Amigo, mais um copo e a noite é longa,
O dia se resume em farsa e luta.
A força mais atroz, suave e astuta,
O olhar se demonstrando em vã delonga.
Enquanto algum prazer jamais se alonga,
A sorte noutro enredo, santa ou puta,
O mundo noutro mundo se computa,
Traduz o bigornar de uma araponga.
E a noite entre aguardentes e mentiras,
Do todo anunciado o que retiras
Expressa essenciais esboços, rastros,
O sol invade e cega o dia claro,
E quando a noite vem tudo declaro,
No lusco-fusco manso destes astros...
MARCOS LOURES
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