sábado, 14 de maio de 2011

1




Deitando sobre a praia a bela lua
Meu canto sem sentido e sem razão
O tempo se moldando em dimensão
Ainda quando a sorte vã cultua,
O passo se envereda e continua
Moldando novamente outra estação
E a vida se desenha neste vão
Que tanto quanto a sorte volta à rua.
Vencido caminheiro do passado,
O tempo noutro tanto desolado
E o corte se tramando sem segredo,
O quanto se pudesse adivinhar
O todo se derrama em tal luar
Que traz o quanto quero e me concedo.

2

O quanto desejasse e nada tenho
Senão a mesma falta de esperança
E a vida paulatina mente e avança
Deixando para trás qualquer empenho,
O tempo que traduz o quanto venho
Tentando qualquer forma de mudança,
O passo se perdendo sem fiança
Um ato mais gentil, mero desenho...
Não pude ser feliz, fazer o que?
No olhar a dura sorte que se vê
Representando a velha realidade
Do marco que adentrando o meu passado
O verso noutro termo sonegado
E a velha solidão que tanto brade.

3

Já não pudera mais acreditar
Nos ermos desta vida sem paragem,
O canto se moldando em tal visagem
Pudesse novo encanto desvendar,
Mas sem saber sequer se há algum lugar
Vazia há tanto tempo esta bagagem,
Vislumbro tão somente uma miragem
Aonde imaginasse sol e mar.
O tanto que se esvai a cada engodo,
Não tendo o que pensara ser um todo,
E meramente vejo o ledo fim,
Cenário tão diverso do que eu cria
Somente o que traduza fantasia
Vivendo sem respostas dentro em mim.

4


Não pude nem devesse de tal forma
Seguir o que ditasse uma emoção
Sabendo do caminho amargo e vão,
A vida pouco a pouco se transforma,
Apenas solidão que agora informa
Da vida em mais dorida sensação,
Traçando simplesmente o mesmo não,
Qual fosse indubitável, rude norma,
Não quero outro momento, mas somente
Fugir do que deveras se apresente
Tortura feita a cada novo dia,
O sonho se pudesse transmudá-lo...
Porém nada vivendo, sou vassalo
Do que dita a diversa fantasia.

5


Num tanto que se molde a cada passo
O verso se transforma soberano
E possa desvendar em novo engano
O quanto deste todo ora desfaço,
Negando da esperança qualquer traço,
Puindo com certeza todo plano,
O vento traz apenas mesmo dano,
E sei que na verdade há descompasso,
Vertentes tão diversas da esperança
Os dias quando o sonho em vão se lança
Marcando o temporal que nos domina,
A luta sem sentido nem razão,
O medo toma a vida em direção
Ao quanto fosse sorte cristalina.

6


Não mais se tente crer neste vazio
Que a vida nos trazendo em tom solene
Demonstra com seu passo e nos condene
Vagando sem sentido em tom sombrio,
Descendo da ilusão imenso rio
O quanto se tentara e concatene,
Presumo o que perdera e não me acene
A sorte como fosse um desvario.
Mergulho sem respostas noutro caos
Os dias com certeza sendo maus
Trariam tão somente a negação,
Do que mais poderia se tivesse
Ao menos com ternura qualquer messe
Moldando deste mundo outro senão.

7


Eu não quero a solidão
Que decerto me trarás,
Outros tempos mostrarão
O caminho tão mordaz
Onde sei que o que se faz
Dita em turva dimensão
A palavra mais voraz,
Ou quem sabe, o mesmo não.
Quero apenas crer no olhar
De quem fora e não voltara
Outro sonho, outra seara,
Nada trama o que moldar,
Sendo assim, jamais me importa
O diabo atrás da porta.

8


Não queria ter comigo
O que pude já prever
E talvez tentasse ver
Qualquer sorte em claro abrigo,
Mas no fundo, se nem ligo
Dominando o velho ser
A alegria do poder
Trazer tudo que eu consigo.
Versejando em tom macio,
Ouso e mesmo desafio
Tão comum hipocrisia,
Mediana mente traça
Mesma face agora escassa
Do que tanto em paz queria.,

9


Não queria ter nas mãos
Esta decisão temida,
Apontar uma saída,
Perceber os vários vãos,
Enfrentar os velhos nãos
Outra sorte se divida
E o que possa nesta vida
Já matasse em solo, os grãos.
Nada mais eu quero além
Que o caminho que hoje vem
Refletindo esta janela
Ao abrir este infinito
Transformando qualquer rito
No que em nada se revela.

10

Represento o que não vejo
Ou talvez sinta distante
O que a vida num lampejo
Noutro rumo me garante
O momento mais sobejo
Outra sorte delirante
Quando o velho e bom desejo
Mostre um rumo radiante.
Nada tendo além do sonho
O que tento e te proponho
Talvez seja fantasia,
Mas tentara ter além
Do que em raro mundo tem
Ou ao menos deveria.

11

São diversas as razões
De quem sonha e não permite
Que se veja num limite
O que agora tu me expões,
A verdade em dimensões
Ultrapassa o que acredite,
E decerto necessite
Outras velhas negações.
Resumindo cada fato
Onde o todo que constato
Não traria a paz que quero,
O meu tempo sem paragem
Vai vazia esta bagagem
Num silêncio tão austero.

12

Nada mais se faz presente
Nem tampouco poderia
Numa imagem leda e fria
O caminho se pressente
O momento indiferente
Sem saber da poesia
Que deveras me traria
Um anseio persistente,
Vago além desta promessa
No que possa e recomeça
Numa cena mais diversa.
Já não tendo tanta pressa
A palavra se confessa
E meu mundo desconversa.

13

Nada mais eu pude crer
Nem teria por anseio
O que tanto tente ver
Dita em tom diverso e alheio
O momento de viver
Sem temor e sem rodeio,
O caminho do prazer
Gera apenas devaneio.
Nada tenho hoje de meu
Bebo apenas solidão,
O que tanto se perdeu
Deste encanto, tradução
Esperando o mero breu
Ou quem sabe a solução?

14


Vivo apenas o que pude
Num momento mais sutil
Outro tanto se previu
Sendo nova esta atitude,
Num fomento o passo rude,
Noutro rumo permitiu
O que a vida trouxe, vil
E negasse em plenitude
Vejo a queda deste encanto
Vejo o tempo e quando canto
Tramo sortes onde a luta
Não pudesse definir
O caminho a prosseguir
E ninguém de fato escuta.

15

Numa sorte diversa e tão profana
Caminhando envolvido pela bruma
O que tento deveras já se esfuma
E palavra sem nexo nos engana,
A versão que pudesse; soberana
Pensamento vagando não se apruma
E transforma o que possa nesta espuma
Da versão insensata, que se explana.
O meu tempo se perde no vazio
E por certo o que tento é desvario
De um poeta que possa ter no olhar
Mesmo em trevas o quanto desejar
Vagamente o que pensa se faria
No buril de uma tosca poesia.

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