terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Explode coração em tanto brilho
Traçando com candura o que queria
E bebo em tua boca a poesia
Na qual meu sentimento sempre trilho,

Após este destino de andarilho
Tramando enquanto o nada se faria,
Morrendo pouco a pouco, em novo dia,
Eternidade agora em paz palmilho,

Presumo além do todo o quanto quero
E sei deste sentir claro e sincero
Prazeres tão diversos me entranhando,

Aonde a luta molda simplesmente
O quanto se anuncia e não mais mente,
Meu tempo se desenha bem mais brando.

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Ditosa madrugada; aonde eu pude
Vencer os dissabores, pesadelos,
Momentos que talvez ao revivê-los
A vida tome em paz nova atitude,

Mortalha sendo atroz, audaz e rude,
Segura firmemente estes novelos,
E quando se perdendo sem tais zelos,
O marco desenhado nos transmude.

Gerando apenas sonho e nada mais,
Ousando desfilar além do cais
No cântico suave em tom maior,

Meu mundo junto ao teu, em concordância
A vida se traduz e desde a infância
Estrada para o sonho eu sei de cor.

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As tramas desta sorte embaraçadas
E nada mais teria senão isto,
A flor em todo espinho; agora assisto
Espero o renascer em alvoradas

Diversas ilusões, quaisquer estradas,
O tempo sem temor; mas não resisto
E quando noutro ponto ainda insisto
As sortes vão deveras mais vedadas.

Alheio ao desvendar de qualquer mote,
Somente o descaminho já se note
Marcando com temor o dia a dia,

Negar a sensação de ter no olhar
Talvez o que inda possa desfrutar
Sabendo que ao final, nada viria.


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Esta manhã jamais existiria,
O tempo sem o sol em nuvens tantas
E quanto mais procuras, desencantas
A vida se transforma em agonia,

A luta se apresenta e não viria
Sequer as noites claras, pois espantas
Com teus delírios torpes já quebrantas
Marcando o que pudera e não veria.

Ausento do futuro, morro agora,
Apenas este sonho revigora?
Meu canto sem sentido e sem porquês,

Havia muito além deste desejo,
E quando no final mais nada vejo,
O canto sem apoio se desfez.

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Não quero outra vida após a vida
Já basta de sofrer cada segundo,
E quando no vazio eu me aprofundo
A estrada imaginada ora perdida,

Medonha tempestade, esta ferida,
O velho coração de um vagabundo,
E quando do vazio enfim me inundo
A própria persistência não debrida,

Anseio pelo menos um momento
E quando vejo a sorte e me atormento
Bebendo deste infausto costumeiro,

Adentro na mortalha que me deste,
E o solo sem futuro, árido, agreste
Matando o que pensara jardineiro.

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Coração disparando no meu peito
Apenas dita o medo e nada mais,
Ainda que se vissem temporais
O todo noutro engodo não aceito,

E o rumo se desenha em novo pleito
Anseio pelos dias magistrais,
Porém em versos tolos e banais
Atocaiada sorte em vão espreito,

Escalo os meus tormentos e percebo
O sonho como fosse algum placebo
E a vida se desdenha um pouco além,

Num cântico sem rumo e sem valia,
A sorte noutro tanto morreria,
E sei que após o sonho, nada vem.


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Preparo o coração para este engano
E sei das vergastadas mais doridas
Assim ao desenhar diversas vidas
Feridas entre tantas, desumano.

E quando no final eu já me dano,
Encontro as mesmas ledas avenidas
E sinto as vagas noites repartidas,
No tanto quanto eu quis, diverso plano.

Mergulho nos teus braços, teu regaço
E quando se percebe nada traço
Somente o desenredo vivo na alma,

Uma ilusão tomando assim a cena,
A noite sem alento nos condena
E apenas ilusão ainda acalma.

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Ousando e caminhando muito além
Do quanto poderia imaginar,
Tentando contra a fúria navegar,
Sabendo o que esperança inda contém,

O rumo se traduz pelo desdém
E aonde imaginasse um raro mar,
Apenas o naufrágio a nos tomar,
E o preço que se paga, eu sei tão bem,

Não pude ser feliz, nem mesmo em sonho,
E o quanto se anuncia tão medonho
Presume o fim de tudo, logo após,

O cântico senil e sem juízo,
Ainda quando posso tento e biso,
Mas sei quanto cerceia – o tempo – a voz.

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Amor que nasce logo após o medo
Trazendo a lua plena e sertaneja
Aonde cada brilho se deseja
E o tempo já sem tempo ora concedo,

Vivendo o que pudera após degredo
Minha alma sem sentido algum não veja
A dor que na verdade ora poreja
Marcando com terror cada segredo,

Vasculho dentro em mim e nada tendo
Apenas o cenário mais horrendo
Girando em carrossel, repete engano,

Estrelas que julgara fossem minhas,
Palavras tão diversas e daninhas,
Enquanto a cada queda mais me dano.

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Resumos de outras eras, tão somente
O preço a se pagar não mais permite
O quanto cada fato sem limite
Sonega da esperança esta semente,

A senda mais diversa num repente
Enquanto com terror ora palpite
E trace na esperança o que acredite
Marcando o dia a dia, penitente.

Mergulho neste ocaso e nada levo
Senão este momento mais longevo
Vencido pelo caos e nada além

Depois de certo tempo em medo e dor,
Aonde se pudesse um refletor
Apenas vislumbrando o que não vem...

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Já não suporto mais sequer o peso
Da consciência amarga e assim ferida,
No quanto sem saber tanto duvida
Quem busca ser deveras quase ileso,

O canto na garganta segue preso,
A luta noutra face presumida,
A morte a cada instante vejo erguida
E o coração prossegue amargo e teso.

Negando qualquer sorte que inda venha,
Sem ter o que pudesse e me convenha,
Amargas noites ditam meu futuro,

Mortalhas entre enganos, sendo assim,
A vida se anuncia e traz o fim,
E nele tão somente eu me torturo.

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Se já perdemos tudo o que quisemos
E nada mais restara senão isto,
Ao mesmo tempo luto e enfim desisto,
O mundo noutro caos; nós esquecemos,

E a luta se aproxima e traz os demos
E neles outros tantos; não resisto,
Aprendo a caminhar, e quando insisto
A vida não traria ao mar meus remos,

Numa expressão dolosa e sem valia,
A sorte desnudando a fantasia
A morte se aproxima e não reclame,

Deveras o que pude ver além
Somente esta expressão vaga contém
Das dores e temores, vil enxame.

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