sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...

CRUZ E SOUZA


As formas mais diversas, claridade
Transformam em belezas sonhos tais
E neles entre tantos derramais
O quanto em maravilha nos invade,

E o todo se transborda enquanto agrade
Vagando sem destino por astrais
Momentos entre espaços sensuais
Traduzem deste sonho a divindade.

Ousasse caminhar por entre brumas
E quando além do cais ainda rumas
Invisto o meu olhar em sentimento,

Na flórea fantasia em senda rara
Meu passo junto ao teu, toma e escancara
E nisto encontro enfim, o meu alento.

2

Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo...

Cruz e Sousa

Olhando no horizonte em claros tons
A vida se aproxima do ideal
Sentindo este desejo sem igual,
O todo traduzindo dias bons,

Amar e desenhar em raros dons
Os sonhos deste ser fenomenal,
A lua se desenha em sideral
Caminho entre os sentidos e neons,

Resumos de outras eras, do passado
O quanto poderia imaginado
Vagar sem ter sequer algum tormento.

Meu mundo se aproxima de teus passos
E os versos ocupando tais espaços
Aonde cada sonho eu alimento.

3

Cróton selvagem, tinhorão lascivo,
Planta mortal, carnívora, sangrenta,
Da tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.

Cruz e Souza

O cerne já desnudo da questão
Alvissareiro passo rumo ao tanto
Enquanto novo sonho em paz garanto,
Os dias noutros ermos moldarão,

A sorte desenhada desde então,
A sombra se aproxima e não me espanto
Do todo desejado em cada canto,
E nisto meus momentos mostrarão

A lúbrica presença de quem ama
Acesa dentro da alma, a rara chama
Vagando sem destino nem um norte,

Viceja dentro em nós esta aliança
E o quanto se deseja em paz alcança
O mundo que deveras nos conforte.


4


Tua boca voraz se farta e ceva
Na carne e espalhas o terror maldito,
O grito humano, o doloroso grito
Que um vento estranho para és limbos leva.

Cruz e Souza


Bebendo desta espúria tempestade
Adentro as ilusões de quem pudera
Apresentar a vida em louca esfera
E nisto cada encanto já degrade,

O rústico cenário, a morte e a grade,
O olhar da solidão, espúria fera
E o quanto a cada instante degenera
Matando em nascedouro a liberdade,

Ousasse acreditar noutro momento
E quando com firmeza o passo eu tento
Vencido pelos erros de uma vida

Sem nexo sem juízo, tão somente
A luta se mostrara impertinente
E não se vê sequer uma saída.


5

As Águias imortais da Fantasia
Deram-te as asas e a serenidade
Para galgar, subir a Imensidade
Onde o clarão de tantos sóis radia.

Cruz e Souza

A fantasia ronda cada passo
E tento desvendar no etéreo sonho
O quanto ainda possa e até componho
Embora me perceba atroz e escasso,

Vencido pelo engodo, o rumo eu traço
Gestando este cenário onde enfadonho
Meu passo se atropela e em tom medonho
Apenas resta em nós velho cansaço,

Já não comportaria qualquer brilho
A lua que deveras sigo e trilho
Resumos de uma vida sem proveito,

Num átimo eu mergulho em solidão,
E tento acreditar no que virão
Os olhos onde o sonho em paz eu deito.


6

Quisera ser a serpe venenosa
Que dá-te medo e dá-te pesadelos
Para envolverem, ó Flor maravilhosa,
Nos flavos turbilhões dos teus cabelos.

Cruz e Souza

Pudesse desenhar em teus alentos
Os cantos mais sutis e perigosos,
Momentos tantas vezes caprichosos
Rondando o quanto possam pensamentos,

Os ermos de minha alma, meus momentos
Em meio aos descaminhos pedregosos,
Os olhos no passado, belicosos
Os dias entre tantos, meus tormentos,

Não vejo qualquer luz, e sigo alheio
Ao quanto possa e mesmo quando anseio
Desenho a imensidão do nada ser,

E o tempo se aproxima do vazio,
E quanto poderia e desafio
Impede qualquer raro amanhecer.

7

Navego entre os detalhes desta praia
A areia que nos cerca, movediça
E o tanto quanto possa sempre viça
Gerando o desencanto onde se espraia

A lua ao longe segue e já desmaia
Vestindo esta ilusão, vencendo a liça
E o todo num instante se cobiça
Bem antes que o meu passo se distraia,

Invisto cada verso no futuro
E quando noutro passo eu asseguro
A noite entre os momentos mais felizes,

Ascendo em plenitude o quanto pude
Vencer o caminhar e mesmo rude,
Ainda trago as vivas cicatrizes.

8


Não pude e não tentara novo passo
Sequer acreditei no quanto resta
A vida se desenha e traz na fresta
O novo caminhar enquanto o traço,

A noite tenebrosa, o meu cansaço,
A sorte na verdade apenas resta
E a luta sem sentido, mais funesta
Apenas da esperança um raro espaço,

Vertendo em tais tristezas, verso e canto,
Somente o que inda possa, eu mal garanto
E risco estes momentos sem sentido,

Do quanto pude outrora e não teria
Marcando com temor a fantasia,
Aos poucos noutro passo eu dilapido.


9



Aquele que se fez o soberano
Senhor dos sonhos meus, hoje se espalha
E quando o grande amor, fogo de palha
Apenas resta em nós superno dano,

E quantas vezes; tento e desengano
Deixando para trás qualquer batalha,
Somente o que pudera e se atrapalha
Puindo da esperança qualquer plano,

Espero algum alento e sei que enfim,
Somente esta aridez cerca o jardim,
Matando cada flor, nada restara,

E o mundo sem sentido e sem razão
No tempo transformado em solidão,
Marcando com terror esta seara.


10

Não tento imaginar uma saída
Aonde nada diz nem poderia
Do quanto a vida traça em fantasia
A luta sem razão, em vão, perdida.

A porta noutra trama, a despedida,
A sorte não traduz uma alegria
E sei do quanto pude em agonia
Beber a mesma fonte, distraída,

Resumos de outros dias, noites, tardes
E quando com certeza não aguardes
Verás o fim de tudo num segundo.

Mortalha deste amor que prezo tanto
E apenas o vazio hoje eu garanto
Enquanto no não ser eu me aprofundo.

O quanto a vida traz e nada mais pudera
Ousando noutro instante a crer neste infinito
Momento aonde o mundo eu tento mais bonito
E traço dentro da alma a imensa primavera,

Refém desta esperança aonde destempera
E tento na verdade enquanto eu acredito
Resumo do passado e nisto cada grito
Expressa a solidão de quem mais nada espera

A luz que resplandece em verso e num alento
E nisto outro cenário eu busco e mesmo tento
Sentir o vento raro e nisto me trazer

Olhando estes rincões aonde pude um dia
Trazer com emoção meu mundo onde queria
Apenas tão somente um novo amanhecer.

Mudando a noite inteira em lua e sonho,
Assisto ao quanto pude acreditar
Ainda quando pude imaginar
Meu canto em direção ao teu componho,
E o tanto mesmo em vão ao ser risonho
Expressa cada tempo em seu lugar,
Assisto ao que tivera: imenso mar
No dia entre loucuras que proponho,
Meu verso se moldando em tal clareza
A sorte se precisa com destreza
E o vento me espalhando em nova rota,
Ainda quando pude ser além
Da dita que deveras nunca vem,
Meu verso; outro caminho em vão denota.

Trazendo a poesia viva na alma
De quem se fez além de mero sonho,
E o tanto quanto possa e até disponho
No encanto mais sutil que tanto acalma,

Ascendo ao limiar da eternidade
Enquanto bebo o mundo em tal alento,
E sei deste caminho aonde eu tento
Viver a liberdade que me invade,

Depois da imensidade em ilusões,
Espectros tão diversos, prisma e luz,
Ao apogeu a vida nos conduz
E moldas com encanto o quanto expões

Vicejas como etérea primavera,
E em ti toda esperança o tempo gera.

Falasse de um amor que tanto quis
E nada mais tivera após o sonho,
Além do paraíso o quanto ponho
Meu passo noutro rumo. Mais feliz?

Ausentam-se esperanças? Cicatriz
De um erro tantas vezes mais bisonho
E o tanto quanto pude em enfadonho
Cenário se moldando sempre gris.

Apresentando ao passo outro destino
O quanto poderia e mal domino
Expressa esta vontade e nada vem,

Somente o quanto pude em desafio
E o mundo se restando por um fio,
Depois de tanto alento, mais ninguém...



Na lua de Catulo o sonho sertanejo
De um novo e belo tempo em plena liberdade,
Ousando num instante em rara claridade
Desenho a cada instante as tramas do desejo,

E quanto mais além o todo que desejo
A sensação divina aos poucos quando invade
Determinando a sorte e nela a imensidade
E sendo em paz e luz, o canto em brilho almejo.

A terra prometida? Um Éden, Eldorado?
Não há qualquer lugar mais belo que o sertão
E nele se transborda o verso que ora brado,

Tramando no infinito expressa maravilha
E quando se desenha imensa esta emoção,
O coração vibrante em sonhos mis polvilho.





Estou apaixonada por
Letras, acentos e palavras;
Que loucura!
Que poder tem a semântica, a sintaxe
Que nem precisou de um rosto, corpo
Para te inscrever em mim?!

**Flor Bela**


O quanto te conheço e mesmo não te vendo
Sentindo o teu perfume, e nele o amor frequente
É pura poesia o toque ora envolvente
E neste caminhar o sonho em dividendo

Num mundo tanta vez atroz e mesmo horrendo
Presença deste encanto há tanto se apresente
Tornando mais suave encanto de nascente
Aonde outrora fora o sonho algum remendo,

A poesia aflora e doma o mais feroz
Serena o coração de quem se fez algoz,
Amansa e nos liberta, um novo desenhar

Além do quanto pude; um dia, algum lugar
E neste raro intento a voz já se anuncia
No raro e imenso brilho em doce melodia.

Jamais acreditara noutro passo
Imerso entre os diversos versos teus,
Os dias se preparam num adeus
E o quanto poderia além desfaço,
Mergulho sem sentido neste espaço
E sei dos velhos danos, louvo a Deus
E bebo dos cenários mais ateus
Ousando muito além de cada espaço,
Resumos de outros tempos? Nada disso,
Ainda quando possa o que eu cobiço
Vestindo com total clareza o sonho,
Apenas o que pude num momento
Trazendo em alegria o quanto tento
Deixando um rastro onde me ponho.

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