Esfaimadas as bocas dos meninos
Em cada esquina vejo a mesma cena,
E ainda quando a noite é mais amena,
Os mesmos e terríveis desatinos,
Assim ao se dobrarem tantos sinos,
Nem mesmo esta mortalha me serena,
A fome se mostrando imensa e plena,
Enquanto outros caminham vis, ladinos.
Assisto ao mesmo enredo há tantos anos,
E penso serem fatos desumanos
Aqueles que se mostram corriqueiros,
Abutres de nós mesmos, fera em fera
A morte nos decora e nos tempera,
É dela que renascem os canteiros.
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