domingo, 15 de maio de 2011

1

Onde possa viver tranquilamente
O que reste da vida dura e atroz
Transformando e rompendo velhos nós
Outro passo se trama e se apresente,
O que versa no sonho imprevidente
Caminhando entre tantos; mais veloz
Muda sempre o cenário desta foz
Que já fora diverso e impertinente.
O meu mundo se torna num anseio
Tantas vezes dorido e sem cuidado,
A palavra trazendo em cada brado
O momento feroz que também veio
Na incerteza que torna a sorte rude,
O que possa deveras desilude...

2


Nada tenho destes sonhos
Cuja força ora me engana
A palavra mais profana
Outros dias mais bisonhos,
Os momentos enfadonhos
Sem vontade soberana
A certeza que nos dana,
Mata dias mais risonhos.
Renegando qualquer tom
Do que outrora fora bom,
Mas agora se perdera,
A incerteza desta sorte
Sem trazer o que conforte
No final, nada tecera.

3

Sendo rude a caminhada
De quem tenta nova vida
Já não tendo uma saída
Não sobrando quase nada,
A incerteza desenhada
Outra parte dividida
Constatando esta feria
Que julguei cicatrizada.
No que possa imaginar
Novo sonho a se moldar
Ou quem sabe o mesmo falso,
Cada dia se apresenta
A verdade virulenta
Preparando o cadafalso.

4

Não queria tal cenário
Muito menos ter nas mãos
A certeza destes nãos
Noutro tempo, imaginário
No meu canto solitário
Nada vejo e sem irmãos
Os meus erros, velhos, vãos
O meu tempo atroz e vário.
Nada pude perceber
Nem quisera de tal fato
O que tente e se constato
Molde apenas meu prazer
Na vontade sem igual,
Outro tempo. Irracional.

5

Versejando sobre a sorte
Que pudera ter no olhar
Horizonte onde se aporte
O meu duro desenhar
Entre o tempo, rude corte
O que possa mergulhar
Já no fim nada suporte
Nem trouxesse novo mar.
Vejo a sorte soberana
A palavra onde se dana
O momento sem futuro,
O meu passo se perdendo
Num cenário sempre horrendo
Aonde morto perduro.

6

Já não posso ou não devia
Crer nos erros de quem sonha,
A palavra mais bisonha
Alimenta a fantasia
E o que tanto poderia
Noutro tempo já se enfronha
Só deixando esta vergonha
Feita apenas agonia.
O meu verso se perdendo
No cenário mais horrendo
Na verdade que se trama
Deste mundo sem razão
Quem me dera a solução
Muito além de mero drama.

7

Nada tenho já de meu
Nem pudera acreditar
Jogo as cartas, a vagar
Se este sonho ora perdeu,
O caminho no apogeu
Ou no imenso e rude mar
Do que possa desenhar
Outro tanto se esqueceu,
Vago apenas neste escuro
E presumo ou mesmo aturo
Qualquer erro que inda vejo,
E se possa noutro passo
O cenário que ora traço
Já não fora mais sobejo.



8

Não queria de tal forma
Este mundo que me trazes,
Dias duros e mordazes
Sonho em pesadelo forma
O caminho onde se informa
Os momentos mais tenazes
Outros tantos já desfazes
Ou decerto ora deforma.
Cada encanto que não sorvo
Renovando o mesmo corvo
Agourenta luz disforme
Onde pude no passado
Crer ser fato consumado
Esta dor sem fim, enorme,

9

Luto contra o que viria
Transformando cada passo
Num momento mais escasso
Sem sequer a poesia
Ou talvez em agonia
Cada instante, velho laço,
O meu mundo que ora traço
Outro tanto me traria.
Na verdade o quanto é rude
Neste fato que me ilude
A verdade que não traz
O que possa ser expresso,
E se tanto ora tropeço
Ausentando-me da paz.

10

O que siga cada engano
E moldasse novo mundo
Outro tanto onde me dano
Ou do medo me aprofundo,
Nada mais enquanto inundo
O momento noutro plano
Vago sem saber do imundo
Desenhar tão desumano.
Vestiria a melhor sorte
Que deveras me conforte
Ou me traga algum alento,
Outro rumo; já não vejo,
Sigo apenas meu desejo,
Pelo menos sei que tento.

11


Nada mais seria o quanto
Trago na alma em transparência
A verdade traz ciência
Do caminho que adianto,
Sem saber o mero encanto
Do que dita a consciência
Não suporto esta ingerência
E meu verso rasga o manto
Que pudera ser além
Do cenário que ora vem
Desolado e tão mordaz,
Onde tive o desalento
Outro rumo mesmo invento,
Mas no fim nada se faz.

12

Quando a vida trouxe infarto
Noutro instante comecei
A pensar na dura lei
E meu sonho; enfim, descarto,
Poesia que comparto
Velho tempo que busquei,
No momento o que trarei
Não traduz o antigo parto
De quem teve em pensamento
O caminho que alimento
Procurando meramente
O que possa ser bem mais
E no fundo em funerais
Traz o quanto se apresente.

13


No cenário que emolduro
Velho tom em fantasia
O que possa e não traria
Dita o rumo mais escuro,
O momento onde perduro
Noutro tanto em agonia
Gera apenas o que um dia
Fosse além de um solo duro,
Nada tendo em vã resposta
A palavra sendo exposta
No expoente da ilusão
Vago sem saber do quanto
Poderia e não garanto
Nem sequer a direção.

14


Não queria que este fato
Transbordasse noutro enredo,
E se tanto me concedo
Na verdade não resgato
O que possa e nem contato
O que quero desde cedo,
Meu momento em vão segredo
Ilusão expondo o trato.
Somos parte deste todo
Que deveras se moldando
Num cenário outrora brando
Invadido em mangue e lodo,
Trama apenas desventura
E no nada se emoldura.

15


Numa sorte diversa e tão mesquinha
A palavra se mostra em consonância
A verdade trouxesse noutra estância
A certeza que fora toda minha,
Mas o tempo deveras desalinha
E procura sem paz a concordância,
Vago sempre sem ter qualquer distância
Nem pretendo o que agora se avizinha,
Vejo o corte tramado neste ocaso
O tormento citando o quanto atraso
Noutro engodo que possa resumir
O vazio no palco da esperança
O meu mundo sem rumo ora se lança
Já matando este encanto que há de vir...

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