segunda-feira, 7 de maio de 2012

VIDA ABANDONADA

VIDA ABANDONADA

Vida abandonada em velho cais
Sem rumo e se perdendo, naufragada,
Meus versos do quem dera e do jamais
São frases que não valem quase nada.

Boiando em ledos olhos, queimo o mais
E vivo o de somenos. Na sacada
Dos velhos casarios, vento traz
As sobras derradeiras da invernada

Da velha mocidade adormecida,
Jogada neste canto, no porão,
Abandonada ao léu; encontro a vida,

Mas rio disso tudo, na ironia
Brincando com mim mesmo, com paixão,
Na compaixão que peço em fantasia...

MARCOS LOURES

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