001
A vida em esperanças
Prepara algum dilema
E quando já se algema
Aonde tu avanças
Ao nada tu te lanças
E sabe deste tema,
A sorte sempre tema
As frias setas, lanças,
E vença ou mesmo perca
Imerso em dor e cerca
Jogado em algum canto,
Do todo que sonhavas
Apenas meras lavas
E nelas desencanto.
002
Do vale oriental
Ocidental montanha
A vida perde e ganha
No fundo é tão igual
Caminho que usual
Ditame desta sanha
Aonde já se entranha
Dilema magistral
Seguir cada passada
No tudo ou mesmo o nada
Trazendo a queda e a messe,
Porquanto sendo assim,
Do início vejo o fim,
Porém nada obedece.
003
Estrela vespertina
Dos sonhos de um poeta
Aonde se repleta
Ou nada determina,
Seguir o que pudera
Deixando para trás
O quanto satisfaz
Ou gera a mesma espera.
No ser ou no não ser
Apenas a resposta
Na face decomposta
De quem tenta o prazer
Dilemas desta vida
Encontro ou despedida...
004
Perfume de uma rosa
Atrai o colibri
E nele percebi
A estrada majestosa,
Enquanto dolorosa
Também ora senti
Da abelha por aqui
A sorte caprichosa,
Nas ânsias pelo pólen
Dispersos vãos assolem
E geram tal dilema
Beleza tanto atrai
O quando nos distrai,
Porém novo problema...
005
Orvalho em tal estio
Pudesse pelo menos
Trazer dias amenos
Aonde desafio
O medo e neste fio
Bebendo dos venenos
Imensos ou pequenos
Secando cada rio.
E o preço que se paga
Ou mesmo valha a chaga
Ou nada no final,
Rocios matinais
E sóis tão infernais
O bem precede o mal.
006
Decorações diversas
De corações expressos
Em medos e tropeços
Ou tanto além tu versas,
E quando mais dispersas
E tramas adereços
Os erros não confessos
Em pálidas conversa
Verdade que liberta
Também traz e desperta
A fúria em cada olhar,
No quanto ser ou não
Superna indecisão,
Que rumo irei tomar?
007
Olhando sobre as vagas
Além deste horizonte
A nuvem que se aponte
O sol quando o me tragas
E assim diversas plagas
Nas quais a mesma ponte
No tanto quanto é fonte
Deveras tanto alagas.
Resumo em verso e dor
O imenso dissabor
Ou tal sabor intenso,
No gozo ou neste infausto
Amor diz holocausto,
Enquanto me compenso?
008
Saudades do dorido
Caminho aonde um dia
Talvez em alegria
Ou fardo construído,
O canto ou num ruído
O quanto poderia,
Vencer a hipocrisia
Nas ânsias deste olvido,
O longe está tão perto
E quando me desperto
Ausente novamente,
Livrando dos pecados
Os dias disfarçados
Confundem minha mente.
009
Decoras com a dor
O olhar em rubra tez,
O quanto se desfez
Ou novo campo em flor,
A morte traz no ardor
A vida que tu vês,
E quando sem porquês
Assim também o amor.
Princípio dita o fim,
Mortalha no jardim
Presume uma florada,
E a vida se reflete
Neste ato e se repete
O todo vem do nada.
010
Sonhando com o ocaso
No fim um ar sublime
Que tanto me redime
E nele se me aprazo,
O tempo não tem prazo
Apenas já se estime
O quanto ora suprime
Prenunciando este azo.
Assim dicotomias
Além das que vivias
Verás a cada passo,
O rumo desconexo
De um novo sendo anexo
Traduz o mesmo traço.
011
A liberdade traz
A podridão, raiz
E nela se condiz
A guerra sela a paz.
O fim devera faz
Começo e por um triz
O traço deste giz
Na farsa mais audaz.
O manto já puído
Em novo convertido
Abriga em frio intenso,
O amor gerando este ódio
Catódio busca anódio
Na perda, às vezes venço.
012
Seguindo em caravana
Por vezes solitário
Nem sempre o solidário
Traduz a soberana
Vontade enquanto dana
E trama o temporário
Caminho imaginário
Sacrário em tez profana.
Orgásticos terrores
Delírios em amores
Sofrido desenhar
No pêndulo da vida
Começo é despedida
Num novo caminhar.
013
Zagais em tal cuidado
Transportam muito além
O quanto se contém
Do farto e imenso gado,
Errático legado
No fundo não convém
E faz logo refém
O mal pastoreado.
Assim em descaminho
Da sorte ao mais daninho
Um erro traduzindo
Na queda sem defesas
Enquanto somos presas
Do que pensamos lindo.
014
Relvosa esta campina
Esconde a torpe urtiga
A vida se prossiga
Enquanto determina
E gera nova mina
Matando aquela, antiga,
Ou tanto assim prossiga
Ao quanto se destina.
A vida em tais dilemas
Verdades negam lemas
Ou trazem em mentiras
O quanto que querias
Nestas dicotomias
Ao ermo tu te atiras.
015
A fonte saborosa
Por vezes mais salobra
Enquanto se desdobra
E traz espinho e rosa,
Embora majestosa
Cuidado se redobra
E quando dita a sobra
Expressa pedregosa.
Assim a vida traça
Em ares divergentes
O que deveras sentes
Esvai mera fumaça
Seguir ou se negar
Num mesmo desenhar.
016
Viver contigo ou não
Sentir o mesmo espaço
E quando este cansaço
Traduz a ingratidão
Inverno com verão?
No fundo me desfaço
E nada além do lasso
Os dias mostrarão.
A primavera em flor
Outono em vária cor
Amenizado clima,
Porém enquanto ao fundo
Aos poucos me aprofundo
Irás só para cima.
017
Escravo ama a vergasta?
Deveras muita vez
O fato que ora vês
Com tudo se contrasta,
A sorte assim desgasta
E nela sem porquês,
O mundo em altivez
Prepara a cena e basta.
O risco de sonhar
E a queda a se moldar
Num antro interminável.
Seguir em procissão
Ou mesmo em solidão
Seria mais potável?
018
Nas águas onde banhas
E bebes com fartura,
Também a desventura
Prepara suas sanhas,
E quando pensas; ganhas,
Deveras se perdura
A dor que não tem cura
E nela tu te entranhas.
E resolutamente
A vida tanto mente
Conforme nos ajuda,
A sorte se renova
A lua cheia ou nova,
Porém nem sempre acuda.
019
No frio que me aqueces
Lareira em vital brilho,
Mas quando além eu trilho
Esqueces as benesses
E logo te confesses
Num sonho, este andarilho
Enquanto em vão palmilho
Ausentes sonhos, preces.
Seguir o passo enquanto
A queda; além garanto
Ou mesmo me quedar
Distante do que possa,
A sorte dita a fossa
Também bebe o luar.
020
Beber deste sagrado
E beatificar
O sonho em vago altar
Que agora é meu legado,
Ou no ermo do pecado
Os mares a singrar
O sonho a delirar
E nele sem enfado.
O risco a queda o corte
A vida não comporte
Diversa realidade,
E ser o que pudera
Ou morto em tola espera
Dilema dita a grade.
021
Meu canto em pobres tons
Talvez não traduzisse
A vida em tal mesmice
Diversos ecos, dons,
Momentos outros bons
E neles a tolice
Ou mesmo se desdisse
O quanto em vários sons,
Resumo de quem tenta
Vencer qualquer tormenta
Ou quieto se permite
Viver somente o quanto
O passo eu não garanto
E respeito o limite.
022
Um cego palpa e sente
Relevos desejosos,
Campos maravilhosos
E nada se apresente
Ao menos o que ausente
Do olhar em pedregosos
Delírios caprichosos
Dominam cada mente.
No fundo o que me resta
A sorte mais funesta
Ou mesmo a redenção,
Se eu tento e não consigo
Ou bebo o desabrigo
E cavo a cova em vão.
023
Os miseráveis; vejo
Num ápice e deveras
Exposto às tantas feras
Enfrento a cada ensejo
O quanto em tal negrejo
A vida diz esperas
E nela as primaveras
Jamais em mim prevejo.
Seguir ou me negar
Enfastiado passo
Aonde cada traço
Não pude completar,
E assim neste vazio
O mundo em mim desfio.
024
Pequeno olhando além
Imensa cordilheira,
O amor dita a bandeira
E nada mais contém
Senão tanto desdém
Aonde a verdadeira
Imagem traiçoeira
O sonho ainda tem.
Serenos em tempestas
O sol em meras frestas
Quem sabe traduzira
Alguma sorte enquanto
O tanto tento e canto,
Porém leda mentira.
025
Um heroísmo em guerras
Tola carnificina
Enquanto já fascina
Os corpos; mal enterras
Assim também encerras
O quanto determina
A dura e fria sina
Dos torpes que desterras.
A raça rapineira
Ousando na bandeira
Da pura liberdade
Assola em podridão
A sórdida visão
Que aos poucos nos invade.
026
Grandezas em tais atos
E neles o viril
Caminho presumiu
Em dores e relatos
De sangue em finos pratos,
No corte que se viu
O coração civil
Em turbulentos fatos,
Resgates dos demônios
Ou emergir de hormônios
Batalhas tão sangrentas,
E nelas transpareces
O quanto destas preces
Tão sórdido apresentas.
027
A faca, a foice e a espada
Canhões bombas atômicas
As multidões atônitas
E a sorte destroçada,
Assim a cada estrada
Em notas desarmônicas
As faces quase agônicas
Jogadas nesta estada.
Ao ser este fantoche
Que enfim rege o deboche
O farto se transforma
Mortalha que teceste
No quanto percebeste
Obedecendo à norma.
028
Lauréis aos enganosos
Caminhos mais venais,
E sei dos abissais
Delírios entre os gozos,
Cenários fabulosos
Ou falsos os cristais
No fundo são iguais,
E sei fantasiosos.
A glória se desmancha
E gera a torpe mancha
Marcada em consonância,
Aonde me alimento
Talvez jogando ao vento
Palavra em abundância.
029
O livro invés da adaga,
Quem sabe fosse assim
O mundo de onde vim
Aonde em torpe plaga
A morte tanto afaga
E gera este estopim,
Mas sendo que no fim
A mancha em paz se apaga.
A boca desdentada
A face desenhada
Num tétrico delírio,
Enquanto busco a paz,
A bala já me traz
Risonho algum martírio.
030
O gládio bipartido
Em ânsias mais diversas
Assim velhas conversas
Concebem seu sentido,
No corpo resumido
As horas mais dispersas
E quando à morte versas
Condena-te este olvido.
Percebo em solidão
Os ermos que virão
E neles me apresento,
O manto se puindo
Do quanto fora lindo,
Agora solto ao vento.
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