MARULHO
Ouvindo tão distante este marulho,
A sorte não traria um oceano
E cada vez que, tolo, desengano,
Apenas encontrara o pedregulho,
O sonho sempre fora algum entulho
E o verso noutro tom moldando o plano
O risco a se mostrar tão desumano,
Buscando alguma luz, ledo, eu mergulho.
Não pude conceber outro final
E sei do meu caminho sempre igual
Traçando o que deveras traz o nada,
Uma alameda tanto desolada
O prazo que se fez consensual
A sorte noutra fonte desenhada.
MARCOS LOURES
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