segunda-feira, 16 de maio de 2011

1

No desejo infinito de te ter
Entre sonhos diversos, meu engano,
Porquanto na verdade se me dano,
No fim não restará sequer prazer
Do quanto na verdade mais quis ser
E a vida com seu ar duro e profano
Criando este abandono, traça um plano
Contrário ao que pudera conceber,
O velho coração em apatia
O tempo se reduz ao que não via
E na avidez do encanto se desfez
A morte sinaliza de tal forma
Que todo o meu cenário se deforma
Neste desejo feito insensatez.

2

Verter nosso prazer em caudalosas
Vontades num momento irradiante,
O tempo na verdade não garante
Nem mesmo primavera traz tais rosas.
O quanto se deseja em majestosas
Loucuras nada mais já se adiante
E sei do que pudesse doravante
E tanto quanto podes; caprichosa.
A luta se desenha de tal sorte
Que nada mais deveras nos conforte
Somente esta vontade insaciada,
A luta se anuncia mais febril
No instante que este amor já se reviu
Moldando num momento nossa estrada.

3


Não quero ter pudores ao dizer
Do quanto nosso mundo possa além
Da vida que decerto já contém
Imensidão desnuda em tal prazer,
O que inda poderia mesmo ver
Disfarça sem sentido o que detém
O passo modulando o raro bem
Que um dia tentaria conceber,
Nas tramas desta insânia sigo logo
E quando de esperanças vãs me afogo
Presumo o fim do jogo, mas tu vens
Tomando com firmeza este timão,
E doma a mais diversa direção
Transformas dias rudes; raros bens...

4

Ardendo neste jogo em fogaréu
O tento mais perfeito em harmonia
O verso que pudera e não se via
Translada para a terra todo o céu,
Vagando como fosse um carrossel
O sonho dita o tom da fantasia
E traça o que tentara em alegria
Desfolha da esperança último véu.
E sei do quanto é rude a caminhada
De quem sabendo as curvas desta estrada
Desata os velhos nós de um mau destino,
O canto se anuncia noutro espaço
O que teimara em ver se eu mesmo traço
O corte se aproxima e me alucino.

5


Do amor que a gente faz, sem mais juízo
O todo se entranhando dentro em mim,
O verso traduzindo o quanto enfim
Tivera num momento mais conciso,
O passo se traduz em tom preciso,
E sei da florescência de um jardim
Vivendo o quanto resta até o fim,
Não importando mais se existe siso.
Revigorando o passo que pudera
Trazer para meus olhos primavera
Versando sobre o tanto que a desejo,
Vestígios do passado? Nunca mais...
Os dias são diversos, mas banais,
O tempo transmudando a cada ensejo.

6


Pudesse enfim te ter, mas nada disto
A vida me permite desde quando
O tempo noutro instante se moldando
Traduz o quanto quero e não desisto,
Mas sei que na verdade não existo
Apenas vou seguindo em contrabando
Ou mesmo noutro instante agora ousando
Aonde quis bem mais e inda persisto.
Jamais eu poderia acreditar
No quanto a vida traz e em tal lugar
O verso se anuncia sem promessa
A vida não teria novo gosto
O olhar desenha o medo e segue exposto
Ao quanto poderia e não começa.

7


Nas sanhas desta vida em tal sentido
O vento não pudera me trazer
Sequer o quanto tento em teu prazer
Ou mesmo mergulhasse num olvido,
O tanto que desejo e não duvido
Moldando toda a sorte deste ser
E traz o quanto veja em bem querer
No fato mais sincero e presumido.
Ousasse penetrar no pensamento
E sei que na verdade estando atento
Talvez até consiga a liberdade
E sei do que pensara em qualidade
Ou mesmo caminhando contra o vento
Tentando adivinhar a claridade.

8


Jamais pudera crer no que viesse
Sem ter qualquer momento venturoso
O tempo se traduz em farto gozo,
A vida traz a trama que enlouquece
A sorte se promete em rara messe
E o verso se mostrara majestoso
O canto tantas vezes desairoso
O fim em descaminho ora se tece.
Vestindo hipocrisias do passado,
O tanto quanto fora anunciado
Morrendo num instante sem ter paz,
Trazendo no meu peito a velha adaga
A morte mansamente quando afaga
A mórbida esperança, enfim me traz.

9


As mãos que te estendera num momento
Enquanto a sorte fosse mais diversa,
Agora quando o tempo tergiversa
O canto vira apenas desalento,
Aonde poderia e sei que tento
Vencer a sensação que em dores versa
Gerando o descaminho vai submersa
Expondo o coração ao duro vento,
Não tive nem teria novo anseio
Apenas o que possa e sei que veio
Reinando sobre os dias mais suaves,
E tendo este caminho feito em paz
Do quanto poderia ser audaz
Embora no final enfrente as traves.

10


Meu canto sem sentido e sem razão
A luta se mostrando com freqüência
Aonde se tentara em eloquência
Perdera da esperança uma noção,
Vagando neste imenso turbilhão
A vida se mostrara em inclemência
Meu passo traz no fundo a penitência
Gerado pelas fúrias de um tufão,
Resumo cada verso no futuro
Que tanto quanto possa até procuro
Vestindo meu momento mais gentil,
O todo se transforma e nada deixa
Senão a sensação de velha queixa
Que até algum sentido não se viu.

11

O que possa ser diverso
Do que tanto desejei
Na verdade não terei
Nem porquanto ao nada verso
E seguindo mais disperso
Deste todo fosse um rei
Ou quem sabe desenhei
Um alento mais perverso,
Beberia com prazer
Toda a sorte a me envolver
Nos dissídios da ilusão,
Mas apenas prosseguindo
Sem saber me dividindo
Entre as tramas que virão.

12

Nada trago senão isso
E pudera ser bem menos,
Os meus dias mais amenos
Perdem todo o velho viço,
O momento onde cobiço
Enfrentando os teus venenos
Entre engodos claros, plenos
Neste solo movediço.
Revoando sem paragem
O que trago na bagagem
Não permite qualquer sonho,
Sou somente o velho não
E se tento a dimensão
Noutro engodo a decomponho.

13


Nada mais pudesse enquanto
Meu momento fosse assim
O que vive dentro em mim
Na verdade não garanto
E se possa saber tanto
Traduzindo ao quanto vim
O meu mundo seja enfim
O cenário sem quebranto,
Mas o todo se dilui
O meu mundo agora rui
E o que pude nada traz,
Sou apenas o vazio
E se tento ou me recrio,
Perco e nada satisfaz.

14


Já não pude mais sentir
O que tanto desejara,
A verdade se prepara
No caminho que há de vir,
O momento a se sentir
A vagar nesta seara
Noite imensa, lua clara
Dia belo a presumir.
Atormento meu passado
E vagando em ledo prado
Verso sobre o que pensava
De uma vida mais suave,
Mas o quanto agora agrave
Torna a sorte dura escrava.

15


Nada mais pudera ter
Senão erros tão frequentes
E deveras onde tentes
Saiba deste desprazer
Quantas vezes quis querer
Entre enganos renitentes
Outros dias não inventes
Nem pudesse perceber,
O sentido sem razão
O momento em divisão
Onde o nada se aproxima
E domina o que inda resta
Adentrando em breve fresta
Resumindo o velho clima.

Nenhum comentário: