quinta-feira, 27 de maio de 2010

34201 até 34250

34201

Jamais vou reviver a nossa história
Perdida pelos ermos da lembrança
O quanto deste vento ainda alcança
Recende simplesmente à vã e inglória
Estada pela qual, escombro e escória
Jogados pelos chãos, turva aliança
Aonde no passado fora dança
Desarmonia resta do passado,
Vencidos pelo tempo e por cansaço
Do quanto ainda teimo e já repasso
Os olhos sobre tudo e nada vem,
Do quanto imaginara simplesmente
Não resta nem sinal e o quanto ausente
Traduz esta vontade de ninguém.

34202

Fechei a tua casa, tranquei porta,
As chaves esquecidas nalgum canto
O preço do viver, o desencanto
Aonde tão distante barco aporta,
O quanto deste vão inda comporta
Apenas um tormento e dele o pranto
Regando o dia a dia, ao fim me espanto
O vento que alivia também corta.
Saudades? Finjo mesmo que não vêm
Vivendo simplesmente muito aquém
De toda esta verdade que se ausenta,
E sei quanto feroz o sentimento
E agora sem saber de algum provento
Aos poucos se esvaindo em vã tormenta.

34203

Carpi teu corpo, morto na lembrança,
Velórios do que fora algum segundo
E nesta cerimônia eu me aprofundo
Nos ermos mais atrozes da mudança
Que sei ser necessária e quando avança
A vida transformando noutro mundo
Aquilo que pensara mais fecundo
Aos poucos sem valia nem pujança.
Restando muito menos que eu pensara
Sombria e tênue luz aonde a clara
Manhã já desbotada anunciava
Um tempo que entre brumas se perdeu,
E agora tão somente o quanto é meu
Traduz realidade em farpa e trava;

34204

Não sei mais o teu nome, nem teu rosto,
Apenas um retrato abandonado
Nos ermos da lembrança, num passado
Já tanto pela vida, decomposto.
O quanto fora audaz noutro proposto
Agora resta ledo e lado a lado
Com todos os demônios, já cansado,
A faca penetrando o corpo exposto.
As cartas sobre a mesa, a vida passa
Do intenso fogaréu sequer fumaça
E o vento leva além o que inda resta,
Assim ao se fazer com verso aquilo
Que aos poucos dia a dia em vão destilo,
A fúnebre paisagem toma a festa.

34205

As velhas, costumeiras, vãs, intrigas
Auroras que esquecera em face escusa,
A vida quando toma a cena e abusa
Não deixa nem sequer que inda prossigas,
Palavras entre tantas vis e antigas
Acossa-me a verdade quando obtusa
A construção demonstra quão confusa
A base feita sobre vagas vigas.
Restando a quem pudesse acreditar
Apenas um segundo e sem lugar
Algum aonde ainda tenha em mãos
Momentos mais felizes ou possíveis,
Os dias entre tantos implausíveis
Transformam os mais críveis noutros nãos.

34206


Na porta da senzala que me deste
Qual fora a torpe herança deste tanto
Esvaído na senda do quebranto
Puindo o que seria ainda veste,
O tempo se mostrando mais agreste
E assim ainda aquém por vezes canto
E busco aonde houvesse sem espanto
Cenário pelo qual antes vieste
A fonte se esvaíra com o tempo,
E o quanto fora imenso passatempo
Agora em contratempos se pintava,
Uma alma libertária; eu não consigo
E entregue sem defesas ao perigo
Tornando-se deveras vã e escrava.

34207


Pois são mais convulsivas, violentas
As noites entre sombras e saudades
E quando pouco a pouco ainda invades
Os dias com terrores me sustentas
Adentro noites pálidas e inventas
Caminhos entre pedras e inverdades
Vencendo as minhas várias tempestades
Singrando noites vagas que incrementas
Com fúria incontestável, sim limites
Porquanto neste intento inda acredites
Matando o que restara em paz ou luz,
A vida se perdendo e desta forma
O quanto inda restando me transforma
E ao próprio temporal eu faço jus.

34207

Por ter a minha face lacerada
Nas ânsias e nos medos tão freqüentes
No quanto do vazio me apresentes
Restando simplesmente o mesmo nada,
A fonte que julgara iluminada
A força sem medidas, penitentes
Caminhos entre mortos e indigentes
Traçando o dia a dia desta estrada,
Resoluta batalha em que me perco
As ânsias pouco a pouco fecham cerco
Não deixam nem sequer escapatória,
Perdido entre as diversas ilusões
Nas tramas das fatais ingratidões
A noite será sempre tão inglória.

34208

Jamais se aplacaria um ódio insano
Durante tanto tempo nos meus dias,
E quando se percebem heresias
O dia cumulando perda e dano,
O quanto do desejo desengano
E morro entre temores, agonias
Ainda quando em mim luzes dizias
Num ato que pudesse soberano.
Ressalvas entre falhas momentâneas
Das dores cumuladas, coletâneas
Resisto o quanto eu posso e ainda creio
Na falsa sensação de um novo mundo,
E quando de ilusões inda me inundo
O olhar seguindo ao longe, morto e alheio.

34209

Buscando entre os escombros do que tanto
Ainda poderia ser em mim
O farto amanhecer, mas chega ao fim
Deixando cada marca em dor e pranto,
Meu verso se mostrara noutro encanto
E o peso do viver tramando assim
A fúria desdenhosa e o ausente sim
Cevando minha morte sem espanto,
Cansado de lutar noites afora
Apenas solidão inda demora
Enquanto me devora o medo e tento
Vencer com calmaria os furacões,
Porém os dias bebem solidões
Por mais que o meu olhar esteja atento.


34210

A vida se aborrece a cada instante
Na ausência do que possa traduzir
A luz ora distante do porvir
Por mais que novo dia se adiante,
A face da ilusão tola farsante
Deixando-se deveras de servir
A quem mais pretendera dividir
Do que esta soma inútil e inconstante.
Acrescentado ao nada que deveras
Ainda poderia em meio às feras
Espreito a minha morte e me aproximo,
Do vale em abissais que ora freqüento
Quem dera pelo menos um momento
Aonde vislumbrasse além o cimo...


34211

Estriduloso anseio domando a alma
Intrépido e terrível gládio em mim
Do quanto mais soubera insano fim,
Nem mesmo a negação do ser me acalma,
A morte semeando palma a palma
O vento se moldando e sinto enfim
O mundo em sideral anseio e vim
Rever o que pudesse ainda em calma
Traçar outro momento após o nada
E tendo a voz deveras já cansada
Dos brados incessantes e tenazes
Encontro após as vagas tal abismo
E quando nos beirais ainda cismo,
Um último tormento tu me trazes.

34212

O quanto poderia ser solene
Momento entre as diversas heresias
E nele com ternura me trarias
A sorte que jamais tome e envenene
Porquanto nem o sonho me serene
Nem mesmo a morte insana onde tu guias
Geradas pelas vãs desarmonias
Num ato inconseqüente, mas perene,
Assumo os meus enganos e isto basta,
A face da verdade já tão gasta
Não sobrepõe-se à fúria que pudera
Ainda apascentar o que procuro,
Olhando de soslaio em céu escuro
Atocaiada e dura, tensa fera.

34213

Reacendendo as luzes tropicais
Verões entre momentos, sóis e luas,
E quando sobre as praias tu flutuas
Caminho entre os diversos temporais,
Os dias que sonhara magistrais
E neles belas divas seminuas
Aprofundados cortes, continuas
Roubando dos meus olhos tais cristais,
E sei o quanto custa ao sonhador
Um dia insustentável de calor
Na ausência de qualquer abraço ou riso,
O passo rumo ao nada se perfaz
E deixa no passado qualquer paz
Nas brumas deste inverno em mim, matizo.

34214

Colunas entre tantas não sustentam
Quem tenta novo templo em luz suave,
Porquanto cada dia mais agrave
As lutas que deveras violentam
Os sonhos e jamais podem, apascentam,
Vencer esta loucura, imensa e grave,
E quando a cada passo um novo entrave
Os dias entre sonhos atormentam,
Negando a redenção de quem fizera
Do sonho um madrigal em primavera
Nevascas costumeiras desabando,
E o todo se transforma em quase nada,
A morte há tanto tempo anunciada
Trazendo este momento atroz, nefando...

34215

Conquistas entre tantas que eu sonhara
Depois dos anos duros solitários,
Os passos em caminhos bem mais vários
E a noite não seria nunca clara,
O medo de viver já se declara
E os sonhos são deveras temerários,
Erráticos astrais, itinerários
Diversos do que a vida ainda ampara,
Riscando os mesmos céus aonde um dia
A estrela mais perfeita não mais guia
Deixando para trás a paz e o senso,
Resido no que fora uma esperança
E a voz deste vazio agora alcança
Diversa de um caminho mais intenso.

34216


Pudesse em amplidões seguir o rumo
Das constelares luzes, mas ausente
Do quanto ainda uma alma quer e sente
Eu perco a direção e não me aprumo,
Os ermos de minha alma cedo assumo
E sinto o que deveras se apresente
Matando qualquer sonho imprevidente
E esvaio simplesmente, logo esfumo,
Resisto o quanto eu posso, mas sei bem
Quando do vazio me convém
E o corte se aproxima da medula,
A fonte se esgotara e sem a paz
Meu mundo não seria mais capaz
Teimando até que a morte enfim me engula.

34217

Seguira sem destino em pleno espaço
Vagando por estrelas, mares sonhos,
E sei os dias turvos e enfadonhos
Vencido tão somente por cansaço,
Ainda procurando algum abraço
Em ritos mais tranqüilos ou risonhos,
Porém meus dias morrem mais tristonhos
E apenas o vazio ao longe eu traço,
Resquícios de uma vida nada são
Senão a mesma angústia em tom cruel,
Do quanto poderia alçar em céu
O dia se mostrando sempre vão,
E a morte se aproxima calmamente
E a cada nova ausência se apresente...

34218


Pudesse pelo menos te seguir
Em meio aos mais diversos lumes, quando
A face da verdade se mostrando
Negando da esperança este elixir,
Cansado de somente prosseguir
Sem rumo, sem destino, desabando
O mundo em minhas costas demonstrando
O quanto do vazio a pressentir
A ausência do que fora algum instante
Momento mais sublime e fascinante
E agora nada traz senão a morte,
Sem ter qualquer alento sigo assim,
Ao quanto poderia ter no fim,
Afeto desconheço o que conforte.

34219

Andando entre as estrelas, embuçado
Sonhando com momentos mais felizes
O quanto dos meus sonhos não desdizes
Estando vez em quando lado a lado,
O tempo noutro tempo emoldurado
As noites ditam velhas cicatrizes
E embora costumeiras, tolas crises,
O mundo permanece desenhado
Com cores mais suaves, sem o gris
E assim ao me sentir tendo o que eu quis
Eu posso acreditar noutro conforto
Aonde a sorte seja mais humana,
Mas quando a noite trama e desengana
Amanhecendo só, calado e morto.

34220

Um dia simplesmente divinal
Marcado pelas cores da alegria,
Gerando noutra face a fantasia
Que tanto procura, sem igual,
O mundo se mostrando em ritual
Diverso do passado ema agonia
A cada novo tempo percebia
A vida com constância magistral,
Risonho caminhar por entre trevas,
Enquanto ao paraíso tu me levas
Em sonhos simplesmente, sou feliz,
Mas quando amanhecendo em solidão
Percebo quanto sonho fora em vão,
O amor que eu tanto quero não se quis.


34221

Dos sonhos que acumulo eis este arcano
Felicidade apenas, nada mais
Em dias temerosos, desiguais
A vida acumulando dor e dano,
Pudesse quando muito, mas me engano
E sei que entre momentos magistrais
Vivesse pelo menos entre os quais
Diversos do que tento e onde me dano,
Eu sei quão dolorido o dia sem ninguém
E quando a noite chega e nada vem
Nem mesmo alguma luz em céu brumoso,
O tempo traduzindo a realidade,
Apenas a saudade toca e invade,
Gerando um ar atroz, tempestuoso.

34222

Pudesse em ar sereno às vezes nobre
Seguir o passo ao rumo onde pudesse
Viver esta alegria em tal benesse
Aonde toda a glória se recobre,
O mundo noutro instante me descobre
E traz a tempestade que se tece
Na fúria onde o vazio se obedece
E o vento noutro tanto já desdobre
O rumo mais suave e mais tranqüilo,
Por entre temporais vários desfilo
E bebo cada gota do veneno
Urdido nos teus olhos desde agora,
E assim a tempestade já se aflora
E nem um passo a mais eu concateno.

34223

O mundo quando em mundos se reparte
Deixando qualquer sombra, algum sinal
Que ainda se pudesse em tal degrau
Erguer o quanto sonhe plenamente,
Mas sei quando a verdade nega e mente,
O rito muitas vezes triunfal,
A sorte desdenhosa e desigual,
Negando da esperança uma semente,
Sorvendo cada gota do que um dia
Pensara tão somente em alegria
E agora se pressente em fim e rogo,
Há tanto nesta frágua em ilusões
Os cantos entre perdas e emoções
Não vivem sem a chama, imenso fogo.

34224

A voz de um tempo aonde eu quis sentir
A sorte noutro encanto, mas não vinha
E o quanto se pensara ainda minha
A noite que hoje sei sem ter porvir,
Pudesse cada dia repartir
E nele perceber o quanto tinha
Da luz que na verdade eu sei daninha
E mata quem pudesse persistir
Nas sendas desta imensa sensação
Ouvindo por resposta o mesmo não
E dele se fazendo um dependente,
Perceba a voz do vento nos traçando
Um tempo onde se pense ser mais brando,
Porém em tempestade se apresente.

34225


Levando a minha vida sem saber
Do quando ou como posso acreditar
Num dia mavioso de luar
Sem nada nem saudade a se tecer,
Resisto o quanto posso e tento ser
Além do quando ou mesmo devagar
Vencendo as tempestades, navegar
Na busca inconseqüente por prazer,
O verso se perdendo em tons sombrios,
Os olhos que buscara, agora frios
Não beijam horizontes, perdem sol,
E o fato de sonhar não alivia
Quem tanto sorve cada fantasia
Morrendo a cada instante sem farol.

34226


Erguendo o meu olhar procuro a fonte
Que possa saciar o dia a dia,
E quando novamente não se via
Sequer o menor brilho no horizonte
Ainda que deveras desaponte
Eu creio no que possa a melodia
Trazendo no meu passo esta harmonia
E nela com certeza a bela ponte
Ligando o que passara ao meu futuro,
Realça sem defesa o que procuro
Tornando a poesia mais possível,
Mas sei que não passando de mentiras
Enquanto noutro mundo tu me atiras,
O vento mostra apenas o implausível.

34227

Resumo de outras vidas nesta quando
O todo se percebe em frenesi,
O mundo que sonhara e já perdi
No quanto poderia, disfarçando
O passo noutro rumo se tomando
E o medo traduzindo o que há em ti,
Vivera esta ilusão e pressenti
O dia novamente se nublando,
Resisto o quando posso, mas percebo
Que quanto mais ainda dele bebo
Maior esta distância que separa,
A vida onde eu tivera a realidade
Da doce maravilha, eternidade
Jóia profusa e bela, porém rara.

34228

Não deixe que se cale a voz de quem
Sonhando com momentos mais felizes
Diversos dos que ainda trazes, dizes,
Vagando pela vida sem ninguém,
E quanta poesia já contém
Depois de tantos anos em deslizes,
Vencendo as mais diversas, duras crises
O amor não merecia tal desdém,
Ouvindo a voz do quanto invés do não
O tempo se mostrando em dimensão
Maior e bem melhor que imaginava
A sorte se bendiz a cada instante
Por quanto em cada verso se agigante
Minha alma nesta angústia segue escrava.

34229


Ouvir em sintonia vozes tantas
E nelas discernir maravilhado
O quanto poderia ser traçado
Não fossem as torturas onde espantas
Os sonhos e deveras agigantas
O traço noutro rumo destroçado,
O vento novamente sonegado
A ausência de calor matando as plantas,
A par do quanto pude ou mesmo quis,
O amor não me fizera mais feliz
Tampouco me trouxera alguma paz,
O risco de sonhar não vale à pena
E quando a morte chega e assim me acena
No fundo, com certeza, tanto faz.


34230


Levado pelas ânsias de quem tenta
Vencer com calmaria as mais diversas
E amargas heresias, vãs perversas
Numa alma desvalida e tão sedenta,
A sorte noutro rumo segue atenta
E quando sobre os sonhos teimas, versas
Mudando novamente de conversas
Nem mesmo esta emoção ora alimenta
O quanto pude crer e não sabia
Quem sabe noutra face, novo dia,
Quem sabe noutro enredo, nova senda,
Eu possa acreditar e ter nas mãos
Além dos dias vagos, tolos vãos
Alguém que na verdade em paz me atenda.

34231


Da noite vencida
Eu vejo a manhã
Néscia e malsã
Luz percorrida
Dizendo da vida
Que tanto sei vã
Cevar noutro afã
A terra sortida,
Sentir outra face
E quando se embace
Beber deste sol,
Que mesmo em brumoso
Cenário teimoso
Domina o arrebol.


34232


Beber deste alento
Porquanto pudesse
Ainda em tal messe
Tocar sentimento
E quando sustento
E o sonho obedece
Momento se tece
Além deste vento,
Vencer os meus erros
Vencer meus desterros
Sinceros começos
Depois do que tanto
Gerado em espanto
Criara em tropeços.

34233

Sentido diverso
Da vida em que entranho
Por vezes estranho
Em tantas disperso
Mergulho meu verso
Nas dores de antanho
E quando não ganho
E perco universo
O mundo desaba
O quanto se acaba
Na queda ou no fim,
Sentindo o que vem
Ausência de alguém
Distante de mim...

34234

Diversas platéias
Mesquinhas conversas
As horas reversas
As falsas idéias
Nas vãs assembléias
Por onde dispersas
Palavras imersas
Em sanhas atéias,
Servir quando posso
Calar o que é nosso
Endossa meu erro,
Mas quando me calo,
Meu sonho vassalo
Revela o desterro.


34235

Enquanto prossegue
O dia sem nexo
Olhando perplexo
O nada se segue
Sem quem me sossegue
Vivendo este anexo
Apenas reflexo
Do quanto navegue
Em mar revoltoso
Assim prazeroso
O tempo se faz
E o quanto desejo
Além do que vejo
Renegando a paz.


34236


A sorte altaneira
O medo da morte
O quanto conforte
Palavra se esgueira
E toma a bandeira
Negando algum norte
E assim sem a sorte
A morte me inteira
E risco outro fato
No qual me retrato
Ou mesmo pudera
Saber da sangria
Que nada seria
Não fosse tal fera.


34237

O quanto reparte
O medo redime
E a fonte do crime
Negando este aparte
Ao ver e tomar-te
No passo se exprime
O quando se estime
Ou mesmo descarte
Não posso ou não pude
Saber atitude
Aonde não veja
Senão mesmo olhar
Cansado a mirar
A noite sobeja.

34238

O tempo do sol
A noite não via
Nem mesmo sabia
Quanto no arrebol
Do intenso farol
Gerado no dia
Fatal fantasia
Ausência de atol,
O solo aridez
A vida não crês
O tempo se cale
Da vã cordilheira
A face rasteira
Promessa de vale.

34239

O tempo não pára
Também não sossego
E quando renego
O quanto me ampara
O medo escancara
A face que entrego
E sendo assim cego
Vida nunca é clara,
O tanto pudesse
Ou mesmo se esquece
Nas curvas do rio,
Morrer e tramar
Ausente luar
Acende o pavio.


34240

Ainda no curso
Do tempo que segue
O quanto navegue
Sem ter mais recurso
Do velho discurso
Que tanto se negue
O quando renegue
Tempos em decurso,
O corte ou alento
O quando não tento
E o verso se esvai,
Assim natureza
Enquanto sou presa
Surpresa não trai.


34241

O quanto quis bem
Quem nunca soubera
Viver primavera
Ou nada contém
Resisto e se vem
Ainda tempera
Ou mesmo na espera
No quanto não tem,
Reparo e persigo
O tempo este abrigo
No qual me conduzo,
Ainda se faz
Ausente da paz,
Ou tanto confuso

34242


Pudesse admirar
A noite ou o dia
Quem sabe alegria
Distante luar
Pudesse tocar
Mudando a harmonia
E assim geraria
Um raio solar
Aonde não pude
Audaz juventude
Mortalhas tecidas,
E vendo o caminho
Sem rumo, sozinho,
As sortes perdidas...

34243

Num mundo tão grande
No tempo que afasta
Palavra já gasta
Que nunca demande
Ou quando se expande
Diversa repasta
A sorte nefasta
Aonde se mande
Olhar horizonte
Bebendo da fonte
Que nunca pudesse
Traçar outra senda
Além do que venda
O amor rara messe.

34244

O quanto que assisto
Do tempo sem par
Até se tocar
O sonho que é misto
Enquanto persisto
No velho lutar
Até me cansar
Ou mesmo desisto,
Resido no vago
E quando me alago
Do farto segredo
Às vezes carinhos
Em outras daninhos
O mesmo degredo.

34245

A sorte que espelha
A fonte do nada
Aonde alvorada
Agora tão velha
No quanto me engelha
Palavra cansada
Ao tempo jogada
De mim se assemelha,
Relido este tomo
O quanto não domo
Reparo ou porfio,
Perdendo algum rumo,
O nada consumo
Gerando outro estio

34246

Vital natureza
Aonde se vê
O quanto e por que
Seguir correnteza
Sabendo destreza
Selando o que crê
No quanto do quê
Pudesse a certeza
Viver com fartura
Além do que cura
Também alivia,
O medo não pára
A sorte se amara
Atrapalha o dia.

34247


O tempo se escreve
Com dor e sorriso
No quanto impreciso
Ao nada me leve,
E assim sol e neve
A chuva e o granizo
O dito o juízo
O quanto não ceve
E serve de encanto
A quem busca o quanto
E quando não vira,
O sangue nas mãos
Ausência de grãos
Na falta de mira.

34248

Olhando esta estrela
Desnuda em meu céu
O amor toma o véu
E não posso vê-la
Quisera tecê-la
Gerada no mel
Ainda cruel
De quem sabe crê-la
Resumo do nada
A vida negada
Palavra sortida,
O manto acoberta
A sorte se incerta
Não vale esta vida...

34249

Mirrando este arbusto
Meu sonho de paz,
O quanto se faz
Aquém do ser justo
E quando me incrusto
Nas tramas, audaz
O tempo é voraz
Aumenta este custo
O curso da vida
Porquanto dorida
Não me deixa ver
Além do que um dia
Gerasse alegria
Ou mesmo prazer.

34250

A parte diz toda
Vontade de ser
O quanto em poder
A vida se enloda,
E assim cada roda
Traduz o querer
E nele o saber
Por vezes engoda
O corte se trama
Além deste drama
Da fome e da sede,
O olhar vaga o mundo
E tenta um segundo
Descansos e rede.

Nenhum comentário: