sábado, 21 de maio de 2011

1

Não cansei da caminhada
Cujo tempo desdenhara
Outra sorte desenhada
No final gerando a escara
A verdade degradada
Outra luta dita a amara
Sensação do etéreo nada
Que deveras desampara.
Gera apenas o abandono
E se possa ou já me adono
Dos meus erros costumeiros
Bebo as tramas do passado
E se mostra ledo enfado
O cenário entre canteiros.

2


Tantas vezes a tristeza
Dominando este cenário
Traz a vida em tal surpresa
No caminho temerário
E se possa em correnteza
Noutro rumo, itinerário,
Cartas soltas sobre a mesa
Versejando em tom mais vário.
Nada mais pudesse ser
Senão isto que apresento
O meu mundo sem prazer
O momento enquanto tento
Mergulhar nalgum querer
Ou gerir meu pensamento.


3

Mas a sorte se permita
Muito mais que meramente
A verdade quando dita
O que possa e não desmente
A palavra mais bendita
Envolvendo corpo e mente
Na esperança agora aflita
O que muitas vezes tente.
Nada possa contra o fato
Do que tento resgatar
Meu anseio ora constato
E procuro algum lugar
Onde o sonho que resgato
Não pudera imaginar.

4


Amortiza este veneno
A saudade que domina
Outro tempo eu concateno
Numa sorte cristalina,
Na verdade me condeno
Ao que possa e me fascina
Meu amor pudesse pleno,
Mas audaz tudo extermina,
Vicejando no meu peito
O rosal que eu merecia
Quando sigo satisfeito
Bebo a sorte a cada dia,
O meu verso sem efeito
Nem um sonho em paz teria.


5

Vou singrando em novos mares
Tão diversos do que anseio
E se vejo e assim notares
O que tanto traz alheio
O cenário onde em lugares
Diferentes não mais veio
Procurando nos altares
O sentido que receio,
Bebo sempre o mesmo instante
E deveras não garante
Nem sequer o que pudera
Transformando em penitência
O que fora em inclemência
A verdade mais austera.



6


Respirando em outros traços
Os momentos mais diversos
Procurando por espaços
Emolduro velhos versos
Os meus dias seguem lassos
E deveras são perversos
Mesmo quanto mais escassos
Outros ermos vão imersos.
Nada pude ou tentaria
Vendo o quanto desilude
O que gere a fantasia
Transformando em plenitude
O que tanto se recria
Amortalha a juventude.


7

Em distantes noites vago,
Procurando algum descanso
E se tanto busco afago
Na verdade não alcanço
A pureza deste lago
Noutro engano ora me lanço
O momento em que divago
Na esperança de um remanso.
Ouso até pensar no quanto
Minha vida ora garanto
Sem saber da tempestade
Que decerto me derrote
Revelando ao velho mote
O caminho em que se evade.

8


Céus em plena mansidão
Pós tormenta, esta bonança
Que deveras já se alcança
E promove a dimensão
Dos caminhos que virão
Transformando em confiança
A verdade em tal mudança
Do vazio em geração.
Nada pude e nem tentasse
A verdade dita impasse
E o mergulho trama a queda
Outro tempo em desenlace
Traz o tanto que tramasse
A incerteza ora envereda.

9

Mas, te falo e te asseguro
Do que pude em realidade
No que possa ser mais duro
O momento não agrade
Tendo aquém do que procuro
Nada tento na verdade
E se siga em céu escuro
Nada bebo em claridade,
O meu verso se destoa
A palavra se revela
A versão que fosse boa
Outro tempo trama a cela
A minha alma em vão revoa
Sofrimento enfim revela.

10

Por mais triste que pareça
O momento traz sutil
O cenário que se esqueça
Ou talvez; já nem se viu
Roda além minha cabeça
E se possa ser gentil
Antes que tudo enlouqueça
Quem tal sorte não sentiu.
Sendo audácia tão constante
No caminho de quem erra
A palavra não garante
O cenário em alta serra
Na verdade doravante
O meu passo nada encerra.

11

A alegria salta o muro
E procura algum remanso
Onde o verso que procuro
Noutro tempo mesmo alcanço
No momento mais seguro
Outro tanto quando avanço
Traz o manto e neste auguro
A verdade diz descanso.
O que pude e não viera
A certeza desta fera
Que espreitasse tão somente
O meu mundo se apresenta
Na emoção leda se sangrenta
E decerto sempre mente.


12

Nos braços de uma amizade
Que pudera garantir
O caminho em liberdade
A vontade que há por vir
Traz o sonho que degrade
A palavra a redimir
O que trama uma verdade
Noutro passo a se exigir.
Nada vejo do que fomos
E se possa em tantos gomos
Somos mesmo sempre assim,
O tormento se anuncia
E rondando o dia a dia
Preconiza o mero fim,



13



De sermos mais felizes, por um dia
O quanto se pudera acreditar
Na sorte que imagino a nos rondar
Marcando o que deveras poderia
O cerne da questão dita a alegria
O mundo se perdendo a divagar
Ousando noutro instante a meditar
A tarde se desenha mais sombria.
Versando sobre o tempo onde pudera
Apascentar distante e rude fera
Tramando qualquer queda após o fato
E bebo em goles fartos o que trace
A vida se moldando em desenlace
Diverso do que quero e até constato.


14

As lágrimas nem sempre são vertidas
No olhar de quem se fez um sonhador
Seguindo de tal forma aonde eu for
Vivendo entre tormentos e avenidas
As horas renegadas, divididas
O mundo sem saber do quanto amor
Pudesse noutro instante em nova cor
Ousando além das dores refletidas.
O medo me atormenta e posso ver
O quanto se deseja em tal prazer
Enquanto a vida trama outro final
O que inda me restara é muito pouco
E sei do caminhar diverso e louco
De quem se desenhasse sempre igual.


15

Marcadas por tristezas e lamentos
As noites que entranhei nada trouxeram
Sequer os meus momentos vãos esperam
O soluçar diverso destes ventos.
Os olhos que persistem mais atentos
Os dias entre enganos degeneram
E quando noutro rumo destemperam
Os versos são além dos elementos.
O medo não traria melhor sorte
Nem mesmo quando muito o que conforte
Traduza o que pudesse ser maior
O rumo sem sentido se versando
O tempo noutro tanto desde quando
O anseio que procuro sei de cor.

Nenhum comentário: