1
Queria acreditar nas fantasias
Resposta que já não me satisfaz
E quando simplesmente o sonho traz
Além do quanto quis ou mais querias,
E assim entre torturas e agonias
Encontra teu momento em plena paz,
A fonte mais diversa e até mordaz
Transcende ao que demonstram turvos dias
Um ser torturador um vil carrasco
Ao mesmo tempo é luz no mesmo frasco
E dita em sortilégios e venturas
Onipotente enquanto prepotente
A cada novo instante o velho invente
E mata enquanto além promete curas.
2
Não vejo mais o olhar de quem outrora
Domava com ternura e algum rancor
Gerando este castigo, o interventor
Que afaga enquanto fera nos devora,
Um ser tão egocêntrico apavora
Ao propagar com fúria o pleno amor,
Do nada ou do completo o gerador,
Essência sem a qual nada se aflora;
É morta para mim tal criatura
Que além de criador é mau juiz,
Fazendo o que em verdade sempre quis
Sem ter sequer no olhar qualquer brandura
Sisudo e carcomido este barbado,
O pai do vão pavor e do pecado.
3
Vendido nas Igrejas como um prêmio
A quem se comportar conforme a lei
O quanto desta lenda eu entranhei
Ao fazer parte mesmo deste grêmio,
Um canto mais atroz e imprevidente
Vergasta invés de luz; na escuridão
Levando seu rebanho para o vão
Aonde o duro açoite, o corpo sente.
Velhusco e mau caráter vil mordaz
Sentado nalgum trono ou num templário
O ser além do caos imaginário
Chicote em cada mão sempre nos traz
Bisbilhoteiro em toda cama e alcova
Quer faça sol, ou mesmo quando chova.
4
Já não procuro apenas salvação
É pouco para quem se fez poeta
A vida na verdade se repleta
Deveras muito mais na negação,
Os corpos noutras sendas me trarão
A refeição dileta e predileta
Quem tem a perfeição como uma meta
Adentra os ermos fartos da emoção.
A voz em solilóquio traduzindo
O quanto ainda resta frágil, lindo
Gerando outras mentiras após esta
Planetas percorridos, fantasia
A mão que aos poucos sinto se esvazia
E apenas o retalho que me resta.
5
Andando pelas sombras de minha alma
Espectros tão diversos coletando
E sinto o desvario desde quando
A sorte desfiou temor e trauma,
Apenas solidão ainda acalma
E o verso muitas vezes demonstrando
O olhar tão nauseabundo desvendando
Desértico caminho em cardo e palma.
Arcando com os erros de uma vida,
A morte abençoada pressentida
No hermético delírio aonde entranho
Revejo cada queda e me avalio
Eclético fantoche em desvario
Da perda inconseqüente busco um ganho.
6
Floresce ainda na alma a mocidade
Ausente dos meus pés e dos braços,
Aos poucos meus desvios, velhos traços
Enquanto a morte chega e já me invade,
O quanto quis saber felicidade
Os olhos sem destino morrem baços,
E perco sem remédio meus espaços
O tanto que me resta é falsidade.
Mas nada como crer nesta ilusória
Mentira mesmo sendo vaga e inglória
Não tendo outro caminho senão este
Aquém do que deveras percebeste
Eu sigo os velhos rumos da memória
Aonde num delírio me embebeste.
7
Às avessas da vida aonde quero
Ainda acreditar em qualquer senso,
O nada aonde às vezes me compenso
Pudesse ser quem sabe mais sincero,
Apenas a mortalha que inda espero
Um vago após o fim no ocaso imenso
E quando no vazio recompenso
Os erros deste mundo mais austero,
Bebendo este licor: religião,
Espero novos dias que virão
Segundo esta escritura consagrada.
Sabendo de antemão que após esta ida
O quanto imaginara noutra vida
Somente se resume ao mesmo NADA.
8
Meu ócio não permite algum descanso,
Não tenho muito tempo e é por isto
Que tanto porfiando ainda insisto
E aos versos sem defesas eu me lanço,
Às vezes preferia ser mais manso
E quando em fantasias eu invisto
De falsa pedraria assim me visto
E ao menos num instante me esperanço.
Mas sei que após o sonho a queda vem
E sendo do vazio este refém,
A morte se assemelha à redenção.
Jamais me entregaria à mansidão
Herdeiro da mais louca convulsão
Metamorfose etérea me convém.
9
Cambaleante passo rumo ao farto
Gerado pela dor ou por fastio,
Enquanto os meus enganos desafio
Ao mesmo tempo o medo; em vão reparto,
A dura inconsistência em tosco parto
A velha solidão a foz de um rio
E tudo se transforma em ledo estio
Aonde as esperanças eu descarto.
Desacatando assim o quanto pude
De ter ainda em mim a plenitude
Em apogeus diversos e falsários,
Meus ermos construindo do não ser
A cada novo dia sem prazer
Os versos num assalto são corsários.
10
Veludos e cetins, lençóis de seda,
O tempo não permite tais anseios.
Nem mesmo ao te tocar, divinos seios
A imagem que se forma ausente ou leda,
E quando algum carinho se conceda
Entregue aos mais diversos devaneios,
Os olhos percebidos mais alheios
Sonhando com talvez nova vereda,
A flórea primavera se esquivara
E nisto se revê velha seara
Aonde tudo pode e nada deve
O mundo em alegria ou sortilégio
O gozo sendo um fino privilégio
Quem dera um passo além, suave e breve.
11
Ao ver disseminado ódio entre os seres
Percebo quão inútil acreditar
Na ausência de divisas de um pomar
Além dos mais atrozes, vis poderes.
E quando vejo assim os vãos quereres
E nada que se possa enfim somar,
Apenas dividir e divisar
Não quero como tu, apodreceres.
Os antros mais vorazes da moral,
Os ermos são profundos, mas sei bem
O quanto em providência já contém
O todo que é jamais consensual,
Dicotomia gera a humanidade
Distando-a sempre mais da liberdade.
12
Ocasos entre luzes perfilando
Caminhos onde tanto prosseguira
E quando a vida expressa esta mentira
O tempo noutra face se nublando.
O verso do vazio se adonando
Refaço cada passo em leda tira
E quanto mais além já se desfira
O templo desenhando é quase infando.
Resido na esperança? Fora assim
A morte não traduz a liberdade
Tampouco vou fugir à realidade
Tentando a salvação nalgum Jardim.
Expresso com firmeza esta igualdade
E nela, só por ela, a claridade.
13
Falasse de um amor, seria bom.
Não posso resistir, mas sei que apenas
Ao desenhar diversas vagas cenas,
Não mostro o caminho em claro tom.
Quem dera da esperança ter o dom,
Enquanto as noites mortas não amenas
E mais ainda teimas e apequenas
Negando à minha voz, mínimo som.
Esparso cantos tanto quanto pude
E teimo mesmo em sórdida amplitude
Deste apogeu ao triste perigeu
Refaço a cada instante o que ora sou,
E o tanto quanto em vida transbordou
Somando o que soubera não ser meu.
14
Vender uma ilusão é criminoso,
Não tens a luz que tanto mais sonhaste
O mundo gera em si total contraste
E neste rumo sempre pedregoso,
O manto muitas vezes majestoso
Esconde o corpo sórdido de um traste
E quando da verdade te afastaste
Geraste um ar deveras torporoso.
Fartando-se de vagas emoções
Exposta aos gentis espertalhões
Tentando te incutir mentiras tais
Aonde cada espelho já renega
Ou deixa uma alma simples quase cega
Trocando seus bijus por bons cristais.
15
Olhando mais de perto vejo a farsa
Gerada por terríveis animais,
E neles vendilhões originais
A sorte a cada passo se disfarça
E sinto muito além da face esparsa
Vendendo como fossem magistrais
Palavras e cenários tão boçais
Abutre disfarçado em bela garça.
Já não suporto mais a hipocrisia
De quem expõe desnuda a sacristia
E nela se aproveita do cordeiro,
Matilha de chacais, torpes canalhas
Enquanto a cada dia tu batalhas,
Os crápulas devoram teu dinheiro.
16
Preciso vigiar a cada instante
E ver quando se vende a salvação
Quem sabe encontre até liquidação
Ou mesmo algum deságio doravante.
Da vida renascida quem garante
Cordeiro é para o lobo provisão,
Os círios numa tola procissão
Em ouro, mirra e mesmo diamante.
Assim o pobrezinho de Belém
Enriquecendo a corja ainda vem
Depois destes milênios, tudo igual.
Quando invés das lições e das palavras
Apenas sanguinárias são as lavras
O lucro é garantido no final.
17
O padre disfarçado em mercenário
Pastores milagreiros, corja imunda
Imagem sem igual, nauseabunda
Esta horda é mal; deveras necessário?
A cada novo altar mesmo templário
E nele a sordidez já se aprofunda,
O quanto desta dor, prazer redunda
Vendendo um Paraíso imaginário,
Aonde com certeza não estão
E tentam com diversa divisão
Gerar outra riqueza em ouro e glória,
Partícipes do orgástico desfile
E nele a salvação já se perfile
Repetem hoje a velha e torpe história.
18
Não tens poder algum e queres mais
Achando-te deveras muito além
Do quanto em tal miséria te contém
Um vago entre os diversos animais,
Criando ao deus-dará seus Adonais
Ourives da ilusão, também refém
Da sórdida presença que inda vem
Enriquecer teus antros ancestrais.
Não quero o teu batismo em água e fogo,
Não faço parte mesmo deste jogo,
A minha liberdade não tem preço.
Não vou te enriquecer corja que astuta
Ao ver tosco rebanho não reluta
E serve ao deus dinheiro, com apreço.
19
Eu sou cristão, por isto esta revolta
Não tenho compromisso com venais
E torpes vendilhões, tais canibais,
Minha alma, a liberdade sempre a escolta,
A voz quando mais firme assim se solta
E tenta discernir e querer mais
Que meras ilusões medievais
Pautando o verso em luz ao sonho volta.
E não se embebe em sangue ou holocausto
Lauto banquete aonde gera o fausto
Partilhas entre cães, mesma matilha.
Amar e perdoar? Simples lição,
Difícil é saber LIBERTAÇÃO,
E nela alma cristã em paz palmilha.
20
O mundo a cada instante loteado
Por toda esta imundície dita igreja
Aonde a realidade não preveja
Senão a própria venda do pecado,
Vacância no caminho desvendado
E nele toda a glória é mais sobeja,
O fardo é bem mais leve se deseja
Apenas o caminho anunciado.
Não ter grilhões e ser somente assim
Um servo não servil, mas libertário,
Não ver no seu irmão um adversário
Nem precisar de prêmios num jardim,
Amar e perdoar sem ver respostas,
Em atitudes luzes são compostas.
21
Vem...
Sou teu abrigo,
Esconderijo,
Proteção e alimento,
Alivio,
Vem...
Sem demora,
Apaixonadamente,
Demoradamente
Vem...
REGINA COSTA
Sentindo o teu aroma junto a mim,
Buscando no teu corpo o esconderijo
Enquanto ao mais profano amor; dirijo
Meu passo nesta estrada já sem fim,
Viceja dentro da alma este jardim,
No quanto em louco gozo, etéreo e rijo
Um mundo em plenitude em ti erijo
Gestando este delírio vivo enfim,
Apaixonadamente sem perguntas,
As almas delicadas andam juntas
E chegam ao supremo Paraíso,
Num ato mavioso e sem fronteiras
Paixões entre loucuras verdadeiras
Num toque mais audaz, firme e preciso.
22
Arcando com delírios noite afora
O tempo de sonhar agora é vivo,
O quanto deste encanto não me privo
Na força que deveras já me ancora,
Não posso permitir a qualquer hora
Um passo aonde um dia fui cativo
De todos os delírios se ora crivo
Uma alma intempestiva que te adora.
Marcando em nossa pele, tatuagem,
Vagando pelo etéreo, em tal viagem,
Visagem do infinito passo a ter,
E quando mais além do que se fez
O amor em mais completa insensatez
Gestando cada instante de prazer.
23
Macios caminhares pela vida
Traçando insofismável maravilha
E quando a cada instante o passo trilha
E vê a tua imagem construída
Nas ânsias mais audazes, divida
A história sem temor ou armadilha
Repete enquanto audaz e sempre brilha
Deixando para trás a despedida.
Ousando com meu verso ser talvez
Diverso do que agora ainda vês
Adentro com certeza este cenário,
No templo feito em luzes, meus anseios
Tocando com ternura rijos seios,
Um mar fantasioso e imaginário.
24
Aonde não soubera
Ainda se existia
A sorte em alegria
Ou medo em tal quimera,
Vencido pela espera
E nela residia
A senda mais sombria
Na qual se destempera
A louca noite vã
Procura uma manhã
E nada mais percebe
Assim um tanto rude
Além do que mais pude
O sol dourando a sebe.
25
Até não encontrar
Sinais do que pensava
Haver além da trava
E nela me entranhar
Vagando sem parar
O mar em onda brava
A sorte não se lava
Nas ânsias do luar,
Resulto do que um dia
Vivera em fantasia
Ou mais pudesse além,
Mas quando vejo a vida
E nela a despedida
Apenas, sinto, vem...
26
Ascende em breve luz
Ao quanto pude ou não
Vencida a indecisão
Enquanto em vão me pus,
Resumo em contraluz
O passo desde então
Sabendo do senão
E nele eu me propus
Restando muito além
Do quanto inda convém
A quem procura a sorte,
Seguro as mãos do nada
E teimo na alvorada
No pouco que conforte.
27
Milagres desta vida
Aonde a sorte dita
E quando mais bendita
Deveras não acida
Nem mesmo se duvida
Do quanto necessita
A pedra mais bonita
O canto se lapida
E gera esta esperança
E nela a voz se lança
Buscando outro momento
No gozo desta festa
Enquanto nada resta
O manto mesmo invento.
28
Cantando muito além
Do mar que desejava
Em onda forte e brava
O corpo não contém
Sequer um novo alguém
Que esta alma desejava
Rompendo algema e trava
Galgando e sabe bem
Do gozo mais perfeito
Aonde agora deito
O sonho mais audaz,
A noite se incendeia
Enquanto esta sereia
Aos braços, já me traz.
29
O risco de sonhar
Na lenda mais suave
E quando nada agrave
O passo rumo ao mar,
Pudesse adivinhar
Voar e ser uma ave
Sem medo e sem a trave
Diverso libertar,
Um louco passageiro
Do amor aventureiro
Nas ânsias desta vida
Mergulho nos teus braços
E sinto em teus cansaços
A sorte bem provida.
30
Sofrendo sem saber
As causas desta dor,
Aonde quer que eu for
No raro amanhecer
Nas lendas do prazer,
Nas ânsias deste amor,
Um rito redentor
Ou tudo irá perder
Num insensato passo
O quanto me desfaço
Ou faço em ilusão
Transcorre sem defesa
E sendo agora presa
Jamais libertação!
31
Quando é preciso amar
Além do que talvez
Pudesse de uma vez
Ainda navegar
Vencendo céu e mar
Gerando o que se fez
Total insensatez
Decerto a nos tomar,
Outonos dentro da alma
A vida não acalma
Tampouco aclara a sorte,
Mas tendo quem me espera
A luz se regenera
Quem sabe até conforte...
32
Olhando da janela
Escadas entre luas
Delírios, beijos, ruas
E a vida se revela.
Assino a clara tela
Neons onde flutuas
E tanto além atuas
No quanto em vão se atrela,
Seguindo cada passo
O todo quando traço
Permite outro caminho,
Abraços entre esquinas
E assim mal me dominas
Já não estou sozinho.
33
Olhando para os céus
Em arcos mais diversos
Os brilhos vão imersos
Intensos fogaréus,
Os cortes, outros véus
Os riscos mais perversos
E além dos meros versos
Os dias são incréus.
Restando dentro em pouco
O tanto quanto louco
Ainda procurara
Na vida algum alento
E quando aquém me vento
Percorro a vã seara.
34
O toque mais sutil
O riso mais atroz
O quanto fora foz
E nada mais se viu
Senão este gentil
Caminho em atos, nós
E tento sem algoz
O todo onde serviu
Depois de nada ter
Do quase desprazer
Amanhecer em paz,
Olhando para trás
Minha alma satisfaz
E tenta até querer.
35
Amar quando não posso
Ou mesmo poderia
Singrar a fantasia
E nisto o rumo é nosso
Aonde já me aposso
Ou tento em sincronia
A voz em melodia
O todo já me adoço
E nada mais do farto
E nisto me reparto
Vagando sem destino,
Enquanto em sangue e luta
O passo não reluta
O fim eu determino.
36
Entendo o quanto pude
Vibrando em ar e luz
E tanto se me opus
Perdera a juventude
E nesta já se ilude
Quem tanto mais propus
Vencer a contraluz
Mudando de atitude,
Rascunhos deste canto
Aonde eu me garanto
Ou mesmo perco o rumo,
O verso nada dita
A sorte, o mundo a dita
E em todo vão me esfumo.
37
Empresto alguma luz
A quem se intera e quer
Saber do que puder
E farto se seduz,
Vencera a minha cruz
E nela sem qualquer
Delírio que vier
O parto não compus,
Vestindo a velha sorte
E nada mais comporte
O todo que sou eu,
Resvalo no vazio
E quando desafio
O mundo se perdeu.
38
Não quero da verdade
O quanto poderia
Vencer a hipocrisia
Aonde se degrade
O rumo rude invade
E mata a poesia,
Singrando esta ironia
Rompendo cais e grade,
O corte, o porte o fim
Início é sempre assim
E dane-se o final.
Bebendo a velha face
E nela sempre grasse
O risco em ritual.
39
A santa melodia
A noite não traçara
Senão a lua clara
E nela a poesia,
Pudera sem sangria
Singrar esta seara
E quando se escancara
Em risco e fantasia,
Quebrando cada prato
Agora não maltrato
Quem tanto maltratei,
Voltando ao meu começo
O quanto não mereço
Ainda encontrarei.
40
A sede de sonhar
O sonho dessedenta
E nada da tormenta
Adentra este luar,
Aonde navegar
Se eu tenho quem alenta
Ou mesmo mais sangrenta
A cena a me tomar.
Resvalo no futuro
E bebo do passado,
O corte sonegado
O salto neste escuro
Beleza se endeusando
Em dia manso e brando.
41
Viver a fantasia
E ter um novo alguém
Que possa fazer bem
A quem tanto queria,
Vencer esta agonia
E quando a noite vem
Saber deste também
A quem desejaria,
E como fosse a vida
Beleza resolvida
A cada passo enquanto
Amando sem fronteira
A sorte derradeira
E nela eu me garanto.
42
Se sozinho estarei
Vagando noite afora
Buscando sem demora
Em qualquer canto ou grei
E nisto eu estarei
Aonde a lua aflora
E tanto se decora
O amor que procurei,
Vencendo os meus tormentos
Libertos pensamentos
Alçando etéreo céu,
O mundo se desvenda
Além de qualquer lenda
E gira em carrossel.
43
Vencer o meu caminho
Em luas fartas, claras
E quando tu declaras
A rosa além do espinho
O corte mais daninho
Aonde não preparas
Senão belas searas
Gestando o nosso ninho
A vida não tem pena
Assim já se envenena
E traça em descompasso
O mundo noutra face
Aonde nada trace
Enquanto me desfaço.
44
Um beijo tão gostoso
Morena necessito
E quando mais aflito
Maior será meu gozo,
Vivendo majestoso
Caminho tão bonito
Assim amor é mito
E nele mavioso
Delírio se desenha
Sabendo sorte e senha
Não tendo quem sossegue,
Vergando ao peso imenso
Do enquanto quando penso
E nada mais renegue.
45
O passo rumo ao quanto
Puder ou não teria
Senão esta alegria
Aonde me garanto,
O tanto que me espanto
A noite sendo fria
A vida não traria
Somente o mesmo canto,
Restando dentro em nós
O mundo em sua foz
Altivo e bem mais claro,
Resumo deste mundo
E nele me aprofundo
Enquanto o amor; declaro.
46
Não deixo para trás
Sequer a marca quando
O dia se formando
Em passo mais tenaz,
Buscando a minha paz
O tempo transformando
O canto inebriando
E nele o som audaz
De quem pudesse e tenta
Em noite violenta
Teimar em serenata,
A lua se derrama
Imensa e bela trama
E assim plena maltrata...
47
Tanta felicidade
Pudesse ter em mim
Imagem do sem fim
E nisto sempre agrade
Quem vence tempestade
E gera outro jardim,
Vagando de onde vim
Além desta cidade,
Restando esta esperança
E nela a vida alcança
Bem mais do que pudera,
O corte noutro rumo
Enquanto não me aprumo
Ausento a primavera.
48
Imagem mais bonita
De quem se fez além
E tudo se provém
Do quanto necessita
A sorte noutra dita
O gozo segue aquém
E quando a noite vem,
Resumo e se acredita
Na fúria que apascenta
Embora vá sangrenta
A manhã solitária,
O manto que recobre
A lua bela e nobre
Em luz incendiária.
49
Existe neste poço
O quanto pude ou menos
E sei quanto serenos
Vivendo o que remoço
E digo do destroço
Exposto em tais venenos
Os dias tão pequenos
O risco sendo nosso,
Ouvindo a voz do vento
E quando além invento
O riso ou mesmo a dor,
Pudesse nesta senda
A sorte que se estenda
Além de qualquer flor.
50
O risco de sonhar
O gozo na promessa
Aonde se tropeça
E vaga sem pensar
No todo do luar
Ou quando se endereça
O peso já confessa
Quem sabe e quer amar,
O parto, o pranto o medo
E tanto me concedo
Enquanto quero a voz
De quem se fez ausência
E gera outra clemência
Em gozo mais atroz.
51
Teu verso faz de mim o teu anseio
Imagem que constróis e te encanta
Do amor que te envolve e se agiganta
Doando-se a ti sem mais receios...
Abrindo as portas do imaginário
Envolvo-te em meu verso e poesia
Te trago todo amor, muita alegria
E faço do amor nosso cenário.
Em versos tu mergulhas em meus mares
Navega pelas águas dos amares
Desvendas as comportas de minh'alma...
Em versos alço voo ao infinito
Buscando o teu poema mais bonito,
E sinto do amor, a tua calma!
HELENA GRECCO
Encontro no teu cais minha alegria
Certeza deste mar que existe em mim,
Vivendo esta beleza até o fim
O templo com ternura se ergueria
O amor entre delírio e fantasia
Gestando a maravilha diz enfim
Do quanto poderia e vive assim
Criando o quanto tento e poderia,
Arcando com meus sonhos sigo além
E quando a noite chega e a lua vem
Prateia este arrebol como um olhar
Divino desta a quem desejo e canto,
O amor desvenda e dita com seu manto,
Sobeja maravilha enfim sem par...
52
Ainda não pudesse em teus segredos
Saber dos meus desejos, meus anseios
E quando procurando novos veios
Inversos caminhares morrem ledos,
E beijo os meus caminhos, desenredos
E tanto procurando em belos seios
Desenhos entre tantos mais alheios,
Sorvendo a fantasia além dos medos.
Resumo a minha voz em canto e prece
E quando ao sonho farto se obedece
Tecendo em desvario a nossa luz,
O parco delirar passado e vago
Agora num momento claro trago
E nele cada sonho se produz.
53
Falando da verdade que se entranha
E bebe cada gota da esperança
Aonde a minha voz ainda alcança
Gerando muito além desta montanha
Percebo o meu caminho em nova sanha
E tanto quanto possa esta mudança
Gestando a mais sublime confiança
E nela esta certeza agora ganha
Olhando para os céus por onde outrora
A sorte noutra face ainda aflora
E beijo esta beleza em rara fronte,
No quanto amor nos guia e nos comove,
O tempo a cada dia mais comprove
O tanto aonde o mundo já me aponte.
54
Sonhando com teu colo, corpo invento
Um novo amanhecer em paz sublime
E toda a fantasia se redime
O amor transforma em paz o pensamento,
Não quero mais sentir o sofrimento
A dor talvez jamais em mim se esgrime,
Tampouco esta ilusão sonho reprime
Sorvendo esta alegria em provimento,
A deusa já desnuda em minha cama,
Carinho entre carícias sempre clama
E dita o meu futuro a cada instante
E nesta maravilha a vida imersa
Sem medo do que ainda se dispersa
O passo se ilumina doravante.
55
Declaro em verso e canto o meu querer
E nada do que pude no passado
Ainda vive em sonho imaginado
Matando pouco a pouco este prazer
A vida adentra e toma todo o ser
Gerando outro caminho em alto brado,
Marcando com ternura o que era enfado,
Permite um claro e belo alvorecer.
No tanto quanto pude ou mesmo até
O amor vivendo assim e sabe que é
A redenção de quem se fez alheio,
O manto recobrindo a nossa pele
Enquanto ao tanto ou mais doma e compele
Transforma esta alegria em raro veio.
56
Olhando para trás
O tanto quando pude
Ou mesmo não ilude
Gerando enfim a paz
No corte mais tenaz
A sorte em atitude
Aonde nada mude
E tento ser audaz,
O farto, o fado o mote
O nada se desbote
O quanto ainda brilha
Seguindo cada passo
E nisto um mundo traço
Sobeja maravilha.
57
Não quero esta mentira
Tampouco esta ilusão
Os dias não serão
Sequer o que se tira
Do quanto se prefira
E vejo desde então
A morte em redenção
E nela acesa a pira
Porquanto em temporais
Ausentam vários cais
E nada se criara
Somente esta esperança
E nela a dor avança
Gerando em nós a escara.
58
O quanto contamina
A vida em dor e medo
Ao todo me concedo
E sei desta menina
Que tanto me fascina
E quando assim procedo
Sabendo desde cedo
Do amor que determina
A sorte mais audaz
E tanto se me faz
O manto mais sobejo,
Beber a claridade
E tudo já me agrade
No tanto que desejo.
59
Na boca em carmesim
O beijo prometido
Acende esta libido
O fogo intenso em mim,
O gozo e o mesmo fim
Aonde concebido
Prazer é construído
Num mar que sei assim
Apenas sem vergonha
O quanto já se sonha
E dita o meu querer,
No tempo sem juízo
O toque mais preciso
Garante o meu prazer.
60
A nua deusa então
Em minha cama agora
O sonho nos devora
E traz nova estação,
As luas que virão
O corte a fonte a flora
O beijo sem demora,
O tempo em tal tesão,
O corpo em tais entregas
As mãos seguindo às cegas
Encontram locas, grutas,
Os lábios nos teus seios
Adentram raros veios
Em ânsias mais astutas...
61
Podendo ou não lutar
Enquanto inda mentisse
Ou mesmo em tal tolice
Vivesse qualquer mar
E quando mergulhar
Além do quanto visse
Ou nada perseguisse
Em tosco e vago mar,
Pudera noutra face
O quanto ainda trace
Em verso ou contraluz
No todo desvendado
O corte, o medo e o brado
A sorte não produz.
62
Os seios mais bonitos
A deusa em minha vida
O quanto preferida
Em tempos infinitos
Regendo os velhos ritos
Ou mesmo não duvida
Entranha esta avenida
E nela os tons aflitos
De quem se fez aquém
Do todo que contém
Ou nada poderia
Seguindo tresloucado
O tempo inebriado
Em louca e tensa orgia.
63
Desnudo a minha pele
E tanto quanto pude
Viver cada atitude
Aonde amor atrele
E assim a vida sele
Com sonho em plenitude
Ou quando ali se ilude
O manto se revele,
Ascendo ao mais que tento
E sigo em movimento
Quadris maravilhosos,
Servindo como posso
Ao quanto sei que é nosso
O mundo em raros gozos.
64
Eu quero esta divina
Beleza junto a mim,
A boca carmesim
A sorte cristalina
E nada mais domina
A fúria quando eu vim
Traçar amor sem fim
E nele cada mina
Resulta neste orgasmo
Aonde sem sarcasmo
Espasmos mais constantes
E tanto quanto quero
O amor pleno e sincero
Eu sei que me garantes.
65
Erótica surpresa
Entoas quando cantas
E logo me agigantas
De ti eu sou a presa,
Vestindo esta certeza
Em claras belas mantas
E nestas me adiantas
A vida em tal beleza
Nobreza em forma lúbrica
A cena sempre lúdica
E nela com ternura
Beber cada explosão
Diversa sensação
Do amor que se depura.
66
Minha cama pega fogo
Toda vez que te encontro
Tu a cada dia mais fogoso
A cada dia mais me espanto
JGELIS
Deliro em nossa cama
Enquanto em gozo e festa
Penetro cada fresta
Aonde amor reclama
E digo e já se exclama
Aonde a sorte empresta
A vida desembesta
E acende etérea chama
No gozo mais sutil,
O amor quando nos viu
Sem medo e sem pudores
Translada em maravilha
O quanto já polvilha
Em riscos sonhadores.
67
Venho aqui bem de mansinho
Pra te fazer uma surpresa
Pra te chamar de amorzinho
Deixar tua brasa bem acesa
JGELIS
Acendes com teu fogo
Fogueiras do desejo
E quando já te vejo
Jogando o mesmo jogo
Sem medo, prece ou rogo
Num louco e raro ensejo
O todo em ti lampejo
Os medos eu revogo,
E adentro sem defesas
As ânsias em surpresas
E prezo cada instante
Aonde nada além
Do quanto nos contém
O pleno se garante.
68
Com teu olhar vesti a lua
Fiz o céu resplandecer
Senão me quiseres toda nua
Com certeza vou morrer
JGELIS
Eu te quero desnuda
E sei do quanto é nosso
O gozo que ora endosso
Enquanto não se iluda
A sorte nos ajuda
E bebo enquanto posso
E assim de tudo aposso
Em noite onde se acuda
A porta já se abrindo
E assim contigo brindo
Um lindo caminhar
Delírios sensuais
E quero e sempre mais
Até já nos fartar.
69
Desejo e não me canso de querer
Mata a minha sede junto a ti
O amor quando demais eu percebi
Trazendo em tal loucura este prazer
Cenário mais gostoso posso ver
E nele toda a sorte eu descobri
Em cada novo instante me embebi
Até quando puder me entorpecer,
No gozo anunciado outro momento
E nele com loucura me alimento
Gerando cada vez um novo sonho
E sendo insaciável noite afora,
A fonte sem limites nos devora
Além do que pensara eu te proponho.
70
Penetro estas defesas e me entrego
Sem medo e sem saber qualquer limite
Aonde mais e mais se necessite
O gozo alimentando o corpo e o ego
E quando sem fronteiras eu navego
Não tendo mais sequer onde acredite
Num tempo aonde tudo se permite
Eu vivo este delírio e me encarrego
Do todo em mais sublime maravilha
Ousando no teu corpo, cada trilha
Desvendo os teus segredos e sou teu,
O amor quando não mede conseqüências
E traça por si mesmo as imprudências
No quanto meu caminho se perdeu.
71
Teu corpo junto ao meu; noite em furor
A deusa se desnuda e já profana
A santa se transforma em soberana
E toma a minha cama sem pudor,
No altar feito em loucura e pleno amor,
Aonde se mostrando mais sacana,
Reinando sobre as ânsias nada engana
E trama com delírio redentor,
No quanto nua vejo esta princesa
E nesta maravilha a realeza
Entrega sem fronteiras nem temores,
Seguindo cada passo aonde fores,
De ti nesta caçada sou a presa
Em gozos magistrais raros andores.
72
Pudesse sem limites ter em ti
O gozo magistral em noite intensa,
E quando em teu prazer a recompensa
Sobeja que também eu descobri,
Na fúria em correnteza te sorvi
E bebo desta noite onde compensa
A sorte desejosa outrora tensa
Agora em magnitude eu concebi.
Querendo cada vez te ter comigo,
O todo que se entranha ora persigo
Numa explosão divina em majestade,
Altares mais sacanas e profanos,
Os ritos arrancando nossos panos
Enquanto esta loucura nos invade.
73
Sensualidade intensa à flor da pele
Vontade de poder te saciar
E quanto mais desejo sempre amar
Prazer que em tal prazer sempre compele,
Teu corpo no meu porto já se atrele
E saiba como é bom o naufragar
Nas ânsias mais intensas e tocar
A eternidade aonde o todo sele,
Vagando sem destino, seios fartos,
Delírios entre salas, copas, quartos,
Na cama, lama chão aonde for,
Vibrando nesta uníssona loucura
O quanto deste gozo se procura
Gerando o mais superno e claro amor.
74
Desejos entre anseios noite afora
E bebo cada gota do teu gozo
Divina deusa em tom maravilhoso
Aonde o meu prazer penetra e ancora,
A fúria sem defesas desde agora
E neste caminhar tão caprichoso
O rito mais audaz, delicioso
O tempo se traduz enquanto aflora
Em teu orvalho sobre estes lençóis
Refletes com delírios fartos sóis
E geras quando ganhas mil loucuras
Desvendo este mistério dito amor,
Sem nexo, sem temor e sem pudor
Enquanto sem limites, me procuras.
75
Jamais me perguntando sequer onde
O tempo não sacia esta vontade
O sonho se transforma em realidade
E o gozo com prazer vivo responde,
E neste caminhar em soberano
Delírio nada cessa nem sossega
O corpo na sobeja e rara entrega
Num ato tresloucado e até profano.
Tocando os rijos seios, mansamente
Descubro em tuas furnas o querer
E o tanto desejado a se escorrer
Aonde minha fúria dessedente
Ocasionando em nós a imensidão
Num ato em consonância esta explosão.
76
Já não comportaria mais sequer
Um toque que não fosse audacioso,
O corpo desnudado, mavioso
Deidade em forma bela de mulher,
E tendo na verdade o que se quer
Bebendo este caminho fabuloso,
Rendido ao mais sublime e caprichoso
Desejo de se viver o que vier,
Restando dentro em nós total loucura
Meu todo se sacia na procura
De quem em sequiosa divindade
Abrindo ternas pernas dita a senda
Aonde o paraíso se desvenda
Enquanto inunda em rios, umidade.
77
Querido, tantas vezes eu te quis
E sinto quando rijo este desejo
O tanto quanto quero e até prevejo
Final maravilhoso e mais feliz,
A vida tem no sonho o chamariz
Meus seios em teus lábios raro ensejo
E o tanto que te quero e já prevejo
Orgástica loucura em chafariz,
Conjunto em magnitude o frenesi
E nele todo o bem que percebi
Gerado pelo gozo mais audaz,
E assim a nossa noite se transforma
Dos sonhos eloqüentes toma a forma
E eu adormeço enfim, em plena paz.
VL
78
Amar-te e ter decerto esta certeza
De um dia mais fantástico e num gozo
O mundo que pensara doloroso
Agora segue em nova correnteza,
E quanto mais a ti minha alma presa
Verdade me transporta em majestoso
Delírio sempre mais audacioso
Viceja em nós a lua em tal pureza,
Desnuda em brônzea tez a deusa eu pude
Beber com tal furor em plenitude
Desvendando segredos entre tantos,
E entregue aos teus desejos, sou cativo
Do amor se pelo qual eu sobrevivo
Sorvendo sem limites teus encantos.
79
Ardentes noites onde pude ver
O mar imenso feito em gozo e festa
A lua penetrando cada fresta
Deixando esta nudez já se antever
E posso em desvairado e bom prazer
Sentir o quanto a vida agora empresta
No todo onde a verdade ora se atesta
Mergulho sem defesa e posso crer
No máximo que é feito este caminho
Aonde com certeza um bom carinho
Acende a brasa inteira e trama em pira
Furores sem limites, noite afora,
A sorte caprichosa nos devora,
Meu corpo no teu cais em paz se atira.
80
Arcando com loucuras, nada mais
Que tantas noites; bebo calmamente
O quanto de prazeres se apresente
Em gestos tão sobejos, rituais.
Vestindo a maravilha em dias tais
Verdade aonde o sonho já freqüente
E toma sem pudores, corpo e mente
Moldando com delírios divinais,
As horas em amores construídas
Gerando com ternura nossas vidas
Urdindo um campo bom onde se ceva
A generosa e farta fantasia
Aonde meu delírio se extasia
Negando o que pudesse antiga treva.
81
Açoda-me a vontade de saber
Aonde desfrutar tanta fartura
E quanto mais entregue à tal loucura
Seara mais sublime diz prazer
O rumo que consigo conceber
Transcende ao que decerto se procura
E nesta noite intensa, com brandura
O sol reina e se deixa perceber,
A lua se embebendo em tal fulgor
Testemunhando assim o nosso amor
Adentra e te desnuda totalmente
E grávida de luz superna e linda
Com teu prazer agora à sorte brinda
Enquanto o amor se mostra e assim se sente.
82
Pecado é não saber do quanto é nosso
O rumo sem juízo e magistral
Ousando neste raro ritual
O todo em tal prazer querendo aposso,
Refaço a minha vida e assim adoço
Bebendo o teu suor delírio e sal,
E quanto mais diverso e sensual
Desejo pelo qual eu sei que posso
Vencer as discordantes agonias
E ter entre meus laços o que urdias
Gestando em claridade e plenitude,
Até que num momento abençoado
O mundo no teu ventre enluarado
Demonstre tanto amor bem mais que pude.
83
Não posso resistir ao teu chamado
E quero muito mais que um só momento
E quando junto a ti eu me alimento
Do amor há tanto tempo imaginado,
Não vendo neste fato algum pecado
O todo se mostrando em sortimento
O risco se ausentando adentro o vento
E bebo este delírio desejado,
O cândido caminho feito em luz
E nele todo o sonho que ora pus
Gerando outro delírio aonde a voz
De um sonhador espelha a realidade
Mais alto com certeza já se brade
O canto vivo e inteiro dentro em nós.
84
As sendas mais diversas e sublimes
Adentro com vontade e sem receios
Aflora esta beleza em belos seios
Enquanto nestas ânsias tu redimes
E geras os delírios onde estimes
O mundo em seus dispersos vários veios,
Momentos do passado; mais alheios
E neles outras eras tu suprimes
Gerando doravante esta amplidão
E nela novos tempos mostrarão
O quanto é necessário e bom amar,
Risonha noite enfronha esta vontade
E bebo toda a imensa claridade
Penetras no meu quarto qual luar.
85
O peso de viver noutro momento
Gestara a solidão e nada além
Agora quando a noite calma vem
E nela com certeza me apascento
Vivendo esta alegria e o pensamento
Sabendo que inda existe um novo alguém
Aonde residindo o farto bem
Traçando no meu rumo o provimento
Mergulho sem defesas no teu braço
E quando novo dia agora eu traço
Disfarço os meus rancores, sigo em frente,
E tento caminhar em novo rumo
Enquanto em raro brilho eu me consumo
Bebendo toda a sorte que apresente.
86
Não deixo de querer quem tanto eu quis
E sei que no momento se ausentara
Assim ao reviver esta seara
Percebo que em verdade eu fui feliz,
Querendo cada vez e peço bis
A sorte nesta face se escancara
E o passo rumo ao tanto agora ampara
A vida que julgara por um triz,
Remoço-me ao saber do teu anseio
E quando novo tempo agora veio
Permitindo um caminho mais tranqüilo
Nas belas maravilhas onde vejo
A vida a cada instante em raro ensejo
O sonho entre as estrelas eu desfilo.
87
Jamais eu deixaria de querer
Quem tanto no passado me quis bem,
A vida é tão vazia sem ninguém
Cansado de lutar e de perder,
Agora chega o tempo de colher
O quanto cultivara e sei que vem
A noite em lua clara e sem desdém
Moldando um belo e nobre amanhecer,
Ao menos sou feliz e nada peço,
O todo muito além que um adereço
Refaço a cada verso e quero mais,
Singrando este oceano em luz e brilho
As luzes que me dás tento e polvilho
Em dias e momentos magistrais.
88
Não posso e nem devia mais tentar
Fugir desta vontade e me entregando
Um novo dia eu vejo anunciando
A imensa claridade em luz solar,
Bebendo esta loucura e me entranhar
Num ar suave e mesmo bem mais brando,
O quanto desejara desde quando
Há tanto aprenderia em ti o amar.
Gerando outro caminho aonde a luz
Com toda a magnitude me conduz
E leva aos braços teus, rara beldade,
A sílfide divina se entorpece
Aos sonhos de um amor, pois obedece
Enquanto a vida plena nos invade.
89
O todo se aproxima em tal cenário
E gera novo sonho aonde eu tento
Viver em alegria o sentimento
Sem ter ou mesmo crer num necessário
Delírio feito em tom imaginário
Já que deveras tenho este alimento
No amor que a cada instante mais fomento
Um ato tão sublime em brilho vário.
Vagando por teus portos, cais e furnas,
Enquanto num desejo vens e enfurnas
Por tantos devaneios noite afora,
O gozo se aproxima em erupção
E vejo em teu olhar transformação
Na fúria magistral que enfim se aflora.
90
Fazendo deste amor bem mais que credo
Altares entre chamas, labaredas
E quanto mais prazeres me concedas
Sabendo desde já cada segredo,
Meu corpo no teu corpo mesmo enredo,
E quando se percebe em mim enredas
Também tantas loucuras enveredas
Deixando o sofrimento alheio e ledo.
O quanto deste canto nos sacia
E gera novamente a fantasia
Aonde nada cala a nossa voz,
Em afluência beijo cada margem
Vislumbro esta sobeja paisagem
Até ver no rocio comum foz.
91
Teu corpo dessedenta
Aonde o meu se entranha
E assim vale e montanha
Delírio em tal tormenta
Aonde se apresenta
A sorte que é tamanha,
Perfaz divina sanha
E nela se apascenta
A fúria de nós dois
Agora e até depois,
Num jogo sensual,
Não tendo vencedor
Brindemos ao amor,
Num gesto pactual.
92
Não deixe que se acabe
O todo desejado
E agora desvendado
No todo onde nos cabe,
Não vejo se desabe
O gosto anunciado
Sem rumo e sem pecado
Aonde nada gabe
Senão esta ventura
E nela tal ternura
Decifra mais que tudo,
O gozo em festa e brilho
Por onde agora eu trilho
E sei jamais me iludo.
93
Não posso e nem pretendo
Sentir além do todo
Aonde fora engodo
Apenas um remendo
Agora em estupendo
Caminho em lama e lodo,
E quando assim te fodo
O tempo se rendendo
Ao farto deste gozo
E nele em plena paz
O todo mais audaz
Em tanto frenesi,
Orgasmos repetidos
E neles refletidos
O quanto bebo em ti.
94
Teu clitóris num belo
E bom anseio eu toco
E quando desemboco
Num mundo onde revelo
O quanto sei castelo
E ali mirando o foco,
O amor que vivo in loco
Enquanto em ti me atrelo,
Quadris tão generosos
Movimentos fogosos
E a gente não sacia,
Assim ao repetir
O todo que há de vir
Até raiar o dia.
95
Num ato em que carnal
O paraíso eu vejo,
Semente do desejo
Adentro em teu quintal
E quero sensual
O amor a cada ensejo,
E nele este azulejo
Feliz, consensual.
Sorvendo então teus sumos
E neles os meus rumos
Caminhos da loucura
Entranho tal vereda
E nela se conceda
O bem que nos tortura.
96
Em êxtase sublime
A fúria em dentes, unhas
E quando mais supunhas
O tanto que se estime
As luas que me trazes
Desnuda em maravilha
E em ti amor palmilha
Em gestos mais audazes,
Cavalgas noite afora
E sendo o teu corcel
Eu vibro com o céu
Aonde a luz ancora
E beijo o teu prazer
Gostoso de beber.
97
Se furiosamente
O corpo não pergunta,
O quanto nos ajunta
E muda de repente
O todo neste instante
Delírio em fogo e brasa
A vida não se atrasa
Nem perco doravante
O rumo descoberto
Em furnas, tocas, grutas
As noites mais astutas
Os medos eu deserto,
Em gozo e plenitude
Amor jamais ilude.
98
O tanto aonde eu possa
Viver sem preconceitos
Em dias satisfeitos
A sorte sendo nossa,
O quanto já se roça
A pele toca em pleitos
E quando são bem feitos,
Os sonhos, gozo adoça.
Requebros em quadris
E agora mais te quis
Do que jamais quisera,
Desvendo teus mistérios
E as noites sem critérios
Renovam primavera.
99
O tanto quanto quero
Ou mais até que pude
No todo a plenitude
Jamais em tom austero,
O tempo onde tempero
O amor que se saúde
O corpo não ilude
Num gozo mais sincero,
Inundações à vista
Não tendo quem resista
Ao fogo em louca frágua
Um gêiser se mostrando
Em ti já derramando
Incêndio se deságua.
100
A boca sem apelo,
A bunda magistral
Suor em gozo e sal,
Delírio em rijo grelo,
O tanto sem desvelo
E nele sensual
Caminho sem igual,
Com todo amor e zelo,
A xana aberta em fúria
Sacramentando a incúria
Que gera esta loucura,
Enquanto te penetro
Recebo o céu e o cetro
E esta explosão perdura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário