20/09/11
1
Não quero acreditar no que não sinto
E nem soubera farta a dimensão
Do verso se tornando em negação
Meu mundo no cenário agora extinto,
Cerzindo o quanto pude ver distinto
Dos ermos onde voga o coração
E nesta maior queda o mundo cão
Expressa muito além do mero instinto.
A senda se cultua e me sepulta
A vida traz em si tal catapulta
Lançando-me decerto no não ser.
Dialógica esperança não viera,
A sólida expressão agora austera
Matando em nascedouro algum querer.
2
Cortantes ventos tocam a janela
E sei das nossas noites do passado
O verso noutro tom já desenhado
A vida noutro ocaso se revela.
Somente o que pudesse agora sela
Deixando a solidão como um legado,
E quando no vazio em vão invado
Meu barco segue abrindo cada vela,
E possa mesmo após o quanto apossa
A sorte renegando a velha troça
Destroços de minha alma em desventura,
No transitar insano de quem busca
Vencer a solidão na tarde brusca
Marcando o que deveras me amargura.
03
Sabendo do que veio e não pudesse
Tramar noutro sentido e dimensão
O verso se anuncia e neste vão
Apenas o caminho já se esquece.
O tanto quanto é rude e mata a prece
Dos ermos mais fugazes da emoção
A vida traz em fases floração
Negando uma clemência em rude messe.
O prazo determina o fim do jogo
E quando me entranhasse em pleno fogo
Das noites do passado, mera frágua.
A luta se anuncia noutro instante
A vida noutro caos nada garante
Enquanto a solidão em ti deságua.
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