sábado, 29 de maio de 2010

34451 até 34500

34451

No alto da montanha
Ouro entre azulejos
Sinto os meus desejos
Vejo minha sanha
O sol que nos apanha
Momentos sobejos
Sonhos mais andejos
O horizonte banha
Corpos e delírios
Longínquos martírios
Sinto cada adeus,
Distante de mim
Vento toca e enfim
Posso ver Meu Deus.

34452

Lua em meus jardins
Olhos prata bebem
Tudo o que percebem
Princípios e fins
Anjos querubins
Os sonhos concebem
Raios se recebem
Sonhos gritam sins.
Vejo ao longe a dama
Nua em plena chama
Prateando a terra,
Ouço a sua voz
Deita sobre nós
Tanta paz descerra.

34453

Ouro sobre o vale
Sol se enamorando
Quando verdejando
Em silêncio fale
Sonho em que se embale
Momento mais brando
Aves levam bando
Sob o azul do xale.
Ouro verde e azul,
Os ventos do Sul,
Etéreo momento,
Entre guerras, medos,
Batalhas e enredos,
Logo me apascento...

34454

Precioso orvalho
Claro amanhecer
No céu a tecer
Sob o sol espalho
Meu olhar tão falho
E consigo ver
Vivo este prazer
Para um Deus, atalho.
Sol cristalizado
Do viver nublado
Gotas de esperança;
Delicada tela
Que a manhã revela
Sentimento alcança.

34455

Tua boca em trevas
Olhos sorridentes
Beijos, ritos, dentes
Paraísos levas
Quando assim elevas
Sonhos transcendentes
Quais iridescentes
Brilhos sobre cevas,
Noites em neblinas
Logo me fascinas
Diamantina e bela,
Na brumosa cena
Presença serena
Doma, vem, revela...

34456

A ave em seu gorjeio
Liberdade em asas
Quando assim embasas
Raro devaneio,
Distante receio
Teu olhar em brasas
Das dores defasas
O tormento alheio
Liberdade em cantos
Invadindo os cantos
Vira plenitude,
Do tempo cruel
Revertido ao léu,
Brilha a juventude.

34457

A penumbra oculta
Tal beleza rara
Quanto disto ampara
Sonho que se ausculta,
Viva catapulta
Para além dispara
A presença clara
Natureza culta
Cultuando a cena
Alma se serena
Bebe eternidade,
Neste mesmo instante,
Como um diamante
Sorvo a claridade...

34458


Quieto, emudecido,
Vejo além, no mar
Azuis a tocar
Sonho enternecido,
Dores, ledo olvido
Permito encontrar
Cais e porto. Amar
Rejuvenescido.
Ouço este marulho
Neste mar mergulho
Vago profundezas
Conchas, ondas, ritos
Misto de infinitos
Beijo de grandezas...

34459

Vejo no jardim,
Rosas caracóis
Dias belos sóis
Brilham dentro em mim,
Do vazio eu vim,
Ausentes faróis
Hoje girassóis
Num olhar sem fim,
Bebo este horizonte
Quando já desponte
Raro amanhecer.
Lírico cenário
Ao longe um canário
A amarelecer.

34460

Tanta maravilha
Céu, sol, lua e vida,
Sorte concebida
Sonho vivo trilha,
Luz que se polvilha
Cena sendo urdida
Beleza surgida
Onde Deus palmilha.
Num olhar distante
Cada vago instante
Ao longe contrasta.
Muito além estás
De uma ausente paz
Teu olhar se afasta...


34461

Copa do arvoredo
Pássaros migrantes
Raios deslumbrantes
Sol invade cedo
Desvenda o segredo
Quanto te agigantes
Sebes fascinantes
Meu olhar concedo,
Entre frondes tantas
Tu também encantas
Canto em harmonia,
Vejo beijo e sonho
Aos poucos componho
Cenário de um dia.

34462

O que fora adaga
Agora se cala
Adentrando a sala
O luar que afaga
Aplacando a chaga
Liberta a vassala
Voz que enquanto fala
Em ânsia tão maga
Toma plenamente
Assim se apresente
Tempo após tempestas
E deitada nua
Bela sob a lua
Deusa exposta; restas...

34463

Sinto em outra mão
O que não sabia
Quem trafega o dia
Leda contramão
Vento em direção
Traça em fantasia
Sorte ou alegria
Cenas de verão.
Ouço o vento além
Do quanto contém
Contem raras luzes,
Num momento apenas
Tão sublimes cenas,
Sem saber produzes.

34464

Na calçada a lua
Cadeiras, conversas
Entre tantas versas
A alma ali cultua
A beleza crua
Em luzes dispersas
Presenças imersas
Divindade atua.
Bebo gota a gota
Minha história rota
Rota agora nova,
E nesta calçada
Noite enluarada
Coração renova.

34465

Bastam tão somente
Olhos luas claros
Noites dias raros
Da vida semente,
Assim se apresente
Dos mil deuses aros
Elos nobres caros
Brilho que alimente
Sonhares dispersos
Em tais universos
Versam para um só
Ao longe contemplo
O Pai neste templo
Em dourado pó.

34466

Debaixo da lua
Cenas entre tantas
Quando te levantas
A deusa ali nua
Quieta além flutua
Derramando mantas
Sem notares cantas
Velhas melodias,
Noites tão vazias
Saudades de alguém,
Meu olhar se alheia,
Bebe a lua cheia
Que em deslumbre vem.

34467

Dourado senhor
Entre milharais
Ventos ancestrais
Beijos de um louvor,
Sonho multicor
Raios siderais,
Bebo e quero mais
Deste bom licor,
Vida gera sonho
Sonho gera vida
Deveras surgida
Enquanto componho
Com gotas deste ouro
Meu maior tesouro.

34468

Olhando seus brilhos
Sol derrama luzes
Aonde conduzes
Teus sobejos trilhos,
Sonhos andarilhos
Dias dores cruzes,
Caminhar em urzes,
Tantos empecilhos...
Mas do sol tais garras
Quando ali te agarras
Verás no horizonte,
Este ciclo eterno,
Tormentoso e terno
Que ao viver se aponte.

34469

No albor da manhã
Raios e matizes
Brilhos mais felizes
Num suave afã,
Da noite malsã
Horas que desdizes
Quando após as crises
Vês neste amanhã
O sol se derrama
Beba cada chama
Alimenta a vida,
E se faça de ouro
Vivo nascedouro
A alma renascida.

34470

Destroçadas dores
Entre luzes fartas
Jogas tuas cartas
Bebendo os albores,
Raios redentores
Quando tu te apartas
Das loucuras, partas
Rumo aos redentores
Caminhos do sol,
Dourando arrebol
Dominando tudo.
Vendo este cenário
Farto e necessário
Toda a senda eu mudo.

34471

Chuva derramando
Sobre a terra agreste
Assim tu vieste
Neste sonho brando
Tudo transformando
E o prazer que deste
Hoje se reveste
Em ar mais nefando,
Negando o provento
Sigo mais sedento
Ventos sem destino,
Quando me recordo
Hoje nada a bordo,
Ledo; eu me alucino.

34472

Sobre as pedras vejo
O cair dos sonhos
Mergulhos medonhos
Ausente desejo,
Neste instante em pejo
Olhares tristonhos,
Dias enfadonhos,
Também me negrejo.
Ritos mais tenazes
Dias turvos trazes
Em mordazes cenas,
Longe estás de mim,
Saudade, um chupim,
Resto lasso, apenas...

34473

Como fosse a terra
Entranhas expostas
Faces decompostas,
Em constante guerra
Sonho, a vida encerra
Retalhando em postas
Dos mares, as costas
Vazios; descerra.
Sigo alheio ao fato
Do quanto retrato
Mera semelhança
Vivo por viver,
Longínquo prazer
Nem um vento alcança.

34474

Pudesse ser mais
Do que tanto quis
Eterno aprendiz
Entre temporais,
Versos tão banais
Dentre tantos fiz
Buscando o feliz
Momento e jamais.
Resto sobre o leito
O degredo aceito
Cenário nefasto,
Dos meus sonhos fartos,
Dias mortos, quartos
Aos poucos me afasto.

34475

Homem, alvorada
Dia nasce torto,
Meu olhar já morto
Não trazendo nada,
Riso em voz cansada
Quando ausente porto,
Nascedouro aborto
Vida renegada,
Marcam meus caminhos
Os vários espinhos
Deixando pra trás
Flores que pensara
Da manhã tão clara
Tempesta se faz.

34476

Houvesse caído
Sobre a terra agreste
O quanto pudeste
Ser um mero olvido,
Passo decidido
Nada sigo, e a veste
Onde se reveste
Moldando o tecido
Tempo em aridez
Tudo no que crês
Já não mais consigo,
Sigo alheio ao tanto
Vivo desencanto,
Constante perigo.

34477

Do meu sangue ao solo
Gotas, chuvas, morte,
A diversa sorte
Com terror e dolo,
Quando assim assolo
Meu caminho, o norte
Nada me conforte,
Queda e corte; esfolo
Meu olhar ausente
Busca ainda e tente
Horizonte manso,
Mas distante sonho,
Nada mais componho,
Nada mais alcanço.

34478


Na batalha a vida
Entre vidas tantas
Quando te agigantas
A sorte puída,
A morte tecida
Nela tanto espantas
E quando levantas
Vejo a despedida,
Beijo o nada ser
E no alvorecer
Feito em brumas, dores,
Já não mais prossigo,
Morto em vida, sigo
Neste céu sem cores.

34479

De uma noite vã
Outra se aproxima
Nada que se estima
Na sorte malsã,
Vida segue o afã
E deveras rima
Mutação de clima,
Ausente manhã
Tento ver além
O que eu sei não vem
E jamais veria,
Assim sendo a noite
Dor, vagar, açoite
Morto está meu dia.

34480

Silabas e frases
Medos, ritos, tramas
Quando tu reclamas
Ou melhor atrases
Vejo em velhas fases
As dispersas chamas,
E se ainda clamas
Destroçando bases,
Vento mais agreste
E quanto me deste
Deste nada ser,
Ao sentir a face
Deste não que grasse
Mato o amanhecer.

34481

Trabalhos arados
Os dias em sol,
O quanto do prol
Em fardos negados
Olhares recados
E todo arrebol
Vestido dos prados
Momentos alçados
Sentir girassol,
Risonhos alentos
As brisas, os ventos
Mergulhos em mim,
E tento outro fato
E nada retrato
Senão ledo fim.

34482

Já não vejo a morte
Nem mesmo pressinto
O quanto ora extinto
Ausente meu norte
Sem ter quem suporte
Dourando me minto
E tanto repinto
Da vida sem sorte
Resgato este nada
Aonde se alçada
A lua não vinha
A senda desnuda,
Uma alma transmuda
E o nada retinha.

34483

As mortes os dias
Os sonhos e as frases
Os olhos que trazes
Em faces sombrias
E neles podias
Mas quando sem bases
Os ritos mordazes
Luzes fugidias
Figuras dispersas
E quando ali versas
Investes na dor,
Assim porfiando
O tempo passando,
Sem sonho e sem cor.

34484

Já sem alvorada
Negada sem rumo,
O quando consumo
Traduz mesmo o nada,
E tento outra alçada
Ou mesmo me esfumo
E beijo outro prumo
A sorte sondada,
Reduz ao vazio
O quanto desfio
E morro sem paz.
O peso sentido,
O corte e vencido,
Ausência se faz.

34485

Olhar imortal
Dos deuses além
E quando contém
Fator desigual,
Meu canto venal
Ao seguir aquém
Procuro e não vem,
O sonho é fatal,
Resíduos coleto
E quando repleto
Já não bastaria
Sequer outro tanto
Total desencanto
Negando outro dia.


34486

Pudesse dizer
Do quanto sou grato
E quando retrato
A vida ou querer
Sem tanto saber
Ou mesmo do fato
E assim já reato
Meu canto a perder
Nos ermos da noite
Sem nada que acoite
Percebo a brumosa
Manhã que se eleva
Bebendo da treva
Uma alma andrajosa.


34487

As luzes modestas
As sortes banais
E quando sem cais
A vida sem festas
Apenas emprestas
Momentos iguais
E vês nos bornais
As meras vãs frestas
E tudo eu refaço
Ausente meu traço
Permite o vazio,
E quando pudera
Vencer a quimera
Também me esvazio.

34488

Meu sonho, a rotina
Que tanto se esgota
E quando sem rota
A sorte alucina
Perdida e ladina,
O passo amarrota
O beijo não trota
Nem sabe da crina,
Vagando sem ter
Sequer o querer
Aonde pudesse
Viver plenitude
Bem antes que eu pude
A vida me esquece.

34489

O sabor desta água
Em trevas e medos
E deles degredos
Aonde deságua
A sorte sem frágua
A lua em enredos
Diversos segredos
Carregam a mágoa
O tempo nefasto
O quanto me afasto
E bebo este insano
Caminho entre trevas
Por onde me levas,
Prenúncio de dano.

34490

A face suspeita
De quem se maltrata
A morte retrata
Enquanto se deita
A fonte desfeita
A face que ingrata
Destroça e desata
A noite perfeita,
Restando este frio
E quando baldio
Meu peito se aquieta
Quem sabe se a vida
Trouxesse a saída,
Paisagem completa.

34491

Meu verso ladino
Meu canto sem rumo
O quanto resumo
Ou mesmo domino
Palavra sem tino
Num tempo sem prumo,
E quando acostumo
Dobrando outro sino
A morte anuncia
Ausência do dia
Que tanto se quis,
Assim sigo alheio
E em tal devaneio
Quem sabe feliz?

34492

Memória em mulher
Pintada e cravada
Numa alma calada
Que tanto se quer
Vencer um qualquer
Caminho que ao nada
Trouxesse esta estrada
Sem outra sequer,
Querendo o descanso
No quanto me lanço
E nada se vê
A vida vazia
O tempo se esfria
E vou sem por que...


34493

Só e abandonado
Não tendo saída
Olhando esta vida
Revelo o passado
E sinto o recado
Da sorte sofrida
Da morte gerida
Nos passos do enfado,
Resolvo um problema
Porém novo tema
Teimando em surgir,
Seguindo sem termo,
O mundo tão ermo,
Ausente porvir.

34494

Em tantos momentos
Segredos dispersos
Em sonhos imersos
Totais desalentos
Negando proventos
Aos sonhos e versos,
Os cantos imersos
Nos meus sofrimentos
A morte outra vez
Negar lucidez
Gerar a loucura
E assim se atirando
Ao tempo negando
Qualquer luz ou cura.

34495

Podendo lembrar
Dos dias distantes
Olhares brilhantes
Constante luar,
Tocando e vagar
Os sonhos farsantes
Dias degradantes
Ainda a roubar
A cena e trazendo
Apenas ascendo
Ao quando pudera
A vida não trama
Aquém desta chama,
Aberta a cratera.

34496


De tanta amargura
Que a vida promete
No quanto arremete
Além da procura
Bebendo a ternura
De um falso confete
Assim me compete
Somente a loucura
Resumo o passado
Ouvindo o recado
Do quanto pudesse
Tecer novo brilho,
Mas tanto empecilho
Que nada obedece...

34497

Não vejo o presente
Nem mesmo o queria
O tempo, a alegria
A morte apresente
A farsa desmente
Em farta agonia,
A porta se abria
E o vento me alente.
O quarto sombrio
Meu mundo esvazio
E sigo sem rumo,
Queria um segundo
Apenas de um mundo
Diverso consumo...

34498

O que se vier
Traçado no quanto
Pudesse e ora canto
Encanto qualquer
A senda, a mulher,
O riso outro pranto
O beijo, o quebranto
Sem nada sequer,
Realço o meu passo
E quando outro traço
Mostrando a verdade
Impede o sorriso,
O quanto é preciso
Deveras degrade.

34499

Ao ser desleal
O tempo renega
A sorte carrega
E trama o final,
O passo mortal
A vida tão cega
O quanto navega
Bebendo do sal
Da morte presente
Do sonho constante
E quando adiante
O passo se sente
O vento e a tormenta,
E enfim acalenta...

34500

Sentindo de pronto
Momento feliz
Se tudo o que eu quis
Tramado em desconto
No quanto me apronto
Ou tanto desdiz,
A sorte aprendiz,
Refaço outro conto
E tento um sorriso
Disperso e preciso
Fadado a sonhar,
Mas sei quanto resta
Da noite sem festa
Sem sonho ou luar...

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