segunda-feira, 6 de agosto de 2012

NOS BRAÇOS DA SAUDADE

NOS BRAÇOS DA SAUDADE


Nos braços da saudade eu adormeço
E sonho com momentos que passei,
Depois a vida trouxe, num tropeço,
Estrada que sozinho, eu encontrei.
Aos laços da saudade, eu ofereço
O melhor desta vida que passei.
Acendo o meu cigarro e te imagino,
Retratas o meu sonho de menino.

Fulgores no passado são refeitos
Nas noites em que penso reviver,
Deitando uma saudade em outros leitos,
Percebo o quanto é duro percorrer
Os dias em momentos sempre feitos
Do sal de uma saudade e perceber
O quanto que já fui e não mais tenho.
A vida vai mudando o seu empenho.

Um som que penetrando na janela
Relembra a nossa música, querida.
Lembrando da harmonia, se revela
Saudade do que tive. Distraída,
A vida se demonstra mais singela
E traz de novo, estrada tão comprida
Espinhos misturados com perfume.
Saudade: escuridão que refaz lume.

Marcado em cicatriz pela vontade
De ter o quanto fui e não sabia;
Atando os pés que buscam liberdade
Quimera que se encharca em poesia,
Na bêbada ilusão, uma saudade,
Maltrata enquanto a dor, cedo alivia.
Em outra face, fala das paixões
Mercadora cruel das ilusões.

Meu mundo, há tanto tempo, assim caiu,
E nada do que vivo me faz crer
Que a noite que se foi, voraz e vil,
Permita um novo e claro amanhecer.
Meu peito, na saudade, então se abriu
E pude depois disso perceber
O quanto sou escravo da saudade,
Refém da luz que emana falsidade...

MARCOS LOURES

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