamais
Conheci qualquer prazer,
A certeza do vazio,
O meu canto; assim desfio
E percebo que ao final,
Das promessas recebidas,
Foram tantas despedidas,
Neste mundo sempre igual.


24

Marcada por essa sina
De lutar e não sentir
As vitórias no porvir,
O desejo determina
A verdade me alucina
Nela eu posso presumir
O que tanto perseguir
Onde o mundo já termina,
Ondas tantas, mares fortes,
E se nada mais suportes,
Por que vens aqui comigo?
O meu tempo se perdendo
No final, eu sou remendo
Nem descanso eu mais consigo.


25

Minha vida não tem graça
Nem teria algum alento
E se tanto ainda tento
O caminho em dores passa,
Do meu canto só fumaça
E também o pensamento
Vive a dor e o sofrimento
No terror onde se faça
A verdade diz do quanto
Eu procuro e desencanto,
Nada canto, solidão.
O meu mar já não tem peixe,
A saudade não me deixe
Respirar o coração.


26


Sem saber, és assassina,
De quem tanto amou na vida
E sem ter mais a saída
O final já determina,
Onde a vida me alucina
Vejo a história em vão perdida,
Resumindo a minha lida
Nesta mesma, desatina.
Entre as cores mais bonitas
Eu sei quanto necessitas
Do brilhar de uma esperança,
Mas meu verso sem estilo
Caminhando mais tranqüilo,
Nos teus braços já se lança.

27

Culpada por este engano
Esta esperança danada,
Já não deixa minha estrada
Vai mudando cada plano,
No final sei que me dano,
E não vejo outra alvorada
O luar sobre a calçada
Ouço ao longe algum piano,
O meu verso em desenredo
Tanto amor eu te concedo
E no fundo não me escutas,
As saudades tomam tudo,
E se tento ou já me iludo,
Elas são bem mais astutas.

28

Que se abate sobre mim
A incerteza de um futuro
Onde meu amor procuro,
Sem florada o meu jardim,
O tivesse dentro em mim,
O meu porto mais seguro,
Na verdade em chão tão duro
O plantar me diz do fim,
Moça bela na janela
O meu peito enfim revela
A beleza que queria,
Mas a noite sem a lua
E a saudade continua,
Noite a noite, dia a dia...

29


Não sabes que és tão venal
Quando dizes sempre não,
O meu rumo e direção
Esbarrando sempre igual,
Num desejo magistral,
Mas no fundo eu sei que é vão,
Não pudesse ser senão
Dos amores, nem sinal,
Enveredo a mesma estrada
Alameda dando em nada
A colheita já perdida,
Sendo assim o tempo todo,
Do meu passo em pleno lodo,
Traduzindo a minha vida.

30

Meu amor, por caridade,
Não maltrate quem te quer
Nos teu corpo, sem sequer
O que tanto em claridade,
Poderia e não invade
Neste anseio de mulher
Que deveras se quiser
Toma toda esta saudade,
A verdade é que te quero
E se eu sou bem mais sincero
O meu verso te procura,
Mas no fundo não mais vens
Só encontro vãos desdéns.

001

Nessa curva da saudade,
Coração em capotagem
Já não segue mais viagem
E perdeu felicidade
Vivo tanta ansiedade
Do passado mero pajem
E se quero outra paisagem
A de outrora vem e invade.
Não consigo caminhar
Nem tampouco desenhar
Outra imagem no futuro,
O meu céu já não tem cor,
Revivendo o velho amor,
Algum novo; em vão procuro.

002

Encontrei meu bem querer
Nestas curvas do caminho
E não sigo mais sozinho,
Rumo ao claro amanhecer
Tanto amor me fez crescer
E esquecer o velho espinho,
Novo canto eu adivinho
Nas estâncias do prazer,
Vivo em ti esta certeza,
Sigo em mansa correnteza
Deixo além a solidão,
Nos desejos mais felizes
Superando velhas crises
Novos dias se verão.

003

Procurei algum remanso
Nos caminhos de minha alma,
Conhecendo cada palma
O vazio sempre alcanço,
Quando o dia fosse manso,
Nos meus olhos, tanta calma
Se este amor decerto acalma,
Nos seus braços me esperanço,
Volta e meia quero mais
E saber dos desiguais
Caminhares deste rio.
Um lugar bem mais suave,
Onde em paz já nada agrave,
É o que tento e desafio.


004

A razão para eu sonhar
Nos olhares da morena,
Ao sentir a noite amena,
A viola a pontear
Na varanda este luar
O desejo já se acena,
A saudade que envenena
Faz o sonho delirar,
Quero apenas um momento
Onde amor e encantamento
Possam sempre estar comigo,
Sorte diz ao coração
Dos acordes, violão
Na seresta, em paz, prossigo.

005

Mas, me deixaste sozinho,
Depois disso nada faço,
Tanto amor pedindo espaço
Passarinho perde o ninho,
O meu mundo de mansinho
Noutro mundo teimo e traço,
Nos meus olhos o cansaço
No teu canto eu já me aninho.
Vicejando a primavera,
Mas a solidão tempera
O que tanto pude ver,
E sabendo da verdade,
A tristeza vem e invade
Dominando o bem querer.

006


Coração tão sem juízo
Aprontando assim das suas,
Entre céus, estrelas nuas
Vejo o sonho em paraíso
Todo o amor que mais preciso
E deveras continuas
Como em ti houvesse luas
Transtornando em mim o siso.
Festejando esta alegria
De quem tanto poderia
Ter ao menos um momento,
Onde a paz viesse inteira,
Mas a noite companheira,
É decerto o meu alento.


007


Foste buscar n’outros braços,
Este amor que eu tanto quis,
E se sou tão infeliz
Os meus dias seguem lassos,
Os cigarros, tantos maços,
O meu passo por um triz
Coração de um aprendiz
Carregando os seus cansaços,
Visto o sonho e nada vejo,
O meu tempo malfazejo
Azulejos; não permite,
O que tanto quis um dia
Morre em noite amarga e fria,
O meu canto é meu limite.


008


Aquilo que eu quis te dar
E jamais pudesse então,
Ao mostrar a direção
De um diverso caminhar,
Leva às tramas do luar
Escurece o meu sertão
E no fundo o coração
Já não sabe mais amar,
O meu velho companheiro
Que se fez um caminheiro
Sem saber desta paragem,
Ao beber desta saudade
Morre aos poucos, na verdade
Já cansado da viagem.


009

Meus olhos ficando tristes
Sem ter nada nem ninguém,
A saudade quando vem
E lembrando que inda existes,
No caminho onde persistes
Já não vejo qualquer bem,
Tão somente este desdém
Por vazios onde insistes,
Lua mansa em noite clara,
A saudade se declara
E projeta outro momento,
Algum cais bem mais tranqüilo,
Nos meus sonhos eu desfilo,
Mas somente, em dor invento.


10


Silêncio no meu cantar
Nada além deste vazio,
O meu sonho eu desafio
Adentrando céu e mar,
Onde outrora fui buscar
As certezas deste rio,
Encontrando um ar sombrio,
Já não pude mais sonhar,
O meu verso se perdendo,
O meu canto algum remendo,
Outro passo eu necessito,
Venço as curvas do caminho
E prossigo em vão, sozinho,
Rumo ao caos neste infinito.


11


Já negaste a redenção
E me deste como luz
O que tanto se produz
Nesta turva imensidão
O meu verso desde então
Na verdade em contraluz
Transformado em dor e cruz,
Novos sonhos, canto em vão,
E se tento alguma sorte
O que sempre me conforte
Já não serve para nada,
A saudade é dolorida,
Mas regendo a minha vida
Retornando à mesma estrada.

012

Por que foste tão cruel?
Bastaria dizer não,
Eu bebendo a solidão
Costumeiro e cinza véu,
No que posso sempre ao léu
Sem ter rumo ou direção,
Passageiro da ilusão
Tão distante de algum céu.
Sigo vago e tenho em mim,
A certeza deste fim,
E não posso mais saber
Dos momentos mais felizes
Onde tudo contradizes
Sonegando algum prazer.


013

Quis te dar minha amizade
Num momento até pensei
Que de tanto em vão sonhei
Encontrara a claridade,
Mas decerto agora invade
A tristeza, dura lei
E do todo onde passei
Nem a sombra da verdade.
O vazio no meu peito,
O meu mundo insatisfeito,
Meu choroso coração,
Noutros dias poderia
Ter apenas fantasia,
Uma chuva de verão.

014

Nem o olhar quiseste bem
E se tanto nada sou
O que agora me restou
Dita as normas do desdém,
O passado quando vem
Demonstrando aonde vou
O caminho se entranhou
Nas angústias, vivo aquém.
O meu passo rumo ao nada
A certeza de outra estrada
Poderia haver no peito
De quem sabe caminhar
E cansado de lutar
E jamais vai satisfeito.


015

Para falar deste amor
Que doendo traz em mim,
A certeza de algum fim
Pobre e triste cantador,
Nos meus sonhos, dissabor,
A verdade diz enfim
Da incerteza do jardim
Que não sabe mais da flor,
Esperança é colibri
E se tanto eu te segui
Nada tive, nem lembranças
E se ainda quero agora
O que tanto se demora
Ao vazio tu me lanças.


016


Eu preferia morrer
Ao saber da solidão
Teu olhar de ingratidão
A vontade de querer
E não tendo este prazer,
A mortalha é solução
O meu canto sempre em vão
No vazio a percorrer,
Olho em volta e nada vejo,
O meu sonho benfazejo
Na verdade uma mentira,
O que a vida me daria
Novamente a fantasia
Pouco a pouco já retira.


017

A viver sem teu carinho
É melhor eu ir embora,
A saudade quando aflora
Produzindo novo espinho,
E o meu mundo mais daninho
Pouco a pouco desarvora
E se tanto quero agora,
Do vazio eu me avizinho,
Bebo um gole da saudade
E o que tanto ainda invade
Já não deixa mais espaço,
O meu mundo tu destróis
E sem ter os teus faróis,
Esperança já não traço.

018

Meu coração vagabundo
Já cansado de sofrer
Procurando um bem querer
Vasculhando todo o mundo,
No vazio me aprofundo
E no fundo sem saber
Onde existe o meu prazer
Do vazio eu já me inundo.
Resistindo ao quanto pude,
Na distante juventude
Não encontro nem a sombra
De quem tanto desejava,
A minha alma sendo escrava
No não ser ora se assombra.

19


A vida segue doendo,
Não consigo mais parar
A sangria a me tomar,
Meu amor, mero remendo,
O que tanto percebendo
Já não posso adivinhar,
Onde existe algum lugar
Mais bonito ou estupendo,
Caminhando no vazio,
A certeza em desvario
Rio seco, alma também,
E o meu canto sem destino,
Na verdade não domino,
Quando a noite, triste, vem.

20

Eu, na vida, solitário
Sem saber de alguma chance
Onde o passo não alcance
Meu caminho sempre é vão
Ouço sempre o mesmo não,
E meu canto se balance
Quando além já não alcance
Nem sequer a solução.
Resistindo ao quanto pude
A verdade, em atitude
Tão somente nos liberta,
Meu destino já sem rumo,
Na verdade toma o prumo
Desta vida mais incerta.

21

Na vida, sigo sozinho
Sem paragem e descanso
Quando além do sonho alcanço
O meu mundo eu adivinho,
Se deveras sou daninho
Na verdade sem remanso
O meu passo não avanço
E percorro o descaminho,
Onde quis algum momento
De alegria este tormento
Não me deixa mais sonhar,
De que vale a noite bela,
Se o meu peito não revela
Nenhum raio do luar?

22

E ninguém, de mim falando
Nem pensando ou mesmo até
A saudade diz da fé
De outro dia, ao menos brando,
Mas amor; não sei nem quando
Eu encontre mesmo a pé
O delírio por quem é
A verdade desenhando.
O meu canto noutro tempo
Sem temor ou contratempo
Já dizendo da alegria,
Mas se nada trago em mim,
Onde levo até o fim,
Esta estrela que não guia?


22

Quero somente te ver
E jamais eu consegui,
Meu amor que existe em ti
Já não sabe mais colher
O que tanto quis prazer
E jamais eu prossegui
E sabendo desde aqui
O caminho do sofrer,
Não pretendo outra viagem
O meu canto em homenagem
Ao desejo mais feliz,
Tanto tempo sem colheita,
A saudade insatisfeita
Vai fazendo o que bem quis.


23

Não consigo te esquecer
Nem tampouco quero mais,
Entre tantos temporais
Esta dor tomando o ser,
O meu canto a se perder
Nos caminhos desiguais,
Se eu pudesse, mas jamais
Conheci qualquer prazer,
A certeza do vazio,
O meu canto; assim desfio
E percebo que ao final,
Das promessas recebidas,
Foram tantas despedidas,
Neste mundo sempre igual.


24

Marcada por essa sina
De lutar e não sentir
As vitórias no porvir,
O desejo determina
A verdade me alucina
Nela eu posso presumir
O que tanto perseguir
Onde o mundo já termina,
Ondas tantas, mares fortes,
E se nada mais suportes,
Por que vens aqui comigo?
O meu tempo se perdendo
No final, eu sou remendo
Nem descanso eu mais consigo.


25

Minha vida não tem graça
Nem teria algum alento
E se tanto ainda tento
O caminho em dores passa,
Do meu canto só fumaça
E também o pensamento
Vive a dor e o sofrimento
No terror onde se faça
A verdade diz do quanto
Eu procuro e desencanto,
Nada canto, solidão.
O meu mar já não tem peixe,
A saudade não me deixe
Respirar o coração.


26


Sem saber, és assassina,
De quem tanto amou na vida
E sem ter mais a saída
O final já determina,
Onde a vida me alucina
Vejo a história em vão perdida,
Resumindo a minha lida
Nesta mesma, desatina.
Entre as cores mais bonitas
Eu sei quanto necessitas
Do brilhar de uma esperança,
Mas meu verso sem estilo
Caminhando mais tranqüilo,
Nos teus braços já se lança.

27

Culpada por este engano
Esta esperança danada,
Já não deixa minha estrada
Vai mudando cada plano,
No final sei que me dano,
E não vejo outra alvorada
O luar sobre a calçada
Ouço ao longe algum piano,
O meu verso em desenredo
Tanto amor eu te concedo
E no fundo não me escutas,
As saudades tomam tudo,
E se tento ou já me iludo,
Elas são bem mais astutas.

28

Que se abate sobre mim
A incerteza de um futuro
Onde meu amor procuro,
Sem florada o meu jardim,
O tivesse dentro em mim,
O meu porto mais seguro,
Na verdade em chão tão duro
O plantar me diz do fim,
Moça bela na janela
O meu peito enfim revela
A beleza que queria,
Mas a noite sem a lua
E a saudade continua,
Noite a noite, dia a dia...

29


Não sabes que és tão venal
Quando dizes sempre não,
O meu rumo e direção
Esbarrando sempre igual,
Num desejo magistral,
Mas no fundo eu sei que é vão,
Não pudesse ser senão
Dos amores, nem sinal,
Enveredo a mesma estrada
Alameda dando em nada
A colheita já perdida,
Sendo assim o tempo todo,
Do meu passo em pleno lodo,
Traduzindo a minha vida.

30

Meu amor, por caridade,
Não maltrate quem te quer
Nos teu corpo, sem sequer
O que tanto em claridade,
Poderia e não invade
Neste anseio de mulher
Que deveras se quiser
Toma toda esta saudade,
A verdade é que te quero
E se eu sou bem mais sincero
O meu verso te procura,
Mas no fundo não mais vens
Só encontro vãos desdéns.

31


Amor com loucura e cautela,
Nosso delicioso segredo,
Que jamais seja degredo;
Sinto-me a mais desejada donzela
A singrar os mares de tua emoção,
Luz, calor, erupção...
REGINA COSTA

Tanto amor, mas sem cautela
Sem pudores, sem temor
Quanto mais em teu sabor
O meu gozo se revela,
A vontade já se atrela
No delírio multicor
Traduzindo o pleno amor,
Noite clara, intensa e bela,
Navegando em cada instante
No teu corpo se garante
A alegria mais ardente,
Neste jogo tão audaz,
Que deveras satisfaz
E nos toma plenamente.

32


Ao vestir-me com tua pele,
Bebes em mim
Puro néctar,
Sabor de minha flor
A te saciar com amor,
Olor de tesão e furor,
Força que nos compele..
Regina Costa

Saciando o meu prazer
Neste teu prazer também
Nosso caso sabe bem
Da delícia de um querer,
Que jamais esquece o ser
E decerto quando vem
Dos delírios um refém,
Tão gostoso de viver.
Num orgasmo refletido
O que tanto da libido
Expressara com ternura,
Toda noite, sem juízo
Redimido em Paraíso
O meu corpo te procura.

33


Velejando em Você

Velejar é uma arte como a arte de amar...
Iniciar uma vida no mar de amar
Requer instrumentos básicos, por assim dizer,
Lastro para que tenha bom equilíbrio
(saúde emocional...)

Vela Mestra para auxiliar no equilíbrio e
Direção do barco
Trabalhando em conjunto com o leme e
Contra peso dos tripulantes
(saber o que se quer...)

Vela Buja, uma vela menor,
Mas não menos importante,
Responsável pela potência ou tração do veleiro,
Por natureza é um acelerador,
Mas quando mal regulada
Funciona como um freio,
(amor embotado pelo ciúme ou egoísmo...)

Em conjunto as duas são usadas
Para navegar contra o vento,
“Orçar”,
Voltar-se para o lado do vento,
Servindo-se de leme
(sabedoria e generosidade...)

Vela Balão, geralmente é uma vela colorida,
Exige muita coordenação dos tripulantes,
Principalmente nas manobras
(sonhar com os pés no chão e o coração nas nuvens)

Leme para dar a direção
(maturidade e autonomia...)

Biruta destinado a indicar a direção dos ventos
(respeito à individualidade...)

Nossa regata é da classe Optimist
(meninos a navegar...)

Considerada o ponto de partida para o esporte
(...de chegada para sempre se deliciar...)

Vivemos com o coração no mar porque é lá
Que lavamos nossa alma;
Um sonho transcendental
Tendo o mar
Como testemunha e
Ninguém mais;
Vamos com o contra-vento,
Retornamos com o vento a favor;
Velejando em você nessa amplidão
O sol nasce e se põe
Levando-nos da realidade a ficção.

REGINA COSTA
Nota:
Classe Optimist de Vela: composta por velejadores de 7 a 15 anos, é considerada o ponto de partida para o esporte. É um barco seguro, não afunda e é fácil de montar.

Nos caminhos, mares, céus
Tantas vezes me entregando
Ao delírio desde quando
Adentrara em fogaréus
Ilusões, diversos véus
Neles vejo desnudando
Direção se encaminhando
Ao unir os dois ilhéus,
Arquipélagos em sonho,
O que em ti eu me proponho
Traduzir navegação,
Timoneiro ou comandante,
Nosso caso doravante
Tem por norte o coração.

34


De tanto escrever na areia
A saudade de quem tenta
Na vontade mais sedenta
Noutro encanto já rodeia
Se a minha alma devaneia
Enfrentar qualquer tormenta
Nos teus braços apascenta,
Mas a vida segue alheia,
O teu nome o mar carrega,
Esta dita eu sei que é cega
E traduz o quanto quero,
Deste amor que nada cessa,
Muito além de uma promessa,
Movediço, mas sincero.

35


O teu nome, minha amada,
Nas estrelas encontrei
Procurando em toda grei
Onde houvesse uma alvorada
Esta sorte desenhada
Nos caminhos que trancei
No delírio me entranhei,
Muitas vezes sem ter nada,
Outro tempo necessito,
E se quero este infinito
Dentro em mim belo ditame
O desejo mais feliz
Nele o canto em paz eu fiz,
Reclamando quem já me ame.

36

E, depois, na maré cheia,
A saudade foi embora
Neste corpo onde se aflora
O desejo que incendeia
A minha alma segue alheia
No teu corpo ora decora
O delírio onde se ancora
A vontade devaneia,
Resistindo o quanto pude
Não tomando outra atitude
Sou só teu e nisto alcanço
O melhor lugar; garanto
E não tendo dor ou pranto,
No teu colo o meu remanso.

37

Não sobrar, dele sequer
Um sinal em sofrimento
Desamor gera o tormento,
Mas redime se vier
Noutra face esta mulher
Onde o sonho eu alimento
E se tanto quero atento
O desejo onde puder.
Saciada a minha fome
Neste bem que nada dome,
O delírio mais audaz,
Coração insaciável
Num cenário imaginável
Encontrando enfim a paz.

38


De tanto sonhar contigo,
Esqueci de o meu sonhar,
Onde possa navegar
E não veja mais perigo,
O que tanto quero e sigo
Sem vontade de parar,
Ânsias raras, claro mar,
Coração audaz e antigo
Resumindo esta promessa
Onde tudo recomeça
Sem ter pressa, sigo assim,
Vou além do que pudera
Renascendo em primavera
Reflorindo este jardim.

39

Buscando teu colo amante
O meu canto mais feliz
Na verdade sempre diz
Do desejo delirante
E se faz a cada instante
Sem temor ou cicatriz
O que o tempo agora quis
E seguindo doravante
Num desejo sem igual,
O caminho magistral
Entre estrelas e luar,
Aprendendo sem temor
Num delírio sem pudor
Como é bom poder te amar.


40

De tanto querer em vão
Pelo menos um segundo
Onde tanto me aprofundo
Nos ermos do coração,
Vago em noite imensa e o chão
Como fosse vagabundo
Cabe além de todo o mundo,
Nesta imensa dimensão,
Esgotando em verso e luz
O que tanto reproduz
Em vontade mais sublime,
No passado este vazio,
Hoje imenso e claro rio
Neste amor que me redime.


41

Eteral Amor

Você é da dimensão
Do sutil,
Do sensual e
Do sensorial
Te olhar e olhando...
Perco a noção do tempo.
Te tocar e tocando...
Perco a noção do espaço.
Te ouvir e ouvindo...
Perco a noção do audível.
Te falar e falando...
Perco a noção do vocábulo.
Te querer e querendo...
Perco a noção do certo e errado.
Te penetrar e penetrando...
Perco a noção de tudo.
Te sentir e sentindo...
Me perco achando-me em todos os sentidos.
Regina Costa


Amor ganhando espaço plenamente
Traduz o que deveras mais anseio,
Sentindo a maciez de cada seio,
Penetro os teus caminhos, lentamente,
E quanto mais desejo a gente sente,
A vida se traduz e sem receio
A cada novo passo mais permeio
Com todo este delírio imensamente.
Vagando sem destino e sem fronteira
Aonde quer que mais se pense ou queira
Não tendo mais pudores, sou só teu,
Meu mundo no teu mundo se envereda
Pagando com prazer, mesma moeda,
A plenitude em ti se conheceu.


42

Poder ter teu pensamento
Junto ao meu e nada além
Do carinho que contém
Alegria em tal momento,
E se dele me alimento
O que sei e sinto bem
Na verdade sei também
No teu corpo o meu alento,
Cada instante mais e mais
Quero os sonhos fascinais
E percebo ser assim,
Nosso caso em puro amor,
Onde a vida sem rancor
Transcorrendo até o fim.


43


Vasculhando todo o chão
Semeando com ternura
O que tanto se procura
Muitas vezes dita o grão,
Outro tempo num verão
Nossa sorte me assegura
A verdade diz brandura
E deveras sedução,
Sendo teu e não me canso,
Encontrando em ti o manso
Delirar onde o poeta
Sabe bem o que mais quer,
Sem ter dúvida sequer
Do que tanto me completa.

44


Em busca d’um só desejo
Onde possa desvendar
Cada gozo do luar
Em momento mais sobejo,
Quando em ti estrelas vejo
Neste belo desenhar
O caminho a se traçar
Desenhado em azulejo,
Num mergulho sinto o abraço
E o desenho em paz eu traço
Deste amor, raro delírio,
A saudade do passado,
Noutro tempo desenhado,
Mera sombra de um martírio.

45

Podendo estar a teu lado
Não me canso um só segundo,
Nos teus ermos me aprofundo
Coração enamorado,
Onde outrora desolado,
Na verdade hoje me inundo
E seguindo em novo mundo
Tenho rumo abençoado,
Versejando um sertanejo
No luar agora eu vejo
Cada raio dos teus olhos,
Das floradas, primavera,
Meu amor recolhe e gera
Tantas flores, ricos molhos.


46

No final de cada verso
A vontade é de rimar
Com delírio o nosso amar
E gerar novo universo,
Onde outrora fui diverso
Do que tento ao caminhar,
Hoje aos raios do luar,
Tanta luz também disperso,
Vago solto em cada trilha
E decerto o sonho brilha
E produz a iridescente
Maravilha de ser teu
Que meu canto concebeu
Neste amor já se apresente.

47

Por acreditar em ti
A certeza me tomando
O coração mais brando
Traz o quanto percebi,
Ao sentir amor previ
Novo mundo desenhando
Outro mundo desde quando
Tanta luz eu mereci,
Ao saber e ter certeza
Desta forte correnteza
Onde embarco o coração,
Sei que os dias são assim,
Mergulhando dentro em mim,
Vejo em ti a direção.


48

Por não crer mais, nem em mim,
Tão cansado da batalha
Onde o nada já se espalha
Sem sequer algum jardim,
Meu amor princípio e fim
Do caminho onde a navalha
Traz no fio o corte e entalha
O delírio dentro em mim,
Meu amor já não sabia
Da beleza deste dia
Onde o sol inteiro eu vejo,
Nos teus braços adormeço
E conheço este endereço
Nele mora o meu desejo.

49

No que fui, tanto sabia
E deveras não mais tenho
Senão vejo este ferrenho
Caminhar em poesia,
Minha sorte todo dia
Muda logo o desempenho
E se agora não desdenho
O que outrora conhecia,
O meu verso em nova sorte
Traduzindo já comporte
Este porto dentro em nós,
O meu rio busca o mar,
E bem sei onde encontrar
Nos teus braços, minha foz.

50


Queimando a dor no meu peito,
A saudade do meu bem
E decerto quando vem,
Nos seus braços inda deito,
Vou fazendo de meu leito
O que tanto sei também
Deste sonho sou refém,
Mas no amor vou satisfeito,
Tanto tempo sem te ter,
Tanto quero te querer
E jamais me cansaria
De poder imaginar
Teu regaço é meu lugar,
Nele ancoro a poesia.


51

Juízo

Aonde?
Onde foi esquecido
Aquele que sempre foi o fiel?
Perdi, nem percebi!
E, agora?
Mente desregulada,
Coração tendencioso,
Atitude precipitada!
O que faço?
O perigo nunca me atraiu;
Boa menina,
Aferida...
Identidade atordoada!
Onde foi que (me) perdi?
Vou confessar,
Que eu demore
Um pouco mais
Para (me) achar!
Regina Costa

Perdido nos teus braços eu me achei
E sei que nada mais quero da vida
Senão a sorte agora concebida
E nela este prazer ditame e lei,
Vencendo os meus pudores entranhei
Na senda mais audaz e sem saída,
O gozo em cada messe repartida
Traduz o quanto quero e quererei.
No tanto que desejo os teus anseios,
Delírios entre coxas, pernas, seios,
Caminhos para a benção mais sublime,
Tentáculos e línguas procurando
Vagando sem destino desde quando
O templo mais perfeito o tempo estime.

52


Tua flor

Sinta a suavidade,
A beleza e o aroma da minha flor
Que prá você sempre se abre
Em ardor sem pudor...
Beba na minha taça
O néctar que por ti
Derramou;
Morda os lábios de desejo,
Feche os olhos e
Sinta meu beijo...

REGINA COSTA

Sentindo este delírio em corpos nus,
Os néctares atraem colibris
E gozos mais audazes e gentis,
No quanto nosso amor faz sempre jus,
Ao tanto sem limites me propus
Após esta erupção eu peço o bis,
E todo o meu caminho sempre quis
Gerar o que deveras fosse luz
Guiando o pensamento, qual falena,
Meu corpo no teu êxtase serena
E sabe desvendar cada segredo,
Ao penetrar suave cada furna,
O quando deste anseio me afortuna
Recebo na medida em que concedo.


53



Eu digo sim!
Não gosto de morno,
Se for prá ser quente
Que seja fervendo;
Na primeira loucura
Vale tudo!
Só se for agora,
Rápido,
Sem demora;
Meu corpo está em chamas,
Vem assoprar as brasas...
Regina Costa

No incendiário beijo em fúria e gozo,
Desvendo os teus anseios mais profanos,
E os corpos entre ritos soberanos,
Desfrutam deste toque majestoso.
O canto se fazendo mavioso,
Os erros do passado, os desenganos,
Retalhos esquecidos, ledos panos
Caminho agora sinto caprichoso,
A deusa, a santa, a dama e a cortesã
A noite adentra em fogo esta manhã
E continua até que saciados,
Dois corpos lassos bebem deste sol,
Refletem tal beleza, qual farol,
Hedônicos portais abençoados.

54

Acordar ao teu lado
Seria como despertar num sonho
Prá viver uma realidade encantada,
Tão sonhada quanto desejada;
O café seria o mais gostoso de
Nossas vidas, com sabor
De nudez, sexo e avidez...
REGINA COSTA

Delírios de manhã, em avidez,
Os corpos tão famintos e sedentos,
Recebem dos prazeres os proventos
E tudo o que foi feito se refez,
Enquanto estás desnuda, insensatez
Tomando a direção, rosa dos ventos,
Bebendo cada gota os sentimentos
Aonde sem meu leme tu me vês,
Adentro porto manso e furioso
E assim se prometendo novo gozo,
O desjejum prossegue pelo dia,
E a fome na verdade só aumenta
E quanto mais em ti minha alma atenta,
Vontade que jamais nada sacia.


55


Vieste...
Com água na boca,
Com língua e saliva,
Com mãos atrevidas,
Com olhos iridescentes;
Ouvi ao longe:
Amo-te e te quero...
Te recebi com meu corpo desnudo,
Minh’alma despojada,
Minha pele dourada,
Minha flor umedecida e latente...
Em sonho vieste...
Regina Costa

Desejo desvendado a cada toque,
Na umedecida foz, suavemente
O quanto da vontade mais se sente,
O amor já não se guarda num estoque
O tempo com furor sempre desloque
Os dedos, lábios, língua no envolvente
Anseio que se mostra mais premente
A cada vez que roça e se provoque,
Na tépida loucura em tropicais
Caminhos entre estrelas, quero mais,
E sinto extasiada a fêmea enquanto
O sol adentra o quarto e nos revela
Ao clarear inteira esta janela
Meu corpo o teu, cutâneo manto.

56

Ultrapasse a Faixa Amarela

Vem...
Você, eu permito,
Mas sem demora,
Há risco do juízo voltar,
Estou num ponto que ainda
Dá pra recuar se o medo
Me (re)tomar;

Vem...
Com você eu quero,
Vamos viver o que nunca vi, vivi,
Entrega, mistura de corpos em
Ebulição, combustão, erupção
Numa explosão de desejo,
Sonho, impedimento, esperas;

Vem...
Comigo
Prá vivermos essa paixão
Inseminada por versos,
Gestada de afetos;

Vem...
Já é tempo de (re)nascer,
Romper a ‘bolsa’,
Já não cabe nem uma gota
De suor, saliva, fluido;

Vem...
Vamos!

Regina Costa

Deliciosamente sem fronteiras,
As nossas bocas seguem em tal fúria,
E os corpos sem temor, medo ou lamúria
Do jeito que te quero e tanto queiras,
Vontades sempre lúbricas, bandeiras
Do que pareça mesmo alguma incúria,
O gozo não suporta uma penúria,
Fartando-se nas horas corriqueiras,
E quero mais que o mero gozo teu,
Repetes outros tantos no apogeu
Em múltipla explosão, em farta lava,
Meu corpo se embebeda do rocio
E neste derramar me propicio
Também outra explosão, a alma se lava...


57

Eu quero a santa, a deusa uma vadia
Numa explosão conjunta e multicor
Razão para viver o farto amor
Que tantas vezes busco e se irradia,
Profana a divindade esta bacante,
Num ato mais audaz, seios e pernas,
As noites entre nós são bem mais ternas
E nelas cada instante é provocante,
Ao saciar assim cada vontade,
Sem medos ou fronteiras nem pudores
Do jeito e da maneira sem te opores
O mel que tu me dás também te invade,
O jogo não tem fim e recomeça
Numa ânsia tão fantástica e sem pressa.

58

Quero viver um segundo,
Deste pouco que me falta
Na verdade quando exalta
Coração domina o mundo,
O meu sonho, um giramundo,
No sacrário ou nesta malta
O desejo que me assalta
Nele tanto me aprofundo,
Vou bebendo cada gole
Da saudade quando bole
Machucando devagar
E de noite cada noite,
O teu corpo já me açoite
Neste louco navegar.

59

Em ti, o meu novo rumo
Onde perco a direção,
Vou buscando a solução
E o prazer eu quero e assumo,
E sorvendo inteiro o sumo,
No teu corpo já me aprumo
E encontrando o meu verão,
Neste tanto, pois virão
Os meus sonhos em resumo.
Eu te quero e não me canso,
O teu porto, calmo e manso
Aguardando o marinheiro,
Que se fez em vis procelas
E se amor tu me revelas,
Naufragando por inteiro.

60

São palavras que lamento
As saudades e a distância
O meu canto em discrepância
Solto vaga pelo vento,
Mas quando vejo e me atento
No caminho em elegância
Tanto sol em paz. Alcance-a
Neste mesmo pensamento.
Meu desejo em teu anseio
Quanto mais eu devaneio
Mais encontro a solução,
Esboçando este sorriso,
Adentrando o Paraíso
Acordando o coração.

61



Neste louco navegar
Sensações das mais diversas
Absorta sem conversas
Vou tentando mergulhar
No prazer da descoberta
E o teu corpo mapear...

Nas volúpias das carícias
Meu prazer é me entregar
Me perder nas mil delícias
Junto a ti, poder estar.

Ana Maria Gazzaneo

O meu corpo te procura
E deseja mais ainda
O que a noite já deslinda
Desenlaces da loucura,
Tanta luz rara ternura
Quando amor, amores brinda
E saudade já se finda
Nestes laços em brandura.
Ao tecer teu corpo ao meu
Enalteço e no apogeu
Eclosões num mar profundo
De teus méis maravilhosos
Em delírios, vários gozos
Eu também ora me inundo.


62


Gostaria de ter o poder de
)))Equalizar Você(((

Roubar,
Possuir tua tutela,
Insana e despudoradamente,
Alheia a qualquer convenção moral,
Apenas ligada, comprometida com o desejo,
Vencendo o medo,
Rompendo a castidade,
Pelo menos uma vez na vida...
Ser tua mulher, deidade, rainha, cortesão...
Irresponsável, louca,
Dona e fora de mim mesma;
Vem...
Conhecer, desvendar, usufruir
Do meu “manual de instruções”.
REGINA COSTA

Dessedento esta vontade
Nos acordes de um desejo
E aproveito cada ensejo
Onde vejo a divindade
Que desnuda tanto agrade,
E no encanto agora eu vejo
O meu mundo benfazejo,
Sem saber mais da saudade,
Profanando em tal delícia
O teu corpo com malícia
Sobre sedas e cetins,
A desnuda fera então
Num momento de tesão
Acedendo os estopins.

63


No meu corpo o teu se atrela
Deliciosa sensação
Bem grudado se enovela
Lá se vai nossa razão
Tanta fome se revela
Sem qualquer mediação
A não ser sabida, aquela
Que acalma essa tensão.

Ana Maria Gazzaneo

Em teu corpo dessedento
A vontade mais feroz,
E juntando em firmes nós
Cada vez mais incremento
O delírio de um momento
Que pensara mais atroz,
Sendo teu escravo e algoz,
Este encanto em alimento,
Bebo à farta e quero mais,
Em suores, gozos sais
Penetrar este templário
Onde a deusa já desnuda
No meu corpo atrela, gruda,
Neste encanto imaginário.

64

Não paro de te desejar,
de querer viver na pele
tudo com você,
o que sonhamos
Navegando por mares de emoções,
amor, ternura, paixão, excitação...
Regina Costa

Por um mar feito emoção
Em desenhos mais felizes,
Ao sentir o que me dizes
Tantos gozos se farão
E decerto esta amplidão
Muito além das cicatrizes
Sem as nuvens tristes grises,
Maravilhas tecerão
Meu desejo é teu anseio
E adentrando cada veio
Descobrindo toda loca,
O teu corpo ensandecido,
Num instante, num gemido,
Majestoso me provoca.

65

São verdades que não digo,
Nem tampouco me interessa
Quando amor nega a promessa
Sonegando algum abrigo,
Já não sigo mais contigo
Nem sequer eu tenho pressa,
Minha vida se endereça
Muito além deste castigo,
Encontrando em ti o rumo,
No que tanto me acostumo
Bebo fartos goles quando
O desejo se transforma,
E deveras toma a forma
Deste sonho me inundando.


66


Tanto ardor, tanto tormento,
Tanto medo trago em mim,
De sentir agora o fim
Numa ausência, num lamento,
Quando em paz eu já fomento
Este amor e quero assim
Caminhar e ter enfim
Paz sem medo e sofrimento,
Resoluto navegante
Onde o mundo me garante
Tanto brilho a cada passo,
No meu âmago percebo
Quanto amor de ti recebo,
E o futuro em luz eu traço.


67

Vida correndo sem medo
Do que possa vir após,
Coração entende a voz
E decifra este segredo
Onde tanto me concedo
Sem saber do vento, algoz,
Renascendo agora em nós
O que cerzi novo enredo,
Nos cinzéis que trago na alma
A beleza já me acalma
Esculpindo esta promessa,
Deste amor que tanto quero,
Mais presente e menos fero,
Onde a vida recomeça.

68

Minha sede nesta fonte
Saciada a cada dia,
Nela toda a fantasia
Com certeza já desponte
E transforme este horizonte
Muito além do que eu veria,
Nesta farta alegoria,
Onde o mundo em paz aponte,
Quero estar sempre contigo
E deveras eu persigo
Esta sorte todo instante,
No meu mundo em tez mais clara,
Toda a glória se declara
Neste amor que me agigante.

69


Matando mais que vontade
Seduzindo o coração
Tantas noites mostrarão
O que eu busco de verdade,
Quando além mais alto brade
E perceba esta amplidão
Devaneio, imensidão
Mato em ti qualquer saudade,
Venço os medos e proponho
Muito além de mero sonho,
Um real caminho e agora
O que tanto quero e penso
Num delírio quase imenso,
Num instante vem e aflora.

70


Ao sentir duas beldades
Belas ninfas neste rio,
Um delírio em desafio
Onde em sonho tu me invades,
Bebo assim felicidades
Em completo desvario,
Neste instante ora desfio
Mais que raras divindades,
Êxtase supremo eu vejo
Num anseio do desejo,
Como fosse o próprio Zeus,
E ao sentir tal fantasia,
A carícia propicia
Entre tantos; apogeus.


71

Delicie-se somos fadas,
Absolutamente tuas, a
Saciar teus desejos,
Cobrir-te de beijos e gracejos
Nesse rio de amor!
Regina Costa

Sendo um sol com duas luas
Em superna natureza
Adentrando com destreza
Duas deusas belas, nuas
E deveras tu flutuas
Dos anseios sou a presa,
E se tanto a correnteza
Trama as sortes, raras, duas.
Encantado cavaleiro
Neste canto enluarado
Ao sentir a cada lado
A presença de um luzeiro,
Entranhando-se de luz
Também luzes reproduz.

72

Foi embora, mas, fiquei
Esperando a sua volta,
O meu peito sem revolta
Aguardando em mansa grei
O que tanto desejei
Novo sonho sem escolta
Se esta mão a minha solta,
Nunca os nós eu desatei.
Ao partir também levando
O que fora calmo brando,
Mas restando uma esperança
O meu sonho te acompanha,
Por planície, mar, montanha,
Logo, logo já te alcança.

73


Esperando te encontrar
Depois destas ilusões
Onde tanto amor expões
E me trazes teu luar,
Bebo sempre a me fartar
Das diversas emoções
E juntando corações
Permitindo o bem de amar,
Visto o sol que tu me deste,
Mesmo em tempo mais agreste
A colheita é garantida
Se o amor nos traz em festa
O cenário agora gesta
Produzindo nova vida.


74

Dessas dores do passado
Já não quero mais notícias
Minha vida em tais delícias
Novo tempo desenhado,
Onde o sol claro e dourado,
Sem temor e sem sevícias
Adentrando estas carícias
Noutro rumo demonstrado,
Sendo assim somente teu,
Este amor já se escondeu
Entre as brumas dos teus braços,
E os momentos mais audazes
Com delírio tu me trazes,
Mesmo em dias meros, baços.

75


Não consigo nem lutar
Contra as dores de quem tenta
Ao vencer a virulenta
Noite fria sem luar,
Ao caminho me entregar
E saber desta sangrenta
Tempestade violenta
Dominando todo o mar,
Quem me dera se eu pudesse
E tivesse esta benesse
De contigo estar agora,
Mas a noite solitária,
Dura e mesmo temerária
Em neblinas já se aflora.


76

Quero afinal, meu descanso,
Depois desta luta insana
Coração eu sei se dana
Quando nada mais alcanço
E se tento algum remanso
A saudade tanto engana,
O meu peito se profana,
No vazio enfim me lanço,
Prepotente tarde vã
Com certeza tão malsã
Já não diz de lua cheia,
A semente se perdendo,
No meu corpo este remendo
De outro nada se permeia.


77



A brilhar e saltitar
Numa dança bela e lúdica
Enleamos em pleno gozo
Nossas juras mais profanas,
E quando o dia se fez noite,
Lua e Estrela cobrem o Sol
Com um envolvente manto.

REGINA COSTA

Encontrando a claridade
Em tais astros redentores,
Aprendendo os mil sabores
Deste amor que nos invade,
Neste fogo em tempestade,
Renascendo multicores
Caminhares onde fores
E decerto sempre agrade,
A quem tanto quis o dia
Com a lua em plenitude,
Desejar mais do que pude
E deveras me traria
Uma tríade divina
Que deveras me fascina.

78

No mais sagrado remanso
Onde tudo começara,
Transbordando esta seara
No caminho em paz me lanço
E se tanto me esperanço
Quando a vida se escancara
A saudade desampara
O calor em ti alcanço,
Mas a vida tem seus erros
E condena aos vis desterros
Quem se fez um sonhador,
Nas diversas magnitudes
Tu seduzes, mas iludes,
Gera espinho e traz a flor.



79


Teimando em nunca temer
Os erráticos caminhos
Procurando pelos ninhos
Onde eu pude perceber
A beleza do teu ser
E se tanto são daninhos
Os momentos mais mesquinhos,
Negam todo o bem querer,
Ao sentir esta vontade
Um desejo sem igual,
No teu corpo sensual,
Ir até saciedade
Respirando um ar tranqüilo
Nos teus braços me perfilo.

80


Achando, sem valentia,
Quem pudesse ser diverso
E bebendo cada verso
Novo tempo poderia,
E saber desta sangria
Onde vive este universo,
O meu canto segue imerso
Procurando a poesia,
Resumindo em ti a vida,
Minha sina é presumida
Num alento e tão somente,
Até mesmo onde não pude
Vejo a rara magnitude
Deste amor que se apresente.


81


Deitado aprecia nossa dança,
Encanto e movimento a se atrelar,
Fascinado sente e sorve o
Doce orvalho matinal,
A se deliciar com fluidos e olores,
Feromônios a embriagar, oralidade,
Sedução, torpor,
Tríade de amor!
Regina Costa

Numa louca maravilha
Caminhando em mesmo passo,
Com anseio sigo e traço
Onde lua em sol palmilha,
Outra estrela também trilha
E sobejo encanto enlaço
Revigora cada espaço
Deste céu que farto brilha,
Os hormônios, as libidos
Entremeiam-se gemidos
Explosões em nebulosas,
Pois ao ver tanta beleza
Mesmo a própria natureza
Também goza quando gozas.


82

Onde encontrar meu querer,
É também lá que estarei
No delírio desta grei
Aprendi a conhecer
As delícias de um prazer
E se tanto mergulhei
Neste encanto desenhei
Outro mundo a merecer
Um caminho em claridade
Neste sol que agora invade,
Nossa vida se transforma,
E deveras noutra forma
Com sublime magnitude
O meu mundo se transmude.

83


Seja noite ou seja dia,
Nada impede o passo quando
A vontade dominando
Gera a glória em fantasia
Muito mais do que podia
Outro tempo desenhando
Novo rumo se mostrando
No caminho em poesia,
Um cenário multicor
Traduzindo em tal torpor
Esta imensa liberdade
E se tento com firmeza
O caminho em tal destreza
Trace os rumos da verdade.

84

Montado nesse alazão
Num tropel já constelar
Bebo as tramas do luar
Vejo as sanhas da ilusão
E se tanto em direção
Ao delírio caminhar
Poderia me entranhar
No teu corpo desde então,
Em sortidas cores vejo
O que tanto benfazejo
Versifica uma alma nobre,
E o cenário em cores fartas
Dele nunca mais te apartas,
Rara luz já te recobre.

85

Nunca mais saber teu nome
Nem sequer onde escondeste
Meu amor desde que deste
Caminhar já não mais dome,
Tantas vezes nos consome
O delírio e concebeste
Um delírio e percebeste
Que este amor sempre se some,
Transformando em magna luz
O que tanto reconduz
Ao mais farto desejar
Onde tanto se promete
Coração trama e arremete
À vontade de sonhar.

86

Nem querer te conhecer
O meu peito poderia
Fosse a vida em agonia
E no rumo perceber
O desenho a se tecer
Produzindo a fantasia
Nela rara alegoria
Eu pudesse conceber
Ao te ver enamorada,
Outra sorte desejada
Num momento mais feliz,
Eu te quero e não mais nego
E se tanto amor carrego
Tenho tudo o quanto eu quis.

87


Preferia, assim, talvez
Encontrar sem medo ou tédio
Neste amor santo remédio
Onde a glória mor se fez,
O meu mundo em tanto brilho
Seduzido e sedutor
Nos anseios de um amor
Neste tanto maravilho
O meu passo rumo a ti
E se pude então em paz
O caminho já se faz
E esta glória eu percebi
Ao sentir tanta fartura
Que decerto hoje perdura.


88


Delícia em dobro,
Sonhada e realizada
Consteladas no céu de tua boca,
Perdemo-nos nessa viagem sensorial
Entre sussurros e gemidos
Ecoa o teu bramido...
Regina Costa

O delírio de um momento
Em composta luz prismática
Colocando assim na prática
O que quer o pensamento,
E se agora em ti me invento
No delírio da temática
Ao mudar a matemática
Dois mais um, raro incremento
E deveras isto explica
Em tal cena bela e rica
Passo a ver e necessito:
Multiplicações diversas
Entre orgásticas conversas
Ao chegar ao infinito.


89

Sabendo que tudo ensina
Quem se fez mais que perfeito
No teu passo eu me deleito
Modifico a minha sina
Uma história antes ladina
Hoje o rio muda o leito
E se faz em raro pleito
Estuário que fascina,
Sendo teu e nada além
O que tanto me convém
Com certeza também quis
Na verdade em consonante
Caminhar sempre adiante
Deixa a gente mais feliz.


90

Vivendo amor sem fronteiras
Onde tanto quero e vens
Nossos sonhos, fartos bens
E decerto também queiras
Entre nós as verdadeiras
Esperanças já conténs
E se eu sigo sem desdéns
Sou refém destas bandeiras
Meu amor eu reconheço
Já sabendo do endereço
Desta deusa feita humana,
Não se cansa de buscar
Mesmo em furioso mar
O prazer que nos ufana.



91



Ao brincar de par ou ímpar,
Minha escolha é par
Para senti-lo ajustado a mim,
Sendas, mãos e corações
Sem divisões como um ímã
Unindo nossos desejos e emoções...
Regina Costa

O meu corpo atado ao teu
Neste insano desenhar
Um mosaico a se entranhar
Demonstrando este apogeu,
Quando o rumo se perdeu
E bebeu do farto mar,
No desejo de tocar,
O que é teu também é meu.
Passageiros e parceiros
Nas floradas dos canteiros
A certeza deste fruto,
Coração bate agitado
Num caminho desenhado
Onde dou, ganho e desfruto.

92

Nem escolhendo parada
Nem tampouco qualquer dita
A minha alma necessita
Desta tua iluminada
E seguindo mesma estrada,
Onde a sorte se acredita
Na beleza que infinita
Perpetua esta alvorada.
Transportando o coração
A quem possa desde então
Encontrar o que procuro,
Meu caminho pela vida
Só encontra esta saída
No teu porto, o mais seguro.


93

Devorando a madrugada
Olhos fixos neste caos
Em delírios, os degraus
Desta mesma e longa escada,
Sorte imensa que ancorada
Traz em si os bens e os maus,
Novos dias, nossas naus
Vencem vento em vã lufada.
Resumindo nossa sorte
Onde tanto se comporte
Da maneira mais sutil,
Versos calmos, dia manso
No teu corpo já descanso
Onde o porto em paz se abriu.

94

Da poeira, companheiro,
Solitário navegante
Sabe quanto doravante
No teu corpo já me inteiro,
E se fosse jardineiro
No momento radiante
Ao cuidar eu me adiante
E perceba o jasmineiro
Recebendo o teu perfume
Minha sorte em ti se aprume
E desenhe este momento,
Onde possa ser feliz,
E se tanto bem o quis,
Neste encanto enfim me alento.


95


Pudera acreditar aonde um dia
O tempo se mostrara mais diverso
E quando cada passo em vão disperso
Tentando desfrutar da fantasia
Aonde na verdade poderia
Gestar dentro de nós um universo
E quando para ti, amada eu verso,
Eu sei da noite amarga e mais sombria,
Restando quase nada do que outrora
Ainda vez em quando desarvora
E gera outro tormento ou na tempesta
Que a vida se integrara sem sentido,
O tempo noutro tempo diz olvido,
E apenas a saudade à dor se empresta.


96

Egresso de uma indócil caminhada
Por tantas vis searas, vida afora,
O quanto do terror ainda aflora
E deixa a minha vida desolada,
A morte noutra face desenhada
O corte se aproxima e revigora
A fúria do abandono e desde agora
Percebo que ao final não terei nada,
Funâmbulo quedado sobre o solo,
Das dores e temores se me assolo
Eu visto a hipocrisia quando tento
Sentir alguma luz onde se vê
A vida sem sentido e nem por que,
Parindo a cada ausência o sofrimento.

97


Errático percorro sem talvez
Saber qualquer paragem senão esta,
A solidão deveras mais funesta
E nela o que resumo ainda vês,
Tomado por total insensatez
O pouco desta sorte que me resta
Esbarra no vazio e em cada aresta
Expressas a temida estupidez.
Alheio aos meus diversos fátuos sonhos
Os passos que inda tento são bisonhos,
Desprezos entre ausências, sigo assim,
No quanto imaginário fosse o canto,
Apenas no vazio eu desencanto
E vejo bem mais próximo o meu fim.

98


Em solilóquio tento uma resposta
E sei que nada vem senão mentiras,
E quando dos meus olhos tu retiras
A cena noutra cena decomposta,
Reparo cada face com a exposta
Verdade em dores fartas, tantas tiras
Embora com certeza tu prefiras
O que bem sei agora me desgosta.
Expresso em verso o sonho mais audaz,
E quando nada além me satisfaz
Pereço turbulento caminheiro,
Vagando sobre as pedras do caminho,
O quanto sei que sou ora daninho
Refaz o meu jardim em espinheiro.

99

Ao ver o teu retrato eu percebi
Que tudo fora mesmo uma ilusão
Os olhos tão vazios, na amplidão
Distantes do que outrora havia aqui,
E assim neste momento eu conheci
A chuva mais voraz de algum verão
E novos dias logo mostrarão
A falsa garatuja exposta em ti.
Aprendo com a vida, mas também
O sonho quando inútil nos convém
Ilude quem caminha sem sentido,
O teu retrato exposto na parede
Demonstra a solidão em leda sede
No ocaso finalmente resolvido.

100

Estáveis noites tento mesmo quando
Eu sei que na verdade vou sozinho,
E quando do teu sonho me avizinho
O mundo noutro esgar se transmudando,
Resumos desta vida em ar infando,
O vértice se mostra então daninho
E o corte prenuncia este caminho
Aonde no verão sinto nevando.
Orgásticas loucuras do passado,
Agora noutro instante estou calado
E sigo o que me manda a consciência,
Do amor quando se fez em magnitude
Apenas este olhar que tanto ilude
Causado pela imensa prepotência.

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