1
Sem certeza do quanto mais pudera
Noutro engano diverso a vida segue
Já não tendo sequer o que prossegue
Não se vendo nem mesmo o quanto espera
Quem deseja a palavra mais sincera
Na ilusão que decerto em mim consegue
O momento feroz onde se embebe
A palavra tornada dura, austera.
Não querendo talvez o que me iluda
A minha persiste amarga e muda
No caminho que tanto se pensara
Outro tom se divisa e na verdade
O meu canto presume a falsidade
Espalhando o não ser nesta seara.
2
Eu quisera somente ter nas mãos
Outro dia diverso do que veio,
A palavra que tanto diz receio
Os momentos marcando velhos chãos
Apresentem decerto mortos grãos
O meu passo se mostre mesmo alheio
Ao que possa viver e não rodeio
Já sabendo faz tempo destes vãos.
Mergulhando no ocaso onde pudesse
Ter apenas o quanto a vida tece
Seduzido por erros tão comuns,
Os meus versos se dizem ilusórios,
Meus momentos são ritos tão inglórios
Da esperança, restando só alguns.
3
Eu não tenho mais o quanto
Poderia acreditar
Noutro tempo a desnudar
O que nada enfim garanto,
Vejo a sorte e me adianto
Ao que tente desvendar
Nada mais irá mudar
O caminho em desencanto
Outro sonho se decide
Na verdade que inda incide
Sobre nós e nos domina,
O que tento noutro fato
Com certeza não constato
Fonte outrora cristalina
4
Jamais se vendo a vida de tal forma
Que nada mais pudesse além do quanto
O tempo se anuncia em desencanto
E o mundo no vazio se transforma,
Ousasse acreditar no quanto a vida
Trouxesse muito mais do que pudera
O tanto quanto resta nessa esfera
Tramando a velha sorte, distraída.
Numa esperança tola, o mesmo algoz
Que quando poderia me negara
A sorte mais airosa, bela e rara
Ao elevar além a nossa voz.
Vivesse cada instante mais feliz
Singrando o quanto possa e tanto quis.
5
Um áspero caminho e nada mais
O tanto se anuncia após a queda
E quando se desenha e não se enreda
A vida entre diversos rituais,
Os olhos enfrentando vendavais
A sorte na verdade se envereda
Trazendo toda a dor como moeda,
Moldando do bastante o nunca mais.
Pousando tão somente aonde pude
Vencer o que se mostre em amplitude
Diversa da que um dia imaginara,
A noite se desenha mais escura
E nada quanto eu creia me assegura
Que um dia volverá suave e clara.
6
Não quero esta palavra sem a qual
O mundo talvez fosse interessante,
O tempo de viver não se garante
Na morte que desenha o ritual,
O sonho que pudesse ser banal
O quanto resta apenas doravante
Mudando este caminho a todo instante
Marcando cada sombra em tom fatal.
Não posso e nem tentara mesmo após
A luta desejada em rude foz
Mortalha que se tece a cada dia,
Seara tão diversa da que tento
E sei do quanto atroz o sofrimento
E nada contra a fúria eu poderia.
7
É bom saber que existes; minha amiga!
A vida se apresenta de tal forma
Que tudo o quanto possa nos transforma
Ainda que a saudade em vão prossiga.
O tempo quando muito desabriga
E nada se moldando em tal reforma
Do tanto quanto a sorte nos deforma
E gera o que pudera em rude liga.
Vestindo a hipocrisia deste sonho
Que tanto imaginara e não viera,
A senda a se moldar demais austera
O canto noutro tom eu te proponho
Vagando sem saber cada viela,
A velha solidão já se revela.
8
Na luta tão difícil pela vida
O quanto poderia cada instante
Traçar outro momento doravante
Deixando bem distante a despedida.
Aumenta esta esperança qual ferida
Que gera este final tão fascinante
Ousando no caminho que garante
O tempo e sem saber; sequer, saída.
O tanto quanto quero e não percebo
Amor que se moldara e não recebo
De quem já poderia ser além
Do verso que deveras fragiliza
Tentando acreditar que venha a brisa
Aonde tempestade ora contém.
9
Que tantas vezes vem e já não traz
Sequer o quanto pude desejar
O tempo se perdendo num vagar
Aonde se mostrara mais audaz.
O verso noutro tom jamais se faz
Pousando neste sonho devagar,
E tendo ou não caminho onde rogar
O todo se desenha aquém da paz.
Já não comportaria qualquer sorte
Que ao menos no final tanto conforte
Quem luta simplesmente e nada mais,
Pousando dentro da alma esta esperança
A vida num momento em vão se lança
Enquanto sem sentido tu me trais.
10
Saber que estás aí, querida amada
Tramando o quanto possa noutro instante
Vagando pelo mundo deslumbrante
Trazendo no final o mesmo nada.
A sorte se moldando em cada estrada
O passo se mostrara doravante
O quanto na verdade se garante
Deixando a noite calma, enluarada.
Vestígios do que fora uma esperança
Agora no vazio a voz se lança
E nada mais trouxera a paz que eu quis
Pudera imaginar novo momento,
E sei do que decerto busco ou tento
Eterno marinheiro, um aprendiz.
11
Tantas vezes sozinho, busco o mar
Tentando acreditar nalgum cenário
Ainda que deveras solitário
Sem ter sequer um canto onde ancorar,
O corte se mostrara a divagar
O tempo se moldando solidário
Meu verso se anuncia temerário
E o corte; o sinto sempre aprofundar.
Vestindo a velha sorte que não trama
Sequer o que pudera em ledo drama
Matando o sonho mesmo quando possa
Traçar outra verdade que não venha
Buscando no infinito a rara senha
Que impeça a penitência atroz e nossa.
12
Distante mar que nunca mais eu vi
Depositando o sonho no vazio
E sei do quanto possa ou fantasio
E bebo a sorte em tanto frenesi.
Volvendo num momento chego a ti
E sei do que se faz em desafio
O verso prenuncia o desvario
E o todo que tentara não senti.
Vagasse contra as fúrias deste rumo
Ousando acreditar ser o oceano
E sei do quanto possa quando escumo
O tempo num completo desengano
Versando sobre o mundo que não vejo,
Amor nunca passando de um desejo.
13
Cismando, sou teimoso, vagando além
Do quanto poderia imaginar
A sorte noutro rumo a se tomar
E sei que no final não há ninguém
O tempo na verdade não contém
E sabe o quanto possa desejar
Marcando cada passo devagar
Deixando para trás único bem.
Jamais imaginara novamente
O quanto cada passo represente
Mergulhos na ilusão, torpe ou serena
O preço a ser cobrado não garante
O dia que deveras fascinante
Infelizmente ao nada nos condena.
14
Nas ondas deste mar onde tentara
Vencer uma procela tão feroz,
A vida desenhando dentro em nós
A sensação atroz de corte e escara,
A luta se aproxima e desejara
Apenas um descanso logo após,
Mas nada do que possa tão veloz
Domina o quanto a morte ora escancara.
Eu visse meu olhar ora perdido
O verso com cuidado, o dilapido
E tento acreditar no que veria,
O olhar bem mais tranquilo de quem sonha
E tenta acreditar noutra risonha
Vontade desfilando em poesia.
15
Pensava descobrir uma esperança
Nos olhos de quem tanto acreditasse
Na vida superando algum impasse
E a sorte que ao vazio ora se lança
Marcasse cada dia em confiança
E neste duro e rude desenlace
O mundo sem sentido se moldasse
E nada mais pudera ou já descansa.
A cena se repete a cada queda
E sei que na verdade o que me seda
Expressa o turvo olhar impertinente.
Não pude e não seria de outra forma
O próprio amanhecer já nos transforma
E novo caminhar a vida atente.
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