Ao menos poderia ser feliz,
Quem tanto se quisera além do vago
E vendo a solidão na qual me estranho
Anunciando a sorte noutro afago
E vejo o que pudera ser um ganho
Deixando tão somente a cicatriz,
E quando se imagina a cicatriz
De um tempo aonde possa até feliz
Viver o que em verdade sempre ganho
E nisto quando além do sonho eu vago
A própria solidão que agora afago
Tramasse outro momento mais estranho,
E sei do dia a dia e neste estranho
Cenário se concebe a cicatriz
Deixando tão somente o mero afago
Que possa nos fazer bem mais feliz
E vendo o quanto possa além eu vago,
Tentando pelo menos qualquer ganho,
Ainda quando o sonho dita o ganho
De quem se fez aquém e sendo estranho
Caminho sobre pedras, sigo vago,
Adentro com vigor a cicatriz
E o verso me permite ser feliz
Enquanto se desenha em raro afago,
O tanto que pudesse neste afago
Viver a imensidão que em sonhos ganho,
E nisto o ser deveras mais feliz
Expressa o que de fato agora estranho
E vejo demarcada a cicatriz
Que possa traduzir um sonho vago,
E quando no infinito em vão eu vago,
O verso se transforma em rude afago,
E cria nos meus olhos, cicatriz,
E sei da solidão e dela ganho
Um beijo tão voraz e mesmo estranho
Deixando em contrassenso ser feliz,
O quanto fui feliz e agora vago
E mesmo quando estranho algum afago,
A vida dita em ganho, cicatriz...
MARCOS LOURES
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