sábado, 1 de outubro de 2011

Quero teu cheiro

Quero teu cheiro

Quero teu cheiro, desejo e chama, no beijo que chama e clama e aclama, teima e me traduz. Na luz serena da morena, que acena com a vida, ávida e vadia, audaz e perene.

Quero teu sentido, ameno e amoral, amargo delírio, nos lírios do campo, nas sendas e searas. Quero o amares nos mares e marés, na trilha do sol, no arrebol e na terra, treino e acento, aceito e assento, assertiva que mente e remete à mente que traz o audaz que seduz, em tua luz e amplidão.

No chão que pisas concisa e complexa; nos plexos e praças, nos arredores dos lugares por onde flutuas, delicias e deliras os olhos perdidos, os medos perdoados, denodados dos nós dados de nós atados em nós, urdidos e ungidos num ágil e frágil pendão.

Quero o acero de teus lábios, sábios e cruéis, de viés, ao revés ao invés. Desviados das vias onde voas, onde havia a harpia que devora. Voraz e virtuosa, com as mãos mais audazes, velozes, audaciosas, cônscias e cientes, do que, de repente, no repente, repetidos atos atam em nós.

Minha amada nada mais quero e espero senão o teu perdão, pendão e acórdão, cordão que ate e que arremate, maltrate e acaricie. Vicie e delicie quem quer que se veja, na mesma peleja, na mesma cantiga, antiga e perene.

Amo teu amor, amo e escravo, me lavam e me levo me deixo ao teu rumo, no aprumo que decidires, nos dizeres que conjugares, nos ares que voares nos mares que nadares, onde quiseres por onde vieres e para onde fores.

Nas flores e odores, nas dores que escolheres, nos mesmos motivos que sirvam de tema. Que sejam teu lema e tua gema. No mesmo leme, no mesmo cerne, que concerne a quem ama.

Na vida que queima na curva do rio, na trilha da estrela, ao vê-la me perco.

Na vela que consome que some e bruxuleia, no brilho dos olhos, na filho que teremos, no amor que produz e reproduz, na noite das estrelas, desse hotel onde estamos nos amores que tragamos e estragamos pela vida afora.

Mas, agora , nada importa, tranque a porta e abra o peito.

Teu confete, teu confeito somos ambos nesse tempo. Nosso tempo nesse templo em que contemplo e perpetuo nosso duo, nosso dia, na poesia que derramas, nessa cama, nossa chama, nos chama e declina. No declínio da noite, o arremate, o combate, nada abate nosso trato, no contato, no contrato, contralto e contrabaixo, nosso facho, acho que a lua, a rua e a cachaça, nosso pia batismal.

Nosso doce carnaval, canavial dos desejos, nos beijos e afetos, nos perpétuos ósculos e ócios, vícios e delícias.

Nos teus seios que sei-os tão meus, nesse momento são regaço, meu cansaço, onde lasso, teus laços e meus traços são um só.

Amo-te, desse amor tão mais urgente que necessito ardor, que transmite a dor, e consola minha perda, minha perca e minha musa, minha medusa.

Abra a blusa e, confusa, com fusão, entre lábios e delírios, somos todos um só corpo, absorto e absurdo, surdos e semimortos, filhos dos mesmos tratos, entre Hermes e Afrodite, acredite minha amada, aceite essa madrugada, como estrada e madrigal. Nesse doce precipício, o fim de tudo é o início, o meu renascimento, o momento mais sublime, o suplício, a súplica, o início, a última esperança!

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