A ROSA DECOMPOSTA
A rosa decomposta no jardim,
Em ventos desfolhada, na janela.
Mostrando o que sobrou do amor em mim,
Servido sem talher à luz de vela.
Do couro verdadeiro sobrou brim,
O conto do vigário se revela
No falso do batom mais carmesim,
A boca que beijava não é dela.
No gesto mais discreto silencia
O resto mais completo que esperei.
Se empresto meu discurso em fantasia
Queimei os seus retratos por desfeita.
Na cama em que cansado, eu esperei,
Agora vem mansinha e assim se deita.
MARCOS LOURES
Nenhum comentário:
Postar um comentário