sexta-feira, 13 de maio de 2011

1

Quando veja talvez nada pressinta
A verdade que tanto te pareça
E versando quem sabe já se esqueça
Da saudade deveras quase extinta,
O que possa traze e mesmo minta
Confundindo o que possa esta cabeça
Na certeza do quanto se obedeça
A esperança se mostre mais faminta.
O meu canto semeia o que inda quero
Na colheita que nunca mais terei,
O que vejo desenha nesta grei
O momento quem sabe mais austero,
Outro tempo; no fim, recolherei,
Mesmo sendo o caminho bem mais fero.

2


É preciso bem mais do se ver,
O sentir desta essência em primavera,
O momento decerto degenera
O caminho sem paz a percorrer,
Outro tanto pudesse amanhecer
Na vontade que vem e já se espera,
Noutro tanto o todo nada gera
Sem menores anseios do prazer.
Enxergar e sentir, além do toque
Paladar e o que odor tanto provoque,
Sem temor mergulhando agora em paz
No que a vida se trama diferente
A verdade traduz o que se sente
Quando o vasto decerto em luz nos traz.

3


Não pergunte nem como e nem por que
Viva o tempo sem nada mais além
A verdade que o todo já contém
No final tão somente não se vê,
O que possa e nos traz o que se crê
Navegando no sonho de outro alguém
Muitas vezes nós vemos com desdém,
Porém tudo decerto o sonho lê.
Não transforme num ato de arrogância
O que tente seguir com tal constância
O que venha também já nos transforma
Muito embora fujamos deste fato,
O caminho aonde o tanto ora constato
Vai moldando deveras nova forma.

4


Somos seres diversos, na verdade,
Não existe quem tenha tal razão
Outro tanto trazendo a sensação
Que deveras nos toma e nos invade,
O que possa tramar a tempestade
Muitas vezes domina este timão,
Outros tempos decerto moverão
O que fosse diversa claridade.
O meu tempo se mostra mais diverso
E se possa também já desconverso
Versando sobre o tempo que passara.
A lua mesmo sendo em tantas fases
Traduz o que por certo sei que fazes,
Porém eternamente se vê clara...

5



Não feche esta janela sobre o mundo
Que tudo se fará queira ou não queira,
O tempo não nos mostra a derradeira
Verdade pela qual luto e me inundo.
O verso mais audaz e vagabundo,
A sorte no invernal de outra geleira
Também a imensidão desta fogueira
Mergulho neste abismo, mais profundo.
E sei que no caminho tanto espinho,
O vento possa vir e se amesquinho
Meu tanto se transforma em muito pouco.
O que fora em passado libertário
Agora se demonstra solitário
Talvez amanhã se faça louco.

6

Já nada mais veria nem tampouco
Pudesse acreditar no que não vem,
A senda no final trama o desdém
E o sonho deste espúrio mundo louco,
A porta que me cabe, o sonho mouco
E o canto se fazendo onde não tem
Sequer o que pudera noutro alguém
O quanto na verdade é muito pouco.
Vestígios de outras eras tão expressas
No quanto logo após já recomeças
Vagando sem sentido ou dimensão
Na força que se mostre esta inexata
Versão do que por certo ora constata
As tramas mais diversas que virão.

7


O que já nos pareça de tal jeito
Que nada mudará, é tão mutável...
Assim como o de certo confiável
Agora com certeza não aceito,
E variando o rio, curso e leito,
O solo se mostrara ou não arável,
E o tempo que pudera memorável
Morrendo sem ter forma, noutro pleito.
Deformações diversas; sonho em vão,
A luta se mostrando em dimensão
Suprindo cada engodo de tal forma
Que tudo quanto eu visse se transforma
E cria novo tempo ou velho espaço
E toda esta certeza ora desfaço.

8


O velho sofrimento que persiga
Aquele que não vendo mais motivo
Apenas no final se sobrevivo
A sorte de tal forma é mais antiga,
Quebrando na verdade a velha viga
O manto se traduz em lenitivo
Do quanto poderia e já me crivo
Dos medos, da palavra que consiga.
O tempo se moldando após o tanto
Que possa resumir novo caminho,
Não tendo quase nada, não garanto
Senão que seguirei, mesmo sozinho,
Levado pelas ondas do oceano,
Aos poucos noutro engodo, desengano...


9

Jamais acreditando em tantas regras
Que possam desvendar felicidade,
O quanto se traduz onde degrade
Talvez no dia a dia o nada; integras
E quantas vezes quando tu te alegras
Expressas noutro tom diversidade
Do quanto poderia em liberdade
Ou mesmo noutro instante reintegras,
Apenas o que vejo não traduz
Sequer o quanto possa haver em luz
Ao fim de cada túnel, simplesmente
A vida não suporta invariáveis
E sei dos passos tantos permutáveis
O quanto agora afirmas, também mentes.

10


Tentar acreditar no quanto existe
Do mundo em real ou falsa luta
A sorte na verdade que se escuta
Aponta a direção, co’o dedo em riste
Não quero nem pudera se persiste
O tempo aonde o todo já reluta
Vagando sobre a estrada mais astuta
Ou mesmo tendo a voz amarga e triste.
Se da janela vês o que não vejo,
Quem sabe esta esperança num lampejo,
Almejo qualquer tom que não viria,
E sigo sem saber o quanto resta
Da vida que penetra cada fresta
Ousando até seguir em fantasia.

11


Jamais imaginei qualquer momento
Diverso do que tanto poderia
Pousando na dispersa alegoria
Que mostra a solidão quando a invento,
Pudesse estar quem sabe mais atento,
Ou ver noutro cenário o que teria
A sorte sem fatal melancolia
Palavra se perdendo em ledo vento.
Não tente adivinhar o quanto venha
Versando sobre o fato ou mesmo até
No canto que se espanto sei quem é
O mundo aonde o sonho não se empenha,
Vestígios do que fomos; no passado,
Ousando noutro tanto e de bom grado.

12


Já não vejo a liberdade
Que deveras procurava
A palavra traz a lava
E o momento se degrade,
O caminho em claridade,
A esperança sem a trava
O tesouro que se cava
A versão que desagrade,
O tormento sem sentido
O que tanto dilapido
E permito noutro engodo,
Do veneno costumeiro,
Cada praga no canteiro
Transbordando em lama e lodo.

13


Ascendência sobre o sonho?
Quem pudera ter de fato
O que nada mais componho
Traz o quanto não constato,
E se possa em tal retrato
O momento mais bisonho
Realiza tal contrato
E decerto enfim me oponho.
Nada mais eu poderei
O que sinto pouco importa
O meu mundo em rude lei,
A esperança há tempos morta
E se tanto cultivei
A palavra já se aborta.

14


Nada tenho contra a sorte
Que se molda em verso e dor,
Mas pudera quem conforte
Noutro passo, redentor,
A verdade não comporte
O que possa em desamor
Sem saber de qualquer norte
No final, nada a propor.
Sigo aquém da fantasia
Que deveras já se cria
E desfila em tal momento,
O meu passo sedimenta
Esta angústia que a tormenta
Traz enquanto desalento.

15


Reparando cada passo
Do que possa ser diverso
Onde gera o mais disperso
Caminhar já me desfaço,
O momento que ora traço
Noutro tempo quando verso,
Gera sonhos no universo
Resumindo cada laço,
Preservando este cenário
Outro tanto imaginário
A verdade representa
O que possa ser talvez
O que tanto agora vês
Numa sorte virulenta.

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