sexta-feira, 29 de abril de 2011

1

Deitado sobre as ondas tenebrosas
Dos mares que procuro noutro encanto
O verso quando muito não garanto
Pousando em sendas rudes, pavorosas
Aonde poderia crer em rosas
Apenas se percebe o desencanto,
E quando na verdade o sonho espanto
As tramas possam ser mais odiosas.
A vida não permite que se sonhe,
E quanto mais deveras já se enfronhe
Nos ermos de minha alma mais sombria,
Somente em fortes brumas espessando
O tempo mais audaz, mesmo nefando
Marcando com terror o dia a dia.

2


Espíritos malignos; erma casa
A vida reproduz a demoníaca
Vontade que pudera até maníaca
E sei que na verdade tudo atrasa,
O tempo noutro instante se defasa
A luta que se faz afrodisíaca
A dor incomparável, vã, cardíaca
E o término do sonho nos abrasa.
O verso sem vontade e sem ternura
A face mais cruel hoje perdura
E trama o fim do jogo, tão somente,
O quanto poderia e não viera
Expressa a solidão da amarga fera
Que tanto quanto fere não desmente.

3


Pecados entre enganos, erros, sonho...
Vontade de lutar e sem sentido
Ousando noutro tempo repartido
E quanto mais audaz, nada proponho,
Apenas o que possa recomponho,
Num erro muitas vezes dividido
E sei do meu caminho e dilapido
O todo num instante mais bisonho.
Jogado sobre as pedras sobre espinhos
Os dias são deveras mais daninhos
E os termos costumeiros ditam medo.
O quanto poderia acreditar
Não tendo nem sequer onde aportar
Traduzem cada engano onde procedo.

4


No errático cenário aonde a vida
Pudesse me trazer novo momento
O quanto sem saída busco e invento
Da sorte tantas vezes distraída,
Vencendo o que restara, se duvida
Do canto feito em luto, raro vento,
E bebo tão somente o sofrimento
Gerando pelas mãos, luz dividida.
Já nada caberia noutro passo
E quando na verdade o que desfaço
Expressa muito além do que mais pude,
O verso sem razão e sem sentido
O tempo noutro instante resumido
Deixando este cenário atroz e rude.

5


As horas que pudesse; vaporosas
O tempo se fazendo em dor e medo,
A vida da esperança um arremedo,
Histórias em estradas pedregosas,
Ousasse penetrar em caprichosas
Verdades, mas sabendo tal segredo
O quanto me restara mal concedo
E sei das dores tantas, venenosas.
Apenas caminhasse contra o vento
E o tanto quanto quero, busco, invento
Transforma o dia a dia num inferno,
Nas tramas mais sutis da primavera,
A senda se transborda e nos espera
Enquanto nos teus braços eu me interno.

6



Errantes noites vagas, temporais
E os olhos procurando qualquer sonho
Aonde o que pudera mais proponho
E vejo da esperança seus sinais,
Encontro novos dias, sempre mais
E tento acreditar no que componho,
Vencido caminheiro onde bisonho
Espero novos tempos, desiguais.
Jamais eu poderia ter em mente
O quanto se percebe e se desmente
Na luta sem descanso, paulatina,
A vida que tentara ser diversa
Ao mesmo tempo luta, vence e versa
Enquanto com certeza me fascina.

7


Vagas noites dizem do passado
Que tanto fora um sonho e nada mais,
Apenas encontrando em rituais
O tempo que pudesse desejado,
O mundo noutro tom entrelaçado
Os dias que queria atemporais
Agora se perdendo sem jamais
Viver o que pudera lado a lado.
Navego nos teus mares: liberdade,
O tempo se transforma em claridade
E o verso se aproxima do meu fim,
O tanto quanto quero se moldando
O canto noutra face desde quando
O amor que inda tentara existe em mim.


8


Incensos da esperança casa afora
O verso traduzindo novo dia
A luta que se tenta poderia
Trazer a poesia que decora,
O sonho que deveras já se aflora
O rumo em noite clara e fantasia,
O tempo se desenha em alegria
E o canto sem temores não demora.
Apenas sigo o sonho e vou em frente
Vagando contra a sorte e num repente
Traduzo em plena paz o quanto quero,
Vivendo sem temor o que não veio,
Tramando cada dia em vão receio,
Pudesse ser deveras mais sincero.


9

Quando em sonho desenho tua face
Constelações diversas; noite clara
A lua ressurgindo se declara
E molda o que pudesse e já se trace,
Não tento caminhar vencendo impasse,
Tampouco o que tentasse se escancara
Gerando novamente o que me ampara
No tempo que em verdade se mostrasse,
Restando muito pouco do que fora
A vida noutra senda sofredora,
Agora se permite algum clarão,
E vivo sem temor o dia a dia
A sorte em avidez se moldaria
Marcando da esperança a direção.

10


Errantes noites vagam céus afora
E tento desvendar cada mistério
Do quanto poderia em teu império
A fonte que deveras nos devora,
O tempo sem temores se demora,
A vida segue enfim sem ter critério,
Não quero mais frieza de minério
O sol em plenitude nos decora.
Reparo muito bem e nada vejo
Somente cada fase num lampejo
E tento outro cenário mais suave,
Mas quando a sorte dita o meu futuro
Apenas o que possa configuro,
Liberto coração, já nada entrave.




Os sonhos mais dolentes noite afora
Os rumos que procuro e nada vejo,
O tempo mais atroz, quando pelejo
A fúria pouco a pouco me apavora.
E sei do que pudesse sem demora
Ousando na verdade num lampejo,
Marcado pelo instante onde prevejo
O quanto desta vida nos devora.
Restauro cada passo rumo ao tanto
E sei do que pudera e até garanto
Momento mais feliz, embora siga
Vencido caminhante do passado,
O sonho com certeza mesmo alado
Traduz o que tentara e não em abriga.

12


Supremas melodias que ouço enquanto
A vida se permite noutro passo,
E vago com certeza cada traço
Que possa desenhar o que garanto,
Não quero e nem pudera e me adianto
Enquanto noutro instante me desfaço,
Ousando acreditar em ledo espaço,
O verso traz apenas velho canto.
E bebo sem sentido o que viria,
Tentando acreditar na poesia
Meu ópio, meu caminho e vã desdita
A sorte que deveras necessita
O tempo na verdade não traria
Nem mesmo na esperança se acredita.

13


Harmônicas loucuras; sonho em vão
Tentando acreditar no que se possa
Trazendo esta verdade feita em troça
Vivendo a mais diversa divisão,
Não tento acreditar e nem virão
As sortes onde a vida fora nossa,
A morte pouco a pouco já se apossa
E toma deste barco a direção.
Um velho timoneiro sem descanso,
O quanto poderia e não alcanço
Expressa a falta atroz que amor me faz,
Não quero qualquer passo mais diverso
E bebo a sensação do velho verso
Que um dia imaginara ser da paz.

14


Não pude acreditar no que se tente
Vencendo o dia a dia mais cruel,
Ousando penetrar em rubro véu
O mundo se transforma plenamente,
O verbo que se molda penitente,
O vento noutro tom invade o céu,
E bebo o meu caminho em carrossel
Tomando o que restara desta mente.
O medo não traduz o quanto pude
Viver em tempo atroz e bem mais rude,
Restando dentro da alma este vazio,
O canto a cada encanto poderia
Traçar somente a luz em fantasia
Deixando para trás tempo sombrio.

15

Não tento imaginar outro momento
E sei da minha torpe sensação
Das noites mais amargas que virão
Ousando penetrar em forte vento,
E quando novo rumo agora invento,
Vestindo a mais amarga solidão,
Espero novamente a dimensão
Do tanto quanto possa e desalento,
Pousando no meu mundo mais atroz
Ninguém escutaria minha voz
Sequer a claridade enfim veria,
O quanto se mostrara mais diverso
Expressa o que decerto desconverso
Matando pouco a pouco a fantasia.

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