domingo, 6 de maio de 2018

SEM SENTIDO


O marco de uma vida sem sentido
O tempo desenhando a solidão
E o verso se tramasse e quando ouvido
Meu canto se perdesse em multidão
A vida traz o tanto que duvido,
Causando a mais diversa divisão

E sinto o que se trame em divisão
No quanto este momento foi sentido
E vivo sem saber quando duvido
Do encanto mais cruel da solidão
E nada do que possa a multidão
Tocasse mansamente cada ouvido,

O quanto desejara ser ouvido
E o tanto que se traz em divisão
Expressa além da imensa multidão
O mundo sem saber sequer sentido,
Meu passo noutro engano, a solidão,
Encontra o quanto quero, mas duvido,

Sabendo que em verdade ora duvido
Do tanto que pudesse ter ouvido
E sendo tão diversa a solidão,
Meu tempo se mostra em divisão
E nisto o quanto possa sem sentido
Explode em plenitude, em multidão,

Ainda quando veja a multidão,
Marcando com o passo que duvido,
O vento noutro sonho em vão sentido
Encontra o que pudera ser ouvido
Nas tramas desta rude divisão
Que molde no final a solidão,

E sei que penetrando a solidão,
O passo se produz na multidão
Marcando com terror tal divisão,
E nisso o que pudesse e até duvido
Expressa o quanto fora outrora ouvido
E sei que pelo menos faz sentido,

O todo se sentido em solidão,
Tocando em cada ouvido a multidão,
Expressa o que duvido: divisão...


MARCOS LOURES

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