sábado, 16 de outubro de 2010

24395
Empunhando esta adaga me defendo
E fazendo o escarcéu não mais pergunto
Mudando devagar o velho assunto
Enquanto nada falo nunca ofendo.
E serve de lição para o poeta
A bêbada esperança à qual se dá,
Mundana maravilha vejo lá
E aqui a sorte apenas não completa
Eu quero no final sensualidade
Da moça que se trama mais audaz,
E quando a noite em sonhos já me traz
A arcaica solidão, não mais invade.
Mas tudo não passando deste sonho
Que em vão, um solitário, em luz; componho.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24394
Não quero um sentimento assim genérico
Vendido como fosse original,
O quanto deste amor já me fez mal,
Aonde imaginara um fim homérico,
Não posso ter nos olhos o quimérico
Caminho que disfarça o visual
Levanto com meus beijos teu astral
Aumentando afinal o hormônio sérico.
Será que atrás do quanto existe o que?
Jamais acreditando no que vê
A gente se decide pelo tanto.
E beijo tua boca sensual,
E quanto ao verso feio ou magistral,
Deveras sem perguntas, quero e canto.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24393
Ouvindo ao longe em cítolas os cantos
Que tanto me fizeram crer na vida,
Não deixo a velha imagem destruída
Tornar já sem efeito teus encantos,
E deixo para trás antigos prantos,
A sorte noutra sorte decidida
Permite esta emoção que se divida
Tomando toda a casa, sem espantos.
Longinquamente a lua se desmaia,
E quando se espraiando beija a praia
Beijando o mar em ondas, bela e cheia,
Soberba esta rainha assim polvilha
Em luzes prateadas cada trilha
Enquanto amor se encanta e banqueteia.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24392
Arpejos entre tons diversos, canto
Escondo-me nas notas que solfejo
Traduzem muito além do meu desejo
Demonstram quão real sobejo encanto.
E quando me imiscuiu neste tanto
Apesar de mais quieto relampejo
Deixando para trás pudor e pejo
Saindo num segundo do meu canto.
Esboço este soneto e nele vão
As pombas de uma triste solidão
Arrulhos se perdendo no caminho,
As horas que se foram, toscas, turvas
E quando em versos belos, sombras curvas
Nas teias deste amor, em paz me aninho...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24391
Cintilas qual a lua em noite farta,
E sabes muito bem quanto dominas
Dos sonhos e delírios, fontes, minas,
Meu corpo deste encanto não se aparta,
E sabe muito bem, jamais descarta
Esta ilusão sobeja que ora minas
Em águas delicadas, cristalinas,
Minha alma de tua alma assim se farta.
Encontro em teu caminho o mesmo que
Durante tanto tempo procurara
Somente numa noite assim tão clara
Beleza que se estampa então se vê
Um eremita às vezes tão estóico
Se expressa em decassílabos; heróico.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24390
Essências transtornantes, teus perfumes
Essencialmente raros me inebriam
E enquanto estes cristais tomam, viciam,
Acende-se a esperança em claros lumes,
Além do que pensara me acostumes
Enquanto outros momentos ludibriam
Felicidades tantas se recriam
Em meio aos meus tormentos e queixumes.
Escutando esta voz mansa e suave,
Minha alma na tua alma, sonhos crave
E traz uma alegria inestimável,
Viver o quão possível do teu lado,
Costume por um Deus abençoado,
Numa expressão de paz inigualável.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24389
Se a lua não trouxesse suas fases
Marés já não seriam como são,
Assim também no amor uma ilusão
Impede que o caminho; em vão defases,
Se todos os momentos são capazes
De trazer no seu bojo uma lição
Não sigo por seguir tal direção
Sequer mergulharia em vãos mordazes.
Atento às variáveis desta vida,
Enquanto a sorte abrindo uma guarida
Permite que vislumbre dor ou pranto,
Escuto das estrelas o clamor,
E bebo a fantasia feita amor
Inebriado e audaz, agora canto...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24388
Amor ao traduzir felicidade
Expõe nossos retratos distorcidos
Por vezes em momentos, divididos
Existe algum valor que desagrade,
Enquanto desagrega eis que me invade
O que não se perdera em vãos olvidos,
Mas tendo estes clarões reconhecidos
Eu rompo com vigor o muro e a grade.
Saber do quão feliz se pode ser
E ter nas mãos do amor este poder
Permite que se creia num segundo
Aonde a luz que guia nos traduza
Além da vaga noite tola e escusa,
E desta benção rara eu já me inundo...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24387
Por vício ou por soberba a mãe Igreja
Pensando ter nas mãos a consciência
Não vê que o próprio Deus feito em clemência
A perdição do ser, nunca deseja,
E quando a plenitude assim se almeja
Além do que se mostra em evidência
O Pai que se traduziu onipotência
Não tem uma alma amarga e sim viceja.
A dona da verdade dita regras
E quando mal percebes desintegras
Nas mãos de uma senhora arcaica e vil.
Aonde se mostrasse uma discórdia
Ao Pai cabendo a paz, misericórdia
A dita mãe prefere um cão servil.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24386
Ao homem, sendo fera e duro ser
Olhando neste espelho se vê deus
E mesmo quando imerso em tantos breus
Procura tão somente o vão poder.
Num tampo auspicioso posso crer,
Mas tenho que dizer agora adeus
Aos desejos banais, nossos e meus
E deles, só por eles, não viver.
Apego-me aos delírios de um poeta
Aonde a fantasia se interpreta
Tomando toda a cena bela atriz,
Mas sei que a realidade é bem diversa
E a sorte noutro canto segue imersa
E mesmo vendo a sombra, ora a desdiz.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24385
Trazias nas sandálias a poeira
Deste infinito termo em que puseste
Ascendo à maravilha feita em peste
Embora uma alma turva não se queira.
A sorte das algemas, mensageira
Expressando a dureza do cipreste,
O quão a melodia é vã e agreste
Tropeço na verdade, ribanceira.
Esgoto o linguajar falando a esmo
Repito esta ilusão e me ensimesmo
Mudando vez em quando a ladainha
Servindo de alimária a quem se dera
Matando docemente a minha fera,
O mundo noutro tanto, desalinha.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24384
Do verso onde concreto se faz trama
O quão hipoglicêmico eu me esboço,
As horas derradeiras do destroço
Aonde se pensara em melodrama
O tanto que não fui ora me chama,
Ainda no porvir já me remoço
E bebo e mal disfarço se me acosso
Dos seres tolos quase alma reclama.
Quasares entre luas noite afora,
E sei que o verbo ser não me decora
Tensionado prazer não diz da teia
O cerne da questão é não saber
Além do quão devia nada ser
Dúvida crucial se banqueteia.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24383
Hão de tentar mudar a direção
Dos ventos entre chuvas e tempestas
E enquanto mais distante ainda restas
Verás as novas fontes que oporão
Aos velhos caminheiros mostrarão
As horas que em verdade inda emprestas
Mudando o que adentrara pelas frestas
Trazendo nos olhares a aversão.
O cedo se tornando entardecer
Ainda no que eu pude perceber
Não vejo mais nem quero que ora esculpas
Gerando esta disforme caricata
Aonde a realidade me arrebata
Sabendo tão somente meras culpas.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24382
As flores se murchando em vão canteiro
E dele naufragando esta esperança
Enquanto o tempo molda e sempre avança
Da realidade em versos já me esgueiro
O mundo se mostrando alvissareiro
A quem tem nos seus olhos, fogo e lança
Ao mero caminheiro a morte lança
Sorriso de ironia, o derradeiro.
Escusos e diversos os caminhos
E sei que quanto mais tolos, sozinhos
Apenso no talvez definitivo
Esboço de um momento mais mordaz
E enquanto o não saber me satisfaz
Apenas por sonhar ainda vivo.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24381
Colhera do passado frutos vários
E deles esperara alguma paz,
Enquanto a dor deveras satisfaz
Encontro os teus sorrisos temerários
E deles derivando mortes, ritos
Audazes em memória já desfeitos
Aonde se mostrara serem feitos
Dos mesmos e nefastos infinitos
Residualmente encontro os tempos vãos
E neles espelhado meu futuro
E quanto mais vazio, até procuro
Tentar sementes frágeis, toscos grãos
E deles refazer a velha história
Embora a terra seca e merencória...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24380
Senhor; peço perdão pelos meus ais
Não posso me calar perante o quanto
A realidade traz tal desencanto
Por onde tantas luzes; derramais
Ser-vos-ei servil e nada mais
Além do que deveras hoje canto
Traria na verdade a dor e o pranto,
A quem dos simples lodo; transformais.
Espero alguma paz e mansidão,
Mas sei que as forças torpes se oporão
E dum porão eterno e tão sombrio
Percebo o cadafalso preparado
Aonde imaginara abençoado
Mundo que em versos frágeis desafio.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24379
Apenas ofereço a ti a face
Exposta ao mais terrível dos rancores
E sei que somente aonde fores
Trarás a voz da negação que ainda embace
O sonho de quem tanto neste impasse
Pensara recolher sobejas flores
E sabe no final, quanto te opores
O quanto esta verdade nos desgrace.
À média luz em velas, fogo brando
E mesmo quando em versos te alcançando
Disfarças com sorrisos e não dizes
O quão maravilhoso poderia
Se em ti ao perceber uma alegria
Desvendaria enfim t’as cicatrizes.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24378
Os mesmos desconfortos do confronto
Que eternamente existe em nossas mentes
Enquanto se espalhassem tais sementes
Teria algum momento em luzes, pronto.
E sei que na verdade não me apronto
Para viver dos ritos em que mentes
E sinto minhas mãos, ora dormentes
E quanto ao meu viver, tanto desconto.
E beijo esta pantera que se traja
Usando qual disfarce a serpe, naja
Aguardo a cada instante um novo bote
Servindo de cobaia nesta espreita
Enquanto a realidade em vão se deita
A vida trama a fonte onde se esgote.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24377
Insípidos caminhos, aridez
As vestes que me trazes: rotas, meras
As rotas dizem onde se desfez
O gozo que pensara em primaveras
Aquém deste prazer aonde esperas
Viver além de toda a sensatez
No olhar já se expressando uma altivez
Encontro invés de paz, diversas feras.
E tramo outra ventura que sei bem
Tramando as dores fartas quando vem
Falar do desvario em que mergulho,
Imagética luz nada desvenda,
O amor eterno e terno, leda lenda
Apenas recolhendo o pedregulho.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24376
Não valeria a pena se buscar
Em tantos desvarios soluções?
Não tendo e não pretendo servidões,
Encontro esta resposta no luar
Eterno enquanto etéreo caminhar
Trazendo pra quem sonha tais visões
Dos versos são eternas provisões
Na espera do outro dia, em luz solar.
Às vezes vozes várias ditam versos
E quando os encontrando em vãos imersos
Adentro da esperança este sepulcro,
Sabendo que talvez noutro momento,
A sorte que se mostre em desalento
Ainda encontre a força de seu fulcro.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24375
Não suporto em ti tal servilismo
E jamais poderei crer ser possível
Invés de um algum remanso ora aprazível
Preferes caminhar beirando abismo.
E quando mais distante ainda cismo
Vencendo a tempestade, sendo incrível
Além do que julgara mais cabível
Encontro nos teus olhos, forte sismo.
E sinto ser apenas um fantoche
E quanto mais audaz, a dor deboche
Do sonho que deveras se fez luto,
Porém a cada tempo, sem discórdia,
Eu sinto ser diversa tal mixórdia
Num tempo feito em guerra, em paz, reluto.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24374
Das sombras e das sobras sendo feito
Esgarço cada parte deste tanto
Enquanto solitário mais eu canto
E sinto este mergulho sem efeito,
O básico momento em vão desfeito
Esgota-se no ser e por enquanto
O todo se mostrando pelo tanto
Encanto que julgara bom, desfeito
Apraz-me desejar acima disto
E mesmo que não queiras eu insisto
E beijo a luz que sei de te se emana
A cada novo dia, outra semana
A sanha de viver me desengana,
Porém jamais do sonho enfim, desisto.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24373
A vida que buscara em azulejo
Demonstra-se nefasta e mais sombria
E quando a realidade se desfia
O verso num momento eu azulejo
Moldando em esperanças o azulejo
Descrevo com paixão e poesia
Se toda compaixão inda me guia
Desejo muito além deste desejo.
E sei-o bem provável, mãe e seio,
Num veio mais audaz, o amor já veio
Trazendo como adendo o riso audaz.
Jamais negrejaria o céu que busco
Embora em turvas luzes, lusco fusco
O canto em desencanto se desfaz.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24372
Dos sonhos, caminheiro mais servil
Aonde se fizera em noite escura
O amor se não completo nos tortura
E o que era libertário agora é vil.
Beleza em desencanto se previu
Tornando o que era glória, ora amargura
Orando sem ter horas se emoldura
Louvável acalento revestiu.
E o verso sendo uma arma mais potente
Enquanto da esperança o sol se ausente
Eu trago num soneto a voz cansada
De quem se fez amante inutilmente
Enquanto a fútil vida ainda mente
Espero após o sonho, uma alvorada...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24371
Da sorte se permite vassalagem?
Não quero tal vergasta em minhas costas
Enquanto desta cena sei que gostas,
Não tendo outros caminhos que me ultrajem
Vestindo de ilusão, soberba pajem
Que vive mergulhada em duras crostas,
O quanto do viver ainda arrostas
E moldas no vazio esta estalagem;
Nefastas maravilhas? Falso guizo,
Além do que deveras mais preciso
Eu bebo da esperança e não me canso
De ter além do mar fonte e farol,
E quando se entornar o imenso sol,
Terei enfim a paz de um bom remanso.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24370
A noite em tempestades já negreja
O velho coração de um sonhador,
Que tanto se perdendo por compor
Um tempo aonde a sorte, tola andeja
Enquanto a vida assim, torpe troveja
Eu sonho com canteiros, sol e flor,
Percebo este vazio a se propor
Na morte mensageira, que alma almeja.
Pudesse serenar tais temporais,
E deles; com certeza, aproximais
Em vossa solidão, confraternizo,
Quem sabe quando unidos poderemos
Vencer nossos fantasmas, nossos demos,
Cessando então assim, fúria e granizo.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24369
Agrupados, demônios bebem luz
E transformando o gozo num martírio
Pudesse ter nas mãos, o sonho e o círio
No quanto às mãos divinas me conduz
O Amor perpetuado em verso e vida,
Mudando a direção do sentimento
E quanto mais me entrego, mais me alento,
Por mais que a realidade ainda agrida.
Deveras sendo o Pai pleno e perfeito,
Eu creio que afinal, ao ser cumprido
Destino do perdão sendo pedido,
Por tanto amor do qual também foi feito,
Satã se arrependendo e perdoado
Será pelo Senhor abençoado.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24368
Os vultos insepultos do passado
Ainda tenebrosos, rondam sonhos
E pesadelos toscos e medonhos,
Futuro a cada dia degradado;
Escondo-me deveras num poema
E sei que talvez seja covardia,
Enquanto a realidade me feria
Fantasia em estrelas, diadema.
Vergonha do que agora já se vê
Apenas discrepâncias, ledo engano,
E quanto mais procuro; mais de dano
Queria pelo menos um por que.
Servindo de alimária? Nunca mais,
Já basta de fantasmas canibais!
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24367
Um déspota terrível, Deus judaico
Que tanto castigava e assim punia
O filho a quem a sorte já desvia,
Morrendo num sepulcro mais arcaico,
E quando o mundo for deveras laico,
Talvez seja o momento em que a utopia
Desfaça com ternura esta agonia
Reinando deste modo, vil, prosaico.
Aquele que se deu em sacrifício
Um rei e um carpinteiro por ofício
Aplaca com amor tal despotismo,
Sublime Redentor que se fez luz,
Pois se à felicidade ele conduz
Num novo amanhecer vejo o otimismo.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24366
A Terra em convulsões, final dos dias?
Não creio, mas percebo que se muda
Com tanta rapidez, preciso ajuda
Vivendo em dias quentes, noites frias.
Audazes esperanças? Referias
Às várias emoções, minha alma muda
Vagando sem destino, tão miúda
Se expressando nos vãos das poesias.
Assino cada frase do que dizes,
E sei que são diversos os matizes,
Mas nada se transforma em chão volúvel
Assim como viver só por prazer,
E também sem prazeres reviver
O quão se faz do tempo ser solúvel.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24365
Sentindo o teu calor num manso abraço
Uma expressão de paz que assim conquista
Enquanto um bom futuro já se avista
Nas linhas do desejo que ora traço,
E quando se mostrando forte, o laço,
A sorte, das venturas, a cambista
Com ágios vem cobrar, mas não desista
Firmando sem reservas mais o passo.
No quanto em eloqüência amor se deu,
Traçando este destino teu e meu,
Assomam-se delírios e tormentas,
Por mais que caprichoso seja o Fado,
O amor mandando em glória em seu recado,
Enquanto com ternura, me acalentas...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24364
Viver sem esta tal modernidade
Privatizando os sonhos do passado,
O quanto da morena, embriagado
Desejo sem juízo ainda invade.
Encontro na verdade a utilidade
Mais pródiga num beijo no teclado
Por ondas telefônicas mandado
Embora o boca a boca mais me agrade
Nuinha no outro lado, que delírio,
Porém aqui sozinho é um martírio,
Mas sei que desse mal eu já não morro,
Gostosa esta danada piriguete,
Melhor então seria Tetê-a-tête
Senão vira tevê, das de cachorro,
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
24363
Sentindo esta delícia carmesim,
Teus lábios docemente junto aos meus
Sem ter sequer notícias de um adeus
Traduzem a esperança que há em mim,
Moldando um novo mundo, de onde vim
Imerso em solidão, trevas e breus
Senti-me como fosse um próprio deus
Cercado por arcanjo e querubim;
No Olimpo extasiado, Zeus e Juno,
O encanto com encanto coaduno
Vibrando em emoção, delírio imenso.
Na boca delicada de meu bem,
O sonho de prazeres cedo vem
E neles com o amor, me recompenso.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 08, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24491
A lua vai tomando a direção
Dos ventos e do quanto amor desejo
E assim outra alegria enfim prevejo,
Enquanto as fantasias se darão
E delas com certeza esta emoção
Momento de prazer real, sobejo,
O coração de um tolo sertanejo
Agora percebendo esta explosão
Integra a natureza em fartas luzes,
Ao mundo sensual que me conduzes
As urzes e as daninhas não percebo,
Assim felicidade que recebo
Espalha-se deveras pela rua,
Bebendo cada raio desta lua.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24490
O vento vai rasgando em liberdade
Tomando este cenário multicor
Aonde se pudesse espinho e flor
A dor de tanto amor agora invade
E mesmo que a saudade já degrade
O que já fora outrora qual louvor,
O encanto se mostrando redentor
Já não respeita mais algema e grade,
Vencer os dissabores e seguir
Olhando fixamente pro porvir
Sem ter medo sequer da triste ausência,
Assim império feito em luz e gozo,
Um dia com certeza fabuloso
Jamais seria mera coincidência.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24489
Nas praças da cidade eu percebia
Beleza sem igual deusa perfeita
Enquanto em tal visão a alma deleita
Encontro finalmente esta alegria,
O quanto em desamor a vida urdia
Momento delicado, a sorte aceita
E tudo se transforma enquanto deita
A luz sobre a soberba fantasia
Da qual eu me inebrio e não me canso,
Sabendo logo após um dia manso
Delírios envolventes, madrugadas,
Suores e gemidos, delicados,
Numa explosão dois corpos tão suados
São almas que se entregam, desarmadas.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24488
Alçar esta esperança bela e rara
Bebendo desta sorte sem igual
O quanto se deseja sensual
O amor que em noite imensa se declara
Sabendo dos caminhos, vida ampara
Momento de prazer um ritual,
Aonde se declara triunfal
Aquele cuja vida se escancara
E toma das loucuras cada gota,
Outrora a caminhada amarga e rota
Agora outra vertente prosseguindo
Certeza de um delírio a cada instante,
E o mundo se tornando mais brilhante
A sorte a cada diz mais luzindo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24487
Beijando a tua boca neste instante
Encontro que marquei com a alegria
Enquanto a sorte às vezes desafia
Momento tão sublime e radiante,
Teu corpo sensual e provocante,
Mergulho sem defesas na magia
E dela transbordante fantasia
Estrela sobre todas, mais brilhante.
Arfando de prazeres, quase louca,
Viver intensamente nos treslouca
Navego paraísos neste enlace,
E tudo o que mais quero, conseguindo
O dia se moldura raro e lindo,
Caminho constelar que a vida trace.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24486
Vagando pelo espaço sideral
Alcanço a maravilha de teus braços
E quanto mais estreitos nossos laços
Num ato delicado e sensual
O amor se mostra enfim consensual
E dele se permitem novos passos
Por mais que os pés se mostrem mesmo lassos
Momento de prazer é sem igual.
Teus lábios me tocando, beijos tantos
E deles com certeza mais encantos
Vislumbro intensamente esta fogueira
Traçando em noite imensa um fogaréu
Levando nossos sonhos para um céu
Numa paixão real e derradeira.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24485
Estrela meu corcel onde galopo
Por toda a imensidão a noite afora,
E sei que a fantasia me decora
Num trago de aguardente, mais um copo,.
E tudo o que vier; querida, eu topo
Bebendo a maravilha em que se ancora
A liberdade feita desde agora
E dela me entorpeço e já de dopo
Acendendo este imenso fogaréu
O amor se fantasia de corcel
E nele constelares emoções
Permanecendo assim, manso e liberto
O medo de viver, cedo deserto
Prazeres sem limite ora dispões.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24484
Bebendo desta fonte feita em mel,
Extasiado chego à plenitude
Por mais que a minha sorte o tempo mude
No amor encontro enfim o meu papel,
Vagando em noite imensa sigo ao léu
Deixando no passado a solitude
Mudando com ternura de atitude
O desvario guia este corcel
Num galopante vôo pela amplidão
O amor traçando sempre a direção
Aonde se aportara o meu saveiro
E sinto este perfume mavioso
Fantástico caminho prazeroso
Do qual e ao qual me integro por inteiro.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24483
Deixando para trás qualquer temor
Buscando esta emoção que doura a vida,
A sorte que julgara já perdida
Agora se mostrando com louvor
Traduz a maravilha deste amor
Trazendo desde sempre mais querida
Por vezes me mostrando uma saída
Permite ao caminhante ver na flor
O tanto que se fez maravilhoso
E deste encanto sinto pleno gozo
Até que me sacio imensamente,
Vibrando em fantasias posso ver
O sol extasiando o alvorecer
Além deste momento que apascente.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24482
Bebendo o temporal, cada trovão
Trazendo a tempestade dentro em mim,
Aonde se pudera sem ter fim,
Viver cada momento de emoção,
Expresso as alegrias que terão
Os que pensarem como e quando vim
Dizendo do prazer que sigo enfim
Tramando desde já forte verão,
E sem saber por que e se inda devo
O amor se transformando mais longevo
Agora este momento se eterniza,
Aonde se mostrara mansamente
O quanto se desmancha e já me alente,
Transforma o vendaval em mera brisa.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24481
Persigo um sonho ameno e tão fantástico
Aonde possa ter um dia leve
E a voz que se encantou ora se atreve
Deixando no passado o amor sarcástico,
Vivendo por prazer um sonho orgástico
Encontro esta alegria e mesmo breve
Além do pensamento sei que deve
Haver outro momento menos drástico
Aonde se perceba claramente
O que tomando em paz a nossa mente
Transmita a plenitude de um desejo
O quanto ser feliz ainda almejo
E mesmo que isto seja um só lampejo
Momento auspicioso se pressente.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24480
Buscando num sorriso a estrela guia
Que tanto me fez bem e quero mais
Vencendo em calmaria os temporais
A noite não se faz deveras fria,
E quando se propõe a poesia
Diversas alegrias; entornais
Em vosso caminhar encontro o cais
Que a cada novo tempo se recria.
Escuto a vossa voz melodiosa
E colho do jardim, espinho e rosa,
As flores decorando a minha vida,
Por mais que se expressando em labirinto
O que decerto sei e mesmo sinto,
Já sabe até de cor qual a saída.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24479
Por vezes inda tento e não consigo
Vencer os meus temores ancestrais
Quisera, navegante ter um cais
No qual encontro paz e manso abrigo,
A cada novo dia outro perigo
E dele tantas dores derramais,
Ao ter-vos companheira, percebais
Formoso caminhar inda persigo,
E dele já traduzo a direção
Moldada por calor feito emoção,
Vestindo a fantasia em que se expressa
Uma ávida ilusão feita em prazer
Bebendo cada gota posso ver
O mundo sem temor, fantasma ou pressa.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24478
Contendo o coração tanta alegria
Não sei se posso mais falar da dor
Cenário que se fez em tal louvor
A glória do sonhar me desafia
E trama com certeza um novo dia
Aonde se mostrando em esplendor
O sol de um belo tempo ao meu dispor
Verão que intensamente se anuncia.
Perenes emoções sobejas luzes
Às quais entre faróis tu reproduzes
Esculturas diversas teu cinzel
Prepara em raras cenas expressivas
Por mais que etereamente ainda vivas
Vicejas no meu mundo feito um Céu.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24477
Seguindo cada passo que tu dás
Encontro a poesia em verso e lua,
Aonde te buscara bela a nua
A sorte se mostrando mais audaz
Prazer assim deveras satisfaz
E mesmo sob a força continua
Minha alma te deseja e te cultua
Bebendo a fantasia que se traz
Nos olhos do amanhã, alvorecendo
E todo grande amor acontecendo
Nas tramas desta bela fantasia
Que a cada instante vejo renovada
Trazendo p’ra quem sonha esta alvorada
Na qual o sol se entrega e se desfia.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24476
Amor em poesia já se expõe
Aos vendavais e lutos que virão
Aonde se pensara num verão
Verás o que deveras decompõe
Uma alma que se molda enquanto põe
Os olhos nos momentos de ilusão,
Bebendo com total sofreguidão
O que perdera outrora se repõe.
E deixo a caminhada sem destino,
E nela se puder eu me alucino
Mostrando a indecisão de cada passo,
Pudesse pelo menos vislumbrar
Após o temporal claro luar,
Mas sem destino sigo em pleno espaço.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24475
Tanta noite servira como abrigo
Ao velho caminheiro sem descanso,
Aonde se encontrara tal remanso
O coração carrego assim comigo
E vivo muito embora seja antigo
O canto que deveras não alcanço
E sei do quanto fora outrora manso
E agora decifrar; já não consigo,
Escusas entre medos e lamentos,
Aonde se envolvera em tantos ventos
Medonhas e terríveis frias noites
Não deixam que se veja claramente
O abrigo que se quer e se desmente
Por mais que as ilusões; ainda acoites.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24474
Durante tantas noites me aquecera
Aquela a quem me dei sem ter limites,
Por mais que na verdade não credites
A sorte se derrama como cera
E dela se esparrama, arcaica fera
Na qual sem ter mais medo delimites
Os rumos entre sanhas e palpites
Da vida a própria vida degenera
E traz ainda forte este pavio
No qual o meu destino desafio
E beijo o temporal que inda virá
Mudando a direção de cada vento,
Ainda se emoldura o sofrimento
E dele a poesia se fará.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24473
Procuro a fortaleza inexpugnável
Que possa permitir a segurança
Enquanto a solidão audaz se avança
A sorte se mostrara incontrolável,
O quanto deste mundo insofismável
Traduz alguma força na lembrança
Ao menos poderia em temperança
Viver um tempo bem mais agradável,
Inexoravelmente caminhando
As esperanças fogem, claro bando
Deixando para trás somente a dor,
E dela recomponho o dia a dia,
O fim da leda história já se adia
Minha alma num eterno decompor.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24472
Buscara algum momento mais amável
Durante a derrocada feita em vida,
A sorte muitas vezes aguerrida
Permite muito além do quão potável
O dia que se mostra inestimável
E trama com certeza a despedida,
Bebendo da tristeza da partida,
O mundo que tentara indecifrável,
Esgoto-me no nada e dele creio
Encontrar afinal um rumo, um meio
Que possa me trazer a imensa paz,
Depois de temporais e tempestade,
Por mais que o próprio ser já se degrade,
A morte não seria tão mordaz.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24471
Queria ter na vida ao menos porto
Aonde se pudesse atracação
Sabendo dos saveiros que virão
Um rumo muitas vezes até torto,
E quando me encontrar sozinho e morto
Apenas esta ingrata podridão
Nefastas maravilhas se trarão
Fazendo o descaminho tão absorto
Imerso no vazio; a sepultura
Que a cada dia mais a vida apura
E traz neste funéreo golpe o fim,
Depois de tantos sonhos desvalidos,
De que valeram todos os sentidos
Se eu volto neste instante de onde vim.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24470
O mar que se fizera tão escuro
Deitando sob a lua se clareia
E toma esta argentina dama cheia
Trazendo a bela sorte com apuro,
Viver tal fantasia eu quero e juro
Por mais que a noite em fúria se incendeia
Não quero a claridade da candeia,
Tampouco no vazio me depuro.
Pretendo este luar sobre a varanda,
A sorte perfumosa não desanda
Depois de ter nas mãos farta clemência,
E sei que do luar não bastaria
Apenas o clarão, quero a alegria
Bebida nesta noite em fluorescência.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24469
Naufrágios que encontrei a vida afora,
O medo de saber que nada resta
Do quanto em exagero não se gesta
Tampouco a claridade me decora,
A fera da ilusão quando devora
Imagem tão terrível e funesta
Entrando pela casa em cada fresta
Decerto sem limites se demora.
E tudo se tornara em dor profana,
O quanto a vida às vezes nos engana
A sorte sem descansos ludibria
Tornando merencória a luz que um dia
De uma alma tão mesquinha inda se emana
Mostrando a realidade vã, sombria.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24468
A dor que em teus carinhos sepultei
Deixada pelos cantos farsa inglória
Aonde se mostrara com vanglória
Agora se espalhando em outra grei
Quem tem uma esperança como lei
Já sabe desde sempre esta vitória
E tudo se transforma nesta história
Durante o tempo inteiro, mergulhei
Nos braços, teus abraços, nossos laços,
Tristeza e sofrimentos morrem lassos
E deixam que se veja esta ventura,
É tudo o que deveras eu queria,
Trazendo para a vida a fantasia,
E envolto nesta trama, amor perdura.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24467
Minha alma se perdendo em vis segredos
E deles nada além de um traço apenas
Enquanto em ilusões tu me serenas
Restando para mim somente os medos,
Não posso concordar com tais degredos,
E como determinam velhas cenas
Além do que deveras concatenas,
Diversos da verdade os meus enredos.
Mas sinto ser possível ter a luz,
E dela o caminheiro se conduz
Até chegar ao fim da dura estrada
Se eu tenho mil espinhos, pedregulhos,
Ainda ouvindo ao longe estes marulhos,
O mar em noite imensa, enluarada.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24466
Aonde se fez dor, desfaçatez
Esbarro nos vazios que restaram,
Os sonhos que videntes decifraram
Falavam de um momento sem talvez
O quanto da verdade se desfez
E os versos que os encantos não douraram,
Apenas os tormentos escancaram
O que sobrou de nossa lucidez.
Assíduas emoções, dor e tormento,
Nos lagos placidez tomando assento
E tento mesmo inútil caminhar,
Procuro em cada senda um novo trilho
Deveras solitário inda palmilho
Bebendo cada raio do luar.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24465
Pudesse nesta vida ter a calma
Que poderia dar felicidade
Embora tantas vezes não agrade
Quem vive e desconhece os rumos da alma
Especiarias várias procurara
Por mares tão distantes e sombrios,
Agora os temporais e desafios
Enquanto a sorte expõe-se fria e amara
Perguntas sem respostas, vendavais
E tudo se transforma num momento,
Distante deste sonho que acalento
Os dias são terríveis, nunca mais
Terei esta certeza de um futuro
Além do que deveras sei escuro.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24464
Carinhos me trazendo a insensatez
Aonde mergulhara a poesia,
E quanto mais audaz, bem mais se cria
Sem ter sequer perguntas nem talvez
Além deste momento em que tu vês
O quase se tornando alegoria,
A noite bebe a lua que irradia
O sonho e neles sei que ainda crês.
Ouvir a voz do vento na janela
E tendo a sensação que se revela
De vela e liberdade, porto e cais,
Andando sobre brasas, sigo em frente,
Por mais que o meu passado ainda tente
Mostrar desilusão; isso jamais.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24463
Teu canto já me acalma e traz no vento
Palavra por palavra e melodia
Alheio à tempestade que ora esfria
Encontro finalmente; onde me alento,
E beijo com ternura e sentimento
Além do que já fora fantasia,
Mostrando muito mais do que eu queria,
Deixando para trás o sofrimento,
Senzalas e correntes; não mais vejo
E sinto a mansidão deste desejo
Que aflora-se em momentos cruciais,
Vencer os desencantos e poder
Saber que existe em tudo o bem querer
Fazendo que se olvide o nunca mais.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24462
A sensatez se mostra a cada instante
E lúbrica caminha pela casa
Enquanto a realidade se defasa
O mundo que eu buscara, radiante,
E vejo uma verdade inebriante
E dela acendo a vida e toco a brasa
A sorte desvairada não se atrasa
Encontro em toda esquina outro farsante.
Vestindo a hipocrisia tão vulgar,
Não posso nem tampouco perguntar
Se ainda se persiste esta ilusão
Saveiros sem ter porto naufragados,
Ainda escuto ao longe, velhos brados
E fortes tempestades que trarão.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24461
Beber de nosso amor em bela taça,
Na cristalina sorte que virá
Sabendo que me encontro desde já
Aonde esta esperança ronda e passa,
Não tendo mais no fundo qualquer graça
A tarde com certeza não trará
Futuro que queria e entornará
Somente a fantasia e se esfumaça.
Ardências entre sóis e farsas tantas,
Do quanto me desejas, desencantas
E tramas outras sendas mais diversas,
Escondo-me deveras noutro rumo,
Engodos desta vida; sei que assumo,
Mas mal tu chegas logo me dispersas;
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24460
Olhando em teu olhar, embriaguez
Deveras me conquistas todo dia,
E quanto mais audaz, mais se recria
O amor que na verdade assim se fez
Da intensa maravilha a insensatez
Tomando já de assalto a fantasia
Espalha sobre a terra esta alegria
E espero a cada instante a lucidez
Que sei jamais terei, pois inconstante
O brilho deste encanto e num instante
Aquilo que era luz se torna escuro,
Mas teimo neste caso e não me escuso,
Seguindo este caminho tão confuso
Encontro toda a sorte que procuro.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24459
O tempo traduzindo a solidão
Dureza de uma vida entre paredes
E sinto insaciáveis estas sedes
Às quais fontes de amor já se oporão.
E sei quando dispersa o que não vedes
Medonha garra trama esta ilusão,
E dela este prenúncio de um porão,
Atado sem defesa às firmes redes.
Nefastas madrugadas, dias frios,
Momentos solitários e sombrios,
Restando sobre mim a tempestade,
E nela os raios tantos, farta dor
E quando me encontrando sem calor,
Apenas conhecendo a frialdade.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24458
Rutila teu olhar e toma a cena
Aonde se pudera radiante
Viver felicidade a cada instante
A vida se tornando bela e plena,
E quando com sorrisos ela acena
Por mais que esta saudade degradante
Impere ainda e dome delirante,
A tarde se promete mais amena.
Minha alma se serena quando vê
Algum motivo a mais, simples por que
Do qual se regenera esta alegria,
No tanto que me entrego e assim recebes
A flórea maravilha de t’as sebes
Que a cada novo sol mais se irradia.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24457
Brilhando na emoção eu me disfarço
E teimo procurando outro caminho
Deveras o andarilho se sozinho
Em pouco tempo morto, assim me esgarço,
Da sorte quem me dera ser cadarço
E ter após a guerra paz e ninho,
Mas sei quão doloroso cada espinho,
Verão vai se acabando, é fim de março
O outono se aproxima e nele vejo
Aquém do que moldara o meu desejo
O frio glacial de um inverno atroz,
Buscara com a sorte; firmes nós,
Mas sinto tão somente a solidão
E nela as tempestades que virão.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24456
Ladrilho em diamantes teu caminho
E sinto que deveras tu flutuas,
Imagens delicadas, deusas nuas
Nas sendas deste encanto eu já me aninho
E como fosse um simples passarinho
Buscando a mansidão da qual atuas
E espalhas tal frescor por sobre as ruas
Amor amadurece feito um vinho.
Na adega da esperança o preferido,
Jamais imaginei haver olvido
Do quanto que se deu em alegria,
E a cada amanhecer, mais envolvente,
O tanto que se quer e se pressente,
E sempre se renova e se recria.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24455
Amor nos transformando em manso canto
Permite que se creia no amanhã
Por mais que minha sina seja vã
Encontro nos teus lábios puro encanto
E deste mergulhar, desejo tanto
Suave qual frescor de uma manhã
Primaveril, momento em que a alma sã
Entrega-se deveras e me encanto.
Vencidos dissabores do passado,
O dia estando agora ensolarado
Adentrando esta tarde em luz sobeja,
Meu verso se ilumina e deste sol
Que agora se espalhando no arrebol
Calor além do qual já se deseja.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24454
Transborda esta alegria em canto e riso
Alago-me dos sonhos e desejos
E sei que na verdade são lampejos
Do quanto mavioso o Paraíso,
E tendo com certeza o que preciso,
Momentos de emoção sendo sobejos,
Encontro este delírio nos teus beijos
E deles já não sei o que é juízo,
Vencer os meus temores, ir em frente
O quanto da ilusão não se desmente
Na fúria alucinada da paixão
E dela só por ela é que eu insisto
Tramando com ternura o sonho e disto
Aguardo estes prazeres que virão.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24453
Felicidade é feita em cada instante
E dela se mostrando ser mais crível
Um mundo aonde ter gozo impossível
Não seja simples sonho de um farsante,
Por mais que a vida às vezes adiante
Momento doloroso; é bem possível
Acreditar no tempo indivisível
E ter esta alegria, radiante.
Não posso me furtar neste meu verso
A crer que embora em dores siga imerso
Um novo amanhecer se mostre quando
As chuvas sobre nós já desabando,
Mudando de cenário amor alcança
O que se fez em brilho ou esperança.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24452
Pudesse finalmente ter em mente
Que tudo se perdeu nada restou
A fonte há tanto tempo já secou
Seguindo sem destino, loucamente
A vida se mostrando novamente
Ferida ainda não cicatrizou,
Porém o coração se mergulhou
Sabendo deste ocaso e assim pressente
Futuro sem ter nexo e tão confuso,
Mas quando deste sonho assim abuso
Eu vejo alguma luz aonde houvera
Somente a escuridão, triste quimera
O tempo de viver já se aproxima,
E nele aumentarei minha auto-estima.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24451
Já não contesto mais a minha sorte
Esqueço da esperança e quedo só,
Aonde se mostrara mesmo o pó
Não vejo sequer luz que me conforte,
E sendo desvairado, assim meu Norte,
Não quero que tu sintas pena ou dó,
Amarro com firmeza cada nó
Buscando esta alegria qual suporte,
Mas tenho que saber o quão vazio
O mundo aonde luto e desafio
Teimando com um dia bem mais calmo,
Ardentes ilusões? Falsas promessas
E quando novamente recomeças
Aí tu não percebes, mas me acalmo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24450
Pudesse ter na vida tal prazer
Que nada me impedisse imaginar
Aonde se escondera este luar
As sombras do passado; eu posso ver
E sei que não devia mesmo crer
No quanto se perdeu em louco altar,
A morte desde sempre a procurar
Caminho onde talvez, se intrometer.
Acendo esta lanterna, esperançoso
E crendo ter um sol maravilhoso
Roubando logo a cena, iluminando
Tomando já de assalto este arrebol,
Da vida e do futuro o meu farol,
Num dia mais sereno; ameno e brando.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24449
Deixando no caminho qualquer rastro
Ainda se permite a luz sombria,
Mas quando me entregando à poesia
A vida passa ter caminho e lastro,
Nas sendas deste encanto já me alastro
E a sorte benfazeja se recria,
Deixando no passado esta agonia,
Os medos e terrores ora castro.
E sinto ser possível a esperança,
Mergulho neste abismo em que se lança
As tramas de um amor maior que tudo,
Por vezes imagino outra quimera,
Aquém do que se quer ou mesmo espera,
Com novo florescer enfim me iludo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24448
A dor que me impedira de saber
Que após a tempestade vem bonança
Deixando no passado esta esperança
Tomando com terror tosco poder,
Mas sinto a cada dia reverter
A sorte nesta voz que ora se lança
E quando o coração de outrem alcança
Mudando em calmaria cada ser.
Servir ao grande sonho feito em luz
Do amor que nos guiando já conduz
Ao quanto se pensara em ser além
De simples caminheiro pela vida,
Embora a história eu veja resolvida
A dor de uma saudade ainda vem.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24447
De uma alegria intensa esta vitória
Que há tanto desejei e não sabia
Moldada nos teares da agonia
Agora não se mostra merencória.
E tendo novamente a minha história
Repleta de emoção e fantasia
Aonde se deitara a luz surgia
O encanto sem discórdia e sem vanglória
Ser teu e não tentar outra saída
Assim no labirinto desta vida
A sorte se trazendo bem mais forte,
Mundanas ilusões? Não mais as quero,
Tampouco necessito o brado fero,
Apenas o calor que me conforte.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24446
Distante do que outrora se fez briga
Não quero mais seguir em noite vã
O amor sendo deveras meu afã
Ao mesmo tempo entorna e desabriga,
E quando esta ilusão, já nos obriga
A crer ser mais possível a manhã
No quanto ser feliz, um talismã
Trazendo esta emoção bem mais amiga.
Assim não posso mais seguir sozinho
Das ânsias da paixão eu me avizinho
Por mais que seja tênue o frágil fio
Tecendo da esperança o alvorecer
Suprema maravilha a me perder,
Aurora magistral que ora desfio.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24445
Amor proclama a glória em que se faz
Tramando um novo dia mais feliz,
Aonde não carregue a cicatriz
Dourando minha vida, a imensa paz.
E quando amor assim nos satisfaz
Trazendo esta promessa que antes fiz
Mergulho sem temor, um aprendiz
Deixando o sofrimento para trás.
Escolto-me na força do desejo
E um novo tempo em luz ora prevejo
Escondo assim a dor bem tatuada
Numa alma que se deu sem ter resposta
E agora se mostrando enfim exposta,
Adentra com prazer a madrugada.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24444
Palavras mais amigas, paz tão terna
É tudo o que eu queria ter na vida,
Mas sinto esta presença dolorida
Da sombra da ilusão, que agora aderna
O barco da esperança, uma alma inverna
E deixa para trás sem despedida
A sorte onde buscara, condoída
Uma alegria ao menos, mas eterna.
Lanternas apagando, nada vê
Quem tanto procurou como e por que
Saber do amanhecer em pleno encanto,
Ao ver essa sombria aurora; creio
Que a vida se perdendo do seu veio
Matando sem alento, um helianto.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24443
Trazendo na memória, emoldurados
Momentos que deveras me encantaram
Andando por destinos variados
Os dias se perderam, mal notaram
O quanto se mostrara desses Fados
E neles outros barcos aportaram
Deixando para trás os que esperaram
Os céus em pleno sol, azulejados.
Desfraldo nestes versos meu tormento
E nele toda a glória em que me alento,
Vestindo esta esperança, um lenitivo
Sofrer e ter apenas ilusões,
Deveras proibir novos verões,
Sem eles, meu amor, como é que vivo?
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24442
Ternuras que me abrandam e se entornam
Tomando a minha senda em flóreo brilho
Além desta esperança que ora trilho,
As pombas que se foram já retornam,
E quando novamente em sonhos tornam
O que se fez outrora um andarilho
Aos raios desta lua eu me polvilho
E as pratas destes lumes já me adornam,
Viver tal perspectiva e ter nas mãos
Bem mais do que momentos, tolos, vãos
É tudo o que desejo e não alcanço,
Pudera ser feliz e ter por fim
As flores renascendo em meu jardim
E ter após tempestas, tal remanso.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24441
Saber que em nossas vidas este amor
Movendo a cada dia nos transmite
Além do que deveras se acredite
Um tampo feito em rara e bela cor,
Carrego nos meus braços tal andor
E vivo esta esperança sem limite
Na qual o coração forte palpite
Moldando um novo tempo em luz e flor.
Canteiros da esperança assim pisando
Num tempo mais suave, claro e brando
Vibrando de emoção por ser feliz
E ter em minhas mãos o meu futuro
E nele toda a sorte que procuro,
Fazendo desde agora o que mais quis.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24440
Ao ter as diferenças resolvidas
Buscamos esta paz que nos alenta
A vida sem ternura é violenta
E as noites solitárias, aguerridas
Tivéssemos a sorte em nossas vidas
De ter esta esperança que acalenta
Por mais que se encontrasse uma tormenta
As horas não seriam tão sofridas.
Vencer os temporais e ver a praia
E mesmo que ilusão deveras traia
Teremos cada dia feito em paz,
Não deixe que se apague esta esperança;
Pois nela nosso amor pleno se lança
Transita destemido e sempre audaz.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24439
Preparas lenços brancos, despedida
E trazes nova aurora em teu olhar,
Por mais que inda pudesse imaginar
Já não seria assim a minha vida.
A sorte pelo tempo agora ungida,
O gozo se perdendo sem ter par,
Vontade de sair e mergulhar,
Porém a fonte amarga, apodrecida,
Extraio deste verso o que pudera
Render a quem se quer a primavera,
Mas vejo que outonal se torna o canto
E sem saber sequer por onde e quando
O temporal; vislumbro, se achegando
E nele só por ele, o desencanto.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24438
Apunhalara-se a esperança audaz
Deixando cada parte num lugar,
Aonde inda pudera me encontrar
O que percebo agora nada traz
Somente este vazio segue atrás
E dele se percebe este luar
Deitando sobre a terra a contemplar
O quanto em maravilha se é capaz.
Erijo dos fantoches novo dia
E quanto mais voraz eu me perdia
Adio assim respostas que me faço,
Uma esperança morta agora trago
E o quanto se pensara forte e mago
Não deixa sobre a terra um simples traço.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24437
Nas noites solitárias busco estrelas
E sei que não virão; turva neblina
Apenas a lembrança inda fascina
Vontade insaciável de revê-las,
E quando se desnuda em azulejo
Promessa de se ter um claro sol,
Entrego-me aos encantos do farol
E o tempo mais tranqüilo assim prevejo
Transborda-se de luz o coração
Que tanto se entregou ao nada ter,
Agora finalmente posso ver
Além das tempestades, negação,
O quanto ser feliz traduz agora
A luz que se bordando me decora.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24436
O quanto dos anseios poderia
Trazer além de tudo o que se quer
No corpo que se endeusa esta mulher
Ao mesmo tempo é luz, dor e alegria
E quando outro momento fantasia
Espero bem além do que vier
Enfrento os temporais, fogo qualquer
Enquanto a um mundo amável, sonho guia.
Por mais que se prepare a derrocada
Ainda tento inútil caminhada
Buscando estas pegadas que deixaste,
O termo prosseguir virando lei
Vazios descaminhos, eu errei,
Amor resiste à dor preparando a haste.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24435
Levanta ao céu em forma de oração
Pedidos que jamais necessitaste
Eu sei que te pareço um simples traste,
Mas falo dos momentos que virão
Aonde a tempestade de verão
Provoque tão somente este desgaste,
A vida em sofrimento num contraste
Transborda numa sórdida ilusão.
Escuto a minha voz embora rude
Pudesse ter nas mãos o que não pude
Teria alguma chance, reconheço,
Mas como prosseguir se a cada passo,
Distante do destino que ora traço
Aguardo tão somente este tropeço.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24434
Meus gritos sendo feito deste encanto
Que um dia transtornando se fez luz,
E aos mais diversos campos me conduz
Mortalha sob a qual já me agiganto.
Levanto a minha voz, mas não me escutas
E segues descaminhos, descalabros,
Aonde imaginara candelabros
Apenas os retratos destas lutas
Alabastrino céu? Azulejado?
Jamais imaginei pudesse vê-lo
Perdido sem destino em tal novelo
Restando sombriamente o meu passado
Alagam-me estas águas mesmo turvas
Nas sendas me perdendo em tantas curvas.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24433
Eleva-se em momentos mais suaves
A voz de quem se fez enamorado,
O quadro se tecendo do passado
Além do que deveras não agraves,
Por mais que as noites sejam frias, graves,
Amor sendo demais; sigo escaldado
E bebo deste encanto e inebriado
Dos sonhos vou criando minhas naves
Até que a realidade esteja nua
E mesmo sob o efeito desta lua
Que toma e assim prateia a imensidão
Esgueiro-me entre foscas lamparinas
E sei que quando tocas e alucinas
Jamais os meus desejos se oporão.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24432
Cruzando estes espaços, trovejando
Raiando sobre negras turbulências
Aonde se mostrara em inclemências
O mundo sabe como, tanto e quando
Esqueço de onde vim, um mundo brando
E beijo sem pudor tuas querências
Não posso só viver das aparências,
Após o meu caminho desviando.
Expresso em versos tolos o que sei
Medonha maravilha em minha grei
Nefasto caminheiro; eu sigo andejo
E tudo o que talvez ainda possa
Somente este vazio em vida acossa
Matando em nascedouro o que prevejo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24431
Os fúlgidos momentos? Não mais quero
Tampouco percebendo alguma chance
Vislumbro a fantasia que eu alcance
E dela crio um mundo menos fero.
E sei que se em teus braços me tempero
Por mais que seja só simples nuance
O amor sendo potável num romance
É tudo que deveras mais espero.
Assaz continuamente em noite clara
O tempo outrora escuro já se aclara
E o quase se completa noutra senda
Diversa da que sempre imaginara
Aonde a lua plena se declara
O quanto imaginário se desvenda.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24430
Procuro a mansidão deste regaço
E sei que nada tenho senão isso,
Mas quando na saudade inda me viço
Percebo quão vazio cada espaço
E sigo me envolvendo em falso traço
E mesmo que me trague o compromisso
De ter além do quanto inda cobiço
Percorro a velha senda passo a passo,
Não tendo outro caminho senão crer
Na força inevitável do poder
Esmago-me defronte a tais fantoches
Por tanto que se pede e não consigo,
Ainda vejo além qualquer abrigo,
Sabendo que afinal, tu me deboches.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24429
Esfuma-se num mar de ondas várias
As ilusões que outrora me moviam
Enquanto as fantasias já se adiam,
As horas são diversas, temerárias
E quando se mostraram adversárias
Do quadro de decerto removiam,
Os dedos no teclado permitiam
As sombras do passado, imaginárias
Vergastas sobre mim, fantasmas toscos,
Os dias em neblinas morrem foscos
Confusos passos levam ao vazio
E neste caminhar apenas vejo
O resto do que fora meu desejo
E mesmo sendo inútil, desafio.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24428
Mergulho nos fantásticos abismos
E vejo fluorescências divinais
Imersos neste sonho os animais
Expressam os diversos cataclismos
E sinto sob os pés terríveis sismos
E deles os meus medos ancestrais
Aonde se pudesse crer no cais,
Deixando para trás meus otimismos,
Assisto à derrocada deste sonho
E dele, a realidade recomponho
Num ar que possa ser mais respirável,
Nos grandes precipícios, fundas fossas
Encontro muito além do que tu possas
O medo de um momento inevitável.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24427
As lanças destruídas por profana
Escracha natureza de quem luta
A força necessária bem mais bruta
Realidade tanto nos engana...
E quando se mostrasse soberana
A própria mansidão já se reluta,
A fome do prazer soberba e astuta
Faz parte e eu sei da natureza humana.
Assecla das loucuras, pleno amor
Aonde se pudera recompor
Não deixa ficar pedra sobre pedra,
Uma alma se entregando a tal tormenta
Ao mesmo tempo traga e me apascenta,
Enquanto a própria vida teme e medra.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24426
Invadindo oceanos tênue frota
E dela naufragando esta galera
Matando num inverno a primavera
Apenas a daninha erva se brota
O amor que na verdade já se esgota
E traz neste sorriso a fria fera,
O quanto se deseja e não tempera
O peso do passado me amarrota
E sinto ser tão frágil a esperança
E em plena tempestade já balança
O que restou da frota em mar revolto,
Ainda perpetua esta ilusão
À qual os dias novos se oporão,
Porém qual tolo fosse ainda escolto.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24425
Um mar assim imerso em turvas brumas
Deixando o timoneiro quase ao léu
Estrelas decaídas deste céu
Enquanto temerária tu te esfumas
E beijando esta praia vãs espumas
Etéreo caminheiro segue incréu
E faz dos descaminhos seu corcel
Por mais que na verdade siga e rumas
Medonho e tão banal desfiladeiro
Meu canto talvez seja corriqueiro,
Porém ao traduzir o que ora sinto
Aonde se pudera ser exímio
Exumo este infortúnio inverossímil
E bebo a me fartar de um tosco absinto.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24424
Escombros do passado ora recolho
E bebo a podridão que assim se exala,
Adentra a solidão, penetra a sala
Do trágico vazio, sou o molho.
E farpas perfurando a pele e o olho
Quem vê nada sentindo já se cala,
Um velho se mostrando em turva vala
Final se determina quando escolho.
Dos trajes que vestira o que me cabe
Ainda este puído paletó
Traduz o que se fez tão manso e só
Enquanto este castelo não desabe
Escuto a tua voz em torre imersa,
Porém a minha vida é vã, dispersa.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24423
Pudesse imaginar a salvação
Após cada naufrágio em vão mergulho
Do quanto se fizera este marulho
Trazendo as horas toscas que virão
Abastecendo assim cada ilusão,
Da qual sem provisão inda me orgulho,
Afasto do caminho um pedregulho
O verso aonde exige-se elisão
E não se completando segue informe
Por mais que a fantasia me transforme
Do amor ao nada ter, somente um pulo,
No afã de ser feliz, um mero escravo,
As farpas que me dás, querida eu cravo
E o amargo de teu fel; amada, engulo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24422
No mar das emoções, falsas sereias
Exímio marinheiro se perdendo
A sorte sendo apenas um adendo
No quanto tu disfarças e incendeias
Adentro sem sentir amargas teias
E o vento me tocando e me envolvendo
O todo que se quis, cruel emendo
Navego pelas águas vãs e alheias.
A cada novo dia outro corsário
O gozo se mostrando atroz e vário
Não posso procurar o ancoradouro
Se todos os meus sonhos destroçados
São marcas dos momentos desolados
Negando o sol no qual inda me douro.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24421
A taça que pensara ter nas mãos
Agora se transforma em falsa imagem,
Aonde se dourara esta paisagem
Encontro tão somente os dias vãos,
E sendo assim percebo que a ventura
Esconde-se detrás de imenso véu
O amor que desejara em fogaréu
Transforma no vazio que perdura
E quase totalmente inebriado
Bebendo deste absinto, uma ilusão
Sabendo que as inglórias sorverão
Deixando para trás o tolo brado
Aonde desenhando um novo tempo
Apenas recolhendo o contratempo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24420
Alçando a liberdade, meu corcel
Que é feito de ilusões e fantasias
Do quanto no passado tu querias
As sortes se perdendo, sigo ao léu,
O mundo neste eterno carrossel
Desliza sobre amargas ventanias
Enquanto por espaços já me guias
Bebendo da esperança, sorvo o fel.
Ascendo num instante ao infinito
E quando neste brado, um louco, grito
Desprezos que carrego dentro da alma
Somente a sordidez inda especula
E a morte com terror e imensa gula
Aos poucos me serena, enfim me acalma.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24419
Perdi nos descaminhos pedrarias
Aonde deposito uma esperança
E enquanto a solidão ainda avança
Percebo que deveras tu sorrias
Expressas desta forma as ironias
E quando no vazio já se lança
A voz que imaginara outrora mansa
E agora se desfaz; noites sombrias.
Espero algum momento em que talvez
O todo se refaça e me transforme,
Agora esta figura tão disforme
Mostrando este vazio em que se fez
Denota a insensatez deste poeta
Que em plena sordidez se locupleta.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24418
Pesando sobre mim dores passadas
Entranho em vales mansos; quem me dera
Ainda se encontrasse a primavera
Nas noites deste inverno, tão geladas.
Bandeiras da ilusão são desfraldadas
E nelas adivinho o que me espera
Acerca-me voraz e tola fera
Trazendo em suas garras, destroçadas
Imagens do que um dia se fez glória
E agora não resiste aos temporais,
Vivendo o que pensara ter jamais
A vida se transforma e segue inglória
Matando o que restara deste sonho
Ao qual sem outra chance, já me oponho.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24417
Vivendo a plenitude onde se dá
O sonho mais audaz e delicado,
O Amor demonstra em si, início e Fado
Mudando a nossa vida desde já.
Pudesse caminhar sempre a teu lado
Sabendo que ao futuro levará
O quão maravilhoso brilhará
O fato de se estar enamorado.
Voando em liberdade, um passarinho
Encontrando o seu ninho, já me alinho
Ao tanto que se entrega num segundo,
Estendo as minhas mãos, sinto a presença
Do amor que a cada dia nos convença
Do imenso turbilhão do qual me inundo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24416
Aonde se pudesse ter agora
Ventura que eternize este momento,
E quanto mais em ti bebo e me alento
A sorte abençoada aqui demora.
Espreito as dores várias e ilusões
Nas ondas mais diversas, mares tantos
E beijo com ternura teus encantos
Enquanto as maravilhas; logo expões
Trazendo a paz que tanto procurara
Versando sobre a nossa tenra e mansa
Visão da vida feita em esperança
Curando da emoção qualquer escara
Assim em voz sonante nosso amor
A toda humanidade; eu quero expor.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24415
O amor que nos domina e traz em glória
Sorrisos entre luzes e holofotes
Perpetuando assim supremos motes
E neles com certeza esta vitória
Que tanto procuramos: paz e gozo
Sabendo ser deveras nossa sorte
O encanto que se dando nos conforte
Mostrando um renascer maravilhoso.
A senda que entre tantas, preferida
Expressa a liberdade que nos ata,
E quando a realidade dita esta ata
Encontro uma razão plena de vida
Mesquinharias; as deixo para trás
Vivendo a plenitude que amor traz.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24414
Achando desde sempre que se pode
Fazer o que bem quer da Natureza
E dela se fartando sobre a mesa,
Humanidade esboça uma amarga ode.
Lamentos se entrelaçam com lamúrias
E a Terra a cada dia se agoniza
Aonde se espalhara mansa brisa
Os vendavais traduzem loucas fúrias.
Incúria se desnuda a todo instante
E a morte se aproxima do Planeta
Aonde se esboçara esta falseta
O mundo num caminho delirante
Extingue uma esperança e não renova
Coloca o próprio o Pai em dura prova.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24413
Amores entre súplicas, delírios
Trazendo esta desdita que me açoda,
Viver sem ter amor, querida é foda.
Encontro no vazio meus martírios
Pudesse ter alguém que me trouxesse
Uma alegria imensa eu poderia
Viver o que se molda em fantasia
Na angústia sonegada em tal quermesse.
Vencer os dissabores e sonhar,
Beijando com carinho véus e sonhos,
Momentos de ilusão, meros, risonhos,
Aonde poderia ter luar?
Não vejo mais resposta e sigo só,
Quem me acompanha então poeira e pó.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24412
Aspectos mais diversos deste prisma
Que emana em tom disperso iridescente
Assim o naufragar já se pressente
Matando o que pensara ser carisma,
Esfaimado este povo assim realça
O quão injusto tempo ainda se urde
A realidade aos poucos já me aturde
Uma alma se desnuda assim descalça.
E transmitindo ocaso invés de luz
Reflete o que deveras, fosco brilho
No quanto em desafio inda palmilho
Ao que será que a vida nos conduz?
Somente o mesmo engodo, eternidade?
Etérea uma resposta que se aguarde,
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24411
Ainda se percebe a velha esfinge
E os Édipos modernos desvendando
O que talvez pudesse ser mais brando
Enquanto a realidade mente e finge.
Tingindo de outras cores o futuro
Matizes envolventes e dispersos
Nas vagas ilusões pressinto imersos
Os frágeis caminhares que procuro.
Esboço alguma tola reação
E não me satisfaço nem um pouco,
O quanto de resíduo encontro e louco
Permito a mais complexa compleição
Do tempo sem o nexo procurado
Apenas garatuja do passado.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24410
Ascendo à tradição do nada ter
Que há tanto se espalhara sobre nós
Não sendo na verdade algum algoz
O mártir se emoldura e mata o ser.
No quase ser feliz já não se impera
O gozo alentador que mal disfarça,
Na tênue mansidão de uma alva garça
Esconde-se a real, diversa fera.
Assim não posso mais ter sob a mira
O verso que talvez eu preferisse,
O lince atocaiado assim desdisse
A fúria de quem caça e logo atira
Mascaro com mentiras os meus dias
E sei que mesmo em noites vagas, guias.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24409
Atordoada imagem do que um dia
Esboçara uma infausta reação
Expressa a cada nova geração
A farsa de um poder onde se via
Etéreas maravilhas prometidas
A quem se der além do mar profundo,
Enquanto de ilusões eu já me inundo
Roubadas desde sempre estas guaridas
E os vértices se tornam mero luxo
Dos quais não poderia ter notícias
E sei desde o começo nas primícias
O qual do sonho seja tosco bruxo
E bebo da esperança que desnuda
O que restou de uma alma, vã, miúda.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24408
Efeméride humana caminhada
Destruidora paisagem logo após
E quanto mais voraz, bem mais atroz
Espécie desde sempre degradada;
A artéria se irrigando em podre escala
Não deixa oxigenar-se tal tecido
Depois de tudo exposto, resta o olvido
Aonde uma esperança já se cala.
Na sala dos banquetes, vida e glória
A partir da chegada deste símio
Que mostra-se deveras, vão e exímio
A vida no planeta, merencória.
As fontes renováveis da ilusão
Traduzem desde sempre a negação.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24407
Aços, egos são ícones sombrios
Que a cada instante moldam realidade
E nesse patamar o vão invade
Aonde se quis paz, os desafios.
Desfilo estes fantoches meros, fúteis
Tutores do real, toscos palácios
Sem ter outros poderes que inda embace-os
Carcomidos caminhos, sempre inúteis.
Esgarçam o que resta do holocausto
E mostram a faceta especular
De um totem corriqueiro e tão vulgar
Gerando esta impressão de lauto fausto.
Mas quando se percebe a vilania
A tosca podridão no vão recria.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24406
A dor aonde a luz se fez presente
Tornando a nossa vida mais sombria
Um tanto mais audaz já se desfia
O que não se procura, mas pressente
Audácia se transforma em força e vejo
O quão se maculara a Tua imagem,
E tendo nos meus olhos tal paisagem
Reinando sobre todos; o desejo
Num ar empesteado se percebe
A lúbrica serpente desfilando
E as frágeis andorinhas, manso bando
Encontram segurança noutra sebe?
Só sei que ao vislumbrar fragilidade
Exposta como nunca, a humanidade.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24405
Ao rirmos nos festejos mais cruéis
Vagando sem destino quais cometas
Jogados sem sentido, estes gametas
Esboçam reações em medo e féis,
A bala que cruzando uma favela
O tempo de viver que não se conta,
A sorte muitas vezes, anda tonta
E todo o dissabor já se revela
No fogo que incendeia enquanto cruza
Os ares das cidades em ruínas,
As mãos alentadoras e assassinas,
Realidade tosca e tão escusa
Adentra o coração? Creio que não,
Vazios do vazio brotarão.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24404
Aturdida percebo a leva insana
Nos bares e motéis, ruas, calçadas
Verdades em loucuras disfarçadas
O tempo se desnuda e desengana.
Do arbítrio ao caos, do caos ao despotismo
Um ciclo há tantos anos conhecido
E agora novamente revivido
No reino da libido ou fanatismo.
Do cismo que se mostra assim bem claro
Escombros e destroços no final,
A Terra que em verdade é cais e nau
Expondo a podridão que ora escancaro.
E escarro sobre os vermes poluídos,
Embora o brado perde-se em ruídos.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24403
Que um holocausto feito em dor profunda
E ainda a cada tempo mais inunda
Permita a realidade enfim se ver.
A pútrida carcaça do que fomos
Ainda sendo exposta em cada esquina,
Imagem dolorida que alucina
Expondo a realidade em frágeis gomos
Excêntricos caminhos são danosos
E embora muitas vezes solução
Trazendo nos exércitos o pão
Florido em ritos vários, caprichosos
E assim à eternidade que acredito
Caminho doloroso, mas bonito.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24402
Não posso me furtar a ser mordaz
E ter em minha voz o gozo aflito
De quem se fez em sonhos; nisto eu grito
Enquanto apenas fúria satisfaz.
Esboço reações, vestígios deixo
E sinto que talvez possa fluir
A vida antes de tudo isso ruir,
Mas sei que da verdade não me queixo
Apenas observando este cenário
Catástrofes vingando a Natureza
Do ser que se fez trágica dureza
Pressente-se o final num estuário
Em coliformes; feito e nada além
Do quanto de si mesmo ele contém.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24401
O quanto se chorara em vão outrora
Nas buscas por fantasmas e demônios
Carbonizando corpos de campônios
Abutre se escancara e comemora.
Por deuses entre cães idolatrados
Espécie que se encontra em extinção,
Mas temo novos tempos que virão
Que possam reviver Satãs passados.
As farsas entre mágicos jograis
Esboçam velhas aves rapineiras
E quanto estas mentiras verdadeiras
O sangue; novamente, derramais.
À beira dum incrível precipício
Refaz-se a cada dia o Santo Ofício.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24400
Tamanhos os rancores e dispêndios
Dos quais não herdarei sequer um naco,
E quanto mais feroz eu bebo e ataco
Mantendo com vigor toscos incêndios.
Das vibrações diversas que eu sonhara
Apesar de lutar, nada restando
O quanto agora teimo em fogo brando
Enquanto a vida segue mais amara.
Escaras que cultivo, olhos vendados,
Os traumas entre trâmites vulgares
E quando noutro sonho me tocares
Momentos ilusórios encontrados.
Só sei que facilmente me dominas
Palavras tão suaves e ladinas.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24399
Sentira como fosse tão somente
Um vácuo me sugando para o nada,
A sorte há tanto tempo desvairada
Exposta num fantoche açoda e mente
Esgarço-me deveras e puído
Argutas ilusões são velharias
E quanto mais audazes tu querias
A noite se explodindo em vão ruído.
Egocentrismos? Lógicas insanas
E delas absorvendo estas falácias
No férrico vazio das hemácias
Anêmica verdade; desenganas
E tramas outras tantas ilusões
E aos poucos se saber já decompões.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24398
O quão se fez dorida a sina e o carma
Especulares rotas convergentes
Outra verdade; exposta, ainda sentes,
Porém realidade te desarma
E morta em vida segues sem saber
As sortes de um momento mais feliz,
Aquém deste delírio que se quis
Mergulhas no vazio e podes ver
As sombras de um fantoche kamikaze
Aprendes tomar em decisão
Sangrando forças tantas que virão
Enquanto a morte deste todo se defase.
Esgotam-se deveras as opções
E a imagem do terror; agora, expões.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24397
Medonhos, porém mágicos momentos
Fantásticas quimeras, senda estranha
Aonde se pensara nova sanha
Os dias entornando fogos lentos.
Ascendo às mais sublimes cordilheiras
E delas num mergulho em vago espaço
Trazendo o que deveras penso e traço
Paixões entre esperanças corriqueiras
Mascaro cada tempo com mentiras
E delas renovando o meu farnel,
Seguindo, muitas vezes quase ao léu
Recolho estas migalhas que me atiras,
Ainda sobrevivo e nada além
Carcaças do passado ainda vêm.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
24396
Exalando o perfume mais sombrio
Nefasta podridão tomando uma alma
Explode o que deveras fora trauma
E vendo este terror, o meu desfio
Em versos, sei mordazes, mais reais
E tudo o que se fora claridade
Exposto neste espectro se degrade
No quanto em luzes turvas transformais.
Vestígios do que fora outrora um homem
Agora em insensato descaminho
Encontram a aridez feita em espinho
E aos poucos, fatuamente me consomem.
Erguendo a voz, um último recado,
Adentrando este esgoto, meu passado.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 09, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24552
Um sonho que jamais alguém esquece
É feito de alegria e sem rancores
Por isto na manhã belos albores
Traduzem a beleza que oferece
O Pai abençoando em cada prece
Os que sabendo a vida em belas flores
Permite por caminhos onde fores
A rara maravilha que se tece,
O quanto ser feliz é ter nas mãos
Destino que nos torne quais irmãos
Seguindo a rara senda do Senhor,
Por isso esteja atenta a cada instante
E veja quão sublime e radiante
O mundo quando é feito em pleno Amor.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24551
Não deixe que esta noite seja assim
Desfeita em simples trevas, negritude,
Por mais que a sorte cale ou mesmo mude
Buscando a florescência em meu jardim,
O canto que buscara dentro em mim
Permite que se tenha outra atitude
E dela, só por ela, se transmude
O que já fora outrora tão chinfrim.
Esgota-se esta fonte aonde um dia
A vida sem ter medo mataria
A sede de sonhar, farta querência
E dela com carinhos envolventes
Por mais que noutro rumo ainda tentes
O amor jamais se fez em penitência.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24550
Escondo-me em teu corpo, e me protejo
Sabendo dos terríveis vendavais
Aonde desvendando siderais
Caminhos que deveras não almejo
Encontro-me servil deste desejo
E nele quero sempre e muito mais
Além do pensara ser demais,
O tanto deste amor raro e sobejo.
Atravessando assim velhas fronteiras
Por mais que na verdade ainda queiras
Saber do quão presente, o sentimento,
Escusas não escuto e nem preciso,
O amor jamais se dando ao prejuízo
Bem mais do que pensara ou mesmo invento.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24549
Na sede de viver sinto propício
O caminhar que outrora se fez turvo,
E quando em tais estradas, eu já curvo
Retorno sem vontade ao mesmo início
Dos espectrais momentos que decifro
Encontro estes sinais que não traduzo,
E neles percebendo o farto abuso
O qual em intempéries; logo cifro
Permita-me sonhar; pois somente isso
Talvez inda me trague alguma paz,
E nela minha vida satisfaz
Deixando ao deus dará, um ar mortiço.
E neste emaranhado me enovelo,
Tentando um dia claro, manso e belo.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24548
As fontes da alegria e do desejo
São tantas e deveras as procuro,
E nelas com certeza já me curo
Do mal da solidão que ora prevejo,
Ao ver este caminho em azulejo
Esqueço-me do dia outrora escuro,
E sinto da aridez de um solo duro
E nele esta colheita que inda almejo.
Por mais que tenebrosa seja a noite
Ao ter este delírio que me acoite
Pernoites tão vazios, nunca mais,
Sabendo o quão diversa é nossa vida,
Estrada pelo amor se faz ungida
No encanto que decerto derramais.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24547
Se nos esconderijos que amor crie
Pudesse ter nas mãos; defesa e luta
Por mais que uma alma sonha e não escuta
A voz que noutro tanto desafie
E assim a nossa vida se desfie
Deixando no passado a força bruta
Quem ama na verdade não reluta
Mesmo que a solidão, inda recrie
As trevas que fizeram noites tantas
E agora com beleza tu me encantas
Mostrando novo tempo, mais feliz,
E o verso mascarando a dor e o medo,
No quanto te desejo e não concedo
Ao vago descaminho o que ele quis.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24546
Deitar felicidade em tanto beijo
E crer na luz da qual amor se emana
Por mais que se mostrasse soberana
A sorte noutro tanto eu já prevejo,
Mundo maravilhoso que ora almejo
Detendo em sua mão a voz profana
Por vezes sem limites desengana
Deixando esta impressão, simples lampejo.
Mas quando se transforma com ternura
E nela com certeza se perdura,
Fazendo da candura uma bandeira,
Mesquinharias; deixo para trás
E o todo se mostrando mais audaz
O amor num outro amor assim se inteira.
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24545
Percorro teus caminhos e deveras
Encontro o que pensara ser incrível
Por mais que talvez seja indestrutível
O amor se exposto for às frias feras
Aquém do que precisas ou esperas
Não deixe que anteveja outro desnível,
Pois sendo sempre assim muito sensível
Já não suportaria tais quimeras.
Assíduas ilusões; já não as quero,
Um mundo mais suave e menos fero
Tempera esta emoção da qual eu vivo,
O amor se debruçando sobre a dor,
Demonstra em seu poder transformador
Além do que pensara ser altivo.
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24544
Um vale em emoção e sentimento
Permite a quem trafega esta emoção
Que feita da loucura e sedução
Expressa o quanto em glória me apresento
E sei aonde encontre tanto alento
Das ondas e das festas sentirão
O fogo que se mostre num verão
Eterno no sabor do manso vento.
E teimo em prosseguir sem intempéries
E mesmo quando as dores vêm em séries
Dispersas fantasias já me acolhem,
E delas o poder de ter nas mãos
Certeza se eterniza em raros grãos,
Dos quais uma alegria e a paz se colhem.
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24543
Prazer que assim te dando, eu já recebo
E sinto inesgotável rara fonte
Por mais que meu caminho ainda aponte
Incrível senda à qual quero e concebo.
Do todo que deveras inda bebo
Mostrando no final belo horizonte
Enquanto noutro rumo ainda aponte
O brilho além do tanto em que me embebo,
Assisto à derrocada do não ser
E sinto fabuloso o bel prazer
E dele me encantando não desvio
O rumo onde deveras encontrara
A luz sobeja e nobre bela e clara
Trazendo ao meu olhar vela e pavio.
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24542
Distante da tristeza e do tormento
Expresso esta alegria em cada verso
Por mais que inda pareça estar imerso
Na dor e no terrível sofrimento.
Aos poucos mansamente me apascento
E sigo cada rastro do universo
Aonde poderia estar disperso
O fogo do prazer em que me alento
Deveras tendo a sorte de saber
O quão maravilhoso este prazer
No tanto em que se mostra divinal
Esqueço os dissabores e desfaço
A velha solidão sem ter um traço
Do quanto eu me fizera desigual.
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24541
Tomado de carinho, então percebo
O quão se torna às vezes venturosa
A senda em que desfilo verso e prosa
E dela a maravilha onde concebo
O mundo em ilusão, a paz recebo
Singrando com denodo espinho e rosa
Enquanto a fantasia ainda glosa
O tanto que deveras já não bebo
E embebe-se de luz este andarilho
Decerto em novo tempo quero e brilho
Forjando com meu canto um tempo audaz
Aonde uma esperança mais sobeja
É tudo o que minha alma ora deseja
Viver e ter nos olhos farta paz.
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24540
Tocando a minha pele, o manso vento
Transmite a sorte farta que buscara
E nela a solução já se declara
Trazendo em raro encanto tanto alento
E deixo para trás o sofrimento
Enquanto a fantasia ainda ampara,
Sonega uma esperança audaz e cara,
Por vezes a saída; ainda tento
Que possa permitir novo caminho
No qual e pelo qual eu adivinho
Momento mais feliz e disto eu posso
Falar o quanto em luzes sempre endosso
E sigo mesmo quando estou sozinho
Colhendo a cada esquina outro destroço.
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24539
Regalos desta vida a me mostrar,
O dia venturoso que procuro,
E quando me encontrando em solo duro
Ao menos poderia cultivar
E tendo esta esperança a demonstrar
O quão vazio mundo neste escuro,
Depois do tanto brilho em que emolduro
O belo que se expressa a cada olhar,
Desfio novas sendas, tecelão
E nelas os meus barcos mostrarão
O farto ancoradouro feito em luz,
Amor se transmitindo hereditário
O tempo se mostrando raro e vário
Ao mundo em glória imensa me conduz.
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24538
O quanto é necessário e bom amar
Sabendo desvendar os seus segredos
Amor não se entregando aos desenredos
Permite a mansidão ao caminhar
Depois de tanto tempo navegar
Sabendo desde sempre os grandes medos
Momentos do passado morrem ledos
E deles um futuro a se mostrar
Diverso do que outrora pressentia
Quem tanto se perdendo em fantasia
Agora se permite ser feliz
Um velho caminheiro em farto espinho
Já sabe que não deve andar sozinho
E encontra num amor o que mais quis.
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24537
Felicidade é feita em cada gesto
E dele se deriva a glória plena
Enquanto o dissabor ao largo acena
O quanto ser feliz já não contesto
E quando se mostrando em vão protesto
Deitado sob a lua em noite amena
A melodia ao longe me serena
E deixa para trás o que detesto
Assinam delicadas ilusões
E quando sem certezas decompões
Os ritos que pensara eternidade,
Semeio pelos campos estes grãos
E sei que mesmo sendo inúteis; vãos,
Traduzem a esperança que me invade.
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24536
Aonde nós podemos perceber
O dia que virá em luz tranqüila
A vida neste instante já desfila
O amor que nos traz glória e posso ver
A luz incendiando nosso ser
Medonha fantasia que destila
Enquanto em mera luz já desopila
O tempo onde desfia o seu poder.
Dos sonhos, um mesquinho serviçal
Embarco no vazio a minha nau
Esperando o naufrágio que virá
Depois da tempestade anunciada,
Aonde a noite diz o mesmo nada
O sol ainda frágil brilhará.
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24535
Que o tempo ao qual me dou e não contesto
Transforme o meu futuro e nada além
Do que deveras cabe e me convém
E mesmo que pudesse em cada gesto
Aonde se fizera dor, protesto,
Procuro no final ter este alguém
Que mesmo sem discórdia e sem desdém
Não trague mais o medo atroz, funesto.
E sei que não consigo ter a sorte
Que possa me trazer quem já conforte
O coração audaz do aventureiro
E embora isso pareça corriqueiro
Nas tramas deste encanto me seduzo
E a vida transcorrendo sem abuso.
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24534
Faz ter em nossa vida tal prazer
O sonho que jamais esqueceria
Moldado sob as formas da alegria,
Sem ter qualquer caminho a desdizer,
Mudando deste jeito o que eu quis ser
E faz com esperança a parceria
Que a cada alvorecer sempre recria
Deixando no passado o não saber
Expressa com sobejas emoções
Falando das ternuras que ora expões
Transformando o cenário em luzes feito
Pudesse acreditar no que não creio
Talvez já não tivesse esse receio
Enquanto este futuro; em paz, espreito.
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24533
Deixando para trás qualquer um resto
Do quanto fora muito e agora é nada
A sorte noutra sorte desvendada
Dizendo deste todo que detesto
Ao menos ao carinho eu já me presto
E bebo cada gota da alvorada
Sabendo desta história desfiada
Em versos delicados, sou funesto
E sei que na verdade nada sei
Por isso quanto mais distante a grei
Deveras o meu passo se tornando
Às vezes mais suave ou mesmo brando
Enquanto a tempestade se anuncia
E mata em nascedouro a fantasia.
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24532
De dor que nos impeça de saber
O quanto é necessário caminhar
E mesmo sob os raios do luar
Envolto nas delícias do prazer
É bom e neste tanto posso crer
Que quando fores logo mergulhar
Expresse esta alegria em teu olhar
E dela tu verás o teu poder,
Quimeras pela vida sei são tantas
E quanto mais atrozes, mais te espantas
Mas tendo esta alegria feita em festa
O tempo ao temporal já não se empresta
E o quanto deste muito ainda resta
Trará tal maravilha enquanto cantas.
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24531
Desta alegria intensa feita em glória
Não posso descuidar nem um segundo
E quanto mais audaz eu me aprofundo
A vida se expressando sem vanglória
Por mais que uma ilusão atroz se mostre flórea
Dos gozos delicados deste mundo
Bebendo com fartura em paz inundo
O todo que buscara na memória.
Arcar com os devidos caminhares
Além do que desejas; encontrares
Momentos de sobeja maravilha
É tudo o que mais quero; e assim mergulho
Mesmo que encontre ao fundo pedregulho
A noite em lua imensa e clara, brilha.
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24530
Distante das falácias e das brigas
Não posso mais sentir terror ou medo
E quando outro caminho eu me concedo
Apenas no passado tais urtigas,
E mesmo que esta senda; inda prossigas
Verás ao final dela este degredo
E dele se espalhando o desenredo
Mudando as horas belas e as cantigas
Das quais ao relembrar, mera criança
O mundo em luz mais plena já se alcança
Na doce temperança sorte e riso,
E sei quão necessário caminhar
Enquanto se embebendo do luar,
No encanto mais audaz, belo e preciso.
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24529
O amor em si proclama uma vitória
Depois de tempestades e corsários
Não tendo mais sequer os adversários
Apenas restará sorriso e glória
A quem se fez eterna promissória
De um dia mais feliz, mesmo que em vários
Momentos se mostraram temerários
Os ritos que dissessem da vanglória.
Agora ao perceber quão bela a vida
A nossa caminhada decidida
Não deixa qualquer dúvida e prossigo
Tocado pela luz que assim se emana
E mesmo sendo a sorte soberana
Nos braços deste sonho encontro abrigo.
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24528
Moldado nas palavras mais amigas
O quanto se tentara e não consigo
Vencer a cada tempo o seu perigo
Por mais que outros caminhos já consigas
Desfilo a fantasia na qual obrigas
O tempo sem ter nexo ao desabrigo
E deste caminhar inda persigo
As honras mesmo atrozes ou antigas.
Esqueço-me dos medos e das tramas
Diversas quando em paz tu já me chamas
Falando deste encanto que me envolve,
Deixando no passado, tatuados
Momentos em tristezas decifrados
E a dor em tanto amor já se dissolve.
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24527
Emoldurando sempre na memória
O quadro que pintaras, luz imensa
E quando neste amor minha alma pensa
Sabendo desde já certa a vitória,
Por mais que a vida seja tão inglória
No fim eu acredito em recompensa
E a sorte se deixada na dispensa
Trará uma incerteza merencória.
Promessas de um futuro mais tranqüilo
Enquanto a fantasia aqui desfilo
Destilas este amargo fel que bebes,
E dele se transcende uma esperança
Vazio caminhar ao qual se lança
Traduz a luz sombria destas sebes.
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24526
Ternuras todas brandas, mesmo antigas.
Traduzem tradição de riso e glória
No olhar se espelha o fogo da vitória
Trazendo aos meus ouvidos tais cantigas
E mesmo que deveras já prossigas
Em torno desta lua merencória
Vagando sem saber do amor, adore-a
E saiba do prazer do qual não migras
E deixas a certeza de outro passo
No qual e pelo qual amor eu traço
Arcando com meus dias mais sofridos
Alçando outras paragens mais felizes
Deixando além do vago o que desdizes
Deslizes traduzidos nos olvidos.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24525
Saber do amor que move nossas vidas
E ter nos nossos olhos a esperança
Que enquanto se traduz em temperança
Permite as caminhadas mais ungidas,
E quando se mostraram distraídas
Ao nada do vazio já se lança
A sorte que pensara em aliança,
Trazendo nossas sendas repartidas.
Será que não podemos ter nos olhos
Além do que demonstram tais abrolhos
Matando este jardim que semeamos
Com todo este cuidado, claro esmero
Terás como terei tudo o que quero,
O amor sem ter escravos, donos, amos.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24524
Ao ter as diferenças resolvidas
Partimos para o sempre procurado
Deixando as desventuras já de lado
Unindo com paixão as nossas vidas,
Por mais que nos pareçam doloridas
As sortes se embrenhando no passado
Permitem novo dia ensolarado,
Por mais que destes fatos tu duvidas.
Esqueça o que se fez em vasto não,
O amor mesmo que seja temporão
Trará para quem sonha luz imensa
E desta claridade refazendo
Sem ter sequer o medo como adendo,
Além do que talvez tua alma pensa.
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24523
Saudades do passado; inda carrego
E dessas horas tristes renovando
O quanto se fizera outrora brando
Deixando este caminho em que trafego,
E quando no passado em vão me apego
O teto do futuro desabando,
Nefastas sobremesas se mostrando
Empenho as alegrias, sigo cego
E visto as ilusões, quimeras frágeis
Aonde imaginara tempos ágeis
Deságio se tornando mais freqüente
A porta que buscara escancarada
Agora não traduz mais quase nada,
Por mais que a fantasia inda freqüente.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24522
Do quanto não sabia e era feliz
Tentando outro caminho, me maltrato
E quando se percebe este destrato
O mundo onde se vê já não me quis.
E o tempo sendo mera cicatriz
Enquanto na verdade me desato,
Provocando um sombrio desacato
Do medo e do vazio, rege o bis.
Nefandas as veredas que entranhara
A cada caminhada desampara
E tudo se transforma em negação,
Servente das loucuras, desvarios,
Aprendo a caminhar em finos fios
E desafio os frios que virão.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24521
Paisagem na memória vai perdida,
Deixando como rastro esta querência
E fala ao andarilho competência
Depois da madrugada em paz urgida
No quase acreditar, já decidida
Sem ter sequer quem busque e enfim convence-a
Do quanto em desvario diz demência
Perene ingratidão luz dividida.
Assediando o mundo em que talvez
Pudesse ter nas mãos a sensatez
Desfeito, muito embora o nada vê
E segue tão somente sem por que
Ausente da alegria, morro só,
A vida na esperança dando um nó.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24520
De todos os meus sonhos, aprendiz,
Aonde poderia ter quem sabe
Destino aonde o mundo não desabe
E quando necessário contradiz
Por mais que eu te pareça um infeliz,
Verdade eu já nem sinto e sequer cabe
Nababo caminheiro antes que acabe
A rota dos desejos quer e diz
Das vária malquerências desta vida
Por mais que se mostrasse decidida
História se repete e novamente
Sem ter outra vertente, sigo o mesmo
E quando solitário eu me ensimesmo
O coração não quer, ou melhor, mente.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24519
Agora a vida passa, distraída,
Deixando para trás medos e senhas
Distante do passado de onde venhas
Mudando ao mesmo instante em que é regida
Por belas paisagens, não duvida
E quando nos vazios tu te embrenhas
O quão tudo desejas, logo empenhas
E sabes desta senda repartida
Dicotomias várias se moldando,
A tempestade amarga, o fogo brando
A sorte desfilando seu enredo,
Assim ao perceber final dorido,
O véu das esperanças já puído
Demonstra o descaminho em que enveredo.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24518
Mostrando num relâmpago o que eu fiz,
Apesar das batalhas costumeiras
Além do que pensaras; as bandeiras
De um novo tempo em glória e cicatriz
Permitem tal caminho ao aprendiz
E mesmo quando audazes e ligeiras
As sortes mesmo quando já não queiras
Desvendam o que outrora eu sempre quis.
Erguendo as minhas mãos, louvando aos Céus,
Nos olhos dois imensos fogaréus
Vencendo a treva amarga, seca e rude,
É muito além do pouco que eu criara,
Enquanto a vida muda peso e tara
Desvendar o futuro, o amor ajude.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24517
Saudade do calor do braço amigo
Que tanto protegera o caminheiro
E enquanto dos perigos eu me esgueiro
E busco nos vazios, meu abrigo,
Por vezes na verdade em vão prossigo
E o canto muitas vezes lisonjeiro
Transporta a paz qual fora um mensageiro
Do quanto necessário estar contigo
E crer que haja bonança após procelas
Pela amizade eu sei o quanto zelas
Qual fora um jardineiro delicado,
Adubo da esperança uma amizade,
Que aos poucos sem ter nada que degrade
Ajuda-nos a ver mais claro o Fado.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24516
Num tempo em que existia uma esperança
Sabia que talvez pudesse ter
Além do que deveras quero crer
A mão em paz sobeja e temperança,
Mas quando a realidade ao fim me alcança
Derruba-me e deveras sem poder
Sentir a maravilha do viver
Saudoso dos meus tempos de criança
Esqueço-me do quão já poderia
Ter nos meus olhos rara alegoria
Utópica vereda à qual me entrego,
Mas sei que tantas vezes incompleto
Não passo de um sutil verme ou inseto
E embrenho-me no escuro, quase cego.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24515
Distante do que trago aqui comigo
Felicidade é um sonho e nada mais
Pudera ter nos olhos porto e cais
Porém minha alma exposta ao desabrigo,
O quanto ser feliz inda persigo
E quando mais ausente derramais
Momentos tão doridos e jamais
Terei além da dor, medo e perigo.
Perece-se a ilusão a cada instante
E o dia que buscara radiante
Espalha-se sombrio em noite amarga,
E a voz que outrora fora mais possante
Agora tão somente uma farsante
A cada novo dia mais se embarga.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24514
A vida prometia uma festança,
E tudo não passou de uma promessa
E quando a minha história recomeça
Apenas cultuada na lembrança
A senda se desfaz; desesperança
E quando o meu caminho assim se impeça
Aonde no passado houvera pressa
A morte pouco a pouco já me alcança.
Não deixe pra depois o que se pode
Fazer e sem demora enquanto rode
A terra neste giro inesgotável,
Tentando revelar cada segundo
Mergulho neste tanto e me aprofundo,
O mundo que desejo, inalcançável.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24513
Bebê-la novamente não consigo
A sorte que intragável se tornara
Ao mesmo tempo azeda e tão amara
O quanto desejara e não prossigo,
Pensando a cada esquina um novo amigo,
Realidade toma e desampara,
A cada novo tempo se escancara
Invés de manso abrigo, outro perigo
E nele se desfazem ilusões,
Decerto são apenas más visões
E tudo se renova em força branda.
Mas sei que a poesia não importa
Aonde se fechou ao mundo a porta
Caminho sem destinos já desanda.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24512
Somente em cicatriz, doce lembrança
Do tempo em que julgara ser feliz
Do todo que sonhara; o mais que quis
Realidade mata enquanto avança
O tempo que eu pensara em aliança
Agora tão somente me desdiz,
A sorte velha e amarga meretriz
Ao vento em tempestade, louca, dança.
Assim não poderei crer no futuro
Que em luzes mais dispersas emolduro
E neste patamar, quieto flutuo,
Assino com temor tal promissória
A vida se tornando merencória
Assassinando o sonho que cultuo.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24511
Saudade de viver o que não fui
Durante a tempestade feita em vida
Imagem pelo tempo destruída
Apenas a verdade toma e rui,
E quando a realidade aos poucos flui
A sorte que pensara já perdida
Agora novamente vem e acida
Matando o que deveras inda influi
E torna o meu viver em puro encanto
E quando em realidade desencanto
Em tanto sofrimento me desfaço,
Assim ao perceber a derrocada,
Do todo que sonhei, restando o nada
Vazio com certeza cada espaço.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24510
Cadáver do que fui, e ainda vive
Apodrecendo os sonhos que virão
Transforma qualquer luz, escuridão
E apenas tão somente diz que estive
Tomando da ilusão: fantasmas tive
E sei que na verdade nada são
Senão o meu retrato em podridão,
De uma alma que ora apenas sobrevive.
Não pude decifrar os meus enigmas
E trago dentro em mim velhos estigmas
Estrelas que me guiam e deformam,
Assíduo caminhante do vazio
O quanto ainda quero; eu desafio
Notícias do futuro não informam.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24509
Renova-se deveras todo dia
A vida que se fez tempestuosa
E agora quando o sonho quer e goza
Moldando outro caminho em que se guia
À sombra do passado a alegoria
Mudando a sina outrora caprichosa
E tendo em minhas mãos, maravilhosa
A força de uma etérea fantasia.
Servir aos meus desejos prosseguindo
E quando se julgara amargo e infindo
Momento tormentoso; se percebe
A luz iluminando nova sebe
E dela sem as trevas, novamente
O dia renascendo se apresente.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24508
Uma esperança feita em juventude
Permite um sonho vasto e distraído
O tempo se condena ao frio olvido,
Mas quando somos jovens a atitude
Expressa o que deveras já se mude
E mesmo me pegando sem sentido
O verso beba a fonte da libido
E sabe o quanto quer, tanto e amiúde.
Não posso mais negar essencial
Caminho que seguimos sem o qual
A sorte se perdendo em vão espaço,
Por isso, numa tenra mocidade
Qualquer motivo traz felicidade
Ou mesmo a imensa dor que ora desfaço.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24507
O sol vem renascendo em alvorada,
Debandando as quimeras mais atrozes
Ainda escuto ao longe suas vozes
Destoam da esperança desvendada
E molda sem pensar o fim da estrada
Jamais imaginando tais algozes
Bebendo dos riachos, fontes, fozes
Causando terremoto ou mesmo o nada.
Assim não poderia crer no quanto
Expõe-se o coração enquanto canto
Vencendo os meus antigos preconceitos,
As sortes são vadias e insinceras
E quando um bom momento ainda esperas
Os ventos que querias são desfeitos.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24506
Trazendo a cada sonho, uma atitude
Que possa transformar amargo em doce
É como se voltar no tempo fosse
Realidade aonde a sorte mude
E tendo em minhas mãos tal esperança
Divirjo dos meus erros e ainda tento
Exposto ao mais soberbo e forte vento
Tocar o imaginário ao qual se lança
A mão de um andarilho sem paragem
Sentindo em tal aragem, maravilhas
Por onde vez em quando ainda trilhas
Mesmo que estas mentiras nos ultrajem
Saber eternizar cada momento
Eu juro, mesmo inútil, ainda tento.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24505
Iluminando sempre a mesma estrada,
O sol que se fizera mais presente
Durante a tempestade se pressente
Volvendo e retornando em longa estada
Assim a minha vida mostra cada
Momento que em verdade ainda atente
Mudando cedo o rumo e de repente
Percebo no final outra alvorada.
Esbarro nas procelas, não naufrago
E cada vez que encontro o teu afago
Um trago de esperança me inebria
Assíduo companheiro da desdita
O sol em cada raio já me dita
Aonde procurar a fantasia.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24504
Embora o calendário sempre mude,
Não vejo mais verão, somente inverno
No gélido porão quando me interno
Não peço e nem procure quem ajude.
A vida não represa-se em açude
Tampouco nela aquieto-me ou hiberno
E sendo sem sentido ou mesmo eterno
O pouco assim se mostra ou amiúde
Não tendo outro caminho, sigo só
Não quero mais escusas, mato a dó
E beijo a ventania sem pudores,
Por isso não reclame deste frio
Se nele a própria vida desafio,
Não me importa sequer se agora fores.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24503
Singrando por espaços, ilusões,
Não tendo outra saída que inda possa
Mudar as minhas sendas, direções
Sequer uma emoção, meu peito esboça
E vivo sem saber da outrora troça
Que tanto me magoa; tentações
A vida sem perguntas me destroça
Inverna desde sempre os meus verões.
Versões em versos, valsas, velas, vagos
Aonde poderia ter afagos
Quem tanto desprezou o seu poder,
O peito enamorado se desvenda
E quando se desnuda, tece a renda
Expondo desde sempre o que é viver.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24502
Vivemos deste sonho em mocidade,
O amor que nos transforma em fogo e fúria
Aonde se mostrara qual incúria
Desanda o tanto quanto desagrade,
Pudesse ter nas mãos felicidade
A vida não seria esta lamúria
A sorte se moldando em paz. Procure-a,
Verás o quão se mostra em inverdade.
Não tendo mais caminhos, sigo arisco
As ilusões; deveras, já confisco
E tramo outra vereda mais suave;
Porém nas redes toscas da paixão
Os dias entre brumas nascerão
Minha alma em suas sendas tome e lave.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24501
Abrindo com carinho, os corações
O amor não deixa dúvidas. Reinando
Por sobre toda a Terra em fúria ou brando
Tomando sem pensar as decisões.
Enquanto se transforma em subversões,
As ânsias do passado derrotando
Imagens do futuro desprezando,
Não tendo nem pensando em direções.
Sublime ou mesmo algoz, terrível, belo,
No quanto pelo amor, descuido e zelo
Colheita que em fartura não sacia,
Um deus imaginário e poderoso,
Promessa de tormenta em pleno gozo
Da dor que se transborda em alegria.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24500
A liberdade alçando em pensamento
Vivendo sem temor, sigo adiante
E tudo se renova num instante
A própria dor produz algum alento,
E quando mais distante me atormento
Procuro algum caminho delirante
Nas mãos imaginara um diamante,
Porém poeira vai tomando assento
E vejo que o vazio se formara
Aonde imaginara jóia e rara
Beleza sem igual, mas enganosa
Beijando a tempestade sou feliz
E tudo que deveras já não quis
Traduz cruel espinho e mata a rosa.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24499
Sangrando nas loucuras das paixões
Adentro os meus fantasmas e mergulho
Deixando pedra, espinho e pedregulho
Bebendo desta fonte aos borbotões,
Assim enamorado d’ilusões
Sabendo o que me resta, quase entulho
No fundo, perseguindo este marulho
Encontro em mar sombrio as decepções.
Esboça-se um sorriso, falso e frio
E todo o meu futuro ora desfio
Teares que bordaram fantasia,
E enquanto imaginara poesia
As esperanças fogem, ledo bando
E o coração aqui, sempre sangrando.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24498
Podemos perceber felicidade
No brilho deste sol ou no luar
No canto que decerto irá mostrar
Beleza sem igual que nos agrade,
No amor que quando traz tranqüilidade
Permite ao ser amado respirar
Também nesta magia do tocar
Estrelas com os olhos, mas quem há de
Saber do quão feliz se necessita
Ser para seguir tola desdita
E mergulhar nos vagos da promessa
Que enquanto assim permite um novo sonho
Além do quanto posso e te proponho,
E a história no vazio recomeça.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24497
Na boca da manhã eu vejo o sol
Trazendo o alvorecer sublime e raro,
E quando nos seus raios eu me aclaro
Percebo que há em ti como um farol
E como fosse um simples girassol
Bebendo desta luz quero e declaro
Do quanto ser feliz, e o mundo encaro
Sem ter que me fazer de caracol,
Ascendo ao infinito e posso ver
Além do que se pode imaginar
A magnitude plena do poder
Que emana-se do sonho realizado
E sinto no calor do deus solar
Toda magnificência deste prado.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24496
No sol que eternamente brilhará,
Razões para saber o quão é belo
O amor que a nestes versos eu revelo
Tomando com certeza e desde já
Caminho que por certo levará
A ter aqui comigo este castelo,
Destino em paz agora; amada, eu selo
Zelando por quem tanto me trará;
Sabendo com cuidados cultivar
Os frutos que dará nosso pomar
Serão abençoados, com certeza.
No amor a maravilha sem perguntas
Dois sonhos num só sonho e quando ajuntas
A vida nós levamos com leveza.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24495
Abrindo a porta deixo que se sinta
O vento, companheiro de viagem
Mudando novamente esta paisagem
Usando a mais sublime e bela tinta
O quanto do desejo se pressinta
Não deixe que as saudades nos ultrajem,
O amor não necessita de uma pajem,
Por isso não sonegue e nunca minta.
Assim nós poderemos ter um dia
Além do que se quer e fantasia
Num êxtase supremo, gozo e festa
Do tanto que te quero e sinto assim
O eterno renovar deste jardim
O vicejar da flor perfeita, atesta.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24494
Ao ver na ventania a tempestade
Que sei não tardará, eu me protejo,
No amor quando demais, fero e sobejo
O medo do final decerto invade,
E mesmo se encontrando o que me agrade
Momentos mais difíceis; se eu prevejo
Distante deste cais que em paz almejo
Não posso desfrutar tranqüilidade.
Assim quimera vária e delicada
Paixão por vezes vara a madrugada
E avara não percebe o dividir
Tampouco se permite algum descuido
Por isso, um jardineiro dela eu cuido,
Pensando desde sempre no porvir.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24493
Rasgando o coração não poderia
Haver quem sonegasse o sentimento
E quando estou distante me atormento
Invés de paz; enfrento esta agonia
Amor não suportando bulimia
Faminto, insaciável seu provento
É feito de carinho, este alimento
Aonde toda a força não sacia.
Queria ter ao menos uma chance
E mostraria além do meu alcance
O quanto te desejo e não me canso
De ter esta emoção dentro de mim,
Contigo sou feliz e vejo enfim
Depois de uma borrasca um bom remanso.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
24492
Ao impedir que uma alma em paz flutue
Transformas esperança em frio ocaso
Do nada que virá já não me aprazo
Sem ter sequer um bem que inda cultue
São mútuos os carinhos entre quem
Deseja muito além de um simples caso,
Por vezes, noutra senda se me atraso
Saudade cobrando ágio cedo vem.
Amor quando infinito não tem prazo
E vive cada instante como fosse
Um belo sentimento que agridoce
Jamais suportaria algum descaso.
Tampouco se formando por acaso
Contigo, sem pensar, querida eu caso.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 10, 2010
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24604
Que mostra em brilho raro o bom caminho
Não tenho quaisquer dúvidas querida,
Perpetuando a sorte merecida
Não quero estar deveras mais sozinho.
Pois tudo se transforma e já me alinho
Nas sendas desta luz fortalecida
Na plena liberdade, em nossa vida,
Servindo com certeza como um ninho;
Se a “liberdade, ainda que tardia”
Não seja tão somente alegoria,
No emblema que nos move, inconfidentes.
Jamais suportaria tais algemas,
Por isso é que repito: nada temas
Aqui terás o amor que também sentes.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24603
Meu coração te busca, um helianto
Inebriadamente se transporta
E toca mansamente a tua porta
Bebendo da ilusão, sobejo encanto
E quanto eu te desejo, aqui eu canto
Meu barco nos teus braços já se aporta
O que virá depois já não me importa
Só quero ser coberto pelo manto
Que trazes com sorrisos venturosos,
Delírios entre mares prazerosos
Uma álgida lembrança se desfaz
E tudo se renova ao mesmo instante
Em que este caminheiro se agigante
Na fúria de um prazer insano e audaz.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24602
Teus olhos me servindo de farol
Não deixam que eu perca em mar escuro,
E quando nesta sanha quero e juro
Além do que talvez um girassol
Dourando-me deveras de teu sol,
São brilhos que com sonhos eu misturo
Angariando ao fim um bom auguro,
A paz se entorna em todo este arrebol,
Serenamente o verso te proclama
Além do que pensara simples cama,
O amor não sossegando um só instante
Ascende ao mais perfeito paraíso
Tramando tudo aquilo que preciso,
Tornando o meu caminho deslumbrante.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24601
Clareiam divinais, o nosso ninho;
Olhares em que vejo o teu fulgor
Expressando com fé o raro amor
Do qual e pelo qual eu já me alinho.
Antigamente andara tão sozinho,
E agora novamente ao recompor
A estada deste eterno sonhador,
Bebendo em tua boca, o doce vinho
Jamais avinagrado, não se acida
E nele resumindo a nossa vida,
Eterna e tão durável quão profunda.
Minha alma se transborda neste encanto
E sabe decifrar o que ora canto
No temporal sobejo que me inunda.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24600
Quem dera se pudesse, um cavaleiro,
Sentir desta princesa uma presença
Que mais do que talvez minha alma pensa
Um extensivo gozo é corriqueiro.
Herege cavalgada e nela inteiro
O sonho que se fez sem desavença,
Gerando do vazio, medo e crença
Mudando este matiz do meu tinteiro.
Argutas melodias espalhadas
Enquanto se preparam alvoradas
Ainda posso ver no fim da noite
As tramas que criaram tal polêmica,
A vida sem amor se torna anêmica
Endêmica tortura de um açoite.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24599
Seguindo num galope, passo a passo
A trilha que deixaste minha amiga
Enquanto a solidão já nos persiga
Nas ânsias de um calor a vida eu traço,
E sem saber se tenho ou não o abraço
Eu sei que tudo então nos desabriga
E quando a sorte assim se desobriga
O amor seria mesmo um erro crasso.
Disfarço com poemas o desejo
E deles a verdade que eu almejo
Tornando-se afinal um subterfúgio
Queria ter somente uma alegria,
Mas solidão chegando desafia
E nega ao andarilho algum refúgio.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24598
Até chegar ao sonho derradeiro
Depois de tanta luta é que percebo
Que aquém deste delírio, não recebo
Sequer o meu cardápio costumeiro,
Vencer estes rancores, mas primeiro
Preciso vislumbrar no que me embebo
O amor jamais seria um bom placebo
Apenas um suave fogareiro.
E gélido caminho se prepara
A quem estando aquém da luz tão clara
Esgota-se em esgotos vida afora,
Estranhas melodias? Não mais ouço,
Quisera candelabro e o calabouço
Realidade torpe enfim decora.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24597
Encontro, mais feliz, no teu abraço
Esboços de uma vida mais audaz
E sei que sendo assim, estou atrás
Do mundo em derradeiro e firme laço.
Se tanto desejei o que desfaço
Num ato audacioso e até mordaz
Não sou sequer teu amo ou capataz
E fênix; do passado, enfim renasço.
O mundo se procura meteórico
Vencer os meus temores, ser eufórico
E tudo sendo lógico serena
Uma alma prisioneira não cativa
Mesmo que se mostrasse mais altiva
Deveras não se dá de forma plena.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24596
Tomando em cada brilho, o verdadeiro
Sentido que se dá quando se quer
Vencer as intempéries da mulher
Na qual um sonhador se deu inteiro,
O sonho muitas vezes vai ligeiro
E diz do que talvez fosse qualquer
Caminho desdizendo o que vier
Traçando o precipício que ora beiro.
Esqueço-me das vastas amplidões
E sei desta verdade que dispões
Trafega pelas farsas tão somente
E meço tais palavras, com cuidado,
Refaço cada sanha do passado
E mesmo assim, a vida, volta e mente.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24595
Sentido que se empresta ao vero laço
Do qual tu me negaste qualquer trama
Apenas desfilando aqui tal drama
Seguindo este tropeço, este embaraço,
E quanto mais desejo, mais desfaço
O quadro que se molda em luz e chama,
Uma alma transparente já reclama
Deixando-se levar pelo cansaço,
Abraço ao fim do dia, a insensatez
E nela cada passo se desfez
Mudando novamente o que me guia,
E verso sobre o trágico momento
Aonde se mostrando sem alento
Bebi a sordidez da fantasia.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24594
Do amor emoldurada falsidade
Trazendo num momento dor e glória
Semeio da ilusão tal promissória
Que a cada novo tempo mais degrade
E sem saber sequer se ainda agrade
O encanto se perdendo na memória
Restando tão somente a podre escória
Do que deveras foi tranqüilidade,
Mesquinhos descaminhos que assim trilho
E deles cada pedra, um empecilho
Que impede se chegar a tal consenso,
E sei que ser vazio e ter nas mãos,
Aquém desta emoção sobejos grãos,
Plantados na aridez em contra-senso.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24593
Nas telas divinais: felicidade
Expressando a ciência do querer,
Pudesse novamente amanhecer
Rompendo da ilusão, soberba grade,
Serenando este verso que ora invade
E toma com certeza todo o ser
Matando o que tentara até poder
Sonhar com algo além de uma saudade,
Retorno ao descaminho e enquanto audaz
Palavra que o silêncio agora traz
Negando uma clemência ao sonhador,
Desfiro com terror a arma concreta,
Palavra pela qual se faz poeta
Aquele que se entrega ao falso amor.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24592
Sonhos de amor, delícias sensuais
Prazeres que jamais pude tentar
Sabendo quão distante o vosso olhar
Mergulho neste não que ora me dais.
Expressam-se valores rituais
Aonde poderia se notar
O brilho onde deveras encontrar
Além das trevas quase tão normais.
Servindo-vos o amor nesta bandeja
Além do que pensais; a sorte almeja
A claridade intensa que não veio,
E mesmo quando vir alguma luz,
Fatalidade vã se reproduz
Gerando a dor aonde quis anseio.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24591
Palavras e vontades me envolvendo
E deles se permite um novo não
E quando perceber que inda virão
As dores em medonho dividendo,
Atendo aos meus prazeres merecendo
A mais completa e dura sensação
Do quase que se fez oposição
Ao que mais desejara, manso adendo.
Revendo os meus momentos se perceba
Uma inclemente luz em cada sebe
Forrando com incêndios o que outrora
Quisera em placidez, e me devora
Angústia de saber do ausente sim,
Na gélida dureza do marfim.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24590
Querendo de teu corpo sempre mais,
Dispenso os meus valores e mergulho
Sem ter sequer noção qualquer de orgulho
Esgoto os meus desejos animais.
Vê como a poesia quer demais
Servindo esta ilusão vago mergulho
Sabendo que deveras quão hercúleo
Trabalho nestes medos ancestrais.
Velórios entre risos, gargalhadas,
As honras deveriam ser guardadas
E dadas aos perfeitos, grãs heróis,
Mas tudo não passando de um engodo
Apenas se prepara a lama e o lodo
No quanto deste sonho tu destróis.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24589
Meus olhos em desejos sonegados
Expõem o quanto quis, a sorte é breve
E sem ter ilusão que se releve
Os dias que julgara consagrados
Agora se percebem agregados
Ao vácuo aonde a mão suave atreve
E quando este caminho se faz leve
Espalham-se cascalhos sobre os prados.
Perenes fantasias? Tosco brilho,
E dele quando tanto inda palmilho
Os vértices insanos de um minuto
Algozes as matilhas do vazio,
E quando a súcia inteira desafio
O fogo se tornando mais astuto.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24588
Buscando em luz e glória raro cais
Apenas vislumbrando escuridão
Meus versos neste instante sofrerão
Enquanto noutro tanto vós gozais
A voz se refletindo nos boçais
Deforma-se e deveras negação
Aonde poderia imensidão
Vazio noutro tanto se informais.
As fendas são sobejas e sei que vãs
As hordas destroçaram as manhãs
E pútridos caminhos, não permito
Ao velho e destroçado sentimento
Exposto sem limites, já me atento
Ouvindo o mesmo não, prossigo aflito.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24587
Voando em liberdade se deslocam
As aves rapineiras, podres ritos,
E deles os meus cantos mais aflitos
Nas sendas mais escrotas já se alocam,
E quando os burburinhos torpes tocam
Meus versos se moldando em vários mitos,
Transcrevem tais momentos, são malditos
E em rios poluídos desembocam.
Mortalhas que ora visto não impedem
Que enquanto as ilusões hostes depredem
Os vergalhões imergem do vazio,
Espalho odor que fétido se entranha
Alçando deste vale uma montanha,
Que tresloucado, insano; desafio.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24586
Atravessam os mares, vão além.
Meus versos embutidos neste sonho
E quando em ambições me decomponho
Olhando para os lados, vê ninguém.
Perdendo assim o tempo, aonde o trem
Descarrilado vejo e não proponho
Aquém deste fantasma em si medonho,
Velhaca sorte o mundo já contém.
Aonde se pensara em abundância
Esgoto-me em diversa discrepância
Opondo-me deveras mato a luz,
E servindo ao que julgara belo e nobre
Verdade em falsos tons a vida encobre
Onde quisera brilho, bebo o pus.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24585
Beijando a tua boca, poesia
Já não me caberia alguma escolha,
Por mais que a solidão vaga recolha
O tempo sem demora inda recria
O quanto quis demais e se esvazia
Redomas do futuro, etérea bolha
Uma esperança aos poucos se desfolha
Deixando no lugar a fantasia.
Soberbas heresias não dão crédito
Hermético caminho num tosco édito
Somenos importância tem o verso
No torpe imediatismo o que se vê
É a vida entronizada num por que
Aonde e sem saída eu me disperso.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24584
Encontram nos teus braços bens profanos
E deles já se espalha engodo e dor,
Orgásticos caminhos tão mundanos
Transcendem ao jardim, sonegam flor,
E deles se adivinha com pavor
Os pálidos e sórdidos enganos
E a cada novo passo, o decompor
Causando tão somente custos, danos.
Ecléticos prazeres, noite em gala,
E quando a poesia já se cala
Deixando tão somente se antever
A morte de um romântico luar,
A vida se transforma em lupanar
Reinando sobre nós fúria e prazer.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24583
Por tantas vezes vejo o que querias
Deixado sem destino, em luz sombria
Evanescendo assim a poesia
Deitada nos vazios que ora crias,
E quando imaginara alegorias
Restando a solidão onde se via
Estrela que jamais reluz e guia
Matando em nascedouro as fantasias,
Descreves com denodo esta agonia
Da qual e pela qual assim te esquivas
Ardentes ilusões em águas vivas
Aonde mergulhara tosca enguia
Turvando uma emoção, alma plebéia
Atocaia fera, uma moréia.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24582
O vento em fantasia sempre vem
Trazendo abençoadas emoções
E nelas o carinho em que compões
Um mundo mais audaz e sem desdém,
O tempo diz do tempo que contém
Ufana caminhada e em tais verões
Por mais que ainda restem aversões
Versões diversas tramas muito bem,
E tanto que se quis e não podia
Uma alma sem descanso em agonia
Transcende à própria vida e necessita
Do todo em que proclama-se a partilha
E quando em solidão trevas palmilha
Caminho se transforma em pó e brita.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24581
Trazendo em cada verso esta alegria
Escuto a voz do vento nos tocando
E dela a fantasia nos diz quando
A sorte claramente se desfia
E quando a noite chega e o tempo esfria
Um mundo mais suave, ameno e brando
A cada nova luz sinto vibrando
Tomando com prazer o dia a dia,
Aonde houvera outrora sombra e dor
Agora neste encanto a se propor
Revejo os meus conceitos e permito
À rara claridade, este nuance
No qual e pelo qual eu me esperance
Tornando o meu viver bem mais bonito.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24580
Já mostra a liberdade em pensamento
O verso que se faz em parceria
Por mais que velha dor já se procria
Uma esperança dita algum alento
E nele se disfarça o sofrimento
E tendo em minhas mãos o que eu queria
Embalde se transtorna a fantasia
E um novo amanhecer ainda invento.
Vestido de bufão ou de palhaço
O meu caminho em vão ainda traço
Mudando vez em quando de cenário
O tempo sendo às vezes aliado
Quando revolvo as cinzas do passado
Encontro nele apenas o adversário.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24579
Beijando a tua boca, o manso vento
Roçando os teus cabelos, maga luz,
E dela toda a força se deduz
Dizendo na borrasca, deste alento;
Sem ter amor, deveras me arrebento
E morro tão pesada é minha cruz,
Vagando sem sentido, já me opus
Ao tanto que em tão pouco, diz tormento
Sereno-me no fato de saber
Que em ti além do amor, bebo o prazer
Imenso de ser teu enquanto és minha,
E o gozo insuperável se aproxima
Transmuda, amenizando assim o clima
Enquanto a plenitude se avizinha.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24578
Tua nudez deitada em glórias feita
Transborda sensual e rara luz,
E ao fogaréu do gozo me conduz
Enquanto a fantasia se deleita,
Assim a minha sorte sendo aceita
Esqueço do passado, dura cruz
E vejo num delírio, corpos nus
O amor que por si só é crença e seita.
Receitas para ter felicidade
Deixando que este fogo em ti se agrade
Matando o que degrade este queixume,
No quão maravilhoso se perfume
A vida sem terror, temor ou grade,
Trazendo a cada dia, um raro lume.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24577
Dois corpos que procuram por prazer
Deveras dividir: multiplicar
E tendo esta delícia em grã luar
A fúria delicada a se prever
E passo neste tanto então a crer
Na força que irradia quem amar
E dela se moldando este lugar
Altar feito na glória do querer.
Astuciosamente a vida trama
Além do que se fora simples cama,
A divindade expressa num desejo,
Aonde a eternidade é bem explícita
E toda forma agora sendo lícita
Traduz na madrugada o que desejo.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24576
Na noite em fantasia tendo a sorte
De ter aqui comigo quem desejo
Bem mais do que deveras um lampejo
Amor trazendo o quanto nos comporte
E sendo nosso guia, traz no norte
O quanto necessário inda almejo
E mesmo em noite escura me azulejo
E bebo esta alegria que conforte
E possa permitir que se desvende
Um mundo bem melhor; assim acende
Em fria madrugada este farol
Guiando o navegante em trevas tantas
E quanto mais audaz, tu mais me encantas
Promessa de outro dia, imenso sol.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24575
Vivendo esta alegria de querer
E ter possivelmente o amor sincero
Dizendo na verdade o que inda espero
E tenho obrigação de nisto crer.
Vencendo os meus temores posso ver
Além do que deveras degenero
Mudando a minha história, gozo eu gero
E dele reproduzo este poder
Que possa conduzir à mansidão
Meus olhos outros lumes viverão
E quando em paz notar o que se passa,
Uma alma sem disfarces nem promessa
A cada novo dia recomeça
Matando este bolor, ardume e traça.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24574
Colhendo em tua boca carmesim
Divina e tão perfeita sobremesa.
Sentindo este rubor, a framboesa
Plantada há muito tempo em meu jardim,
E sei que finalmente vejo em mim
O brilho que traduza esta leveza
Da qual e pela qual com tal destreza
A vida se apascenta, até que enfim.
Depois dos maremotos, loucos sismos,
Os dias em terríveis pessimismos
Deixando no ostracismo uma esperança
A voz se torna agora bem mais meiga
Por mais que uma ilusão se mostre leiga
O passo rumo à glória e à paz avança.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24573
Loucuras e desejos? Quero ter
Além deste momento, eterno sonho
E nele tudo o quanto inda componho
Demonstra quão preciso tal prazer
E sendo sempre assim, luz e poder,
Jamais se aflorará dia medonho
Tampouco outro caminho mais tristonho
Deveras só belezas; posso ver.
Adentro os teus rincões e neles sinto
O cheiro delicado, o doce aroma,
Ao qual minha alegria ora se assoma
Deixando o sofrimento em vão, extinto,
Fulgura radiosa maravilha
Na qual minha esperança o sol rebrilha.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24572
Sentir em tua pele este arrepio
Sabendo do diverso e bom prazer
Tomando sem limites nele crer
Às tramas deste encanto enfim me alio.
E o quadro em mansidão; eu propicio
Mundana maravilha diz poder,
E quanto se pudesse reverter
Matando o meu passado mais sombrio.
Vertendo assim a luz onde se emana
O fogo da emoção que, soberana
Não deixa qualquer dúvida e se alia
A um claro alvorecer sem véu, neblina
Paisagem delicada que fascina
Esgota em seu calor, a noite fria.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24571
Suave sensação de amor me invade
E deixa meu sorriso mais tranqüilo
Nas sendas da ilusão se já desfilo,
Encontro-me nos olhos da saudade
E dela com certeza a liberdade
Que tanto desejara; forma e estilo,
Aonde com prazer enfim me asilo
Por mais que a realidade se degrade;
Sem ter o despotismo da paixão,
Os dias em prazer encontrarão
O todo que decerto imaginara
Após a noite amarga e tão sombria
O amor se renovando em paz recria
A vida transformada, agora clara.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24570
Negando à noite imenso e duro frio
Encontro-te qual fora um porto manso,
E quando nos teus braços me esperanço
O Fado neste instante desafio,
E sei que a cada tempo me recrio
E dele a luz sublime quando alcanço
Um novo amanhecer; aos olhos lanço
Deixando morrer tédio amaro fio
Tecendo em seu lugar um belo sol
Que toma a minha vida qual farol
Iluminando a senda em que caminho
Decerto se percebe esta alegria
Que a cada novo verso mostraria
O bem de não ser mais ledo e sozinho.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24569
Amor no qual- querida eu sempre penso
E nele me expressando em verso e luz,
Também ao cadafalso me conduz
Moldando outro momento bem mais tenso,
Nublada noite aonde assim me adenso
E vejo o meu passado em contraluz
O tanto que vivera reproduz
Cenários onde enfim, não me convenço
E sigo em lenços brancos, paz e guerra
O tempo do sonhar a vida encerra
E deixa em seu lugar, a solidão.
Vencer os meus terríveis dissabores
Deveras caminhar por onde fores
Sabendo dos fantasmas que virão.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24568
A cada novo sonho em desvario
Encontro esta alegria à qual me entrego
E dela renovando-me procrio
Momento de emoção onde navego
Depois de ter perdido num desvio
O quanto imaginei, porquanto cego
Agora finalmente a voz emprego
No canto emocionado em desafio.
Altivo céu permite que se veja
O amor que se procura; alma sobeja,
E assim em minhas mãos posso contê-la
Suprema fantasia maviosa,
Do tanto que se busca enquanto goza
Prazer de ter comigo, a rara estrela.
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24567
Do amor que tanto quero eu me convenço
E não deixo jamais de acreditar
Que possa ter nos olhos, céu e mar
E deles o carinho mais intenso
No quanto de prazer me recompenso
E tudo o que queria assim buscar
Permite-me deveras entregar
O amor que tanto sei, soberbo e imenso.
Floresce nos meus olhos a alegria
De renovar o quanto poderia
Viver tão ternamente o que se quis,
Assim eu poderia finalmente
Saber desta ventura, tendo em mente
A glória de poder ser tão feliz.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24566
Do quanto que eu desejo em cada riso
Que possa permitir ainda o brilho
Sem ter na caminhada um empecilho
No passo com certeza mais preciso,
E tudo o que em verdade mais preciso
É ter um porto manso, um andarilho
Vagando pelo espaço, louco eu trilho
Perdendo o que me resta de juízo.
Não posso permitir outro caminho,
Tampouco seguirei sempre sozinho
E assim já me avizinho do futuro,
Que embora seja mero companheiro
É nele e nos seus sonhos que me inteiro
Trazendo esta ilusão em que perduro.
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24565
Certeza de um prazer delicioso
Encontro em tua pele delicada,
E quando a gente avança a madrugada
Num tenro Paraíso feito em gozo,
O mundo se mostrando auspicioso
Permite que se veja após o nada
A glória do viver escancarada
Trazendo este momento prazeroso,
Arfantes caminhares e querências
Aos poucos entre nós, lençóis, demências
E ritos feitos gritos e gemidos,
Sensíveis delirantes tais entregas
E nelas sem pudores já navegas,
Problemas e terrores esquecidos.
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24564
À noite a solidão, trama o vazio
E dele vejo ao fim desesperança
Enquanto a dor adentra e assim avança
A vida noutro canto, eu já desfio
E bebo deste eterno desafio
Aonde se pudesse ser criança
E ter em minhas mãos, esta aliança
Eterna com delírio feito estio.
Nas ternas emoções lanternas, luzes,
E quando ao mais etéreo me conduzes
Percebo este prazer imenso e vário,
Mas logo a realidade se aproxima,
Do alto da cordilheira, lá de cima
Reflexo do que sou; tão solitário.
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24563
Se é merencória, amada, a nossa vida
Talvez exista ainda alguma chance
Que mostre, pelo menos um nuance
Da sorte tantas vezes esquecida
E possa crer que embora nos agrida
A madrugada em tédios ora avance
E deixe sem sequer qualquer relance
Até que aurora venha, ressurgida.
O quanto do desejo se transforma
E mesmo quando toma escusa forma
Permite que se creia no futuro,
E sendo assim, um velho timoneiro
Nas ondas deste encanto já me esgueiro
Mergulho neste céu que enfim procuro.
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24562
O amor ao se espalhar em tal nobreza
Não deixa qualquer rastro do vazio
Que em versos, derrotado, já desfio
Por mais que tenha em mim esta certeza
De um dia em que o terror, velha tristeza
Perdendo o lume apague este pavio,
E o tempo que se mostra duro e frio
Transforme-se em suave correnteza
Na qual navegador encontre a paz
Mesmo sendo deveras tão mordaz
Mortalha do que foi já não servindo
Esgota-se em si mesma, amargo luto,
E tendo a mão mais firme não reluto
E busco em solidão, um sonho infindo.
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24561
Que tudo se reverta em plena glória
E possa renovar uma esperança
Vazio caminhar; e o sonho lança
Realidade em cor opaca e inglória.
Vagando sem destino, merencória
A lua sobre nós, pálida avança
Não tendo nos meus olhos a lembrança
De um dia sem estrela que decore-a
Deixando-a solitária e tão dispersa,
Encanto sobre a luz o canto versa,
Mas nada me redime e me permite
Pensar num dia manso em que se possa
Viver esta alegria, minha e nossa,
De um infinito sonho, sem limite.
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24560
Levados pela forte correnteza
Os sonhos se transformam; pesadelos,
E quando finalmente posso vê-los
Ao fim de certo tempo sem leveza
Aonde imaginara uma beleza,
E a maciez em ébano, os cabelos
De quem desejo tanto percebê-los,
Apenas um desvio com destreza
E o tempo ludibria o sonhador,
E quando me aproximo, sem pudor
Esgueira-se noturna fantasia
E tão somente a turva noite em claro,
E quanto mais audaz, o amor declaro
O teu olhar pr’outrem já se desvia.
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24559
Deixemos que o amor mude esta história
E mostre a direção da caminhada
Aonde no passado havia o nada
Um resto feito escombro na memória
E trago nos meus olhos tal escória
Sorvendo a noite plena, iluminada,
Nas mãos desta mulher, que é diva e fada
A solidão não tendo quem escore-a;
Escorre pelas grotas, frias furnas
E quando nos meus braços te entrelaças
Percebo renascerem fartas graças
Desgraças esquecidas e soturnas
Do encanto em que se deu quem tanto amou,
Um tempo mais feliz o amor criou.
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24558
Fazendo deste canto qual um hino
Que possa permitir o alvorecer
E nele retornar, quem sabe, a ter
Nas mãos um novo tempo diamantino.
Por mais que a solidão se encontre a pino
Percebo nos teus olhos o poder
E dele extasiado passo a crer
Possível cada sonho que domino.
Naufrágios entre fúrias e tufões,
O quanto em fantasia decompões
Os ritos que pensara eternidade.
No fim do canto eu tento disfarçar
A ausência do que outrora quis luar
E agora escuridão feroz invade.
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24557
Rendendo uma homenagem ao amor,
Trazendo nos meus versos este alento
Deixando no passado o sofrimento
Momento em que a verdade a se propor
Mostrando a realidade ao sonhador,
Por mais que outro caminho, acaso; eu tento
A glória se perdendo eu reinvento
E teimo num canteiro imerso em flor.
Assim talvez quem saiba, decidido
Entregue sem defasas a Cupido
Eu possa mergulhar nos braços teus
Sabendo distinguir dor e ilusão,
Estrelas luzidias guiarão
Matando sem defesas este adeus.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24556
Futuro mais brilhante descortino
Aonde se fizera em negação
Por mais que ainda tente a solução
Do gozo em perfeição já me declino
E busco noutro tanto senso e sino
Voltando novamente ao meu porão
E dele os meus caminhos seguirão
Até que encontre enfim o meu destino.
Sangrantes ilusões e fartos riscos,
Os dias se passando mais ariscos
A cada passo vejo um novo abismo,
E mesmo inconseqüente ainda cismo
Tentando apaziguar a sorte/fera
Que a todo instante emerge e vocifera.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24555
No peito que se faz tão sonhador
O canto da esperança não sacia
Viesse pelo menos a alegria,
Porém após a festa resta a dor
E neste ardor imenso, em tal calor
A solidão deveras tudo esfria
E apenas vislumbrando a poesia
Refaço a nossa história e busco o Amor.
Quem dera se pudesse, ó Deus, quem dera
Ainda ter nos olhos, primavera
Enquanto apenas vejo este vazio
Deveras sem ter porto, ancoradouro
O barco naufragando sem tesouro,
Um cenário em terror eu propicio.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24554
Bebendo deste amor, eu me alucino
E inebriado busco algum aporte
Ou mesmo um tênue sonho que comporte
As teias mais audazes do destino.
Viver esta emoção em desatino,
Tomando com certeza toda a sorte,
Sem ter esta tristeza que inda aborte
O meu sonho, uma espécie de menino
Que salta sobre as árvores da vida
E mesmo quando já não tem guarida
Mergulha sem saber se é pedra ou rio
Queria ter certeza deste passo
E quanto mais me esforço, menos traço,
Porém intemerato, eu desafio.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
554
Diante deste verso embriagador
Que tanto desejara em forma e rima
O tempo ao qual meu sonho se destina
Não tendo mais sequer o que propor
Vagando pelo espaço, traça a dor
E dela não se tendo uma auto-estima
Somente a solidão que ainda oprima
O peito de um eterno sonhador.
Assim eu assinando o fim da história
Por mais uma alvorada inda decore-a
A sorte não se faz ora presente,
E tudo que deveras acredito
Não passa ou nem passou sequer de um mito
Por mais que a realidade isto lamente.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
24553
A noite solidária vem e tece
Durante algum momento uma esperança
Na qual se percebendo a temperança
Futuro se imagina e o sonho cresce;
Mas logo surge o dia e se esvaece
Não resta nem a sombra na lembrança
E quando um novo tempo a gente trança
Vazio coração, não obedece
Egresso do jamais e do talvez
O sonho que a verdade já desfez
Além do que tu crês; nada traria,
E o quanto do prazer que se esperava,
Na fúria imaginaria de uma lava,
Apenas um segundo de utopia.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24670
Estraçalhado barco enfrenta os mares
E deles não consegue outra visão
E sei que na verdade traçarão
Destino bem diverso em vários bares.
Por onde sem bom senso navegares
Os dias sem calor ou mansidão
Medonhas fantasias me trarão
Invés de solução, toscos esgares.
Não posso mais conter farsas nem risos
E aonde procurara mais concisos
Momentos revelados no vazio
Ainda se talvez restasse ao verme
Uma figura sóbria ou quase inerme
Que mesmos sendo inútil fantasio.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24669
Na espreita de que venham os bons ventos
O velho marinheiro teima em crer
Possível novo porto alvorecer
Mudando sem pensar os sentimentos
E dele com denodo os meus alentos
Explodem neste rito de prazer
Podendo num instante perceber
O que deixara atrás tais sofrimentos;
Vestindo esta ilusão adentro em mares
Além do que talvez já não pensares
Altares da emoção real, sobeja
E tendo em minhas mãos este timão
Já não temo as borrascas que virão
Além do que eu bem sei a alma preveja.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24668
No meu coração vibra esta campanha
De tempos ancestrais eras distantes
E quanto mais se mostrem radiantes
A vida não se fez deveras ganha,
Medonha fantasia trama a sanha
De loucos e sobejos caminhantes
Pensara no futuro em provocantes
Delírios onde uma alma já se assanha.
Hipnotizado encontro a solução
Nas aves que fazendo a migração
Retornam ao seu lar depois disso,
E tendo assim a sorte feita ao léu
O tempo que é do tempo bacharel
Exporta esta esperança que cobiço.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24667
A me trazer a doçura, esta lembrança
De um dia feito em festa e derramado
Nas tantas ilusões do meu passado
Enquanto sem sentido a vida avança
Mudasse pelo menos a aliança
Que é feita quando o tempo desolado
No vento se anuncia desprezado
E deixa nem sequer a temperança
A velha história então já se repete
Não vou ficar lançando em vão confete
Tampouco desfilar em fraco enredo,
Assim a cada passo que mal dei
Fotografando escura e turva grei,
Um riso de ironia; a ti concedo.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24666
Olhos distantes, mares que não tenho
E deles vejo a praia aonde aporto
O gozo que se fez feito um desporto
E tudo se moldando sem desdenho,
Especiarias tantas que contenho
Assim esta esperança em vão aborto
E quando a própria carne, rindo; eu corto
Nas sombras das vergastas eu me embrenho
E tendo esta certeza feita em fel,
O peso diamantino deste céu
Emaranhados vários que desfio,
Assino o velho ponto de presença
Aquém do que deveras já se pensa
E tudo não passando do pavio.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24665
Amores que passaram sem perdão
Seriam caminheiros do futuro?
Aonde cada vez que te procuro
Encontro por resposta este senão,
E sinto que outros tempos mostrarão
O quadro novamente amargo e escuro,
Cevando em solo agreste não maduro
Sequer verei brotar talvez um grão.
E tudo se perdendo em frágil canto,
E quando em tal mosaico eu já me encanto
Versando sobre a paz que assim refuga
Escondo o meu olhar e só percebo
O amor como se fosse algum placebo
E dele só por ele, nova ruga.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24664
Os ventos, as procelas, meu empenho
Por onde mergulhara a fantasia
E tendo a solidão que se porfia
Futuro; não conheço e já desdenho
Se apenas ilusão inda contenho
Jamais imaginando novo dia
Escolho com terror a alegoria
E beijo a tempestade de onde venho.
Ecléticos caminhos, variantes
Que se renovarão depois de instantes
Mudando a direção de cada passo,
E assim sem nada ter apensas sendo,
O mundo que se fez em tal remendo
Com erro estrutural qual tolo eu traço.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24663
Em tentar conquistar teu coração
Eu pude perceber quanto é vazio
O mundo que ora em versos já desfio
Trazendo forças tolas que farão
Apenas o que outrora diz porão
E agora novamente em tempo frio
Mesquinha fantasia; ainda crio
Embora saiba ser um ermitão.
Sabia que talvez mudasse o norte
E tendo noutro tanto quem comporte
A vida se transforma em paz perene
Não quero quem me acolha e me apascente
O barco naufragara de repente
Sem ter sequer um cais que ainda acene.
.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24662
Está tudo tão longe... De onde eu venho
Açoda-se uma triste sedução
Mudando vez em quando de estação
O tempo se perdendo sem empenho
E quanto mais audaz já não contenho
Sequer alegorias da emoção
E teimo contra os medos que estarão
Tomando seu lugar e em vão me embrenho
Buscando em turva noite alguma luz
Resquício do passado que me induz
A ter no meu olhar um frágil brilho
Mostrando que talvez inda soubesse
Roubar esta delícia que se tece
Enquanto sob estrelas, manso, eu trilho.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24661
De terras mais longínquas, d’outro chão
Pudera simplesmente além do mar
Ter toda a condição de bem amar
Depois da tempestade de verão
Enquanto meus olhares não verão
Sequer esta beleza a derramar
Encontro a poesia em preamar
Brotando, justifica cada grão
E dele novamente renovada
Refaz o eterno ciclo tudo e nada
Arrefecendo enfim o temporal
O gesto que pareça mais banal
Traduz por tantas vezes o que eu quis
Falar quando pensara estar feliz.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24660
Saudade que me fecha logo o cenho
Dizendo de quem foi pra nunca mais
Aonde no passado derramais
Caminhos pelos quais, ainda venho
E vendo a vós deveras me contenho
Por tanto que vos quero sem jamais
Poder tocar e ter o que entornais
Vagando pela noite em que me empenho
Tentando decifrar qualquer sinal,
O amor como se fora um ritual
Expressa esta saudade que inda trago
E ter-vos tão somente em pensamento
Por mais que tenebroso, eu me apascento
Sentindo deste vento algum afago.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24659
Causando no meu peito uma erupção
Tamanha que jamais comportaria
Além do furacão feito agonia
Apenas as saudades restarão
Vagando sobre pedra e vergalhão
O precipício ainda me traria
Melhor caminho e enfim só bastaria
Mergulho no vazio; a solução.
Embotadas palavras, meras frases,
E nelas cada vez mais satisfazes
Irônico prazer de morte e dor,
Ainda poderia crer na chama,
Mas quando a realidade toca e chama
Encontra solitário, o sonhador.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24658
Fomos felizes? Certo que fugiste
Deixando tão somente uma saudade
Por mais que a vida ainda grite e brade
O coração já quase não resiste
E vivo solitário amargo e triste
A cada novo dia a tempestade
E o medo de viver ainda invade
Passado que tivemos inda insiste
E traz o teu sorriso em despedida
A vida se perdendo uma alma lida
Apenas com as dores, nada mais,
Viver uma esperança mesmo falsa,
Os passos da alegria, a alma descalça,
Momentos que inda restam, são venais.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24657
E levaste contigo as esperanças
Mal deixando as sombras de teus passos
E quando os caminhares feitos lassos
Apenas na alegria ainda avanças
E sabes conquistar tais alianças
E nelas ocupando cada espaço
No enredo deste encanto eu já me laço
Enquanto as fantasias, tu balanças.
Escrevo cada verso em homenagem
Revendo o teu olhar, como miragem
Da qual oásis negam meu deserto
Mantendo o coração a cem por hora
A vida com certeza em luz se ancora
Portão do céu estava em ti aberto
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24656
O amor que se fez nosso não duvida
Da sorte garimpada com cuidado
Enquanto desdenhando o meu passado
Agora vejo a luz em minha vida.
Há tempos procurara uma saída
E sempre vendo o rumo já fechado
Encontro neste amor que de bom grado
A cada novo dia revalida
O sonho feito em glória e serpentina
E tanto me domina e me fascina
Vontade de te ter no carnaval
Rainha desta escola onde sou bamba
Requebros nos quadris minha alma samba
Apoteose em rito triunfal.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24655
Vivendo como eternos foliões
Não temos mais sequer o que temer
No amor que se demonstre o bem querer
Espalho pelas ruas os verões
E quando novos tempos tu expões
A sorte se mostrando ao bel prazer
Milagres deste encanto eu passo a ver
Causando neste olhar, inundações.
Navego carnavais e deles faço
Além de meramente grito e laço
Um passo para a tal eternidade
Que dure pelo menos um minuto
Nos sinos e nos pássaros que escuto
O gozo derramando divindade.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24654
Deixando aqui um homem morto, triste
Vazio dentro da alma solitária
A sorte quando dela adversária
Não deixa um sonho só que inda resiste
E quando o vento frio ainda insiste
A noite sem um cais é temerária
Felicidade apenas temporária
Um pássaro sem canto e sem alpiste.
Pudesse pelos menos ter o crédito
E dele se fazer promessa ou édito
Inédito sonhar já se denota,
Saudade faz das suas e me castra
O fogo da lembrança então se alastra
Deixando no ar um cheiro de derrota.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24653
Não posso ser da vida um paradigma
Tampouco quero a rima mais fecunda
Minha alma que deveras já se inunda
Deixando no passado algum enigma
Carrego deste sempre o velho estigma
A sorte de outra sorte se oriunda
E calo-me deveras quando afunda
O mundo se perdendo em alfa e sigma.
Desse magma, vulcânica ilusão
O gêiser se extravasa em coração
E trama com calor, águas diversas,
Nas honras deste encanto satisfaço
O quanto desejara em cada passo
E nele fantasias vão imersas.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24652
Por onde andas, pergunto ao velho mar
Netuno não me avisa e até coíbe
Enquanto uma sereia ali se exibe
Mudando este cenário devagar.
Pudesse nesta praia mergulhar,
Talvez em Curuçao, Guiné, Caribe
Ou comer uma esfirra no Habib
Um quibe com quiabo a me fartar.
Assino cada vez a minha morte
E sem ter nem luar que me conforte
Amar se torna esporte, mas de gala,
Uma alma transparente usa biquíni
A moça rebolando na cabine
Vontade fica quieta e não se cala.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24651
Saudade desses tempos, nossas danças
Das valsas e boleros, noite afora
E quando a realidade não decora
Os tempos morrem todos, vãs lembranças
E quando no presente olhares lanças
Na mulher melancia o sonho ancora
E aquela surfistinha não demora
Aonde colocar as esperanças?
No quadro desbotado da memória
A sorte se mostrou torrente inglória
Floresce no momento esta saudade,
Mas corra antes que a vida nos sufoque
Eu gosto e muito mesmo é de um bom rock
E o sertanejo então? Troço que enfade!
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24650
Transito entre os desejos, ânsia e medo
E quando me encontrando junto a ti
Descubro o que deveras percebi
Enquanto me deixaste num degredo,
O dia transcorrendo e se me azedo
No fundo quero estar agora aí
O amor, um bandoleiro que em per si
Descobre enquanto encobre algum segredo.
Veneno tão gostoso de provar
E nele novamente entorpecido
O quanto florescendo esta libido
Expõe de manhã cedo o seu luar,
Do céu em raios fartos, sol emerge
Meu rio pro teu rio assim converge.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24649
Ah! Como dói o amor quando distante
E tudo desabando, casa e teto
Por mais que outra saída, eu arquiteto
O temporal em fúria deslumbrante
Riscando o céu em ânsia galopante
Corcel se perde enquanto o predileto,
Buscando no vazio algum afeto
Cometa volta e meia, o mesmo instante.
Hereges fantasias, tosco mundo
E dele quando nele me aprofundo
Encontro esta sereia em bela praia
E dela procurando algum motivo
Descubro estando atento e sempre vivo
O que ela esconde agora sob a saia.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24648
As horas não se passam, vida voa
E diz dos desenganos a taxista
Que errando de caminho pega a pista
E tomba o meu destino numa boa.
Pessoas que descubro no Pessoa
Por mais que não consiga ser artista
O amor quando se dá e nem despista
Furada desde já; esta canoa.
Esgoto os meus demônios com a prece
E tendo em minha mão medo oferece
E beija qual sacrílego noctâmbulo.
Não vou ficar aqui de picuinha
Enquanto se mostrara esta daninha
Equilibrando os pratos, qual funâmbulo.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24647
O mundo se desaba num instante
E traz o que não fora outro momento
E sendo neste tanto eu me apascento
E bebo o teu caminho triunfante.
Mesquinharia diz do vacilante
Momento em que se mostre solto ao vento
O que se transformara em sentimento
Infausto como o Inferno que quis Dante.
Na fúnebre paisagem vejo as trevas
E quando solitária à noite nevas
Transmites outros tantos males rudes
E assinas com teu sangue o meu exílio
O amor tem seus enganos toscos. Pilhe-o
Mostrando que em verdade já me iludes.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24646
Quem dera ser feliz... Rei e coroa
O cetro se perdeu noutra princesa
E venço a cada dia a correnteza
E sei o quanto a vida é muito boa.
Por mais que esta verdade ainda doa
No quarto de dormir ou sobre a mesa
Percebo no teu corpo tal beleza
A sorte se demonstra igual leoa
E trama com furor caçada e presa
Um velho marinheiro agora arpoa
E tendo esta fartura em sobremesa
Enquanto a fantasia não escoa
Do véu que nos recobre sem defesa
A voz desta emoção em mim ecoa.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24645
Nos olhos derramados deste amante
Delírios entre risos e sarcasmo
O quanto imaginara ainda pasmo
O tempo me provoca e tão galante
Por mais que a melodia se adiante
A vida se repete no marasmo,
Transforma uma alegria neste espasmo
A sorte se mostrando um mau turbante
Desprotegido sigo a tal revel
E sem sequer cumprir o meu papel
Espalho esta poeira sobre os olhos
E colho do passado, velhas cruzes
Pisando tão somente em finas urzes
As dores vou colhendo então aos molhos.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24644
As lágrimas se secam. São à toa,
Qual fosse tempestade em copo d’água
A sorte noutro tanto já deságua
Atinge esta esperança pela proa
E quando imaginara fogo e frágua
Eu tenho esta ilusão que agora arpoa
Aonde a vida fosse e não ressoa
Apenas resumindo nesta mágoa.
Anáguas do passado e os corpetes
Distante deste tanto que competes
Desnuda maravilha nesta cama,
E o tempo em tempestade ou temporal
Demonstra quão diverso o meu astral
Enquanto não me doma, ainda clama.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24643
Jamais renascerá o radiante
E belo sol que outrora se fez farto,
E quando a fantasia eu já descarto
Não vejo outro futuro que adiante.
Querendo lado a lado sigo adiante
E faço a cada verso um novo parto
Partindo do vazio e se reparto
O tempo coaduna o navegante.
Nas dunas, nesta praia, escaldo a pele
E enquanto esta loucura me compele,
Repele-me a verdade que encoberta
Deixara ver apenas de soslaio
Da vida não me faço mais lacaio
A senda que buscara está deserta.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24642
Sol... Mais um girassol, louco destoa
Andando sem destino noite afora
Apenas esta treva inda decora
Enquanto caminheiro segue à toa
Aonde imaginara a vida boa,
A solidão cruel tempera e aflora
Senzala dentro da alma já deplora
O sonho que naufraga em tal canoa.
Esguia a fantasia se arremete
Deixando a realidade qual grumete
No início esperançoso vê que o fim
Ainda que pareça mais distante
Denota este sentido que humilhante
Acorda em dissonante som afim.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24641
Floresce mais teimoso neste prado
Abrolho destoando da paisagem
Enquanto percebera esta visagem
Revejo cada tempo mal passado,
E bebo deste sonho enluarado
Fazendo da emoção, minha pastagem,
O coração procura uma estalagem
Sem pajem nem pajé, abandonado;
Acode-me esta franca fantasia
E quando nova luz ela recria
Revejo o que pensara ser festejo.
E nada além do cais que ainda tento
O amor faz reboliço e o pensamento
Agora se arvorando é o que inda vejo.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24640
Relampejante sonho toma o campo
E dele não se vê sequer mais nada
Somente o que luzia em madrugada
Na fagulha fugaz de um pirilampo.
Enquanto a realidade; enfim encampo
A sorte noutra linha desvendada
Deixando a noite imensa já nublada,
Nas hordas da ilusão, agora acampo.
Nos pampas da emoção velha coxilha,
O coração gaudério busca e trilha
Trazendo na guaiaca esta esperança
Bebendo deste amargo vejo a vida
Nos veios da tempesta quer guarida
E assim nos braços teus, ele se lança.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24639
As cores e matizes são farol
Do dia que deveras reconheço
E teimo desde sempre, do começo
A ter este destino: girassol
Recebo cada gota deste sol
E dele faço o verso sem tropeço
O quão dorido sonho; agora esqueço
Num canto que quisera ser de escol.
Espairecendo à tarde na varanda
Bebendo a fantasia que desanda
Às vezes sou poeta ou já me calo,
Não pude suportar a solidão
E encontro nestas cores que virão
Ao mesmo tempo paz, sorriso e calo.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24638
Promete ressurgir vital delícia
Aonde escancarara a gargalhada
E mesmo esta figura destroçada
Ainda se procura com malicia
Por mais que houvesse luz, tanta sevícia
Mudara o quase todo em simples nada
E a poesia tenta em barricada
Defesa que permita uma carícia.
O corpo se trazendo com astúcia
E tendo a maciez desta pelúcia
Extrai toda a tortura e trama o brilho,
Poeta como fosse um andarilho
Vagando constelares esperanças
Buscando com os sonhos, alianças.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24637
Quebranto e solidão meu triste fado
Azares de uma vida? Não duvido
E quando da ilusão estou provido
Mergulho sem saber se existe enfado
E teimo vasculhando cada lado
Por mais que temerário, não regrido
E tanto quanto posso não agrido
O barco há tantos anos naufragado,
Das fráguas do futuro me incendeio
E tendo nos meus olhos rumo e veio
Anseio uma resposta pelo menos
Será que terei dias mais amenos,
Ou mesmo deste jeito macambúzios
Recorro à cartomante, astral e búzios.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24636
Mas, entretanto a vida, um girassol
Rondando cada instante, carrossel
Enquanto se promete gozo e céu
Às vezes me prepara um caracol,
E sem saber se existe um novo sol
Vasculha o coração corsário ao léu
Pudesse ter novelo e carretel
Assim seria ao menos teu farol
Arcando com arrancos e tropeço
Encontro muito além do que mereço
E bebo sem pudor o cio e orvalho;
E sou feito assoalho em que tu pisas
Aonde tempestade; crio brisas
E em prol de uma ilusão, aqui trabalho.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24635
Beija-me! Necessito teu carinho!
E nada além de um pálido sorriso
Por mais que se perceba algum juízo
Nas ancas da morena eu já me alinho
E vibro com prazer se de mansinho
A gente passo a passo ao Paraíso
Das cores do desejo eu me matizo
Enquanto deste gozo me avizinho.
E sendo que conheço esta textura
Do corpo aonde uma alma ora perdura
Momentos divinais, ternura e gozo,
Aonde se buscar nova senzala
A sorte se entregando nada fala
Mergulha neste mar voluptuoso.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24634
Meus mares e saveiros onde estão?
Não posso prosseguir a vida assim
Transtorno cada instante de onde vim,
Matando o que pensara criação,
Esgoto este riacho e o ribeirão
Trazendo a mansidão água o jardim
E sendo que deságua agora o fim
Escuto a voz em tom de negação.
Esbarro nos meus totens, meus fantoches
E quando noutro tanto já deboches
Assomam-se delírios, convulsiono
Buscando alguns sinais que ora não vejo
E se pudesse um verso mais sobejo
Talvez se transforme em luz meu sono.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24633
Meu mundo desabando, estou sozinho,
E sei dos meus temores; e os cultivo
Vencido pelo medo, sobrevivo
Enquanto noutros cantos vou sozinho,
Esgueiro-me e deveras me avizinho
Do canto que pensara mais altivo
Reavivando a glória de um cultivo
Que possa transformar uma água em vinho.
Ecoam dentro em mim vozes de outra era
E quando a sorte trama e degenera
A fera se transporte e volto ao não
Por onde sonegara algum final
O canto que pensara magistral
Revolve o que vivi noutra versão.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24632
As luzes, esperanças vão ao chão
E teimam entre trevas e nefastos.
Momentos que pensara serem castos
Apenas trazem turva podridão
E mesmo sem saber desta aversão
Os dias entre chamas foram gastos
E enquanto houvesse sonhos e repastos
Os meus cantos jamais perecerão.
E sendo libertário por essência
Não posso crer em tal coincidência
De passos entre espaços mais precisos,
Não vejo outro caminho e se percebes
Fantásticas lições em velhas sebes
Das glebas e grotões aos Paraísos.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24631
Meu canto, engaiolado passarinho
Procura a liberdade noutros versos
E bebe destes sonhos mais dispersos
Fazendo do teu colo e corpo, ninho.
Não posso mais seguir sempre sozinho
Vagando sem destino em universos
Momentos solitários são perversos
E deles desbotado o meu cantinho.
Receba cada frase como fosse
Ao menos um delito que agridoce
Enquanto traz o sol, beirando à chuva
Encaixo coração com coração
E sei das tempestades que virão,
Usando de pelica a minha luva.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24630
A noite me promete sempre o não
Eternizando assim o que retrato
Aonde se pudesse algum destrato
Audácia se transforma em negação
Pudesse ter nas mãos os que oporão
Com ódio este caminho que bem trato
Servindo a podridão em fino prato
Deixando a poesia no porão
Teria sem pudores faca e foice
E quando se prepara um novo coice
Galopo em liberdade, sou corcel
Aonde ser feliz é o que me basta
Por mais que tendo uma alma mais nefasta
Da terra avisto o cimo e toco o céu.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24629
Encharco meu amor, cálice, vinho
E quanto mais eu bebo e me inebrio
Aceito a cada instante um desafio
E neste mundo insano já me aninho.
Não quero nem por isso ser daninho
Descendo mansamente qualquer rio
Até que a foz se houver senão eu crio
Deixando a cachoeira e o burburinho.
Assentando a poeira desta vida
Abrindo vez em quando esta guarida
Escrevo quando quero o que bem sonho
E sendo assim um simples repentista
Visão que se pretende futurista
As sombras do passado eu recomponho.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24628
Promessas? Só me fez a solidão!
E mesmo assim deveras enganosa
Que enquanto ali desfila nega a prosa
E traz do verso apenas aversão.
Versões que se pensara não virão
Do avesso mergulhando espinho e rosa
O beijo me transporta enquanto glosa
Medonha maravilha em podridão.
O gosto amargo e cinza do passado
Ainda nos meus lábios preservado
Transmite um sonho audaz, mas temerário
Voando em liberdade, nada vejo
Sequer o que talvez fosse o desejo
Deste eremita torpe, um solitário.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24627
Nos teus olhos a vida me protege,
Últimas esperanças de viver
Jogadas neste copo de aguardente
A vida de um decrépito demente
Permite novo sonho a se perder
Pudesse transformar e tentar ser
Além do pensara ultimamente
O corpo se transtorna e assim doente
Não tenho outra saída e vou beber.
Esgoto as esperanças nesta taça
E quando a realidade eu vejo, passa
Apenas simples sombra do que fui
Moldando este vazio em cada copo
E até voar sem asas, penso e topo
Enquanto o meu castelo aos poucos rui.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24626
Destrua tal tristeza, a vil herege
E venha para a festa sem pudores
Aonde sem destino tu te pores
Verás o quanto amor já nos protege
E a sorte com certeza nos elege
E dela sei jardins, e busco flores
Diversos os matizes, multicores
Caminhos onde o amor ainda rege.
Resisto, mas não posso me furtar
A mergulhar insano no teu mar
E enquanto canta assim bela sereia
A vida noutra vida já se dando,
Encontro esta saída desde quando
O amor pega de jeito e me incendeia.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24625
Que teima em devorar meu sentimento
Já sei e não me canso de falar
Enquanto sob as forças do luar
Por mais que ainda tente não sustento
O vento se transforma em sofrimento
E o gosto se adequando ao paladar
Ainda que precise mais salgar
No quanto ser feliz, doce tormento,
Assino assim ao fim minha alforria
Nas horas em que tola tu dizias
Do beijo inusitado que te dei,
Fantasmas de nós dois rondando a sala,
Uma alma distraída já se cala
Fazendo da alegria sua lei.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24624
Desejo esta morena, saia e riso
Fazendo da gandaia nossa Roma
O corpo junto ao corpo mais que soma
Transcende nos levando ao Paraíso
E tudo sendo assim, manso e conciso,
Pisando nas estrelas, uma alma doma
E toda a fantasia que ela toma
Espalha o gosto bom do que preciso.
A vida se transforma em fortaleza
E dela sem ter medo nem surpresa
A fantasia lúdica é completa
E sendo assim galgando a bela lua
Que em tantas alegrias já flutua
Cupido pinta e borda com a seta.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24623
Eu não tenho sequer tempo a perder
E tento disfarçar num outro mote
Antes que a própria vida nos desbote
E negue necessário, este prazer.
O beijo que podia reverter
Agora já quebrou a ponta e o pote,
Reconto sem destino até que brote
Na espera do vazio, um novo ser.
Assombreado bosque em luz serena
A calma noutro tanto agora acena
Mudanças prometidas desde quando
Ao perceber o mundo desabando
Tijolo por tijolo, recomponho
O mundo que me deste tão bisonho.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24622
Equilibrando dores, alegrias
A vida de um truão é mesmo assim
Início destroçando cedo o fim,
Cedendo a cada passo em noites frias,
Se o todo num pedaço já desvias
E o quadro se mostrasse mais chinfrim
Não sou sequer demônio ou querubim,
Mas tudo o que eu desejo; fantasias.
Exercitando em mim este alpinismo
Cavalgas e procuras pelo sismo
Que logo se aflorando traz enchente
Depois é só correr e socorrer
Que tudo terminando no prazer
Por mais que me perturbes ou me atentes.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24621
Respiro sentimentos diferentes
Enquanto tempestade e riso aprontas
As horas são deveras tolas, tontas
Bebendo cada gota de afluentes.
E mesmo sendo assim ainda mentes
E no final de tudo em altas contas
Sequer a fantasia tu descontas
Deixando para trás noites gementes.
Orgásticas loucuras? Nunca mais
O barco procurando um novo cais
Encontra fina areia movediça,
E sendo assim perdoe alguma falha,
Minha alma na verdade só batalha
Fugindo deste tédio que cobiça.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24620
Coração escraviza-se em folias
E delas se faz farto e não descansa
Mereço ter alguém? Vaga lembrança
Do tempo que deveras esvazias.
Serenas noites trágicas, vadias,
E delas inda resta esta esperança
Vulgar que enquanto a vida em aliança
Amortalhado sonho que temias.
Perpetuando o jogo- perde e ganha,
Assim eu permaneço sem montanha
Nem mesmo corredeira, nesta fossa
Assoreada vida se transborda,
E vivo em precipício beira e borda,
Até que no final, sorrir eu possa.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24619
Meus medos e quimeras são urgentes
Traduzem o viver de um insensato
Que a cada novo dia cospe em prato
Aonde banqueteia e tu consentes.
Vencer os meus temores e correntes
Algemas fazem parte do contrato?
Não posso e até por isso desacato
Mostrando falsa fera em poucos dentes.
O quanto se fizera com capricho
A cada amanhecer verdade esguicho
Usando da palavra mais mordaz,
Defesa simplesmente ou ironia,
Abandonando à sorte quem me guia,
Apenas o terror me satisfaz.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24618
No picadeiro trago as fantasias
Vestido de palhaço simplesmente
Aonde se teimava e ainda tente
Uma alma sem caminhos, tu perdias,
Perfilas sob os olhos novos dias
E tudo o que pensaras, inda mente
Omite-se a verdade e num repente
A gente empoeirando as poesias.
Esgoto cada tema no espetáculo
E pondo meu olhar como um tentáculo
Oponho-me ao que outrora verdadeiro
Agora já não serve; pois, puída,
A roupa não traduz a nossa vida,
Apenas o cenário: um picadeiro.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24617
Dançando sobre luas e vertentes
Assistindo o espetáculo, disperso
Os dias entre seios, risos, versos
Expressas os anseios mais urgentes.
E mesmo que deveras já alentes
Vontade de caminho mais diverso
O beijo sem pudores traz imerso
O anseio que nos torne mais contentes;
Vestindo esta emblemática esperança
A vida tanto pede enquanto lança
Aonde, em descaminhos se inda opores
Os passos contra a enorme correnteza,
Permita-se sonhar e em tal leveza
Terás nesta vertente belas cores.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24616
As ruas prometendo cantorias
E festas entre fogos e reinados,
Os dias prosseguindo amarrotados
Nas sendas e veredas onde guias
Na constelar loucura, as fantasias
Momentos com certeza mal passados
Ungidos pelas cruzes, urzes, Fados,
E os gados da emoção que não mais crias.
Vertentes tão diversas; veja e tentes
Buscar noturnos focos mais ardentes
Fraguando o meu delírio em teu calor,
Partícipe da festa feita em vida,
A sorte noutra sorte estando urdida
Traduz ao fim das contas, nosso amor.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24615
Amores que refletem tantas gentes
Fazendo tempestade em copo d’água
Depois de certo tempo já deságua
Em rios bem maiores, afluentes
E as fozes onde ainda me contentes
Não cabem ilusões, tampouco a mágoa
E vendo o sol imenso, cada frágua
Traduz momentos fúlgidos e ardentes.
Excêntricos sabores; medo e gozo,
O tempo se mostrando caprichoso
Premissas de luares e procelas,
No entanto encantos tantos dizem pouco
Do amor em que me perco e me treslouco
Ainda algum futuro inerme selas.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24614
Palavra e pensamento vêm à tona
Depois da tempestade e do naufrágio,
A vida já não tem pena ou deságio
E sempre cada falso desabona,
O ser feliz deveras me abandona
Não resta, por defesa nem adágio,
Porém não pagarei qualquer pedágio,
O mundo transformado numa zona.
Assíduo sonhador ou mesmo otário,
O passo sem limites, temerário
Talvez levando à beira em precipício.
E quase precipito novamente,
Só quero quem deseje e até me agüente,
Um amor que não se mostre assim fictício.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24613
Rodopiar da saia da morena
Deixando um coração tão agitado
Batendo sem limites, o coitado
Jamais ao ver beleza assim serena.
E quando a vida fora mais amena
Uma esperança deixo ali de lado,
E o tempo se conjuga no passado,
Magia que deveras já se acena,
Falando da morena e sua saia
Por mais que o pensamento na gandaia
A trama se desdobra diferente,
A pele neste espelho se enrugando,
E o que sempre quisera bem mais brando
A vida já levou; cruel torrente.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
24613
Rodopiar da saia da morena
Deixando um coração tão agitado
Batendo sem limites, o coitado
Jamais ao ver beleza assim serena.
E quando a vida fora mais amena
Uma esperança deixo ali de lado,
E o tempo se conjuga no passado,
Magia que deveras já se acena,
Falando da morena e sua saia
Por mais que o pensamento na gandaia
A trama se desdobra diferente,
A pele neste espelho se enrugando,
E o que sempre quisera bem mais brando
A vida já levou; cruel torrente.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 12, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Sábado, Fevereiro 13, 2010
24756
Procura no meu peito seu abrigo
Aquela que se fez dama e rainha
A sorte quando outrora se fez minha
Deixara para trás o desabrigo
E tendo esta ilusão estrelas sigo
Vencendo a solidão que ora se aninha
No peito sonhador por onde vinha
O gozo em dissabor, amargo trigo.
Sentir em minhas mãos anelos vários
E deles não conheço os adversários
Vibrantes emoções, fogo singelo
Ousando no momento imaginar
Invés deste terrível lupanar,
A deusa se entranhando em seu castelo.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24755
O tempo que se passa, traz a fera
E nela se demonstra o quão sombrio
O mundo que deveras inda crio
E nele a sorte amarga me tempera,
Vencer a qualquer custo tal quimera
É mais do que um simplório desafio
E nestes versos toscos balbucio
Palavras que traduzem tal espera.
E quando se fizesse mais sublime
Além do que em verdade já se estime
O tempo se transcorre mansamente
Vencido pelas ânsias do passado,
Agora tão somente abandonado,
A vida sem futuro não desmente.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24754
O medo não resolve este perigo
E deixa como herança algum momento
Aonde se pudesse ter no vento
Ao menos a impressão mansa de abrigo,
E quando tu decifras eu persigo
Depois de certo tempo algum alento
E dele se desvenda o que inda tento
Vencer a cada curva, mas nem ligo,
E tudo se passando sem resposta
A mesa de um banquete assim disposta
Não traz sequer a fleugma necessária,
E tudo se transcorre desta forma,
A vida paulatina nos transforma
Desejo em desenha em face vária.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24753
Amar quem nunca amei, enfim, quem dera
E ter outro caminho onde seguir
Somente uma visão do meu porvir
Esconde desde sempre a primavera
O tempo na verdade não espera
E tudo o que é melhor não há de vir
Perdido sem saber como pedir
À vida que deveras gira, esfera
Que tente pelo menos num relance
Lembrar o que vivi e ainda alcance
Com toda a sutileza alguma marca
Do bem que imaginara e já não tendo
Transporta no final o mesmo adendo
Aonde uma ilusão em vão embarca.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24752
O fogo que me queima já nem ligo;
Pudesse traduzir felicidade,
Por mais que a Natureza em fome brade,
Eu sei que em tuas mãos há tal perigo
E sinto que por vezes não consigo
Chegar a te trazer a claridade
E enquanto a fantasia ainda invade
Decerto tu me tens qual fosse abrigo,
Mas logo que a verdade se apresente
O encanto sensual logo aposente
Verás que não passei de ledo engano
E mesmo se profano e até vulgar,
Jamais imaginei tal lupanar,
Diverso do discurso que ora explano.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24751
A língua que me lambe, da pantera
Prepara-se pro bote inevitável
Por mais que talvez pense ser amável
A sorte se desnuda em fria fera
Que enquanto acaricia em vã espera
Ao mesmo tempo expõe seu deplorável
Prazer insaciado e indecifrável
Que em ânsias e delírios se tempera.
Andara por estrelas, vago sonho
E quando um novo templo – amor- proponho
As garras sendo expostas sutilmente
E mesmo quando em êxtase sacia,
A fera mata a fome em agonia
E novamente em cio, ainda mente.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24750
Temor que me domina tão antigo
E dele se fizesse novo canto
Podendo ter nas mãos algum encanto,
É tudo desde agora o que persigo
A cada nova curva outro perigo,
Porém vibrando amor, desejo tanto
E sei que se deveras inda canto
No fundo é por saber que em paz prossigo.
Vivendo tão somente esta emoção
Sabendo dos fantasmas que trarão
O entardecer em trevas se formando,
E sei que na verdade desde quando
O amor nos dominou sem mais defesas,
E sigo sem pensar tais correntezas.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24749
Amor não é servil nem é qualquer
E dele se percebe quão profundo
Desnuda-se deveras o meu mundo
E seja da maneira que quiser
O gosto do delírio em nosso affaire
Trazendo o pensamento que oriundo
Dos sonhos se demonstre enquanto inundo
De versos o calor que inda fizer.
Mergulho em teu remanso e bebo a sorte
Que tanto nos encante e nos transporte
Ao mundo que criamos, ilusão,
Não deixe o sonho bom morrer assim,
Vivendo todo amor até o fim,
Sabendo de alegrias que virão.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24748
Sentimento nobre que existiu
Durante certo tempo em nossas vidas
E agora ao perceber que tu duvidas
Do amor que se mostrara mais sutil
Embora o coração seja senil
Após as várias dores, despedidas,
As glórias alcançadas e esquecidas,
Uma alma se mostrara juvenil.
E tudo se transforma em riso e dança
Conforme uma alegria assim se lança
Ao vento mais tranqüilo que prevejo,
Mas logo se percebe que meu rio
Na foz encontra o mar por desafio
Sonega desde agora o meu desejo.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24747
Procuro insanamente esta mulher,
Que agora sei distante dos meus braços
Sequer deixaste ao menos leves traços
O amor que tanto eu quis, se inda puder
Vencer os dissabores e vier
Após a tempestade em dias lassos
Sentindo no calor de outros abraços
Prazer que no teu colo já se quer,
Seguindo cada rastro que deixaste,
A noite em solidão trama o contraste
Com todo o farto brilho das pegadas,
E tudo o que talvez restasse ainda
A cada novo dia se deslinda
Trazido no frescor das alvoradas.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24746
Ninguém sabe, ninguém fala nem viu;
Tampouco isto mudara a nossa história
Bisonha que sepulta em vã memória
Momento desejado em que se abriu
A porta no outonal e frio abril
A senda se moldando merencória
Apenas no que eu quis satisfatória
Mostrando o caminhar bem mais servil
De um tolo viandante pela noite
E mesmo que alegria ainda acoite
O verso mais perfeito não mais cabe,
Mas deixo que se perca assim ao léu
O mundo que trouxeste vil, cruel,
E toda esta mentira enfim desabe.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24745
A vida, sem quimera, ressurgiu
Depois dos cataclismos costumeiros
Momentos de esperança? Derradeiros,
O tempo que buscara mais gentil
Encontra este final amargo e vil
E dele destroçados os canteiros
Aonde se fizeram jardineiros
Amores onde a sorte se evadiu.
Esgoto a minha sanha quando lavras
Insânia costurando tais palavras
Medonho caricato, o meu desejo,
E tudo o que talvez ainda possa
Mudar este caminho diz palhoça
E nela toda a sorte que prevejo.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24744
Bem sabes que não tenho mais futuro
Depois de tanto tempo em solidão
A sorte se guardando num porão
Saltando a cada passo um novo muro,
E tudo o que se fez deveras juro
Transcende aos meus desejos que trarão
Esta aridez perene de um sertão
Sem ter sequer desejo nem apuro.
Galante realidade está desfeita
Enquanto a dor mordaz já se deleita
Algoz de meus caminhos, luz insana,
Mesquinhos os delírios contumazes
Aquém desta ilusão que ainda trazes
Enquanto a falsa paz ilude e engana.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24743
Meu tempo de existência já se acaba
E traz algum alento ao perdedor
Dizendo das demandas de um amor
Do qual a fantasia não se gaba
Herege companheira de viagem
Escute a minha voz e tente ao menos
Vislumbrar os momentos mais serenos
E deixe para traz velha miragem,
Aquém do que talvez ainda fosse
Um resto de esperança em frágil pote,
E mesmo reparando agora, anote
O quão se perde assim sendo agridoce,
E tudo que levares, pois reponhas
Que as noites não serão jamais medonhas.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24742
O mundo que terei será escuro
E dele não verás o quanto espero
Do todo que em verdade se fez fero
Aquém da fantasia que procuro.
E sei que quanto mais querência eu juro
Uma ilusão a mais; busco e tempero
E mesmo que se faça com esmero
É chuva desabando em solo duro.
Escondo as minhas cartas, meu cacife
Será já transformado neste esquife
Presente de um amor que não se deu
Vencido pela angústia de saber
O quanto se desmancha em desprazer
O mundo que pensara todo meu.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24741
Não posso te entregar vida bacana
Aonde possas ter o que quiseres
Banquete com argênteos, bons talheres
E no final do mês, carinho e grana,
Só sei que esta falácia não engana
E seja da maneira que vieres
Terás nos meus anseios bem que queres
Na noite mais gostosa e tão profana.
Ouvindo os teus gemidos, estou pago,
E quando se percebe algum afago
Terás o meu sorriso em doce espera,
Mas saiba que este amor é verdadeiro,
Não tive e não terei nunca dinheiro
E jamais te trarei a primavera.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24740
A sorte me deixou, pulou o muro,
Faz arte esta infeliz que não suporta
Encontrar sempre aberta a mesma porta
E traz tal falsidade; nem aturo.
Esqueço da verdade e te esconjuro
Enquanto a fantasia me deporta
À mesma concordata e o sonho aborta
O amor que não suporta tempo escuro.
Revoltas ondas dizem do passado
E quase que inda sou excomungado
Falando de um momento mais feliz,
Não posso ter nas mãos a realidade,
Enquanto esta bobagem nos degrade
A vida sem amor já nos desdiz.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24739
A casa que prometo é simples taba,
Mas mesmo assim melhor que a solidão
E quando as chuvas fartas de verão
Trazendo este temor, tudo desaba
Qual cura mentirosa em porongaba
E mesmo noutras plantas que virão
Fazer fortunas várias e darão
Falsa ilusão à dor que não se acaba.
Escuto estes pajés, padres, pastores
Enriquecendo às custas dos louvores
E deles só percebo tal malícia
Sorrindo e em voz macia vendem Cristo,
O amor, ah! Deste não; jamais desisto
E nele sei que o Pai manda notícia.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24738
Colchão, onde dormimos; de chão duro
E tudo nos parece muito bem
O amor tanta delícia em si contém
Por mais que o mundo esteja agora escuro
Satisfazendo aquilo que procuro
Nas ondas e nos braços de outro alguém
As luzes no final querida vêm
E nelas com carinho a dor eu curo.
Assépticos momentos, sem temor
Ecléticos desejos diz o amor
E tudo não disfarça o riso enorme
Por mais que depois disso tudo acabe
O amor quando demais em si não cabe,
Poder que nos sanando até deforme.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24737
O teto, se chover quase desaba
E deixa todo mundo em polvorosa
A história costumeira e desastrosa
De quem habita agora a velha taba.
E tudo num momento já se acaba
Por mais que a realidade nega a rosa
O amor quando demais a sorte glosa,
Mas mesmo assim a louca ainda gaba.
Travando com mim mesmo imensa luta
A sorte se esvaindo mais astuta
Não deixa que se pense no final
Aonde poderia ter nas mãos
Além destes momentos torpes, vãos
Sorriso que inda fosse triunfal.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24736
Nascida com certeza em berço d’ouro,
A moça não se faz mais de rogada
Aonde se esperava uma alvorada
E o sol, pois nele sempre enfim me douro
O quadro se transforma e duradouro
Silêncio me transporta ao mesmo nada
Por onde desenhara a velha estrada
E agora só relembra o mau agouro.
Em tudo o que se faz a sorte esboça
Caminho repetido para a troça
E mesmo que esta casa seja minha
Palácio que em palhoça transformaste
Palhaço condenado a tal desgaste
A morte em redenção já se avizinha.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24735
Não sei como consegues ser feliz
Se tudo o que preferes me remete
À lama. Destroçando este pivete:
Amor, fazendo tudo o que bem quis
Na ponta deste olhar o canivete
Sorriso me transporta e traz no bis
O corte que me fez mais infeliz
A morte simplesmente me compete.
No fundo deste poço que me trazes
Os dias repetindo as mesmas frases
Embotam o futuro que não vem,
E quando em solidão chamo o teu nome
A realidade escusa chega e some
Levando para longe o nosso bem.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24734
Jaqueta que vestias puro couro?
Farsante hipocrisia denotava
E quando a realidade se fez lava
O amor se demonstrara um sorvedouro
Aonde se quisera algum tesouro
A sorte transtornando agora crava
No peito de quem sonha a dura clava
Matando desde o tenro nascedouro.
Assisto á derrocada deste intento
E busco novamente enquanto tento
Um novo alvorecer bem mais suave,
Mas tendo a poesia nos meus olhos
Aonde ser feliz? Cevando abrolhos?
O sonho nos liberta, simples ave.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24733
A vida que te entrego é por um triz
Além deste perigo costumeiro
A seca em aridez deste canteiro
Já mata em nascedouro a flor de lis,
E tudo na verdade assim desdiz
O rumo deste peito aventureiro
Do qual cada momento, o derradeiro
Não pode ser além de cicatriz.
Esboço no final a reação
E sei que tantos erros mostrarão
Apenas a saída; se quiseres
Viver além de tudo destemida,
Por mais que a realidade nos agrida
É bem melhor que o nada; mas não queres.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24732
Receba, com carinho, a flor que eu quis
Criar como se fosse algum poema,
Nas trilhas deste amor, já nada tema,
Serás se me quiseres mais feliz,
E o tempo muitas vezes, cicatriz
Deixada como fora fria algema
Desgasta e no final sem tal problema
Verás o quão formoso encanto eu fiz
Usando para tal cada sorriso
Que deste num momento mais preciso
Gerando este canteiro que cevara
O velho jardineiro sabe quanto
O amor se molda em paz, por isto canto
A jóia deste encanto, imensa e rara.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24731
Nas várias tempestades e batalhas
Se tanto procurara apenas cais
Esbarro nos momentos ancestrais
Repletos de terríveis erros, falhas
E quando noutra senda tu batalhas
Procuro ter ao menos muito mais
Do que me entregarias se jamais
Soubesse na verdade quando falhas.
Escute minha voz e nada faça
A sorte sem segredos toma a praça
E faz de uma esperança barricada,
Metralhas e fuzis, mãos no gatilho
O quanto de desejo ainda trilho
Depois de perceber que não há nada.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24730
Os campos que pretendo além da vida
São todos flóreos bosques da ilusão
E sei que novos dias mostrarão
O que esta realidade não duvida
Por mais que a minha sina se divida
Eu bebo a cada dia este verão,
Embora os olhos foscos não verão
E apenas saberão da despedida.
Aonde se pudesse ver a luz
Encontro novamente a minha cruz
E dela me aproximo em ar solene,
O amor sendo fugaz nos apequene
Aquém do que talvez inda pudesse,
Mas muito além do quanto se oferece.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24729
O corte mais profundo das navalhas
Prepara a sanguinária diversão
Inéditos caminhos mostrarão
Ainda os velhos ritos e batalhas,
Mergulho no vazio em que tu falhas
E sei do tempo amargo e direção
Portanto não conheço a solidão
E nem mais procurei falsas medalhas.
Apenas ser feliz já bastaria
A quem ao se entregar à poesia
Derruba os seus demônios e prossegue
Velhuscas ilusões não me contemplam
Tampouco as falsas luzes inda exemplam
Quem sabe deste amor e a paz consegue.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24728
Os medos de viver, loucos fantoches
Escondem no espetáculo a alegria
E quando a cada tempo renascia
Além das ironias e deboches,
Acendo no final; imensas tochas
E nelas vejo a luz que me guiara
Deixando a minha vida bem mais clara
Por mais que da verdade tu debochas
Assistem afinal à derrocada
De quem mal desejando outra saída
Perdera há muito tempo a sua vida
Vivendo tão somente agora, o nada.
Esgoto os meus fantasmas e prossigo
Vagando sem saber sequer de abrigo.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24727
Amores não se fecham nas mortalhas
Tampouco se entraram ao descrédito
O canto que procuro ter inédito
Diverso que outrora ainda atalhas
Mergulho nas entranhas, velhas falhas,
Porém amor tem sempre em si tal crédito
Além do proclama qualquer édito
Suporta desde agora tais navalhas
E sabes muito bem como é que faz
E neste aprendizado encontro a paz
Que tanto procurara em treva, outrora,
E quando ser feliz é mais palpável
O dia se derrama bem amável
E todo este desejo já se aflora.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24726
Invade tantas lutas e persiste
O coração de um velho aventureiro
Que sabe na verdade quão ligeiro
O mundo pelo qual quedara triste
E mesmo tão distante ainda insiste
Ou quando pelas valas eu me esgueiro
Entrego-me o furor mais verdadeiro
Que ainda mesmo à fúria, em paz resiste.
Andara sem saber se existe um fim
E tanto se albergara em mim jardim
Que ao fundo escuto ainda a melodia
Deveras fantasias são vorazes
E enquanto novos sonhos tu me trazes,
Uma saudade atroz, logo morria.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24725
As roupas que vestimos são frangalhos
Puídos de um passado tão inglório
E nele além do quanto em vão decore-o
O mundo se permite em tais atalhos
E quando vejo a imensidão dos galhos
Aonde encontrarei tão merencório
O rumo que buscara enfim. E aflore-o
Mostrado novamente em atos falhos.
O término dos sonhos pesadelos
E quando volta e meia revolvê-los
Verás que na verdade assim desfio-o
Falando deste verso em luz sombria
No quanto; realidade desafia
O canto em paz suprema ainda crio.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24724
Teimosas, nossas dores inda existem.
E formam como fosse algum novelo
E neles o prazer e o pesadelo
Aos poucos se misturam e persistem
Assim as velhas gralhas não desistem
O amor, como é difícil percebê-lo
Nas ânsias de poder ao recebê-lo
Viver as fantasias que desistem
Da imensa caminhada vida a fora
E todo o meu passado ainda ancora
Tornando inevitável o vazio
Do qual noutra ilusão desfeita em glória
Ainda que se mostre merencória
É nela onde deveras refugio.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24723
Nas roupas e nos medos, nossas lutas,
E delas a vitória, uma inconstante
Por mais que novamente se adiante
Ainda mais distante tu relutas,
E sabes quão sonoras as matutas
Vontades de outro tempo deslumbrante,
E quando se percebe sempre avante
Encontras ao final; sombrias grutas,.
Peculiares dias; naufragaste
Nas ânsias que cometem tal desgaste
Tornando mais difícil ver o porto
Aonde se atracasse a luz sobeja,
Pois tudo o que quem ama mais deseja
Viver esta alegria que ora aporto.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24722
Comportam sem querer final e rumo
As tempestades todas que conheço
E sei que a cada passo outro tropeço
E os tantos desenganos inda assumo,
Bebendo da alegria todo o sumo
Vazio logo após, o que mereço,
E mesmo assim querida eu te agradeço
Por ter em tuas mãos, desvio e aprumo.
Excêntricos caminhos desbotados
Expressam os errôneos do passado
Aonde quis lutar e não sabia
Que tudo sendo exposto neste quadro
O amor torna indomável tal esquadro
E muda com certeza o dia a dia.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24721
As dores, entretanto, são astutas
E causam reboliço no meu peito
Aonde imaginara satisfeito
Apenas vejo aqui as velhas lutas
E quanto ao navegar inda relutas
E sabes que sonhar é meu direito
E mesmo quando solitário deito
Dos sonhos/pesadelos vãs permutas.
E creio que talvez nesta manhã
Além da caminhada outrora vã
Eu possa então tocar a liberdade
Fulguras dentro em mim etérea chama
E o amor quando demais já nos reclama
Tomando toda a luz que nos agrade.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24720
Não deixam nem sequer qualquer aprumo.
Os tempos onde; outrora solitário
O amor se imaginando solidário
Tornando mais sincero cada rumo,
Os erros se são erros, eu assumo
Trabalho a cada dia é voluntário
E sei que no final até de otário
Chamado por quem nunca teve o sumo
Gostoso de um momento mais audaz,
E a quem esta verdade satisfaz
Eu bebo cada gota e me sacio
Vencendo os meus temores, nada além
Da noite prazerosa nos contém
E dela, já não vejo mais vazio.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24719
Amor quando ressurge traz a glória
E estampa outro caminho pelo qual
Pudesse ter sorriso triunfal
Transcendo em fartura a tal vitória
Verdade se tornando peremptória
E sabe da verdade este sinal
Vivendo sem temor, pois afinal
Já sabe que não é simples escória
Atento aos mais diversos dissabores
Sem ter sequer ainda aonde pores
Os restos dos fantasmas que criaste
Vencida cada etapa transparece
Além do gozo insano da quermesse
A dor ao longe expressa este contraste.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24718
Vaticino futuro glorioso
Nas sendas de um amor que se permita
Viver a glória imensa, pois bendita
Levando ao Teu caminho, prazeroso,
E sei o quanto custa ao ser humano
O brilho que não trague este retorno
Visível e tocável, mas em torno
De Ti é que se faz sem desengano
A rota que permita a liberdade
Embora na difícil caminhada
Eternidade mostra esta alvorada
Na força deste encanto que me invade
Trazendo esta esperança de outro dia
Melhor que a cada sol nos irradia.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24717
Nas almas e nos âmagos amores
Dispersas ilusões trazendo o gosto
Do fim que se aproxima em vão desgosto
E sabe como podes se não fores
Seguir destinos toscos, falsas flores
Eternizando em nós inverno e agosto
A sorte necessita do amor posto
Acima da ilusão e desamores.
Um mero escriturário, um retratista
Que bebe do seu tempo e não despista
Encara a faca a frio e férreo corte
Não tendo outra palavra que conforte
Ao fim deste caminho vejo em urzes
O que com cores foscas não reluzes.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24716
Nos olhos tantos óleos. Oloroso
Caminho que ainda tento mesmo atento
Ao discorrer do enorme sofrimento
Aonde se permite riso e gozo
O mundo se mostrando sempre assim
Enquanto uma metade está sorrindo
Metade se percebe destruindo
Reparte-se e o problema não tem fim,
Amargas soluções dizendo balas
E tudo feito em guerra, morte e sangue
Cordeiro que se deu e agora exangue
Embora minha amiga, tu te calas
E vês o derrotar do anjo bendito
Inútil derramar em fúria, um grito.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24715
Perfume que me encharca, raras flores.
Trazido pelo vento da esperança
Enquanto nesta senda não te opores
A sorte a cada dia além me lança
Não vejo no passado mais as dores
E bebo esta alegria em que se avança
A vida sem descrédito ou temores,
Ganhando sempre força na balança.
Mas quando o temporal cai sobre a Terra
E toda a fantasia me desterra
Exílios que a lembrança ainda afaga,
Recebo calmamente a provação
Os dias noutros dias nascerão
Até que a morte chegue, amarga draga.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24714
Decoro com coragem, caloroso
O templo feito em paz e tempestade
Por mais que uma alma sonhe e se degrade
Em Ti encontro o rumo mais airoso,
Vencer os meus temores, caprichoso
Caminho aonde o tempo se degrade
Mudando vez em quando a realidade
Que tanto desafia o temeroso.
Aonde se pudera crer na glória,
Ainda que se veja a merencória
Caída deste arcanjo em treva e ocaso,
Lutando contra todos meus demônios
Aumento com fervor os patrimônios
Dos sonhos que deveras mais aprazo.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24713
Os templos que se ergueram sonhadores
Mudando a direção de minha crença
Aonde se mostrara a desavença
Apenas quero lagos, belas flores
E sigo se em verdade ainda fores
Por mais que a realidade nos convença
Que tudo é fantasia e não compensa
A vida entre diversos refletores,
Não quero e nem permito tal infausto,
Pois Ele que se deu em holocausto
Ainda vive em mim, Senhor da luz,
E a cada novo dia se renova
Em Ti meu Pai, a vida traz a prova
Da eternidade e a glória que reluz.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24712
Meu peito me maltrata tão idoso
E antigo companheiro de desdita,
Mas sei que na verdade ele acredita
Que o sol renascerá mais majestoso
Aonde se mostrou voluptuoso
Delírio de alma tola e até maldita
A história no vazio sendo escrita
Apenas um momento feito em gozo
Deixado como marca algum troféu
Vagando sem destino, sigo ao léu
Sem crer nem mesmo ter felicidade
E quando a morte chega mansamente,
Não tendo quem deveras inda alente
A sombra do vazio chega e invade.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24711
A fome de viver já me domina
Depois da tempestade que assolara
Deixando a vida triste e apronta a escara
Negando da esperança qualquer mina
E quando a realidade determina
O tempo de sofrer que se declara
Enquanto uma alegria sendo rara
Não tem outra saída e se extermina.
As pedras do caminho, meus espinhos
Arranco sem pudores, mesmo assim
Passado inexpressivo de onde vim
Tornando os meus sonhares mais sozinhos
Aonde se pensara em convivência,
Realidade poda uma inocência.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24710
Não quero conhecer eterna treva
Por isso é que talvez não desistisse
Do quanto em ilusão a vida disse
E o tempo sem temor ainda ceva
O amor que se pensara noutra gleba
Aos poucos se transfere e deixa triste
Enquanto a realidade assim persiste
Trazendo o desabrigo. Mera ameba
Tentando ter nos olhos o futuro
O ser humano inútil criatura
Ainda sem sentidos, em vão perdura
Matando o que pensara e até procuro
Ao fim da caminhada pelo menos
Momentos agradáveis e serenos.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24709
Um brilho deste olhar cedo alucina
Deixando extasiado quem se dera
Na busca de uma eterna primavera
No florescer da glória cristalina,
E quando a realidade descortina
O sol queimando lento; amanso a fera
E deixo para trás medo e quimera
A glória de viver então fascina
Quem tanto se entregou aos sonhos vãos
Acostumado sempre aos mesmos nãos
E tudo repetindo a ladainha
Diversa do que agora vejo aqui
Bebendo cada gota do que vi
Felicidade tanta me convinha.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24708
Os olhos de quem morre e já se neva
Aonde poderia ter a glória
Enquanto a vida feita em tal vanglória
Jamais se mostraria ao fim, longeva
Mergulhas teu caminho em farta treva
E bebes solitária promissória
Recebes a verdade merencória
Colhendo tão somente o que se ceva.
Imperecível sonho: ser feliz
Realidade torpe contradiz.
Mas nada impediria teu intento
E sei que no final estás bem certa
Enquanto a fantasia nos deserta
Aonde encontraria algum alento?
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24707
És último estertor, bela menina
Da vida que eu sonhara, rica e plena
E quando a sorte exposta se apequena
Apenas ilusão inda fascina
Domando cada estrada me alucina
E quando com prazeres já me acena
O tempo se mostrando em luz amena
Permite esta visão mais cristalina.
Serena madrugada vejo em ti
E encontro a fantasia que perdi
Vagando pelas noites e delírios,
Assim ao perceber que estás comigo,
Descubro mansamente o que persigo
Matando o que restara dos martírios.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24706
Um canto triste vive na gaiola
Qual fora um passarinho, este coleiro
Que tanto traduzindo o verdadeiro
Sentido desta dor que em mim assola
Vestindo a fantasia alma decola
E ganha um novo mundo alvissareiro
Mudando o meu caminho vou inteiro
Bebendo esta ilusão mato a degola
Aonde com certeza existe a foz
Do amor que tanto quis, mas sei atroz
E beijo a tempestade que floreia
Naufrago nesta estúpida quimera
Nefastas madrugadas; resultado
Do quão fui sonhador no meu passado,
E a morte redentora, o que me espera.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24705
Não posso nem ouvir que não resisto
À sombra do passado que nos toma
E quando se percebe a dura soma
Encontro o meu retrato e até desisto,
O sonho de viver em gozo misto
Prazer e dor entornam neste coma
Entorpecida luta que não doma,
Por ela tão somente ainda existo.
E sei que martiriza quem delira
Poeta desprezando o sonho e a lira
Não pode ser feliz, apenas traça
A cada novo verso o seu final,
O amor que ora nos guia, triunfal
Enquanto a vida eclode em vã desgraça.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24704
Amor e liberdade minha esmola
À qual eu me entreguei sem perceber
Que tão somente a glória de um prazer
Ainda dentro da alma faz escola,
E sei que esta saudade já decola
E molda o que deveras não quis crer
Deixando para trás a me envolver
A sombra do que fui e não descola
Das ânsias que procuro disfarçar
Aonde quis promessa de lutar
Apenas a vingança da ilusão
Tomando já de assalto a poesia
Enquanto o nada ser ora recria
Moldando as trevas todas que virão.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24703
Nas lutas que travei nunca desisto
E sei o quanto é válido sonhar
E tendo esta certeza de buscar
Além deste infinito que ora assisto,
Mergulho no passado e tão benquisto
Momento aonde exposto ao farto altar
Mudança paulatina a se mostrar
Até que no final já nem resisto
E entregue de uma vez a tal loucura
Que tanto me destrói e me tortura
Deixando em sangue as marcas do quem sou,
Vestígios de uma vida em vão e luta
Queria a fantasia mais arguta,
Porém esta aridez, o que sobrou.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24702
Tortura sem igual matando, imola
Um Cristo a cada dia; e me aprofundo
Nas ânsias mais vorazes deste mundo
A morte se espalhando faz escola
E o genocídio explícito decola
O verso se tornando vagabundo
E quando o corpo estende moribundo
Realidade amarga nos assola
E traz a cada instante outra verdade
Apodrecido sonho que degrade
A dura caminhada progredindo
Além do que pensara; então eu grito
E sei do quanto frágil, sou finito,
Porém o meu lutar se mostra infindo.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24701
Não posso me calar defronte disto
O mundo que eu sonhara e já perdi
Moldando a hipocrisia e traz em ti
Retrato pelo qual ora desisto,
E sendo muitas vezes tão malquisto
À sombra do passado estando aqui
Resume nos meus versos o que vi
Por vezes noutro rumo ainda insisto
E vendo que afinal não sobrará
Sequer uma promessa desde já
Esgoto o meu viver em utopias
Diversas do que encaro em dor profana
Minha alma intempestiva já se engana
Aquém do todo imenso que querias.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24700
Maus tratos tão cruéis fazendo escola
E deles qualquer sombra nos transtorna
Enquanto a realidade assim retorna
O mundo mal percebe e nem dá bola,
Verdade merencória nos assola
Deixando a vida agora bem mais morna
E mesmo a fantasia que inda adorna
Já não perceberá o quanto imola
Prazer que nos domina a cada dia
E nele o próprio gozo se extasia
Mudando a caminhada vez em quando
Aonde a tempestade se fez luz
Cenário devastado reproduz
Esta esperança aos poucos desabando.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24699
São coisas pertinentes a Mefisto
Amores entre trevas e ciúmes
Aonde se pensaram os perfumes
No vago dissabor inda persisto,
E sei que na verdade nisto insisto
Vivendo tão somente dos queixumes
Por mais que noutras sendas tu já rumes
Eu bebo a fantasia e enfim desisto,
Seguir cada pegada de teus passos
Meus dias vão morrendo amaros, lassos
E deles só percebo a ingratidão
De quem se deu inteiro e nada vindo
Deixando o que sonhara ser infindo
Entregue às vis derrotas que virão.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24698
O pássaro que canta a liberdade
Vagando por caminhos mais distantes
Assim como os meus sonhos são migrantes
Vagando pelo espaço e em vão se brade
Lutando contra o medo que me invade
Mudando o meu caminho por instantes
Promessas de raríssimos, bons brilhantes
Em sonho cristalino que me agrade;
Disfarço a realidade prisioneira
Na fantasia tola e alvissareira
Apenas o vazio ainda eu ouço
Aonde imaginara libertário
O mundo se mostrara temerário
Legando ao sonhador o calabouço.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24697
Neste voo que procuro traz encanto
Aquela que se fez maravilhosa
E quanto a vida estampa a belicosa
História que demonstre o desencanto
Vivendo mais distante deste pranto
Prazeres tão supremos a alma goza
E a sede de viver, voluptuosa
Expressa esta alegria que ora canto.
Num verso mais suave até romântico
Pudesse transformado em algum cântico
Louvando esta delícia que me trazes
E assim ao perceber tão nobre sina,
A sorte novo rumo determina
Mostrando que esta vida é feita em fases.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24696
Amor p’ra ser amor-felicidade
Precisa de um sorriso verdadeiro
E quando se tornar mais corriqueiro
O brilho deste olhar que tanto agrade
Não deixe se perder numa saudade
Aquilo que se fez tão companheiro
E nele com certeza vou inteiro
Bebendo o que sonhei, tranqüilidade.
Nas ânsias e delírios de um poeta
A vida se amor não se completa
E morre sem prazeres enfadonha,
Por isso sem temores venha logo
No gozo mais profundo se eu me afogo
A sorte desejada; em luz, componha.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24695
Busca compartilhar-se em cada canto
A sorte que nos guia até quem sabe
Realidade esplêndida se acabe
Deixando a fantasia em algum canto,
Vencendo as ilusões, deveras canto
Bem antes que o castelo assim desabe
O amor feliz do qual a alma se gabe
Traduz a paz que busco em raro encanto.
Um coração tão leve enfrenta os mares
As honras e os delírios provocares
Com ritos sensuais e transparências,
As horas se desvendam num segredo
E quanto mais em ti eu me enveredo
A vida se promete em mais ardências.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24694
Esqueço minha agrura e meu tormento
Na voz enamorada deste encanto
E sei que se deveras eu me espanto
A sorte se mostrando num alento
Permite que se possa enquanto agüento
Caminho que vislumbro e agora canto
Sem ter nas mãos a luz sigo, entretanto
Buscando por final ao sofrimento,
Alegro-me ao saber tua presença
E enquanto a vida os medos não mais vença
Apenas lenitivos encontrara.
E sei que te sentindo finalmente
O brilho de outro sol a alma pressente
Tornando esta água turva noutra clara.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24693
Passeias pelo campo mais florido
E sabes decifrar cada desejo
E nele com certeza assim prevejo
Um dia mais audaz e decidido
Na força insuperável deste anseio
Mereço a liberdade? Ainda tento
Além de ter somente algum alento
Viver sem tempestades nem receio.
Audazes os meus passos na procura
De um tempo mais suave que permita
Além da caminhada mais bendita
A força que me entranha e assim me cura
Dos vários dissabores vida afora
Na paz que me redima e sei que aflora.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24692
Cristo não veio ao mundo por você
Apenas tão somente por AMOR
E dele a sua morte irá propor
Além do que deveras já se vê
A sanha do SENHOR tem seu por que
Nas ânsias de seu povo sonhador,
Mas bem além de ser a simples flor
A humanidade inteira agora crê
Na força deste Pai grande e perfeito
Aonde e só por onde me deleito
Podendo conhecer felicidade.
E enquanto a raça humana se extasia
Com fútil e terrível fantasia
Criando a cada dia, nova grade.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24691
Os bosques e pomares, a lavoura
Transcendem à beleza que se vê
Sem ter resposta ou mesmo algum por que
Senão o grande amor no qual se doura
A glória de um Senhor que, duradoura
Permite a quem deseja e sempre crê
Num dia bem melhor onde se lê
O Amor que nasceu numa manjedoura.
Cordeiro ao ensinar quanto o perdão
Transforma as nossas vidas, desde então
Percebe-se a saída para quem
Sabendo desfrutar da maravilha
Que o olhar embevecido agora trilha
Trazendo a majestade que convém.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
Belo olhar, puro azul por Deus ungido
Reflete o sol e torna este azulejo
O símbolo maior do meu desejo,
Tocando com furor, sonho e libido,
As sombras se perdendo num olvido
Deixando em seu lugar o amor que vejo
Reinando sobre tudo; e relampejo
Um sonho mais audaz, ora sentido.
Servindo como fosse um prato nobre
A densa maravilha nos descobre
E traz um novo rumo ao dia a dia
Acende esta lanterna no meu peito
E agora pelo menos satisfeito
A glória de sonhar se propicia.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24690
Sob uma cabeleira trigal, loura
Beleza incontestável desta diva
Que mesmo sendo às vezes tão altiva
Caminho que procuro, sempre doura.
Minha alma se embalando quase estoura
Por mais que ser contigo traz bem viva
A glória de poder ser mais cativa
Da história que se mostra duradoura.
Supero os desafios e mergulho
Nos braços desta sílfide. O marulho
Ao fundo desnudando tal sereia
Percebe-se deitada sobre a areia
Sublime maravilha que endeusada
Avança a noite e ganha esta alvorada.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24689
O sol fica feliz por ter surgido
Além deste momento em sedução
Quem possa dominar um coração
Há tanto sem sentido, dividido,
Não posso reviver em falso olvido
Momentos que decerto mostrarão
O quanto o caminhar foi sempre vão
Da sorte que virá eu já duvido.
E quando não pudesse ter de fato
Além deste fugaz tormento eu ato
Os nós com o passado e me protejo,
A sombra da ilusão me invade quando
As horas transcorridas transformando
O coração pacífico em andejo.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24688
E em raios carinhosos desce à Terra
O encanto deste amor que nos protege
Passado se mostrara quase herege
Enquanto a glória aos poucos se descerra,
Olhando para baixo sobre a serra
A lua se deleita enquanto rege
Desejo que deveras já lateje
E mude nossa história em paz e guerra
Descreves com teu gozo minha vida
E sei que quem se quer nem mais duvida
E segue cada passo, sem perguntas,
As almas gemelares neste encanto
Delírio deste anseio se faz tanto
Enquanto nossos corpos tu ajuntas.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24687
Nas pastagens, o sol amanhecido
Tocando cada braça deste rio,
Que em versos novamente assim desfio
Expondo mansamente esta libido
Desejo que pensara mais contido
Agora se tornando quase um cio
Acende deste incêndio o seu pavio
Num furioso encanto, enternecido.
Audácia se traduz em louca espera?
Reavivando assim a imensa fera
Que tanto procurava disfarçar,
Mas quando sob a força deste sol
Que entorna este delírio no arrebol,
Endeusado senhor em claro altar.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24686
A lua em belos raios nos prateia
E torna a nossa vida iridescente
Enquanto a maravilha não desmente
A deusa perambula, plena, cheia,
E sob suas fráguas incendeia
Incrível que pareça, desce ardente
Brilhante caminheira que envolvente
A terra num instante assim clareia,
Pudesse pelo menos ter a chance
E ter tanta beleza ao meu alcance
O quanto me daria a tanta luz
Inebriado sonho se desfaz
E em meio aos seus clarões, por mais que audaz
Apenas a saudade reproduz.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24685
A dona desse olhar vai distraída
E sabe muito bem como é que faz
Deixando no tormento a antiga paz
A sorte na desgraça resolvida
E quando perpetua esta ferida
Sorriso falso e meigo, tão mordaz
Nas mãos a presa fácil e a tenaz
Vontade de impedir qualquer saída.
Pudesse não ter mais outro momento
Aonde sem defesas me atormento
E beijo a morte feita em plena treva
Audaciosamente assim desnuda
A moça a cada instante a rota muda
Na sordidez terrível e longeva.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24684
Mal percebem meus olhos sonhadores
Os brilhos inefáveis deste intento
Aonde muitas vezes sigo atento
Seguindo cada passo e aonde fores,
Terás a companhia dos ardores
Que a cada novo tempo reinvento,
Tocando a tua face o manso vento
Promessa de momentos entre flores
Seguindo a flórea senda tu terás
A imensidão sublime feita em paz
Que tanto em tua vida desejaste,
E saiba que este amor que se arremete
Além do que pensaras ser confete
É firme e nos mantém qual fosse uma haste.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24683
Encontro noutros olhos, minha vida?
Pergunta que talvez nem mais fizesse
Se a sorte feita em luz caminhos tece
Aonde encontraria outra guarida?
Por mais que a mesma história recomece
O quanto se mostrara distraída
Uma alma com certeza enlouquecida
Erguendo aos Céus a derradeira prece
Permite que tenhamos outro Fado
E quando me sentindo enamorado
Escuto vozes tantas; maravilhas
E mesmo que talvez ainda insista
Ao coração a voz mais pessimista
À noite entre mil trevas, inda brilhas.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24682
A natureza absorta, mansa e sábia
Expressa em cada flor a magnitude
Por mais que a realidade isto transmude
O amor com seu furor, incrível lábia
Bem antes que afinal em treva acabe-a
A vida se moldando em atitude
Trazendo à humanidade mais saúde
Natura se refaz em cor; agrade-a
E verás resultados no futuro
No sonho que se mostre mais maduro
A senda descoberta em luz intensa
Trará em belos frutos e florais
Caminhos que julgara terminais
E a vida se fará por recompensa.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24681
Respeitando esta cena vejo a foto
Do quanto foi feliz nosso passado
E tendo este impressão aqui do lado
Percebo o canto em paz já tão remoto,
E quando a tua sombra invade e noto
Recebo da ilusão este recado
E o quanto se mostrara degradado
O mundo que eu busquei, perpétuo moto.
Num átimo mergulho neste sonho
E quando a fantasia; em vão, componho
Audaz eu já nem sinto a realidade,
Porquanto me tocando assim em fúria
Transporta dentro em si a farta incúria
Tramando este final que me degrade.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24680
Lua sobre esse pampa divinal
Derrama-se altaneira e tão suave
Por mais que a solidão diga do entrave
O riso se demonstra triunfal,
O amor se espalha e vejo em ritual
Este vôo migratório da bela ave
Trazendo da emoção, caminho e chave
Permite que se suba este degrau
Levando ao infinito além da lua
Que exposta sobre a Terra continua
Mandando em cada raio uma esperança
À qual idealizo num soneto
E nela sem defesas me arremeto
Enquanto a noite clara e imensa avança.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24679
Eu ando procurando por amores
E sei que nada além de uma ilusão
Deveras os meus olhos tocarão
Por onde tu seguires e compores
O quanto do vazio em estertores
Trazendo a quem sonhou a involução
E reafirmo o bote, qual leão
Matando em sutileza, sem pudores.
Astuciosamente a vida traz
Além de um sonho frágil e fugaz
Ferrenhos e terríveis pesadelos
Medonhas tempestades noite afora
E enquanto o medo atroz já me devora
Momentos delicados; quero vê-los.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24678
O meu tempo passando doloroso
E aquilo que pensara fosse vida
Agora se mostrando ausente. Acida
A estrada onde seguira audacioso,
Buscando um renascer aventuroso
Que tanto se proclame, mas decida
Além do que já fora qual ermida
E possa ser ao fim vitorioso,
Revejo os meus inglórios caminhares
E teimo mesmo quando me tocares
Perecendo no vago em que fizeste
A tenda onde me escondo; vaga sorte
Negando a própria luz, já não consigo
Vivenciar a sombra de um abrigo
Tampouco esta alegria que conforte.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24677
Horas celestiais, campos e flores,
Vagando por caminhos mais audazes
E enquanto em minhas mãos, frias tenazes
Se expressando o terror, diversas dores
Aonde tu seguires e te opores
Trazendo esta alegria que ora trazes
Sorrisos tão malignos e mordazes
Não deixarão sobrar sequer as flores
E como um vendaval que arrasta tudo
Na fúria da lembrança me transmudo
E como fosse um louco não resisto
Desfaço cada passo um vão Mefisto
E tudo o que pensara em mansidão
Destruo com venal sofreguidão.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24676
O céu iluminado por leitoso
Caminho que me leva à eternidade
Enquanto a maravilha já me invade
Conheço da ilusão terror e gozo,
Revendo este cenário, torporoso
A vida se transforma e a saudade
Que há tanto adormecida rompe a grade
Tornando o meu caminho majestoso,
Andasse nestas sendas por instantes
Meus dias, de repente, radiantes
E a fúria do passado eu mataria.
Mas quando acordo e nada vejo aqui,
Refaz-se a consciência; eu te perdi
Ao largo tão somente a fantasia.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24675
Cobertor divinal, tragando as dores
A lua se deleita inteira e bela
E quando acende à noite a rara vela
Suprema deusa explode seus pendores
Reinando absoluta até os albores
E assim emoldurada em rara tela
A dama prateada se revela
Aos olhos mais profanos, pecadores.
E quando um pária vê tal maravilha
Seguindo a deusa nua também brilha
E sente ser alguém, mesmo que pouco
E enquanto enamorado desta cena
Minha alma se entregando, não condena
Os erros do passado e me treslouco.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24674
No seu mata borrão mais vigoroso
Chupando cada marca da tortura
O sol se transbordando em vã ternura
Prepara um raio belo e majestoso,
E quando se percebe o fino gozo
Da mão que se prepara em amargura
Alguma solução já se procura,
Porém o coração segue andrajoso.
Vacâncias da esperança dizem nada
E tento na manhã ensolarada
Reflexos do que outrora teve vida,
Mas sei que nada disso tem valor
E enquanto a realidade ainda for
Utópica, minha alma está vencida.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24673
Derrama sobre o campo seus pendores
A lua desejada por poetas
E quanto mais dispersa tu completas
Os rumos que levassem aos albores,
Expressas; solitários, os rumores
As formas descartáveis, prediletas
E nelas observando toscas metas,
Mas sigo sem perguntas onde fores.
Às vezes, por momentos, eu me afasto
Prevendo o meu futuro aqui, nefasto,
E o quase ser feliz ainda viça.
Ao longe se percebe um som aflito
E quando escuto além, paro e reflito;
Porém minha alma segue em vão e omissa.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24672
Na guaiaca repleta, sentimento
Que podem me trazer alguma luz
E quando este vazio me conduz
Dormindo solitário no relento.
Por vezes reagir; eu juro, tento
Porém se à realidade assim me opus
Que faço se o não crer já se deduz
Exposto aos terremotos; bebo o vento
Na fé que não possuo, a solução?
Na crença que cultuo; perdição?
Não posso responder e então me calo,
Ao longe se percebe algum reflexo
Do quanto me perdi em falso nexo,
Mas sigo sem sequer ter um abalo.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
24671
Um sonhador; eu levo essa esperança
E faço este rosário feito em versos
E neles sentimentos mais perversos
Enquanto a solidão envolve e alcança.
A vida predispõe a tal mudança
Colhendo sentimentos tão dispersos
Gerando variáveis universos
Tal luta vez em quando já me cansa.
Eu quero ter somente algum remanso
E assim quando nos sonhos eu me lanço
Enfrento estes gigantes quixotescos,
Aonde quis mais simples, tão prosaico
Amor se contorcendo num mosaico
Desenhos que perfila; mais grotescos.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 13, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Domingo, Fevereiro 14, 2010
24816
A noite prosseguindo malfadada
E estúpida quimera feita em vida,
Depois de ser criada, bebe o nada
Herança em podridão, já sendo urdida,
Vendendo nas Igrejas, a saída
Em falsas profecias, debandada
Dos sonhos e desejos, submergida
Uma esperança morre abandonada.
O Pai não sabe mais o que fazer,
O unigênito filho em sacrifício
Aos poucos novamente o apodrecer
Reinando sobre a Terra em duro infausto,
A serpe se recria desde o início,
Servir a humanidade em holocausto?
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24815
Sem rumo sem caminho e sem fiança
A pútrida figura vã, nefasta
Enquanto do Senhor assim se afasta
Nos braços decaídos já se lança,
Ainda pura enquanto uma criança
A vida a sensatez rouba e desgasta
No fim viril canalha ora desbasta
Infanticida, mata esta lembrança.
A fome do dinheiro e do poder
O sexo em face hedônica e maníaca
A imagem depravada e demoníaca
Que agora num espelho eu posso ver,
Aonde se pensara em Amor, paz,
Fulgura em ironia, Satanás...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24814
Apenas solidão decerto alcança
Quem tanto se perdeu em luz sombria,
E quando este fantasma se recria
A voz sem ter resposta e vã, se lança
Quem fora qual fiel desta balança
Destrói e avassalando a fantasia
Por deuses mais profanos já se guia
Bezerros em bizarra e louca dança.
Assisto à minha própria invalidez
E quando num espelho ainda vês
Imagem destorcida de um arcanjo
O genocídio esgota a nossa sanha
Enquanto a criatura perde e ganha
Cavando a sepultura em tosco arranjo.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24813
Quem mata em nascedouro as alvorada
Não pode ser do Pai a semelhança
Enquanto em descaminhos sempre avança
Depois de certo tempo, resta o nada,
A sorte que se vê tão destroçada
Nas mãos apenas guerra, fúria e lança
Deixando morrer cedo uma esperança
A torpe criatura degradada
Esconde-se em palácios e castelos,
A morte cultivando em seus rastelos,
Traçando em aridez próprio futuro,
Negar os descaminhos que ela gera,
No olhar sombrio e tosco desta fera
Verei o Pai que tanto amo e procuro?
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24812
Tristezas, velhas lobas em matilha
Espreitam suas vítimas; tocaia
Assim se retratando quem nos traia,
Matando em nascedouro esta novilha
Que um dia em esperança tosca brilha
E bebe da sanguínea e fútil praia
Enorme insensatez que em fúria caia
Por sobre o falso altar que nos humilha.
Assassinando à própria espécie em fuga,
Grilando a Terra inteira, a sorte aluga
E vende o que jamais tivera dono,
E o Pai prostituído em falsas crenças
Um vândalo canalha; no que pensas?
Deixando a própria MÃE neste abandono.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24811
Seguindo cada passo desta trilha
Perdendo a direção por tantas vezes
Algozes dos meus sonhos, velhas reses
Das quais as ilusões seguem; matilha
E tudo num fulgor inútil trama
Histórias que deveras cortam fundo,
E quando deste pouco já me inundo
A voz de um desespero tanto clama,
Aspergindo demônios entre enredos
Vasculho pedregulhos e searas
Enquanto a morte; lenta, me preparas
Os dias se transformam em degredos
Decrépito fantoche; nada faço,
Sufoca-me o terror, tomando o espaço.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24810
Se esgueirando qual réptil pelas gretas
Uma esperança bebe este veneno
E quando a realidade eu concateno
Percebo quão inúteis as lunetas
Não vislumbro afinal novos planetas
E o mundo que pensara ser pequeno
Agigantado espectro e me apequeno
Minúsculo fantoche que arremetas
No etéreo espaço; creio que finito,
E, tosca criatura, em vão eu grito,
Mal percebendo o que ora represento,
Jogado pelas pedras fina areia
Verdade num instante me incendeia,
Palavra, com certeza leva o vento.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24809
No céu em derradeira voz, um brado
Esboça a reação que não virá,
O fogo incoercível queimará,
Deixando qualquer sonho no passado,
Um anjo demoníaco mostrado
No etéreo neste instante tomará
As rédeas do poder e desde já
O mundo num segundo destroçado,
E quem se fez Amor puro e perdão,
Sabendo da total escuridão
Ainda se lamenta e assim deplora
A tosca criatura que criara
Do lamaçal espúrio, jóia rara
Que, fera dentre as feras se devora.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24808
O dia prenuncia-se terrível
Envolto em temporais e fogaréus
As hordas de demônios ganham céus
E tudo se transcorre em ar incrível
Diversos meteoros, corruptível
Humanidade enfrenta os turvos céus
Nos olhos se espelhando insanos léus
Num ar irrespirável riso audível
Do deus feito em discórdia, vil Satã
Fazendo da penumbra o seu afã
Trazendo em batalhões, fúria devassa,
Enquanto um frágil ser, mero campônio
Olhando embasbacado tal demônio
Que ao largo, respeitando-o, ri e passa.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24807
Toando apocalípticas trombetas
Alucinados gritos, gargalhares
As frutas apodrecem nos pomares
A cada novo passo, outras falsetas
A vida se mostrara em tais facetas
E nelas entre deuses, lupanares
O tanto que do pouco reformares
No vago do infinito te arremetas
E vendo esta decrépita ilusão,
As aves da esperança migrarão
E insetos mais vorazes poluindo
Cenário que criado em Pleno Amor
E agora em formidável decompor
Nefasta turbulência em mar infindo.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24806
A manhã derradeira se anuncia
Depois de destruída a fortaleza
Aonde com denodo e com destreza
A natureza humana combatia,
A morte se aproxima a cada dia
E dela se percebe esta grandeza
Anunciada há tanto; na impureza
O genocídio insano se sacia.
Esgotam-se os momentos da aventura
Terrestre desta podre criatura
Que tanto se fez trágica e feroz,
E o Pai lacrimejando em tempestade
Na fúria de um amor, agora invade
E a vida se perdendo em frágeis nós.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24805
As nuvens impedindo o novo dia
Jamais abandonando em paz meu céu,
O tempo se demonstra um carrossel
Que volta e meia mostra em fantasia
O quanto na verdade consumia
A sorte que pressente num revel
O quadro inusitado em que o corcel
Marchava sobre mar e penedia.
Abraço os meus fantasmas e mergulho
Bebendo a solidez em pedregulho
Sorvendo esta ilusão que me maltrata,
Assim ao renovar história e lenda
Sem ter uma alegria que me atenda
A sorte desabando em vã cascata.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24804
Notícias do final; trazem cometas
Que volta e meia tramam novas vindas
E enquanto a realidade; já deslindas
Ainda se perdendo em vãos trombetas
Rumos apocalípticos; prometas
E quando a morte trama em noites lindas
Diversas fantasias sendo infindas
Vontades pelas quais inda cometas
Os erros do passado e neste ciclo
O velho pensamento não reciclo
E bebo o purgatório em plena vida
Enfrento as minhas feras, dentes, garras
E assim da realidade tu desgarras
Mostrando a morte vaga e prometida.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24803
O céu vai trespassado pelas setas
Do deus moleque e insano que se dá
Tomando este abandono desde já
As horas infelizes e incompletas,
Das ânsias e delírios vão repletas
E tudo o que desejo negará
Razão se desbotando mostrará
O que com passos firmes ora vetas.
Escrevo como quem se dando inteiro
Já sabe do fantasma e companheiro
Na factual mentira que propagas,
Nas mãos e dedos vejo claramente
O fim que tenebroso se pressente
Nas ânsias de navalhas, nas adagas.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24802
Nem mesmo algum alento ou fantasia
Que possa me acalmar frente à tormenta
A voz de uma esperança ainda alenta
E o rumo da verdade, distancia.
Houvesse outro caminho, mas me guia
Somente a noite fria que atormenta
E mata com ternura violenta
Na sanguinária imagem, uma agonia.
Espero que talvez ainda possa
Viver sem ter nos olhos medo e troça
Destroço do que fui vão perambula
E deixa seus pedaços pelas ruas,
E enquanto ainda indócil tu flutuas
Expressando a emoção, estranha bula.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24801
Um mundo tão fantástico se cria
A cada novo mote ou mesmo sonho
E quando a realidade eu decomponho
Sobrando em minhas mãos a fantasia
O todo se partindo qual queria
Momento muitas vezes bom, tristonho
Da parte ao infinito eu busco e ponho
O quanto de amargura ou de alegria
Aonde o ser talvez enfrente o não
E nesta alegoria se verão
As marcas do quem sabe e do jamais,
Assim neste teclado, a vida passa
Tentando ver no ocaso, alguma graça
Repito os desafios ancestrais.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24800
Moldado pelas trevas mais concretas
Aonde se pudesse crer na vida
Que tanto me maltrata em voz doída
E nisto com certeza me completas
Assíduas ilusões formam poetas
E neles a verdade se duvida
É mera fantasia adormecida
Ou mesmo as dores, finas, prediletas.
Senzalas que deveras nos libertam
Enquanto as liberdades já desertam
Ocaso que se faz em voz medonha
Ou mesmo o rebrilhar em céu escuro,
Nas mãos a imensidade que procuro,
Imerso em pesadelos, rindo, sonha.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24799
O fim estipulado pelos sonhos,
Transcende à própria vida enquanto trai
A sorte feita em Fado que se esvai
Em sombras e caminhos vãos, medonhos.
Os dias tantas vezes enfadonhos,
Aonde se pensara em Paraguai
Levado por extremos, a Xangai
Pacíficos momentos? São tristonhos.
Adentro as variações de noite e dia
E deste genocídio onde se cria
Noctâmbulos fantasmas, nossa sina,
Uma figura espectral que se esvaece
Nas ânsias e delírios, u’a quermesse
Que ao mesmo tempo ilude e me fascina.
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24798
Trazendo tais verdugos tão medonhos
Adentro fantasias, pesadelos,
Cadáveres que busco ao revolvê-los
Momentos mais felizes e bisonhos,
Servindo de parâmetros, meus sonhos
Ainda me envolvendo, vãos novelos
Conceitos do passado, que ao revê-los
Espreito os aços finos e tristonhos
Nas pontas dos punhais esta heresia
Que há tanto se moldara e poderia
Arrefecer a fúria dos incautos,
Encontro os meus demônios e abraçá-los
Deveras a minha alma; purifico
Ascendo ao teu altar; me mortifico
Sorvendo sem pensar, sismos e abalos.
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24797
Porém trago um sorriso quase irônico
E dele me esbaldando em festa insana
Aonde se pudesse soberana
Levando o meu cantar quase sinfônico,
Mergulho neste caos, e assim lacônico
Vagando pela paz que tanto engana
Mesquinhos os delírios da profana
Senhora que se faz em gozo atônico.
Esboçam-se viagens para além
Do quanto poderia imaginar
Ainda houvesse um cais ou mesmo altar
Falena que no lume sempre vem
Bebendo a fantasia que a derrota
Ao mesmo tempo excêntrica e remota.
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24796
Estóico, não permito um só entrave
Que possa transtornar a caminhada,
Além do que julgara mansa estrada
Um passo mansamente mais suave,
Porém a cada dia espero a nave
Que leve para a noite constelada,
Depois de certo tempo vejo o nada
Arguta fantasia onde se agrave
A tosca hipocrisia do viver
Aonde se ancorara o desprazer
Herméticas paisagens, nada além.
E tudo se concentra no vazio
Que a cada novo verso desafio
E sei que na verdade me contém.
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24795
A morte, esta palavra amiga, é chave
Que possa reabrir as esperanças
Nas quais o teu futuro ainda lanças
Sabendo da verdade, frio entrave,
Por mais que ainda em águas puras lave
A vida se tomando em vãs lembranças
Diversas e sombrias alianças
A cada novo passo mais se agrave
O quanto se pensara em mais harmônico
O mundo neste caos escorpiônico
Estóicos caminhares já não vê
E sabe distinguir força e falácia
Por mais que ainda há brilho em cada hemácia
O fim já se aproxima e diz por que.
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24794
Deixando o velho corpo apodrecido
As sendas que pensara salvadoras
Em meio às tempestades; tentadoras
Delícias atraindo a vã libido,
As moscas carpideiras me beijando
Tocando a minha pele, em larvas vejo
Além deste prazer, louco e sobejo,
A mansidão de um rito, amargo e brando
Eviscerados sonhos, noite insana
Protestos de um cadáver que respira,
Aonde uma ilusão acende a pira
A própria juventude ainda engana
E teimo em navegar mares sombrios
Vencendo a cada porto, os desvarios.
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24793
Por duras tempestades foi vencido,
Corsária que julgara-se imbatível
A vida se transforma, e noutro nível
Seara do passado, mero olvido,
Descrevo a minha vida sem sentido
Auto retrato expondo indefectível
Caminho pelo qual, tosco e falível
Decifro o meu degredo e não duvido
Do quão inútil fora a minha história
Mistura de ironia com vanglória
Embarcações ( os sonhos) naufraguei
E tudo me transporta ao velho cais
Aonde no final; presenciais
O derrocar de quem se achava um rei.
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24792
Agora encontra enfim, na morte, o tônico
Um pária que seguira em noite fria
E a cada desavença se inebria,
Na dor e na desgraça um torpe hedônico.
A pedra se lançando; hercúleo agônico
Herética fornalha que se cria
Vetustas esperanças, fantasia
Delírio em desacordo, desarmônico.
Da vida tão somente um vão capacho,
Agora este sorriso inútil e escracho
Demonstra o que o fantoche ainda sente.
Por mais que talvez tenha algum juízo
A morte não seria um prejuízo,
Quem sabe até alívio, simplesmente.
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24791
O sonho que virá me deixa afônico
E sem saber sequer como evitá-lo
E neste ensandecido e vão abalo
Apenas um fantoche que histriônico
Gargalha pressentindo o desarmônico
Caminho ao qual me entrego e nada falo,
Pudesse na verdade garimpá-lo
E ter além do cais o anti-distônico.
Mas sei o quão inútil tal seria,
Arguta esta insensível agonia
Preparando este bote de soslaio,
Enquanto entorpecido nada faço,
Aos poucos ocupando todo o espaço
Tornando o libertário, seu lacaio.
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24790
Houvera sempre tido em tal sentido
Aonde se pudesse além do vago
Ainda perceber algum afago
Por mais que a sorte é morta em tosco olvido.
Caminho sem destino, distraído,
E dele novas pedras, urzes, trago,
E sei que a cada passo um novo estrago
Herético fantasma revivido.
Medonhas garatujas do passado
Visões eternizadas pelo medo,
Ainda uma esperança vã concedo
Ao tempo que soubera desgraçado,
Aonde simples fera, a vida avança
Erguendo estes espectros da lembrança...
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você
Você, que eu hei de amar numa segunda chance,
Antes que o tempo atroz demasiado avance,
Será no meu pomar a fruta temporã,
Trazendo em si o frescor do orvalho da manhã.
Você, que eu hei de amar num derradeiro lance,
Há de me convencer que a vida não é vã.
Para que a fera em mim se dome enfim, se amanse,
Será o meu relax, será o meu divã.
Você que tanto quis e jamais poderia
Imaginar agora além de uma alegria
Um porto delicado, aonde a nau depois
De tempestade tanta, encontra finalmente
Ancoradouro calmo a luz que me apascente
Neste infinito mar que é feito de nós dois...
dueto com CLAUDIO CORREA MARTINS
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24789
Um rumo já decerto construído
Há tanto se disfarça em sombras, mas
Ao perceber então quanto mordaz
O mundo que pensara e destruído
Seguindo cada passo, ouço o ruído
Das aves agourentas; canto audaz
Perdido no vazio que se traz
Quem segue de paixão tola, imbuído.
Afrescos e portais, meus arabescos
Em sonhos espectrais, muros dantescos
Erguidos pela insânia que se aflora
Nas hordas onde estive, vã caterva
Minha alma da ilusão, outrora serva
Sorvendo esta excrescência; em paz agora.
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24788
Num ser que é tão feliz estando agônico
Quimeras explorando cada canto,
Aonde se pensara em ledo encanto
O mundo que quisera em gozo hedônico
Desnuda este fantasma que histriônico
Mergulha no final, lamúria e pranto
Carpindo a própria sorte, ainda canto
Num grito desumano e desarmônico.
Além do carbureto e do amoníaco
Havia um sonho vão e afrodisíaco
Que agora, demoníaco se esvai,
Assisto ao fim da cena e ainda aplaudo
A morte traz à vida este respaldo
Caudal que leva à Zeus ou Adonai.
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24787
Servindo de alimento aos frios vermes,
Apenas refazendo a mesma história
E nela com certeza esta vitória
Mostrada em cenas frias, peles, dermes.
Esgoto a minha vida em vãos inermes
E deles renascendo sem vanglória
Voltando qual a fênix nova escória
Refeito em intestinos, epidermes,
Esta excrescência eterna; que ora orgânica
Agônica presença que mecânica
Ainda deambula, pensa e fala
Depois de certo tempo se extasia
Na larva traduzida em agonia
Deitando este cadáver nesta sala.
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24786
Refaço o meu caminho, hercúleo e insano
Enquanto se buscara uma indulgência
Derrota-se o viril com inocência
E a vida se refaz em novo plano
E quando em voz suave ainda explano
O mundo que sonhara esta inclemência
Ao mesmo tempo diz sonho e ciência
Traçando no final o desengano.
Escravizado enquanto libertário
Trancando a fantasia neste armário
Por onde deveria ter risonho
O quão inútil verso que inda trago,
Diverso do que outrora quis afago
Imagem sonhadora? Eu decomponho.
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24785
Vencendo qualquer forma de tristeza
A barca da ilusão já não comporta
E quando vejo aberta a tosca porta
Levado pela espúria correnteza
Ao ver nesta paisagem a beleza
Que enquanto ainda creio me conforta,
Porém realidade logo aborta
E deixa este vazio sobre a mesa.
Seviciadas noites, abandono,
E quando entorpecido inda ressono
Apenas vislumbrando pesadelos,
Momentos de alegria? Nunca mais,
Estranhas maravilhas rituais
Prazeres tão sombrios, e sorvê-los...
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24784
Carpido pelas moscas derradeiras,
Aonde quis a glória vejo em pus
O quanto desejara em força e luz,
As ânsias se transformam lisonjeiras
Andara toda a vida em finas beiras
E ao precipício o passo me conduz
Sabendo quão a morte nos seduz
Estradas que percorro; costumeiras
Trazendo a cada passo outro martírio
Invés de lua eu vejo agora o círio
Funestas homenagens? Não preciso,
Vergastas contumazes; dor e corte,
Após tanto festejo, enfim a morte,
Quem sabe inferno; nada, ou paraíso?
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24783
Amigas e leais, tais companheiras;
As sórdidas lembranças de outras cruzes
E quando se preparam novas urzes
Desfilas em inúteis corredeiras
As hordas de fantasmas nas bandeiras
Propõem o final antes que cruzes
Portais que imaginaste entre mil luzes
E da verdade ainda tu te esgueiras
E o homem criatura amarga e inábil
Registro terminal, férreo e contábil
Demonstra um saldo imenso e negativo,
Vivesse este prelúdio em fantasia
O amor em suas ânsias manteria
Espectro deste verme; ainda vivo.
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24782
Devoram-me – um banquete sobre a mesa;
Astuciosamente nada faço
E quando num regalo, o mesmo traço
Ensandecido exponho a sobremesa
Vagando pela Terra com nobreza
A pútrida visão agora abraço
Tomando pouco a pouco cada espaço
No fim não restará qualquer beleza
Aonde com fatal sofreguidão
As aves rapineiras comerão
Carniças do que somos e seremos,
Tremulam as inúteis, vãs bandeiras
Aquém do que tu pensas; mesmo queiras
Em holocausto espúrio já nos demos.
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24781
As últimas palavras são leais
E delas faço a minha poesia
Enquanto desfilasse esta utopia
Que agora, mais distante, derramais,
Vivendo fantasias sensuais
Enquanto a realidade se recria
Deixando para trás velha agonia
As ânsias repetindo os rituais
Dos quais pudesse ao menos ter a sorte
Do gozo mais profano que conforte
E trague ao fim da noite a majestade,
Mas sei que adormecida vós não vedes
E mato noutras fontes minhas sedes
E a solitária luz; o quarto invade.
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24780
Os vermes, tão divinos comensais
Satânicas figuras que diversas
Ao terem nos seus âmagos; imersas
Vontades e delírios sensuais,
Enquanto pela vida méis e saia
E sempre sobre a própria tanto versas
Verás que na verdade são conversas
Morte e vida são coisas tão banais.
Refeitas pela mesma podridão
Na qual se erguendo o Pai da criação
Retrata-se a verdade insofismável,
A eternidade em solida paisagem
Não é; meu caro amigo, uma miragem
A vida pela morte é renovável.
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24779
Esgotam toda a forma de pureza
As espécies venais que sobre a Terra
Vagando em podridão; o ciclo encerra
O quanto quis o Pai, rara beleza
E quando se percebe esta riqueza
A fome do poder, angústia enterra
E tomando o cenário, fome e guerra,
Assim caminha a nossa Natureza.
Espúria criatura, torpe verme
Que enquanto não deixar rota ou inerme
A própria desventura não sossega,
Aonde se termina a nossa história
De Deus; talvez apenas tosca escória,
Imagem; semelhança? Vaga e cega.
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24778
Não tendo mais sequer uma tristeza
De tudo o que quisera e se fez tanto
O amor embevecido em tal encanto
Mergulha nos teus braços; se represa.
E quanto mais audaz, maior beleza
E então alvissareiro sonho eu canto
Deixando no lagar vinagre e pranto
E a vida se refaz com sutileza.
Afeto transbordando em ilusão
Fomentos ideais para a paixão
Nefastas as delícias que ora sorvo,
E vejo ao fim da tarde o crocitar
Do pânico adentrando este luar,
E observam nossa sanha, a pomba e o corvo.
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24777
As vísceras expostas; ledo cais
A faca que entre os dentes corta e brilha
Enquanto a fantasia vã palmilha
As pútridas insânias; derramais.
Servindo-vos qual fossem animais
As ânsias percorrendo a amarga trilha
Preparam em silêncio esta armadilha
E dela carniceira vã; gozais.
Herética e medonha caminhada
Aonde se pensara em mansa estada
Apenas maremotos, cataclismo.
Vagando pelas noites vou mesquinho
Sabendo desta fera o descaminho
Por onde tresloucado ainda cismo.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24776
Aquele que se fora sem jamais
Pensar nalguma chance de retorno
E quando a poesia fez-se adorno
Os dias se mostraram tão banais.
Angústias que entre pedras derramais
E ser-vos não servil, mas por retorno
Apenas um anseio frio ou morno,
Aquém do que deveras propagais,
Esmero-me em tentar outra saída
E mesmo quando a vejo, distraída
A sorte se mostrando sempre embalde
Não tendo quem deveras a desfralde
Bandeira da ilusão a meio mastro
Nas sendas do vazio então me alastro.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24775
Saber se houve delícias ou beleza
Durante os dias tantos que tivemos
Metaforicamente busco os remos
E enfrento; destemido, a correnteza
Transmite nos teus olhos tal leveza
E dela os descaminhos conhecemos
Matando com prazer, medos e demos,
O amor se faz com lúdica destreza.
Acercam-se de nós fogos e ritos
Trafego por diversos infinitos
E chego extasiado ao fino orgasmo,
E numa delicada sintonia,
A insanidade em luz demonstraria
O mundo pelo qual me entusiasmo.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24774
Aos poucos minha carne é corrompida
E dela se percebe a fetidez
Aonde me rondara a sensatez
Apenas uma sombra apodrecida,
Viver e ter razões que a própria vida
Durante muito tempo já desfez
Permite se tentar em languidez
Estúpida e venal, torpe saída.
Esgoto que deveras perambula,
Os olhos embotados, fome e gula
Anseios de um cadáver ambulante
Esquife se formando pouco a pouco,
E enquanto tosca fera, eu me treslouco
Ascendo à solidez do diamante.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24773
Numa orgia divina consumida
Um êxtase se trama em fúria e gozo
Momento incontestável, majestoso
Estrada desbravada e assim ungida,
História que em loucuras traz a vida
Nas ânsias delicadas, prazeroso
Caminho muitas vezes pedregoso,
Frondosa maravilha insana urgida.
Inebriante luz adentra a casa
E enquanto este delírio nos abrasa
Incandescentes lumes, fogaréu,
Cavalgas por espaços siderais
E neste cavalgar encontro o cais,
No constelar galope de um corcel.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24772
As larvas e bactérias devorando
O que restou de nós, podre carcaça
Às vezes o vazio já se traça
Perdendo as esperanças, ledo bando;
Inevitavelmente se moldando
A morte enquanto a vida se esfumaça
Pérfida invalidez ora me abraça
E tudo neste instante desabando.
Condeno-me ao terrível abandono,
E mesmo a fantasia desabono
Reflexo desta estúpida carniça
Que tanto se fez gozo, fúria e medo,
E agora se amparando no degredo,
Ainda algum prazer, morto, cobiça.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24771
E como numa espécie de sarcasmo
Vivenciando o gozo do vazio
Ao mesmo tempo mato e me recrio
Fingindo a insânia tosca de um espasmo,
Extasiada angústia deixa pasmo
Quem tanto se procura e me inebrio
Gerando dentro em mim tal desafio
Do cataclismo tramo este marasmo.
Na fútil placidez da vida morna
Somente esta mesmice ainda adorna
O que pensara outrora ser poético.
O canto intolerante do presente
Por mais que da verdade ele se ausente
Esconde-se deveras vão e herético.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24770
Para amor tão verdadeiro
pouco importa a primavera.
Muito menos o dinheiro
traz prazer a quem o espera.
Celina Figueiredo
Amor supera a força da estação
Insofismavelmente traz em si
A força insuperável que vivi
Mal importando os dias que virão,
Agreste, mas saudável ilusão
Explode em harmonia e traz aqui
Longínquos descaminhos vêm a ti
Mosaico feito em luz, medo e emoção.
Mantendo sutilmente este alicerce
Por mais que a realidade desconverse
Prepara a eternidade de um momento,
Tramando insuperável caminhada,
O amor ao resumir o tudo e o nada
É fúria pela qual eu me apascento.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24769
Tomado pelo fogo de um orgasmo
Atravessando as noites fúria insana
E quando à própria sorte se abandona
Exposto sem temores nem marasmo,
A vida já contém em si sarcasmo
Desnuda esta vontade soberana
Ao mesmo tempo sacra e vil; profana
Enquanto deixa em êxtase, mas pasmo.
Ascendo aos mais longínquos patamares
E quando intensamente procurares
Perceberás o quanto de delírio
Invade o nosso caso e me atormenta
Sagaz audácia atroz e violenta
Trazendo enfim um lúbrico martírio.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24768
Macabras sensações vão me tomando
E esgotam minha força enquanto luto
E tudo o que fizera outrora o astuto
Delírio de um poeta perde o quando.
Caminhos muitas vezes decifrando
Nas horas doloridas, medo e luto
Momentos em que às vezes eu reluto
Verdade sendo frágil, sonegando.
Esboço a reação, mera tolice
Se a própria resistência já desdisse
O rumo que pensara libertário,
Atento aos dissabores mais vulgares
Não sei se percebeste e se os notares
Verás invés do amigo, um adversário.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24767
Entrar por tuas minas e teus veios
Bebendo desta sôfrega loucura
Enquanto nos sacia, traz a cura
E deixa no passado meus receios,
Nos veios delicados, devaneios
Fartando no delírio, se perdura
Olvido neste instante uma amargura
E deixo os sofrimentos, vãos e alheios.
Estruturando a vida em firmes bases
Por mais que vez em quando tu te atrases
Presença redentora me alivia
Escândalos em sândalos e gritos
Dois vândalos noctívagos e aflitos
Adentram sem limites, fantasia.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24766
Calando meus caminhos mais sedentos
Voluptuosamente eu sigo os passos
Astuciosamente gozos lassos
E delicadamente em tais momentos
Vencendo as ânsias vago em sentimentos
Decifro os teus desejos, leves traços
Adentrando os encantos, nossos laços
Deixando atrás os medos e tormentos.
Escravos das insânias; somos fartos
E quando a luz invade casa e quartos
Antevendo o prazer que nos sacia
Edênica vontade nos anela,
A lua penetrando na janela
E o jogo se prolonga até o dia...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24765
Deitando em teus cabelos, meus enleios
Delírios em delícias desfrutados
Hedônicos caminhos, vãos pecados?
Na fina transparência, belos seios,
A porta me isolando dos receios
A sorte se lançando vejo os dados
Rolando sobre a mesa em aguardados
Momentos sensuais, meus devaneios.
Pudesse eternizar cada segundo
Searas delicadas me aprofundo
E bebo extasiado este rocio,
Aonde se mostrara em tanta fúria
O amor que se profana sem incúria
Viagem pela qual; sonhos recrio.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24764
Meus dedos te percorrem, calmos, lentos
E sentem teu furor em umidade
Na fúria de um anseio que se brade
Adentro com loucura tais momentos
E neles percebendo vários ventos
Prenúncio de uma intensa tempestade,
Que ao fim só nos trará felicidade
E aos dissabores tantos, os alentos.
Herético caminho? Não pretendo
Ascendo ao Paraíso e como adendo
Encontro esta profana maravilha
Na lúbrica paisagem, enlanguescida
Razão que tanto busco de uma vida
Aonde a fantasia explode e brilha.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24763
Nos rumos que me levam aos anseios
Dos quais se poderia ver a luz
Enquanto a realidade não seduz
Procuro a liberdade em outros meios
E vejo tão somente estes receios
Gerando este vazio em contraluz
Sabendo desde sempre ao que conduz
Os vértices inúteis de tais veios
Mistérios entre tantas ilusões
No quanto da mesmice que me expões
Diletas emoções, ritos sombrios
Ecléticos delírios? Não mais quero
Tampouco adentro o mar imenso e fero
Dos estopins esqueço os vãos pavios.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24762
Eu tento desvendar tua nudez
E dela as ânsias tantas que me trazes,
Tormentas no passado, em outras fases
Em ti uma esperança se refez,
Caminhos que vivera insensatez
Esplêndidos luares; satisfazes
No vértice dos sonhos os vorazes
Delírios em que amor encontra a vez.
Assíduas maravilhas demonstradas
Enquanto percebendo em tais estradas
Nos ápices, meu êxtase completa,
Minha alma incandescida em ti se expõe
E á própria realidade amor se opõe
Nas tramas desta luz, a predileta...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24761
Sabendo desfrutar gozos etéreos
Adentro fantasias e as decoro
Com toda a maravilha em que me ancoro
Caminhos delicados, teus mistérios
Ardentes ilusões em fogaréus
Erguendo o meu olhar além do cais
Momentos desfrutados, sensuais
Vagando entre as estrelas, risco os céus
Enlanguescidamente adormecida
Desnuda; incrível sílfide ressona
Dos meus anseios fartos, deusa e dona
Reinando sem saber tomando a vida
Beleza incomparável, doce alento
Aplaca deste bardo, o sofrimento.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24760
Carnais estes meus sonhos mais intensos
Delírios de um amante em loucas sanhas
E quando com vontades mais me assanhas
Os dias às insânias são propensos,
Deixando no passado os dias tensos
Voando bem acima das montanhas
Dos ápices conheço então entranhas
Caminhos delicados, mas extensos
Vivendo com total sofreguidão
As horas do teu lado levarão
Aos mais supernos êxtases possíveis
E quando se aproxima esta explosão
Em fogos de artifício uma emoção
Atinge os patamares mais incríveis.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24759
Sangrando assim total insensatez
Na insânia de um momento mais atroz
Aonde não se escuta nem a voz
Ausente desta estúpida aridez.
E quando se percebe o que talvez
Ainda possa ter em novos nós
Vencendo a estupidez, cruel algoz
Revendo num instante o que desfez
Eu creio não haver mais solução,
Os dias que virão demonstrarão
O quanto se perdeu pelo caminho,
E agora assim distante da verdade
Apenas o furor que nos degrade
Entorna-se e me torna mais sozinho.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24758
Momentos deliciosos, livres; tento
Vivendo este delírio feito em brilho
E quando por teu corpo um andarilho
Encontra a redenção de um sofrimento
E nele com delícias me apascento
Caminhos delicados que ora trilho
Não tendo na viagem, empecilho
Até que chegue o gozo, violento.
Viver em tal volúpia sem problemas
E quando do teu lado tu me algemas
Não quero a liberdade, sou só teu,
Meu mundo neste instante volta a ter
Além da claridade e do prazer
O encanto que co’o tempo se perdeu.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
24757
Nas noites mais distantes, a quimera
Teimando em se chegar adentra o quarto
De todos os prazeres já me aparto
Aonde se esconder da louca fera?
O quanto de prazeres vida espera
Até que se descanse, lasso e farto,
Porém, felicidade; eu já descarto
A paz que tanto busco? Ah quem me dera...
Escuto como um eco a voz sombria
E dela o meu passado se recria
Deixando o meu presente sem futuro;
Aonde se tivesse outra estação
Meus sonhos e delírios estarão,
É tudo que deveras mais procuro...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 14, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24856
O nome da esperança eu logo risco
Deixando em branco a página do sonho
E quando nova história eu proponho
Talvez eu te pareça mais arisco,
E sei que dos caminhos que confisco
A sorte sendo atroz; tenso e tristonho
A cada novo dia recomponho,
Mas sei quão arranhado o velho disco.
Repete-se a desculpa costumeira
E sei que mesmo ainda que não queira
A vida se desvenda em falso brilho.
Não posso presumir outro caminho
Se eu sigo, como sempre mais sozinho
Nas hordas dos anseios que ora trilho.
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24855
Lambuzo-me do fel que recebi
Enquanto tu fazias velhas cenas
E tudo se transcorre em vão, serenas
Os dias que talvez trazendo a ti
O todo que deveras reparti
Em doces e suaves noites plenas
Mascaro os meus enganos com amenas
Palavras que contigo eu aprendi.
Descreves as parábolas insanas
E quando na verdade desenganas
Profanas as vontades mais suaves,
E sei que do passado ainda trazes
As garras infelizes e mordazes
No quão em desespero dor agraves.
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24854
Aos poucos me despindo chego a ti
Deixando esta nudez mostrar deveras
Anunciados medos, frias feras
Temperos desta vida que sofri
Depois do temporal; eu percebi
O quanto navegaste em vãs esperas
E tento percebe por que temperas
O gozo do prazer que jamais cri
Com tua mansidão irada noite
Aonde o vento e o frio, ledo açoite
Avassalando o encanto que servil
Espreita dos umbrais a lua mansa,
E enquanto esta borrasca em nós avança
A voz de uma esperança ressurgiu.
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24853
E faço com o nada um novo trato.
Trazendo este silêncio que me acalma,
Por mais que a realidade adentrando a alma
Prepara para a dor sobejo prato,
Se tanto me entregando já destrato
O bem que sendo imenso; nega o trauma
Perfilo em descaminhos medo e calma
E a eles com denodo, eu sigo grato.
Empedernidos dias horas vãs
Ascendo aos desencontras das manhãs
Anoitecendo em mim a primavera,
Esvaecendo o que se fez peçonha,
Poeta quando canta ou sofre, sonha
Do morto e do fantástico se gera.
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24852
No espelho em fundo falso eu me retrato
E faço neste frágil diapasão
Amostra do que sinto moldarão
Os dias ansiosos, fino trato.
Encontro este banquete e em cada prato
Sereno caminhar ou aversão
No verso que trazendo outra versão
Transfere a realidade em vão retrato.
Transcendendo à verdade outra mentira
Ou mesmo insânia torpe em que se atira
A frágil tentação de ser audaz,
Devasto e deixo em tiras meu caminho
E quando aqui me dou desencaminho
O que já fora outrora vida em paz.
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24851
E vejo que em mosaicos me perdi
Extraindo os meus anseios não percebo
Além do que deveras já recebo
Da velha ingratidão medonha em ti,
Escusa-me se tento ver aqui
O belo pensamento onde me embebo,
Quem dera se pudesse ser mancebo
Soberbo e nababesco que me vi
Em tramas quixotescas pela vida,
Enquanto este dantesco ser duvida
Do passado que tramas no arabesco
Exposto nas vitrines, galerias
Aonde se mostrara em rebeldias
Caleidoscópio imenso, gigantesco.
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24850
Mergulho o que me resta, inteiro, ali
No pote destroçado em doce e mel
E faço do meu rito o ser incréu
E bebo o que sobrara ou mal perdi,
Acidulando o quanto não vivi,
Esbarro neste barco de papel
Ilusionário rumo traça ao léu
O que roubara ainda agora em ti.
Estraçalhando o bote quero o cais?
E mesmo que quisesse em anormais
Marinhos vis destroços desta herança
Arcaico timoneiro sem timão
Augúrios malfazejos mostrarão
Aonde o desamor ora me lança.
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24849
Coleto o que me deste, teu destrato
Feroz e meteórico caminho,
Vencendo o sofrimento já me aninho
No corpo que insensato inda maltrato,
O nó que tanto quis e ora desato
Numa era tão distante fora ninho,
Agora avinagrado e tênue vinho
Expondo falsamente o meu retrato,
Amargas soluções nesta acidez
Da qual cada esperança se desfez
Deixando para trás uma agridoce
Estrada onde talvez não possa ver
Senão o que me deste em desprazer
Como se um sonho bom ainda fosse.
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24848
No câncer que eu cultivo eu me esfumaço
E fumo sem pensar em morte e dor
Sem dó do que talvez vá recompor
Na vida à qual me entrego a cada passo,
E nada do passado trama o braço
Aonde se pusesse redentor
Caminho que destrói jardim e flor,
O amor que tanto quis agora escasso.
Escondo-me nas teias da fumaça
E vago pelo medo que ora passa
Trafego entre as estrelas, turva teia,
E quando novo trago; aspiro vejo
O beijo alucinado de um desejo
Que tanto quanto o medo me incendeia.
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24847
E trago em cada trago, cada maço
Verdades absolutas ou mentiras
Às feras mais vorazes já me atiras
O medo que sincero agora abraço
Trazendo em cada verso um falso laço
A minha vida exposta em frágeis tiras
E quando como a Terra, rodas, giras
Causando a cada passo um embaraço.
Alegre sentimento que aqui exponho,
Mascaro o meu futuro que é medonho
Metaforicamente em luz sombria,
O quase perpetua o meu retrato,
Verdade nua e crua ainda acato
E faço do viver vã fantasia.
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24846
O manto feito em pleno sofrimento
Decerto já não cabe em quem sonhara
Com noite bem segura e até mais clara
Depois da tempestade em fero vento,
E quando nos anseios me alimento
Não posso mais vencer quem escancara
A sorte como fora fria escara
E nela com certeza o meu tormento,
Do qual ao ter notícias faço enredo
E quando algum carinho a ti concedo
Concentro minhas forças e maltrato
Às quantas andaria a noite vã
Sabendo que talvez nova manhã
Despreze do passado este retrato.
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24845
Martirizado eu sigo em noite imensa
E teimo entre as diversas emoções
Os sonhos que deveras ora expões
Traduzem no final a recompensa
De todas as esperas, desavença
Aonde se perdiam as noções
Trazendo tão somente as aversões
Ao quanto no vazio ainda pensa
Quem tanto procurou uma ancoragem
E sem se perceber fúria e voragem
Agora não decifra mais sinais
Dos vândalos caminhos que propostos
E são praticamente agora impostos
Expressando tormentos espectrais.
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24844
A morte; eu sei, será tal recompensa
Que tanto me esmerara em conhecer,
A fúria do querer e não poder,
Diversa do que uma alma tola pensa
Expõe a negação feroz e imensa
Do quanto poderia, mas sem ter
Esgota no final o próprio crer
E dele sem saber não há quem vença.
Emergem-se demônios do passado,
O canto que pensara bem cifrado
Exposto nas vitrines, nada diz,
Somente o meu anseio refletindo
O quanto do vazio agora findo
E torna após a festa um infeliz.
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24843
Farrapos do que fui molambo em vida,
No fogo que me queima, audaz e lento
Criando a cada dia outro tormento
A sorte não se mostra mais saída,
Herética vontade que me agrida
Mereço alguma paz? Nem mesmo tento,
E quando na tocaia espreito atento
O bote significa outra ferida.
No desacreditado passo em vão,
Apenas os degredos me trarão
Alguma tentativa mesmo insana,
Quem tanto se propôs em amizade
Agora ao ver que a vida se degrade
Também por força de hábito me engana.
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24842
Ao ver a minha sorte já perdida
Depois de tantos anos sem poder
Acreditar no que não quis mais ver
O tempo sem futuro numa ermida
Criada pela angústia, envelhecida
Esta alma que talvez pudesse crer
No quanto se desdenha o próprio ser
Na estátua erroneamente e em vão erguida.
A lucidez se entorna em cada estrela
E quando me preparo para sê-la
Escondo-me deveras deste brilho
E teimo em desvendar qualquer promessa,
Bem antes que esta insânia recomeça
Tropeço em minhas pernas e me humilho.
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24841
Eu bebo a tempestade num momento
E dela faço o mote preferido
Enquanto se acender fogo e libido
Nas ânsias do desejo me atormento,
Vivendo a cada dia novo alento
Mergulho neste espaço e decidido
Encontro o que pensara já perdido,
O gozo da alegria; sentimento.
Feliz quem tanto sabe o que mais quer,
Nos olhos delicados da mulher
O brilho extasiante se traduz
Na fúria de uma insânia consumida
E dela vejo enfim a minha vida
Repleta de esperança, medo e luz.
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24840
Encontro no vazio o meu assento
E teimo entre as estrelas multicores
Sabendo que por onde queres, fores
Também irá contigo o pensamento,
E quando solitário, eu me atormento,
Vivendo os mais antigos dissabores,
Amargas ilusões matando flores
Deveras no final, eu me arrebento,
E ausente da esperança que vigora,
Não sei por que talvez ao ir embora
A sorte se refaça e deixe a luz
Entrar pela janela do teu quarto,
Dos sonhos e delírios se me aparto
Apenas a mortalha me conduz.
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24839
A noite vai passando-se esquecida
Em meio às tempestades, temporais
E dele noutra senda transtornais
Vereda há muito tempo destruída.
Enquanto a nossa história se decida
Nas ânsias em tormentos, vislumbrais
Momentos entre lutas, divinais,
E deles talvez dor inda regrida.
E vós ouvindo ao longe o meu apelo,
E dele uma vontade de revê-lo;
Caminho feito em luzes do passado,
Descrevo o que deveras já não vedes
A sombra dos receios nas paredes
Demonstram o futuro degradado.
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24838
A cada novo tombo, outra ferida
E dela não aprendo quase nada
A história se repete e desagrada
Quem tanto procurara uma saída
E vê o renascer da despedida
Enquanto outra esperança desfraldada
Traduz a podridão que assim degrada
Deixando à própria sorte, dividida
Seara onde talvez pudesse ter
Além do desvario do prazer
Um dia abençoado em nova esfera.
Mas sei que este vazio se recria
E deixa como rastro uma agonia,
Que aos poucos nova dor abriga e gera.
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24837
Expondo a minha carne em sofrimento
Enternecidas noites não virão,
E quando vejo as chuvas de verão
É delas que ainda creio num alento,
Por mais que se mostrasse em vão tormento
O tempo aonde as horas mostrarão
Que tudo se fizera simples grão
Aonde em solo agreste ainda assento
Sabendo que cevar inutilmente
Colheita tão pequena se pressente
Ou mesmo a solidão da terra nua.
Assisto; um camponês sem esperança
Que à própria insensatez ora se lança,
À história que sem nexo continua.
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24836
Vasculho estes resíduos na gaveta
E vejo este retrato, inútil cardo,
E tendo ainda vivo o velho fardo
Lembrança ressurgida; um vão cometa
Pegando ferozmente esta caneta
Quem dera se pudesse ser um bardo
Teria em minhas mãos, adaga e dardo
Por mais que este vazio se arremeta,
A sorte desvendada em novo rumo,
Trazendo os meus engodos que ora assumo
Revivo dissabor que ainda ensina
Decerto tal desvelo eu sei, mereço,
Justificando assim cada tropeço
Bem mais do que pensara em sorte ou sina.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24835
Castelo de ilusões, ruindo cedo
Não deixa qualquer sombra sobre a Terra
E quando a fantasia assim se encerra
Condeno-me ao vazio do degredo
Sabendo da emoção que ora concedo,
Aonde uma esperança se descerra
O medo de seguir, a vida emperra
E tudo se desvenda em vão segredo,
Encerro o meu caminho e já cansado,
Descrente do que fora um manso prado
Vislumbro apenas seca ou aridez,
Semeio contra toda expectativa
Por mais que a crença estúpida inda viva
Meu mundo à própria sorte se desfez.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24834
Escombros espalhados nas calçadas
Demonstram os fantasmas do que fomos,
Apenas do total, os meros gomos
Demonstram esperanças desgraçadas.
As hordas dos meus sonhos, estagnadas
Explodem no vazio que hoje somos
Erráticos cometas, falsos cromos,
Ostentam as mentiras mal traçadas.
Estranhamente estamos sem saída
O quanto se percebe e se duvida
Explode num perpétuo e vago nada
Assisto à derrocada desta insana
História que deveras quando engana
Prepara na ilusão, a barricada.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24833
Expresso em cada verso o que hoje sinto
Diverso do que um dia imaginara
Mergulho neste mar e na água clara
Descrevo a maravilha em puro instinto.
Nas ânsias desta insânia ora me tinto
E vejo o que talvez a alma pensara
Durante os devaneios. Já me ampara
A luz das ilusões, medo desminto.
Pereceram errôneos caminhares
Mas quando perceberes e notares
Altares do que fomos soerguidos
Das sombras dos temores, tu virás
Trazendo finalmente a mão audaz
Em sonhos previamente concebidos.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24832
Vulcão que fora intenso, agora extinto,
Não deixa que se pense em novo amor,
Percebo neste intenso decompor
As cores pelas quais já não me pinto,
Vencer as ilusões, ora pressinto
Talvez não haja um rito redentor,
Pudesse ter ao menos o calor,
Mas sigo sem pensar, vontade e instinto.
E quando a luz do sol já se apagando
O teto dos meus sonhos desabando,
À beira do terrível precipício,
Prenunciando o fim da nossa história
A sorte se mostrando merencória
Retorno ao meu passado desde o início.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24831
Estreitos os caminhos que persigo
Pedaços espalhados, ilusão
O tempo diz das horas que trarão
A cada amanhecer o joio e o trigo,
Viver a expectativa de um abrigo
Mostrando a mais completa divisão
Aonde poderia em diversão
Saber do que deveras não abrigo.
E sinto a me perder vela e pavio
E quando noutro senso eu fantasio
Estampidos diversos bomba e fogo,
Acendo esta esperança benfazeja,
Porém minha alma além do que deseja
Há tanto desconhece o fim do jogo.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24830
Não tendo mais sequer algum amigo
De que me valeria ter um sonho?
Ao menos cada passo aonde eu ponho
A sorte, na verdade diz perigo,
E tudo o que deveras já consigo
Traduz este momento em que medonho
Transcrevo a poesia que componho
Vivendo sem saber se ainda ligo.
Perpetuando a dor em vã espera
Olhar da fantasia, em luz tão fera
Esquiva-se do atento caminheiro,
E sabe muito bem fingir discórdia
Atento ao desmembrar de tal mixórdia
Das sendas mais escusas, já me esgueiro.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24829
As noites são vazias, ocas, nuas
E trazem aos olhares treva e medo
E a cada passo ainda em vão concedo
A sorte pela qual ao léu atuas,
Algozes de nós mesmos. Continuas
Vivendo do que fora noutro enredo
Além do que talvez não queira e cedo
Andando sem destino, tantas ruas.
Acendo outro cigarro e bebo mais
Encontro da esperança, os seus portais
E adentro sem saber se existe fim.
Mas quando te percebo noutra rota
A vida que sonhara se desbota
Matando o que restara dentro em mim.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24828
As facas entranhando, duras, cruas
Expondo a derme, os músculos e os ossos
Apenas do que fomos, vis destroços
E bebes das imagens que cultuas
Andando sem destino nestas ruas
Os pingos do passado, frios, grossos
E os erros cometidos, teus e nossos
Mesquinhas ilusões, e continuas.
Arquétipo do sonho, que ao revê-lo
Percebo no final um pesadelo
Sem justificativa que inda possa
Trazer à própria vida a funda fossa
Aonde se imiscui senso e loucura
Aonde a sorte insana a luz procura.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24827
As crias do meu sonho em desabrigo
Somente reproduzem dor e pranto
E quando se mostrasse em desencanto
O verso que cultuo; inda persigo
Vagando sem saber se algum perigo
Impeça o que talvez audaz eu canto,
Mergulho nas insânias; entretanto
Durante a noite vaga inda prossigo.
Senzalas do passado, tais algemas
Além do que em verdade não mais temas
Adentram minha casa e em tal sevícia
A morte talvez surja como escape
Na mão da fantasia este tacape
Exposto com temor, cruel malícia.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24826
Um resto perambula e não consigo
Trazer à vida a escória que inda sou,
E tudo o que deveras se mostrou
Completo desalento e desabrigo.
Ainda poderia, algum amigo
Mas nada do que fomos, pois restou
Atravessando a vida, quero e vou
Buscar após a curva o joio e o trigo
Arfante caminheiro vendo o fim
Da estrada pela qual entendo e vim
Vagando sem saber se tem saída
O beco que ora entranho em retrocesso
No passo descabido que não meço
Retrata o que sobrara de uma vida.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24825
Saber de outras galáxias, astros, luas
Percorrendo este etérea maravilha
Da fantasia intensa enquanto trilha
Acima das estrelas, belas, nuas,
E quando junto a mim também flutuas
Perceba quanto a vida já nos brilha
E toda sorte impede uma armadilha
Além desta esperança que inda atuas;
Desarvorada mente não mergulha
E sente a frialdade de uma agulha
Exposta em cada passo que quiser.
Ascendo ao infinito em cada verso
E sei no quão soberbo este universo
E um canto se perdendo assim, qualquer.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24824
Na negritude plena me perdendo
Noturna fantasia não sacia
E mostra renovada alegoria
O quadro sem retoques devolvendo
À dura realidade sem adendo
O tanto que deveras merecia
Quem ama e na verdade ainda adia
O sonho em suas mãos esmorecendo.
Escuta a própria voz e não percebes
Que ainda vão distantes velhas sebes
Por onde o caminheiro ouvira os hinos
Da Terra em agonia, seu lamento
E quando novamente te atormento
Nublando estes momentos cristalinos.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24823
O frio dentro da alma corroendo
Traçando esta acidez que nos deforma
O amor jamais conhece lei ou norma
E sabe que o prazer é dividendo,
Olhando para trás já não desvendo
Sequer o que a ilusão ainda informa
Moldando no pressente esta reforma
Tramando o que deveras não atendo.
Assiduamente busco uma saída
No etéreo labirinto feito em vida
A cada novo dia, um outro enigma
Proposto pela esfinge da emoção
Sabendo das angústias que virão,
Marcado em ferro e fogo, vão estigma.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24822
Esparsos os meus passos sem pegadas
Adentro os túneis vários da ilusão
E sei que novos tempos mudarão
As sinas e os desvios das estradas,
As horas que procuro; malfadadas
Entranham esperança e confusão
E sei que tantas mágoas mostrarão
Ferrenhas emoções abandonadas.
Escrava do talvez uma alma espera
Aquém da força intensa da quimera
Exposta em noite estúpida ou sombria
As cores da raríssima alvorada,
Sabendo que afinal não terá nada
Tampouco o sol que ainda fantasia.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24821
As horas vão passando, simplesmente
E delas nem notícias no futuro
No quanto imaginário me procuro
O todo que conheço, volta e mente.
Por mais que tanta dor inda atormente
E mostre a cada passo um vão escuro
Exploro os descaminhos e perduro
Momento talvez tosco ou envolvente.
Uma alma se embeleza em mansidão,
Porém outros caminhos mostrarão
O fim inevitável desta história
Enquanto reluzindo em lua calma
Percebo que talvez uma torpe alma
Expresse esta verdade merencória.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24820
E o vento da ilusão, tão envolvente
Tomando a nossa vida num instante
Aonde se pudera deslumbrante
Verdade se aproxima e me desmente,
Felicidade inda estando ausente
O vento do passado, delirante
Impede que prossiga e siga avante
Da sorte e do porvir sigo descrente.
Amar e ter nas mãos o meu destino,
E enquanto neste intento eu me alucino
O barco se perdendo em vil deserto,
Manter um cais seguro é o que me importa,
Mas quando vejo assim, distante a porta
Do fim das ilusões, já nos alerto.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24819
O outono que recebo como herança
Adentrando este inverno inevitável,
O quando desejara mais amável
Não resta nem sequer mera lembrança,
Olhar que no horizonte em vão descansa
Prenunciando o gozo interminável,
Apenas um delírio descartável
Procela se resume em água mansa.
Senhoras da alegria e da tristeza,
As horas enfeitando a pobre mesa
Augúrios passageiros, maus presságios
Dos juros, dividendos; os deságios
Não causam mais sequer uma surpresa
Apenas me preparam os naufrágios.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24818
Do quanto me envolvi numa esperança
Encontro os meus fantasmas e os devoro,
O quanto neste intento me demoro
Permite o renascer de uma lembrança
A vida sem temores quando alcança
A paz na qual decerto eu me decoro
Na límpida expressão de sol e cloro
O mundo meu propõe uma aliança.
Vencer os meus antigos preconceitos
Embalde enquanto medos são desfeitos
Luzindo estrela guia ao fim da tarde
Moldando nova noite em festa e riso,
“Palhaço da ilusão” quero e preciso
Da luz que o fim da vida inda retarde.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
24817
De estrelas reluzindo em madrugadas
O céu se emoldurando traz à espera
O bote audacioso da pantera
Em meio às fantasias desfraldadas
Esperanças no cerne destroçadas
Negando desde sempre a primavera
Na fúria intempestiva da quimera
Histórias muitas vezes mal contadas.
E tudo não passando de ilusão
Que bebo, mas os dias mostrarão
Que tudo sendo em vão, nada haveria
Sequer uma alegria ou mesmo a luz,
Estúpida fornalha que seduz
Enquanto gera medos e agonia.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24952
Monástica ilusão por vezes sonda,
O coração audaz de um cavaleiro
Que tanto se entregou e segue inteiro
Enquanto a fantasia ao longe ronda
Mergulho esta emoção aonde estronda
Uma explosão num tempo corriqueiro
E quando o verso mostra o derradeiro
Caminho se procura em mares a onda
Que possa permitir outra viagem
Enfrento estas serpentes e dragões
E quando a realidade enfim expões
Por mais que as fantasias nos ultrajem
Permanecendo em paz, nada a fazer
Senão beber o sol no amanhecer.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24951
Quantas vezes sofremos sem saber
Que a solução existe em cada caso
Aonde se trouxesse algum ocaso
Percebo no final o amanhecer,
E a cada novo anseio perceber
Que tudo nesta vida tem seu prazo
E mesmo quando iludo-me ou atraso
Encontro uma razão para viver.
Espero que talvez já não me deixes
E mesmo que sozinha ainda queixes
Conceba com sorrisos outra senda,
E quando a poesia te tocar
Entranhe-se nas tramas do luar
Permita que a emoção, sonhos atenda.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24950
Trazendo no seu bojo um abandono
Caminhando entre trevas e procelas
Enquanto novo mundo me revelas
Ainda me perdendo em medo e sono,
Por quanto muitas vezes eu me abono
Nas ondas e delírios, rumos, selas
E deixo para trás carrascos, celas
E deles outro tempo crio ou clono.
Vagando pelas noites; indefeso
Ainda quero crer no que não vejo,
E quando me sentira por ti preso
Talvez a liberdade mais distante
Permita que se tenha algum lampejo
Tornando o nosso dia radiante.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24949
A noite traz anseios e delírios
Envolta em brumas fartas e neblinas
Aonde se pensaram cristalinas
Imagens traduzindo-se em martírios.
Esqueço os meus anseios e mergulho
Nos braços desta lua enamorada
Depois ao perceber da madrugada
Apenas a ansiedade diz entulho
Invés de girassóis; coruja encampo
E cada rastro leva aos vãos mistérios
E quando me entranhando em seus critérios
Vislumbro constelar o pirilampo
E dele à noite inteira se irradia
Trazendo ensandecida esta magia.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24948
Bebera tanto pranto por quem dera
Soubesse desvendar cada querer
E desta cena engloba-se o poder
Que agora se traduz por medo e fera
E tudo se transforma após tal era
Aonde a poesia pode ver
Além do que deveras posso crer
Gerando e renascendo em primavera.
Astúcias entre botes, serpes, fúrias
E quando se mostrara em tais incúrias
As ânsias não cabiam mais em mim,
Versando sobre temas tão diversos
Encontro a solução em vãos imersos
Adentro este vazio de onde vim.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24947
“Das glórias decaído”um anjo atroz
Derrama sobre a Terra o seu fascínio
E dele com certeza grã domínio
E a cada vez mais alto sua voz
As trevas inundando todos nós
Promessa de um terrível extermínio
Extinta uma esperança, vaticínio
No qual não escapamos deste algoz,
E assim na fúria imensa a Natureza
Embalde encara a turva correnteza
Torrentes que ao final destruição
Explodem pelas mãos da humanidade
E quanto mais audaz, o monstro brade,
No humano ser maior satisfação.
CITAÇÃO DE ÁLVARES DE AZEVEDO.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24946
Numa ácida tormenta vida afora
As trevas e os temores guiam passos
E quando me percebo sem espaços
A fúria inevitável já se aflora
E toda a fantasia vai embora
Deixando os meus momentos bem mais lassos
E quando ao prosseguir não deixa traços
Vazio pouco a pouco já se ancora
E torna a nossa vida mais doída
E sendo sem porteira esta saída
As asas que libertam nãos as tenho;
E deixo-me levar por falsos mitos,
E quando se imaginam infinitos
Não deixam nem a sombra como empenho.
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24945
Horripilantes noites solitárias
Acendo as lamparinas vejo o nada
E dele cada parte decifrada
Esconde as ilusões velhas corsárias,
E os andarilhos sonhos, forças várias
E nelas a promessa da alvorada
Ao dar neste sentido uma guinada
Descrevo sem sentir a velha senda
E quando a poesia isto desvenda
Estorvos do passado são comigo
E bebo da emoção quando me entrego,
Vagando pelas ruas quase cego,
Não vejo a cada curva outro perigo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24944
Por tantas ilusões, cólera trago
E dela me sacio com pavor,
Andejo coração se fez amor
E dele nem sequer algum afago,
O tempo sendo atroz, verdugo e mago
Na alquímica loucura o meu louvor
Embalde tantas vezes bebo a dor,
E cada vez maior o velho trago,
Inebriante luz já não conforta
Quem tanto se escondeu atrás da porta
E sabe das porteiras mais atrozes,
Por mais que se pudesse crer no fato
Do qual e pelo qual já me maltrato
O dia se faria em novas vozes.
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24943
Aonde se pudesse em Majestade
Vencer os meus anseios e vergonhas
Ao mesmo tempo em que decerto sonhas
O frio desta noite ainda invade
Tomando o coração esquece a grade
E beija esperanças mais bisonhas,
E quando noutras sendas tu te enfronhas
Inútil por mais forte que inda brade,
Vestígios do que fomos se espalhando
E tudo se demonstra desde quando
Audaz eu percebi o fim da linha.
Não posso mais seguir em dura estrada
Que sei vai terminar no mesmo nada
Enquanto a morte chega e se avizinha.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24942
Um hediondo espectro vaga à toa
E tresloucado ator se mostra assim
Num mote costumeiro e até chinfrim
A vida que pensara outrora boa
Ainda mais distante não ressoa
E molda cada abrolho em meu jardim,
Chegando mansamente vejo o fim
E dele me aproximo enquanto voa
Uma alma que jamais soube descanso
E quando no não ser ainda lanço
A minha expectativa mais completa,
A sorte se entorpece e me maltrata
Vencer a solidão da imensa mata,
Na fúria que devasta, a predileta.
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24941
Sarcástica gargalha a fera insana
Que tanto poderia\estar em paz,
Mascaro com meu passo mais audaz
O quanto a poesia ainda engana
O velho caminheiro ora se ufana
Do tempo que vivera mais capaz
E quando quase nada satisfaz
A morte se aproxima e nos profana.
Arestas apontada, vida segue
E quando a realidade tudo negue
Herege aventureiro busca o cais,
E tudo que não tenho ainda busco
E quando me percebo em lusco fusco
Os dias que vagara são iguais.
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24940
Se lúcido pudesse estar emerso
Ascendo ao nada ser e tudo bem,
Enquanto as tempestades inda vêm
Não deixo meu caminho mais disperso
E vivo etereamente este universo
Na busca insuperável por ninguém
E quando este estopim ainda tem
Poder de destruir, fogo diverso
Eu queimo-me nas ânsias mais ferozes
Ouvindo do passado estranhas vozes
Angustiosamente a vida traz
Ferrenhas ilusões nas quais me embrenho
E tendo em solidão maior empenho
Aonde poderia crer na paz?
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24939
Um Sátiro encontra uma resposta
Nas ancas e nas ânsias da morena
Enquanto com sorrisos ela acena
A boca sobre os seios, sendo posta
Encontro novamente em cada aposta
O jogo que deveras trama a pena
E aonde a sorte engana e mesmo plena
Esconde desde sempre o que se gosta.
E quando me percebo sem saída
Adentro as ilusões da torpe vida
À qual ao me entregar já me perdi,
Vivendo este dilema, ser/não ser
Um desencontro feito em desprazer
Trazendo imenso inferno para aqui.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24938
Desertos que cultivo dentro em mim
Vagando sem destino, um beduíno
Ao mesmo tempo tento e não domino
Viver a fantasia até o fim,
E quando me disfarço sigo assim
Vencido pelos ermos, desatino
E tudo o que pudera determino,
Meu canto sem Oásis e Aladim,
Das tramas entre tendas e camelos
Ainda sobre a areia posso vê-los
E dessedento a sorte em cada sonho,
Haréns entre sultões e ventos fortes,
Só quero o teu amor, e me confortes
Nesta miragem rara que componho.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24937
Apenas quero a morte como abono
Depois das bancarrotas desta vida
E quando me percebo sem saída
Apenas no vazio me abandono,
E tanto quanto pude, inda ressono
Vagando pelas trevas, tal ermida
Por mais que se transforme, distraída
Ao mesmo tempo é luz, terror e sono.
Um andrajoso ser em plena rua
A história do passado continua
E nela e mesmo dela, meu prefácio.
Sem ter sequer quem possa me trazer
O amor que sempre quis e não vou ter,
Nem mesmo se deveras, inda enlace-o.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24936
No florescer sutil destas verbenas
Percebo a maravilha multicor
Do quanto é necessário se propor
Um tempo feito em belas, doces cenas,
E quando em novo tempo concatenas
Momentos de alegria e de louvor,
Fazendo desta história em pleno amor
Deveras enfrentando medos, penas.
Assisto enquanto a vida dá seu bote
E vendo o desfilar de camarote
Almejo o foguetório ao fim da festa,
E tudo o que pensei se completando
No dia mavioso amável brando
Bebendo cada gota que inda resta.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24935
Irônicas permitem luz que trace-as
As hordas de fantoches, tantos párias
E quando acendo em mim as luminárias
Já posso permiti-me às vãs falácias.
Descrevem ilusões, cruéis audácias
E nelas as palavras temerárias
Enquanto se moldando em cores várias
Diversos os matizes das acácias
Florindo no jardim de uma esperança
Aonde a sorte imensa já se lança
Fazendo da fortuna sua meta,
E quanto mais feroz o dia vem
Preciso neste instante de outro alguém
Porém a vida algoz, verdugo veta.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24934
Num quadro tão sarcástico de outono
Às vésperas do inverno terminal
Aonde poderia ter a nau
Momento de ternura e de abandono,
Se toda a poesia diz do sono
Incrível que se mostre no outonal
Caminho para o término fatal
Da vida que talvez tivesse o dono
Ainda neste encanto perecível
Eu teimo contra a luz e sendo crível
O gosto do passado inda atormenta,
Nas mãos trazendo a adaga, a faca e a foice,
O amor que tanto quis há muito foi-se
Na fúria desta dor tão violenta.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24933
Sentindo o frio intenso não consigo
Sequer já perceber algum alento,
E sinto bem mais perto o sofrimento
Que tanto desencanta em desabrigo,
Vencer a cada tempo o seu perigo,
E ter no olhar exposto ao forte vento
Fazendo da esperança meu intento
Se eu tento, muitas vezes mal persigo
A sombra dos meus passos pela casa,
E quando a solidão, tomando abrasa
Defaso-me dos dias e dos sonhos,
Anseio a liberdade que não veio,
E o tempo se transforma em vil receio
Promessa de outros tempos mais medonhos.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24932
A dor que se faz plena não se acalma
E tido como um tolo muitas vezes
Percorro a mesma estrada há tantos meses
E a vida ainda pede alguma calma,
E sendo que a verdade dita o trauma,
Vergastas pacificam estas reses
Espreito os meus momentos descorteses
Livrando deste inverno duro uma alma
À qual já se fez tanto ou nada e cismo
A cada novo dia um cataclismo
Abismos que enfrentara desde o início
E sendo assim deveras sonhador,
Somente tenho agora a me propor
As teias deste enorme precipício.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24931
E mostra, tão solene o duro inferno
A voz que não permite ser ouvida
Por todo o meu viver e após a vida
Espero ter momento alegre e terno
Deixando esmorecer o frio inverno
Aonde se permita que decida
A senda muitas vezes extraída
Da fúria deste encanto em que me interno,
E sendo assim um pródigo caminho
Vestindo de ilusão, tanto sozinho
Não posso me entregar completamente.
E quando surpreendido em treva e fogo,
Descarto a minha sorte neste jogo
E a vida novamente não desmente.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24930
Adentro nos bueiros vou ao nada,
Retorno ao habitat de onde surgira
Expondo em tal nudez, incêndio e pira
A porta há tanto tempo destravada
Espero novamente uma guinada,
Por mais que noutro canto a voz atira
A sorte desmembrando ainda fira
O velho caminheiro, na alvorada.
Assisto ao funeral de uma esperança
E quando à morte a sanha já se lança
Arquétipos de sonhos são inúteis,
Assim meus versos morrem junto a mim,
Nesta aridez imensa, o meu jardim
Entranha-se de luzes foscas, fúteis.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24929
Escarro palavrões e em derrocada
Escondo a minha adaga e o canivete
Por mais que ainda fosse algum grumete
Decifro esta borrasca inusitada
E sei que do final não tendo nada
O gosto se mistura e alma repete
A mesma ladainha que arremete
Ao tosco caminhar sem alvorada.
Nefastas e hediondas caricatas
Enquanto sem pudor tu me maltratas
Exalas o perfume putrefeito
E sendo assim talvez já não consiga
Sequer uma esperança torpe e antiga
Vivendo simplesmente deste jeito.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24927 e 24928
O rei que nunca veio foi deposto
Durante as tempestades golpe insano
E quando se fizesse sem engano
O quadro consumado assim exposto
E tudo que talvez houvesse posto
Não deixa qualquer dúvida e, profano
Aquele que já fora soberano
Agora perambula, vento em rosto.
Atravessando ruas e favelas,
Assim nosso destino também selas
Entranhas em meu corpo qual Mefisto,
E tudo o que talvez ainda queira
Não deixa nova senda, a derradeira
E após a tempestade enfim, desisto.
Contraio cada músculo do rosto
E tento preservar a minha história
Entrego ao Meu Senhor cada vitória
E sei que depois dela algum desgosto,
Vivendo sem temores sigo exposto
À sorte que produz relento e escória
Apenas não suporto mais vanglória
A vida se permite ao vão encosto.
Residualmente colho o dissabor
Aonde se fizesse algum louvor
Esboço no final a reação
Sabendo que antagônicos caminhos
Farão dos caminheiros, que sozinhos
Já sabem que jamais retornarão.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24926
Pelo terrível nada, agora eterno
Durante tantos anos naufraguei
Os sonhos em distante e fria grei
Mantendo para sempre o duro inverno,
O barco da ilusão que agora aderno
Permite se falar do que não sei,
E quando novo rumo eu entranhei
Espero a cada curva em rumo externo
Saída para as tantas desventuras
E nela com certeza novas curas
Deixando tais torturas para trás,
Assino a minha carta de alforria
E quando a realidade se desvia,
O gozo se mostrara mais mordaz.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24925
O bem de uma esperança que eu hiberno
Escreve os dissabores linha a linha,
E todo o coração se desalinha
Criando a cada dia novo inferno
E ainda que já fora outrora terno
O mundo pouco a pouco se definha
E toda esta vontade se avizinha
Do quanto outrora quis sincero eterno.
Espúrias as estradas onde sigo
O tendo tão somente o desabrigo
Não vejo uma estalagem que inda possa
Acolher os meus terríveis pesadelos,
E quando tento embalde removê-los
A vida sem perdão, inda faz troça.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24924
Aos poucos se perdeu mais indisposto
Acaso se entregando em lua cheia
A sorte muitas vezes me incendeia,
Mas logo me percebo assim exposto
Aos tantos temporais, frio e desgosto
Minha alma sem sentido assim vadeia
E teima contra a sorte, mesmo alheia
Aos medos que transbordam no meu rosto.
Descrevo os meus momentos, vida e tédio,
Não tendo mais sequer luz ou remédio,
Agouros encarando a cada tempo,
Não posso permitir outra viagem,
Apenas rememoro esta paisagem
E nela vislumbrando contratempo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24923
No frio tão intenso deste agosto
Um invernal caminho se prepara
E tudo na verdade desampara
Causando ao caminheiro tal desgosto
E quando muitas vezes interposto
Percebo a fantasia néscia e rara
Da qual se percebendo quão amara
A vida pela qual se paga imposto
Escravo da ilusão, velho agiota
A morte se tornando o rumo e a rota
A cada dia mostra o seu final,
Ainda perecendo pouco a pouco,
Estúpido fantasma frágil, louco,
Aonde levará cada degrau?
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24922
Aonde se pensara em harpa e lira
Apenas as montanhas dos descartes
Encontro meus pedaços, tantas partes
Enquanto este cantor teima e delira
Por onde se percebe cada tira
Os dentes entranhados; sonego artes
E beijo dos anseios, dos enfartes
E esgoto minha força em luz e pira.
Excluo dos meus sonhos adereços
E deixo para trás os endereços
Apesar do futuro ser inglório.
O tempo se mostrara um inimigo,
Mas mesmo contra a sorte em vão prossigo,
Sabendo do final, tão merencório.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24921
Nos parques, bosques sendas e veredas
Astuciosamente se percebe
O quão em fantasia se fez sebe
Por mais que noutras tantas enveredas,
Decrépito fantasma; não concedas
Aos sonhos desta ingênua e torpe plebe
Além do que alegria onde se embebe
Das rotas chitas pensa em finas sedas.
E assim caminha ao léu a velha corja
Enquanto a realidade já se forja
Com unhas, dentes, saltos, botes, fera.
E tendo esta impressão de ter no olhar
Além do que pudera imaginar,
Ainda a redenção, caterva espera.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24920
Em paradoxo vejo todo o inferno
Na boca que ora beijo e me despreza
A sorte se trazendo em fogo e fresa
Espanta desde sempre um vento terno
E quando se quisesse quase eterno
O sonho na verdade diz fraqueza
E tudo o que deveras mais se preza
Compraz com a tortura, e nisso interno
Os sentimentos vários em conflitos
E todos os caminhos são aflitos
A quem não se permite sonho e trama
Aquém da maravilha de uma vida
O tempo destroçado, esta saída
Já não existe mais, restando o drama.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24919
Naufrágios que carrego no meu peito,
Dizendo do talvez que jamais pude,
Aonde se pensara em juventude
O sonho se destrói e está desfeito,
O quanto não pudera satisfeito
Trazer ao meu viver outra atitude
Por mais que embalde tente ou mesmo mude
O resto do caminho em outro leito
Prepara a foz diversa deste rio
E sei que quando outrora quis e vi-o
Deitando sob o sol de um bom verão,
Naufrago o meu olhar na imensidão
E quanto mais estrelas me trarão
Somente e sem certeza um desafio.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24918
Sem ilhas, sem suporte ou direção
Vasculho este oceano e nele vejo
Aquém do que deveras foi desejo
O medo de naufrágio e solidão.
Assisto da verdade o velho não
E nele o que talvez já não prevejo
O fim de um sonho audaz que num lampejo
Causou dentro de nós a podridão.
Ascende-se à loucura enquanto teimo
Nas ânsias desta frágua já me queimo
E deixo para trás qualquer sinal
Que possa te trazer ao meu encalço
Andando pela vida, em fundo falso
Vendendo a fantasia colossal.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24917
Aguardo em minha morte, a redenção
Descrevo este vazio feito em vida
Que a própria ingratidão adormecida
Expõe vicissitudes que virão
Trazer ao fim do dia este porão
Que trama a sorte há tanto apodrecida
Uma alma sem porquês e desvalida
Encontra no seu fim a solução.
Fumando outro cigarro, tomo um trago,
E quando a solidão, amiga, afago,
A minha companheira mais fiel,
Eu sei que talvez seja meu problema,
Mas não suporto mais qualquer algema
E rasgo da esperança, último véu.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24916
E sigo dia-a-dia desse jeito
Sem nexo, sexo, paz ou mesmo glória
Não creio ser possível nova história
Porquanto em solo escuso ora me deito.
E todo o amanhecer sendo desfeito
Restando ao sonhador, escombro e escória
Não posso renovar-me na vanglória
Tampouco da alegria fazer pleito,
Uma asquerosa imagem refletida
No espelho traduzindo o que foi vida
E agora perambula pelas ruas
Enquanto ao longe passas e nem notas
Figura que venturas más, derrotas
Expõe faces medonhas, ora nuas.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24915
Escombro morto-vivo sem destino,
Adentro as madrugadas e me insiro
Bebendo da ilusão gatilho e tiro,
Do pouco que me resta, eu alucino.
Às forças mais audazes eu me inclino
E mesmo quando a luz; em paz, desfiro
A cada amanhecer bem mais me expiro
Até que no final extingue o tino.
E desça ao mais profano dos infernos,
Aonde se quisesse bens eternos
Mesquinhas emoções de um traste, um pária.
Nas súcias e catervas, minhas hordas,
E quando em mansidão ainda abordas
Irônica pantera temerária...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24914
E sangro em cada poro, me esvaindo
Devoro os meus fantasmas e me exponho
Desnudo como fosse mais bisonho
O que pensara outrora ser infindo,
Indefinível cena progredindo
Tornando o que era estúpido em medonho,
E sendo o mesmo vão quero e reponho
O tempo indescritível destruindo
Altares que criara pela vida
E a morte se aproxima e não duvida
Avança sobre os restos desta cena.
Exposto feito pálida figura
Aonde se tentasse luz e cura
Apenas o não ser inda serena.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24913
Definho enquanto o dia se aproxima
E traz manás e néctares. Falsário
Apenas um diverso e vão corsário
Que pela intensidade já se prima,
Pudesse noutro senso em alta estima
Tramar outro momento ou estuário
O gosto se mostrando às vezes vário
A cruz eu não suporto. Um paradigma.
E creio ser possível liberdade
Aonde o medo às vezes toma e invade
Deixando estes escombros mais falazes.
Serenas quando encantas com a voz
De quem se preparou mesmo que atroz
Por tanto que fizeste ou inda fazes.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24912
Até que chegue o sol, feroz, a pino.
Não posso descansar, a madrugada
Aonde a nossa sorte foi selada
Transporta vagamente e me fascino
Douraste com ternura, e alucino
A fonte há tanto tempo desprezada
Enquanto não seduz outra alvorada
A morte nos penhascos, já refino.
E quando se percebe tal domínio
Harmônico caminho diz fascínio
E dele na verdade me afastando
Esquivo-me da sorte mais audaz
E quando o rastro apenas vejo, traz
O fogo pertinaz embora brando.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24911
Não tenho nem mais força ou desatino,
Que possa permitir a caminhada
Cansado deste eterno e vago nada
Aonde se pudesse diamantino
Momento agora traça o seu destino
Vagando pela estrela destroçada
Esmero com denodo outra lufada
E o vento desde sempre descortino,
Ousando com palavras insensatas
Aonde na tortura me arrebatas
Chibatas e vergastas, lenitivos
Dos quais já não consigo me livrar
Bebendo esta emoção, ganhando o mar,
Os dias são deveras frios crivos.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24910
Nem mesmo da ilusão ora prescindo
Tampouco quero a luz em falso brilho
Se tudo o que encontrasse, empecilho
Não quero o que deveras se fez lindo
E quanto ao mar dos sonhos, tosco e infindo
Um velho navegante ou andarilho
Que sabe muito bem quando palmilho
Estrela tão esparsa reluzindo
Aonde se fizera qualquer trama
Por mais que a realidade em vão reclama
O sonho se tornou ancoradouro
Do arcaico e desdentado sonetista
E tudo o que viver já não assista
Sequer o que pensara ser tesouro.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24909
Não quero mais grilhões tampouco algemas
A voz sem ter limites solto agora
E toda esta emoção que sei se aflora
Diversa do que trazes e inda temas,
Mudando com a luz trazendo em temas
Palavras onde a fúria nos devora
Por mais que a fantasia aqui se ancora
Não vejo mais sequer velhos problemas
Extraio do vazio a luz sombria
E dela refazendo a poesia
Escondo as ambrosias e os manás,
Assisto á derrocada da emoção
E nela os meus segredos mostrarão
O quanto mesmo pouco satisfaz.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24908
Das lendas do Amazonas, a do boto
Parece que inebria quem deseja
Além de uma aventura mais sobeja
O tempo se demonstra e assim remoto
Percebo que deveras novo broto
Se faz de forma audaz e a sertaneja
Desnuda bebe a luz que ainda almeja
E todo este prazer ora denoto
Vibrando com loucuras, seus anseios,
Passeiam doces mãos pelos seus seios
E adentram maravilhas, belas grutas,
Ascende ao paraíso neste instante
E toma deste encanto inebriante,
Explodem ilusões belas e astutas.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24902 qté 24907
24902
Perdão por te amar tanto, aqui te peço
E faço deste verso luz e chama
Aonde uma esperança chega e clama,
Por mais que à própria sorte eu siga avesso.
Por te amar tanto do perdão eu necessito
E dele com certeza novo dia
Nesta alegria intensa que nos guia
O brado mais feliz, intenso grito
Gerando o que talvez pudesse ser
Um porto aonde a nau ancora e sabe
De toda a maravilha que lhe cabe
Vivendo com ternura ao bel prazer.
Por não poder conter mais o meu pranto
Vou repetir: perdão por te amar tanto.
24903
Virtudes entre cores tão diversas
A força da ilusão transfere a cor
E tudo num vazio a recompor
Vontades que deveras tu dispersas.
E quando sobre a vida ainda versas
No quase vejo o todo a se compor
Sem ter outro caminho aonde opor
Por vezes imagino vãs conversas
E delas absorvendo o inacessível
Encontro o que pensara ser incrível
A rota aonde possa ter o fim,
Vacâncias entre louros e derrotas
E quando ao fim da vida já rebrotas
As esperanças toscas vêm a mim.
24904
Não vejo uma inimiga assim tão fera
Enquanto percebera luz e vaga,
A sorte muitas vezes não afaga
Avinagrado dia nos tempera.
E quando se mostra tosca espera
A espreita do vazio mera draga
Permite o mesmo tom que ora embriaga
Palácio me transporta à tal tapera.
Eclodem vários pontos de partida
E deles não percebo se há saída
Audaz o passo segue em noite atroz.
Escusas se perdendo em pleno vento,
E mesmo que me mostre mais atento
Ninguém escutaria a minha voz.
24905
Horrendas caricatas faces toscas
Entregues ao jamais poderá ser
Não deixo de pensar e de viver
Por mais que o coração entregue às moscas.
E quando em noite fria tu me emboscas
Esgueiro-me deveras, passo a ver
Além de simplesmente o desprazer
As luzes emanadas sempre foscas,
Caminhos perfilados, quixotescos,
Os dias entre fogos gigantescos
Escondem sob as horas as virtudes
E delas mal percebes quão medonha
A treva pela qual inda componha
Por mais que ainda teimes ou ajudes.
24906
A liberdade emana estas delícias
Às quais ao me entregar em poesia
A sorte caprichosa desafia
E entrego-me ao sabor de tais sevícias
Por mais que talvez trames em carícias
O quadro se alterando dia a dia
Permite o velho ardor da fantasia
E traz das esperanças as notícias.
Pudesse ter ao menos libertário
Caminho que não fosse temerário
Seguindo sem pudores falsos, luz.
Arcando com enganos e pecados,
Os dias com certeza iluminados
Enquanto a realidade não seduz.
34907
A mãe dos dissabores e delírios
Trazendo nos seus braços, mansidão
Ao mesmo tempo os medos que virão
Tramando desde sempre estes martírios
Nos olhos o brilhar de toscos círios
E toda adversidade, imensidão
Esconde as armadilhas que farão
Canteiros embotados, cravos, lírios.
Descreve esta espiral, o tempo insano
E nele a cada passo mais me engano
Fazendo da ilusão, um mote a mais,
Pergunto se pudesse ter a sina
Deveras feita em benção cristalina
Que em vós, por muitas vezes derramais.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24901
“Muito além do jardim” existe o sonho
E nele a realidade se confunde
A luz que em plena treva assim se funde
Mudando a paisagem que componho,
Podendo ser bem vindo ou ser medonho
Caminho pelo qual quimera infunde
O gosto do prazer ou dor que inunde
Uma alma num cenário mais bisonho.
Atrevo-me a pensar em soluções
E nelas fantasias que me expões
Enquanto navegando a luz e o breu,
São tantas as vertentes, vida e morte,
Apavorante, às vezes nos conforte,
O abraço entorpecido de Morfeu.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24900
À chuva que despenca em noite vã
Eu faço uma oração e peço a paz
Que tantas vezes traz ou já desfaz
E vive a tempestade neste afã.
Promessa de algum sol noutra manhã
O vento muitas vezes pertinaz
Permite ao sonhador firme e tenaz
O mundo com nobreza em raro élan.
Pudesse ter noção do amanhecer
Anelado ao brilhante e claro sol
Tomando em farta luz todo o arrebol,
A vida não teria o escurecer
Que agora me invadindo não permite
O olhar que tem nas nuvens seu limite.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24899
Procuro em meu caminho, o velho amor
Que tanto se entregou e sonegara
A noite em luz intensa, fora clara
Agora em treva trama este pavor,
E não consigo mais reter a flor
Que a própria juventude em vão cevara
E quando mais preciso, desampara,
Negando por princípio o seu valor.
Arcaicas emoções de um velho triste,
A vida se afastando e ainda insiste
Bebendo a fonte amarga da emoção.
Vetustas fantasias entranhadas,
E as horas adentrando madrugadas,
E os raios, os meus olhos não verão.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24898
Aonde se pensara em ar gentil
Ocasos se espalhando negam sóis
E como fossem leves girassóis
As cores do passado em pleno abril,
Além do que a ilusão antes previu
As luzes invadindo os arrebóis
Percorro os arquipélagos, atóis
Mudança se vier, sinto sutil.
Acendo os meus pavios, estopins,
E tudo se transforma em duros fins
Alheio aos sofrimentos; vejo agora
Uma explosão satânica e medonha
Por onde a mesma história se reponha
No vasto que tampouco nos decora.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24890 até 24897
24890
Um deus que é tantas vezes tão medonho,
Arcaica fantasia em ar sombrio
Que ao mesmo tempo mato e até recrio
Enquanto em voz altiva recomponho
O rumo pelo qual ando tristonho
E bebo em temporal etéreo frio
No torvo amanhecer, um ar esguio
E o bêbado luar morre bisonho.
Astuciosamente a insensatez
Devora com terrível fome e gula,
Enquanto a morte chega e mesmo adula
Quem nela e só por ela se desfez
Assisto ao derrocar desta quimera
Na sôfrega ilusão que assim se esmera.
24891
Adentra o mar imenso feito em luz
O mesmo pensamento que movera
Enquanto uma esperança como a cera
Aos poucos se desmancha e isso me induz
Ao tempo aonde quis acreditar,
E sei que a poesia já se cala,
Minha alma de tua alma, uma vassala
Esboça a reação e morre ao mar.
Estrídulos diversos, ânsias loucas,
Erguendo falsos túmulos, a sorte
Sem ter sequer lugar que inda comporte
Sem dúvidas deveras me tresloucas
E trazes gargalhares que histriônicos
Transcendem em momentos desarmônicos.
24892
Jamais perceberia em quantos versos
Eu poderia ter felicidade,
E mesmo que mais alto, insano eu brade
Os dias entre dias tão diversos
Resumem o reflexo de universos
Aonde permitindo o que se invade
Gerando após o medo a tempestade
Em ventos mais profusos e dispersos.
Erguendo além do brilho do horizonte
O olhar que se permite ao que desponte
Num traiçoeiro gesto; em juventude.
Não cabe mais a sorte nem tampouco
O grito desumano ou mesmo rouco
Que a sanha desta vida, ainda mude.
24893
Retiro dos meus olhos, fúria e trava
E delas faço a ti raro jantar
Servindo de bandeja a fome e a clava
Adentro sem pensar o imenso mar,
Salgando a tempestade que nos lava
Escondo em minhas mãos raio e luar
Vulcânica expressão em fogo e lava
Tomando este cenário, devagar.
Ainda não consigo ver após
O que será enfim, então de nós
E atendo aos meus anseios mais vorazes.
Não quero adivinhar dia futuro
Se assim, ensandecido inda perduro
Procuro pelas ânsias que ora trazes.
24894
Nefasta imagem trago do passado
Antevendo afinal, o quão possível
Viver a fantasia, este desnível
Por vezes sem temores, livre brado,
E quando se demonstra este ansiado
Momento em que tornara bem mais crível
O mundo imaginário incorruptível
Infelizmente noutros desmembrado,
Ao perecer inútil fantasia
O quanto se tentara e se esvazia
Assola-me sem paz, a realidade.
E quanto mais procuro e nada vejo,
Audácia se mostrando em ar sobejo
Traduz ao fim de tudo esta ansiedade.
24895
Minha alma desfilando assim sozinha
Sem ter sequer a paz que necessita
A vida que desejo ora maldita
Traduz a solidão que se adivinha
Nas ânsias do viver, ela se aninha
Nos antros mais vorazes e palpita
Destroça qualquer sonho de pepita
E torna a minha senda mais daninha.
Esgarço em tempestade esta ilusão
E traço as desventuras que virão
Numa ânsia sem parâmetro e mergulho
Nas vagas deste insano temporal
E o riso que pensara triunfal
Traduz ora somente um torpe orgulho.
24896
Porquanto um caminheiro amargo e triste
Seguindo cada passo deste nada
A sorte muitas vezes destinada
A quem na caminhada já persiste
Demonstra este vazio que inda insiste
Tornando mais difícil minha estada
E o quase se transborda e desarmada
Uma alma tão ferida, enfim desiste.
Nefasta madrugada, noite fria
Aonde procurar a poesia
Se a vida assim sonega qualquer chance,
E mesmo que se entregue nada vindo
O quanto se deseja belo e infindo
Não tendo quase nada ao fim se lance.
24897
Ecoam dentro em mim vozes dispersas
Falando do que um dia quis em paz
E enquanto fosse à vida pertinaz
As horas em carinho e luz imersas,
Mas tudo não passara de conversas
E o canto se mostrando então mordaz
Herege paisagem que se faz
Diversa da que ainda em sonhos versas.
Escuto em tédio imenso a ladainha
Que aos poucos sem remédio se adivinha
E traz nos mesmos moldes, riso e pranto,
E tudo o que talvez ainda queira
Explode além da fúria costumeira
E indiferente a tudo, ainda canto.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24889
Um deus que é tantas vezes tão medonho,
Arcaica fantasia em ar sombrio
Que ao mesmo tempo mato e até recrio
Enquanto em voz altiva recomponho
O rumo pelo qual ando tristonho
E bebo em temporal etéreo frio
No torvo amanhecer, um ar esguio
E o bêbado luar morre bisonho.
Astuciosamente a insensatez
Devora com terrível fome e gula,
Enquanto a morte chega e mesmo adula
Quem nela e só por ela se desfez
Assisto ao derrocar desta quimera
Na sôfrega ilusão que assim se esmera.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24888
Nem mesmo da ilusão ainda tenho
Prazer em perceber qualquer fagulha,
E tanto do prazer já não se orgulha
Quem teve pela vida algum empenho,
Aromas mais diversos não contenho
E teimo contra o frio, encaro a agulha
E sem fazer tormento, sequer bulha
No quanto sem vigor eu fecho o cenho
Ao empunhar a glória, falsa espada
Aonde se pudesse iluminada
A tenda originária, fim e meio.
Atrelo-me aos vagões e descarrilo
O gozo perpetua vago estilo
E nele sem pensar eu me norteio.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24887
Minha alma de meu corpo vai saindo
E quando me procuro e não me atrevo
Aonde se pudesse ser longevo
A sorte procurada; eu não deslindo
O amor que se buscara quase infindo
O gosto do passado sorte e trevo
Percorro este vazio que ora cevo
E o tempo devagar vai progredindo
Num cíclico prazer de vida e morte
Sem ter sequer um porto que comporte
A eterna variedade em luzes feita.
Ascendo ao temporal e nele, serva,
Uma alma que daninha, expõe tal erva
Da qual se quis um dia, mais perfeita.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24886
E volto em redenção a ser menino
Após tantos momentos dor e tédio,
O amor que imaginara um bom remédio
Do qual e pelo qual me determino
Aonde se pensara dobra o sino
E a morte novamente em seu assédio
Destrói de uma esperança base e prédio,
E o tempo sem controle não domino.
Astuciosamente a vida passa
Entranha-me nos olhos a fumaça
E os carros me trazendo à realidade.
Aonde quis a paz de um tempo manso,
Contemporaneamente agora alcanço
Somente este senão que corta e invade.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24866 até 24885
24866
Não tendo nem saudade, o que vier
Trará alguma paz e dela vejo
Momento mais feliz ou benfazejo,
Albergando a esperança em novo affaire.
Elevo-me e percorro cordilheiras
Andinas ilusões, quedas imensas
Ainda irei manter as velhas crenças
E delas as palavras corriqueiras,
Antevisão de tempos mais ferozes
E deles preparando o meu final,
Aonde se quisera triunfal
Escuto do passado estranhas vozes,
E quando a realidade se agiganta
O grito; eu sinto preso na garganta.
24867
Já sabe distinguir alho e bugalho
Quem tanto procurara a luz mais terna
E sendo que em meu peito ainda inverna
A cada novo passo me atrapalho,
Mas tudo se repete e não reflete
Os erros mais comuns, medo e vingança
Aonde uma esperança em vão balança
Herança de outras eras pinta o sete,
Eclodem das crisálidas fantoches
Escusas criaturas que disformes,
Às vezes decompostas ou enormes
Permitem que dos passos tu deboches
E traces outra cena mais suave
Sem ter sequer a angústia que isto agrave.
24868
Impede que perceba claridade
À sombra inevitável da neblina
Herética figura que alucina
Enquanto o nunca ser ou ter invade.
Esqueço a poesia ou mesmo a prosa
E deito sob as névoas onde trazes
Olhares mais serenos ou mordazes,
E a sorte se mostrando caprichosa
Explana sobre o tema dor e vida
O quarto de dormir, abandonado,
À beira deste abismo o tosco Fado
Aonde minha história se decida,
Descanso o meu olhar sobre o vazio
Que mesmo espuriamente eu desafio.
24869
Rajando pelos céus, a tempestade
Que sei ser quase sempre tão cruel,
Assim ao desfiar meu carretel
Por mais que insanamente ainda brade
Não tendo outra saída que me aguarde
Escravo do passado, eu sinto o açoite
Por tanto que deveras não me acoite
Sabendo que esperança chegou tarde
Não vejo mais o brilho, nem desejo
Escracho caminhar de um tolo ator,
E mesmo que pudesse recompor
Estrada mais diversa em ar sobejo,
Vagando por estrelas o infinito
Expressa esta ilusão e em vão eu grito.
24870
Aonde não chegasse este rumor
Da torpe humanidade que se entranha
Por todos os caminhos, céu, montanha
E destruindo aos poucos, sem louvor
Destroça o que se fez com tanto amor,
E a vida que pensara, outrora ganha
Definha-se deveras noutra sanha
Contrariando ao Pai, o Criador.
Perdoe se meu verso não encanta;
A fúria deste ser se mostra tanta
E a ela não resiste eternidade
E enquanto a realidade nos degrade
Pudesse ter aqui em minhas mãos
O fruto da esperança em belos grãos.
24871
“Possa escutar dos anjos” os seus cantos
E ter a consciência de um futuro
No qual e pelo qual inda procuro
Em meio aos descaminhos, fartos, tantos,
E sendo tão comuns os desencantos
Nas teias do vazio eu me penduro
E tendo o meu olhar ausente e escuro
Expresso no não ter velhos quebrantos.
Escusos andarilhos, noite suja
Por mais que deste vão uma alma fuja
O tempo sonegando a paz mais terna
Das aversões diversas, os verões
Que a cada amanhecer já não expões
Traduzem a esperança que ora hiberna.
Citação de Machado de Assis
25872
“Lá onde a alma do vate” se perplexa
Ao ver tanta beleza desfilando
O dia que sonhara bem mais brando
A sorte se encaixando, mais complexa
Permite acreditar na dor anexa
Que tantas vezes creio me guiando,
Aonde se mostrara tanto e quando
E o tempo ao grande amor assim se indexa.
Descrevo a cada verso um claro alento
E por viver do sonho eu me atormento
Enquanto me apascento em voz macia,
A senda que desvendo não traduz
Realidade tosca em fogo e obus,
Mas dela uma esperança me inebria...
CITAÇÃO DE MACHADO DE ASSIS.
24873
“Ah! mas então será mais alto ainda;”
Esplêndida paisagem, cordilheira
Aonde esta ventura corriqueira
Aos poucos me transforma e se deslinda,
Vestindo a tênue glória a luz infinda
Por mais que a realidade isto não queira,
Andando em precipício, vejo à beira
Do tanto que imagino e já não finda
Eqüidistante sorte: vida e fim,
Perpetuando em sonhos dentro em mim
Assíduas borboletas das crisálidas
E larvas; preparando a liberdade
Que agora como um etéreo som que brade
Falena libertária que assim brade.
Citação de Machado de Assis.
34874
“Ventura, o amor e a paz” são dividendos
Herdados pós batalhas insensatas
Ao mesmo tempo entranhas e desatas
Os dias em momentos vãos e horrendos,
Expondo estes retratos frente á luz
Aspectos mais diversos desta vida
Que enquanto nos prepara uma guarida
Transforma falso brilho que reluz
Num último bastião que se permite
Emoldurada tela em tons diversos
E dela a insensatez de tolos versos
Buscando ao fim de tudo algum limite
Que possa inda moldar este sorriso,
Embora de soslaio ou impreciso.
CITAÇÃO DE MACHADO DE ASSIS.
24875
Glória da Natureza, riso e pranto
Belezas entre farsas e loucuras
Aquém do que na fé inda emolduras
O medo se transforma e me agiganto
No tanto permitido luz e canto,
Aonde se preparam nossas curas
Por vezes ensimesmas e murmuras
Enquanto com firmeza me levanto
E traço sobre as pedras, marcas fartas
Os gozos mais audazes tu descartas
E deixas como herança a turva espera.
Das fráguas o calor de alguns segundos
Catervas de delírios vagabundos
E a mansidão terrível de uma fera.
24876
O deserto nas urzes sem oásis
Angustiadamente me desfaço
E tramo sem ternura o mesmo passo
Diverso dos enleios que me trazes,
Apenas devaneios, toscas fases
O mesmo a ingratidão sonega o abraço
E quando me percebo sem espaço,
A casa se abalando, podres bases.
Dos antros e catervas, são afins
Os claros temporais, medos chupins
Sorvendo sanguinários; alegrias
E delas agonias traduzidas
Explodem em angústia nossas vidas
Que em vão por tantas vezes concebias.
24877
Nas vagas deste mar tempestuoso
Encontro um tenso abrigo, praia e areia
E quando a fome invade e banqueteia
Com toda a minha força, belicoso
Anseio muito além de simples gozo,
A sorte caprichosa se bandeia
E deixa sobre o mar sem lua cheia
Um ar fátuo, terrível, desairoso.
Mesclando ar e tormenta; eu fantasio
Cenário que se mostre mais sombrio,
Mas mesmo assim caminho contra o vento
Permanecendo imerso em tal ocaso,
Por vezes da verdade eu me defaso,
E mesmo em calmaria me atormento.
24878
“Porém minh’alma triste e sem um sonho”
Jamais se encontraria em plena paz
Se tudo o que faria não compraz
Tampouco o que deveras vão componho.
Se o todo numa parte recomponho
E o beijo se mostrara mais mordaz,
Porque, se nunca fui pleno e capaz
O mar onde me espelho é tão medonho.
Elejo dentre todos os infaustos,
Além dos meros ritos e holocaustos
Aquele que inda possa traduzir
Alguma luz após o temporal,
E mesmo que isto seja um ritual,
É nele que inda espero algum porvir.
CITAÇÃO DE FAGUNDES VARELLA
24879
“Murmuro, olhando o prado, o rio, a espuma”
Bem antes que se nuble o céu e arisco
O tempo perpetua cada risco
Enquanto a fantasia em vão se esfuma,
Aonde poderia ter alguma
Vontade de sonhar, já não me arrisco;
Na flórea maravilha de um hibisco
O olhar para o infinito então se ruma.
Traduzo neste rio as minhas mágoas
E quando mergulhando em calmas águas
Espero pelo menos lenitivo,
E sinto que inda resta uma esperança
Enquanto a minha alma assim se lança
Das ânsias e desejos tantos, vivo.
CITAÇÃO DE FAGUNDES VARELLA
24880
“O flóreo bafo que o sertão perfuma”
Expressando esta senda à qual me entrego
E a voz em maciez agora emprego
Tocando a mansidão que esconde a bruma.
Arestas apontadas deixam claro
Que tudo poderia ser melhor,
Mas quando se percebe bem maior
O encanto para o qual eu me preparo
Ao ancorar meu sonho em belo prado,
As dúvidas fenecem, reconheço
Que além de qualquer forma de tropeço
Mantenho cada dia ensolarado
Olhando o raro brilho deste céu,
Usando para tanto este cinzel.
CITAÇÃO DE FAGUNDES VARELLA
24881
“Uma mulher completamente nua”
Exposta em galerias, desejada
O quanto deste todo trama o nada
E a vida, normalmente, continua.
A velha prostituta em cada rua.
Prazer feito bandeira desfraldada
A sorte tantas vezes desgraçada
Enquanto a tosca atriz, fingindo atua,
Hedônicos fantasmas, inocentes,
Ou sátiros ateus, incréus ou crentes
Saciam-se na fonte apodrecida
O Pai, silencioso vê tal cena
Revejo ali Maria Madalena,
Milênios se passaram? Mesma vida...
CITAÇÃO DE AUGUSTO DOS ANJOS
24882
Apenas negritude, espessa treva
Adentrando os umbrais em noite escura
Imensa solidão nos emoldura
E a vida só tristezas inda leva
Perenes ilusões? Frágil cenário
E nele restituo velhas cismas,
Enquanto novamente tu me abismas
O tempo este terrível adversário
Não deixa qualquer dúvida e transporta
O sonho para além onde não posso
Saber se existe luz e assim esboço
A reação estúpida, vã, torta
Mas tudo o que me resta; então me calo,
Da noite tempestade, fúria e abalo.
24883
Balões riscando o céu não mais decoram
As noites onde eu quis verso e magia,
E apenas solidão agora guia
Os tempos em que os medos já se afloram,
Se os barcos noutras ilhas não ancoram
O tempo se transforma em agonia
A estrela preferida se perdia
Enquanto as esperanças se demoram.
Arbustos se tornando quais ciprestes
E quando em teu olhar tu me arremetes
À tosca imensidão deste oceano
O caos se aproximando e até quem sabe,
O todo neste pouco já se acabe
E enquanto me procuro em vão me dano.
24884
Brincando com estrelas que não vejo
Há tanto se espairecem em noite fria
A porta que deveras não se abria
Traduz destinos vários do desejo
Ao qual o coração de um sertanejo
Bebendo do luar em poesia,
Transforma o que talvez tanto queria
No quadro divinal aonde almejo
O brilho redentor feito a criança
Que à vida sem perguntas já se lança
Medonhos temporais? Enfrenta em paz.
Porquanto ser feliz é ter nas mãos
Certezas que permitem sins e nãos
Que apenas a verdade assim nos traz.
24885
Sonhando com diversas maravilhas
Brincar de ser feliz é o que mais quero
Enquanto o mundo vejo amargo e fero
Diverso da ilusão que ainda trilhas,
Por mais que na verdade as armadilhas
Demonstram o final no qual tempero
A sorte do viver, audaz e austero,
E nele com certeza, agora brilhas.
Serenas as manhãs com maciez,
E sei do quanto a vida já nos fez
Trazendo raro encanto a quem se quis.
Depois de tantos medos, desenganos,
A vida já nos traz diversos planos
E deles a certeza: ser feliz!
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24865
Trará tanta agonia em fria leva
As ânsias de um viver que se completa
Nas dores da ferida mais concreta
Tramando invés de luz, terror e treva.
Apego-me aos valores mais insanos,
E faço do profano um sacro altar,
Aonde poderia mergulhar
Não tenho mais remédio, mato os planos
E sigo á revelia; perco o porto
E quando não concebo solução
Arrulhos pacifistas me trarão
Olhar mesmo perdido, quase absorto
Forjando uma saída mais honrosa
Por mais que a sorte, a vida amara glosa.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24864
Não há capacidade que descreva
O tanto que se perde em falsa luz,
Ascendo muito além da minha cruz
E mesmo em caminhada mais longeva.
Adestro-me e percebo que talvez
Ainda possa ser além do vago
O quanto me percebo e não afago
O vento que deveras se desfez,
A ansiedade toma cada espaço
Aonde outrora havia uma esperança
Medonha realidade já me lança
E dela este porvir vazio eu traço
Mas sei que no final, o picadeiro
Será meu palco eterno, o derradeiro.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24863
O quanto que fui rude e sou qualquer,
Aquém da majestade onde queria
Poder me extasiar nesta ambrosia,
Banquete se fazendo sem talher,
Descrevo com astúcia o nada ser
E quando me esquivando da verdade
A fúria do vazio ora me invade
Depois de tanto tempo sem saber
Vencer os mais terríveis inimigos
Cultivo pelo qual já me atormento,
Não cabe lenitivo nem alento,
Olhares mais audazes ou amigos
Não servem para quem se fez do nada,
E trama em nuvens fartas, a alvorada.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24862
Joguete das paixões, o que eu quiser
Jamais se mostrará em plenitude,
E mesmo que deveras já se mude
O rosto amargurado da mulher
Transmite este vazio dentro da alma
Arquétipo de um tempo mais feliz,
Se a sorte contra-ataca ou contradiz
Nem mesmo a fantasia mais me acalma.
Escravo das palavras e do sonho,
Não posso nem pretendo mais sabê-lo
Prazer que se tornando um pesadelo,
Aos poucos me entranhando, nele enfronho
Os víveres de um tosco saltimbanco
Que do vazio, o nada, eu alavanco.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24861
Só mostra o quanto em dor a vida neva
A frase emoldurada na janela
Ao mesmo tempo diz do medo e vela
Deslinda num instante aborto e ceva,
Vagasse por momentos mais felizes
Talvez ainda visse a claridade,
Mas tendo a realidade que degrade
Diversa da esperança; já desdizes
As lendas de um amor insano e raro,
O peso do viver agora enverga
E a dor do nunca ser, minha alma alberga
E o fim desta existência em vão; declaro
Usando o que me resta, a poesia,
Que este decrépito canalha guia.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24860
A vida se passando em tal marasmo
Perenes ilusões? Já não as tenho
E sendo a liberdade o meu empenho
Não posso prosseguir vazio ou pasmo.
Descrevo caricata garatuja
Que enquanto quis a sorte que não veio,
A morte a cada instante mais anseio,
Embora da verdade às vezes fuja
Buscando algum refúgio noutras sendas,
E sei o quão inútil atitude
Por mais que o tempo esqueça ou mesmo mude
Nos sonhos e nas ânsias que desvendas
Explícito fantoche que, medonho
Aos poucos sem defesa em vão, me exponho.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24859
Sorriso que recebo? De sarcasmo,
Mas mesmo assim melhor que a cusparada
Que há tanto traduzira a minha estada
Num único momento, este marasmo.
E; pasmem, já não vejo solução
Tampouco necessito algum alento,
Se mesmo em calmaria me atormento,
Preparo as dores tantas que virão.
Não tendo no infinito qualquer crença
Apenas perambulo sobre a Terra
Minha alma trancafia a porta e encerra
Gerando uma discórdia, e a desavença
Em verdade estampando esta faceta
Que ao suicídio, aos poucos me arremeta.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24858
Descrevo em cada verso o meu retrato
Relevos entre os vales que vivi,
E neles sem surpresa eu percebi
A imagem de um canalha e caricato.
Às cordas que me trazem sonhos, ato
E vejo envilecido desde aqui
Angustiosamente ora eu me vi
Mesquinha imagem tosca em desacato.
Descrevendo-me assim, vulgo e medonho
Assisto enquanto aos poucos decomponho
A imagem que eu criara, falsamente.
Esdrúxula e venal fotografia
Que a realidade expõe vital sangria
E a consciência plena não desmente.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24857
Habito os subterrâneos da cidade
Penetrando bueiros da existência
Aonde não encontro resistência
Talvez possa viver tranqüilidade.
Um asqueroso ser em liberdade,
A morte se tornando uma iminência
Do reino dos esgotos, eminência
Figura que decerto não agrade;
Mas luto pela tal sobrevivência
E tendo deste fato consciência
Não temo mais algemas, rompo a grade
Irrompo dos mais pútridos lugares
E quando meramente me notares
Especular retrato da verdade.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25039
Eu quero teu prazer junto comigo
E dele usufruir a me perder
Ecléticos caminhos; posso ver
E neles luz intensa que persigo,
Viver e ter nas mãos calor e abrigo,
Anseio de quem tanto quis saber
Da glória insuperável de um prazer
Que possa traduzir em braço amigo,
Perceba quanto luz amor emana,
A força que possui é soberana
Aproximando do Éden o caminhante
E tudo se transforma ao mesmo instante
Em que sorvendo o bem de um grande amor,
A vida se promete em rara cor.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25038
Eu te amo, esteja certa, e sempre digo
A quem quiser ouvir e até repito
O quanto te desejo estava escrito
Há tempos neste templo onde me abrigo
Amor igual ao nosso, imenso e amigo,
Decerto traz um dia mais bonito
E mostra ao navegante outrora aflito
Um cais onde não há sequer perigo.
Viver felicidade a cada instante
E ter no meu olhar o radiante
Sorriso da mulher que eu amo tanto,
Por isso não me canso de sonhar
E quanto mais desejo, mais amar,
E em nome deste tudo agora eu canto.
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25037
Espalho os seus sinais no mundo afora
E tento recolher o raro fruto
O amor por vezes sendo tão astuto
A cada poro invade e sem demora
Explode em sensação que revigora
Trazendo esta alegria que desfruto,
Outrora um marinheiro atroz e bruto
Na maciez do amor, é outro agora
E sabe discernir porto seguro,
Nas ânsias do desejo em que me curo
Feridas cicatrizam mais depressa,
E quando a noite chega em temporais,
O amor com suas forças magistrais
Um novo amanhecer já recomeça;
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25036
O quanto a nossa sorte revigora
Deixando para trás qualquer fraqueza
Eu falo e repetindo com franqueza
A sorte com certeza não demora,
Saber de quando a rosa ali se aflora
E ter nas mãos deveras tal destreza
Que possa preparar tanta beleza
Na qual a bela casa se decora,
É como perceber a divindade
Aonde se produz felicidade
Moldando amanheceres mais perfeitos,
Sabendo desde sempre o que se quer,
Não temo desventura e nem qualquer
Angústia que inda invada nossos leitos.
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25035
Da paz que renasceu, tranqüilidade
Um bem que herdando deixo como herança
E sei que quando o amor assim se lança
Não teme mais horror nem tempestade
E sendo mais feliz quem tanto agrade
E deixe para trás qualquer vingança
Voltando a ter nos olhos a criança
Diversa do que a vida em vão degrade
Anseio por momentos mais felizes,
E quando sem sentir tu contradizes
Perceba quão divino é ter um sonho,
Por isso novamente aqui proponho
Caminho mais suave em direção
Aos dias redentores que virão.
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25034
Não quero mais saber de ter saudade,
Nem mesmo a vasta inglória do não ter
Sentindo sob as ânsias do poder
A força que permite a variedade
Por mais que talvez isso não agrade
Escondo-me nas grotas do querer
E bebo a bela fonte a entorpecer
Até que possa ver felicidade.
Num lírico cantar eu desafio
O tempo em temporal, calor e estio
Vacâncias do passado não mais quero
E sendo audaz jamais me fiz austero
Vivendo esta emoção a cada dia
Saudade no porão já se escondia.
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25033
Deixando uma tristeza já de fora
Depois de se tentar um novo trilho
Nas luzes desta lua me polvilho
E toda a fantasia me decora
Aonde toda a luz nos revigora
Não vejo ao caminhar outro empecilho
E quando esta ilusão; agora encilho
Galopo por estrelas, sem demora
Corcéis das emoções versos e rimas,
Aonde se buscassem paradigmas
Encontro tão somente a liberdade
E dela faço tudo o que quiser,
Nas mãos tão delicadas da mulher
O bem que se deseja e tanto agrade.
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25032
Percebo que serei feliz agora
Depois de ter nas mãos o meu caminho
Vencendo cada pedra, dor e espinho
Apenas a emoção benigna aflora,
E quero sem perguntas ou demora
Viver o que me resta em manso ninho,
Jamais suportaria estar sozinho
A morte pouco a pouco me decora,
Mas tendo esta certeza de quem queira
Por mais que me perceba junto à beira
Do imenso precipício feito em nada,
A sorte com certeza está lançada
E sinto que minha alma já se inteira
Na luz do grande amor, a derradeira.
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25031
Colhendo finalmente a liberdade
Após ter me perdido em noite vã
O quanto é necessária esta manhã
No brilho que semeia e tanto agrade,
Assim ao perceber tranqüilidade
Encontro na alegria o meu afã
E bebo da esperança um amanhã
Soberbo com ternura e liberdade.
Ansiosamente espero a tua volta,
E quando solitária alma revolta
E tenta a cada noite outro motim,
Viver sem ter amor é como fosse
Seguir o descaminho que agridoce
Destrói cada passagem de onde vim.
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25030
Sou teu e cada vez mais me convenço
Do quanto nosso amor se fez capaz
De me trazer momento feito em paz
Carinho que procuro e nele penso
Aonde se mostrara medo imenso,
Agora com certeza só se traz
O gosto do viver que satisfaz
Quem tanto se perdeu em mar intenso,
Chegando de manhã depois da lua,
Minha alma na tua alma continua
Iluminada aos raios de teu sol,
Floresce em nós a glória de saber
O quão é necessário pra viver
O amor que se transborda no arrebol.
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25029
Do quanto descobri tesouro imenso
Após os arquipélagos do sonho
Aonde cada passo eu recomponho
Num mundo mais audaz, e mesmo tenso,
Se a cada novo dia me convenço
Do tempo que virá belo e risonho,
Ao mesmo tempo em fogo decomponho
O que pensara em glória e não mais penso.
Descrevo em poesia, versos fúteis
Os passos que bem sei serem inúteis
E deles o final já se aproxima,
Aonde poderia ter a paz,
Apenas a saudade ora me traz
O fim do que julgara em alta estima.
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25028
Nos braços da mulher que eu encontrei.
Depois desta procura insaciável
O dia amanhecendo suportável
A claridade toma toda a grei
E mesmo que vazio ainda creio
Num tempo em plenitude recomposto,
O amor quando demais assim exposto
Não vê sequer a sombra de um receio.
E audaz permite ao velho sonhador
Um novo amanhecer em mansidão,
E mesmo novos dias mostrarão
Momentos de diversa e rara cor,
Andantes ilusões? Não mais desejo,
O amor é muito além de algum lampejo.
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25027
Singrando os oceanos da paixão
Enfrento tais borrascas e procelas
E quando abrindo ao vento as minhas velas
Permito a mais feroz navegação,
E sei que novos dias me trarão
O quanto deste amor que não revelas
E nele se emolduram raras telas
Numa diversa forma, exposição
Dos meus anseios tantos, minha audácia
E quando ausente o medo, sem falácia
Enfrento os dissabores com ternura,
O amor que tantas vezes sana e cura,
Desfiladeiro imenso que ora enfrento
Supera uma avalanche, encara o vento.
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25026
Um timoneiro encontra a direção
Em mar tempestuoso quando sonha
Por mais que em novo mundo se proponha
Viver além do cais e da emoção
Singrando em noite clara/escuridão
Não teme qualquer fúria, até medonha,
E sabe da alegria que se enfronha
Nos portos que seus olhos não verão,
Assisto ao meu naufrágio em loucos braços
E sigo sem remédio rastros, passos
Deixando os lastros tantos e a abordagem
Que faz aos meus navios tal corsário,
O amor que nos liberta e é temerário,
Por vezes fantasias ou visagem.
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25025
Eu tenho a recompensa deste amor,
E dela faço o mote preferido,
Ao mesmo tempo sinto em cada ouvido
A voz de um novo dia encantador,
Assíduas maravilhas dizem flor
E delas o dever mais que cumprido
Permite o florescer enquanto lido
Com todas as belezas luz e cor.
De camarote eu vejo este desfile
Por mais que uma tristeza ainda grile
As terras do eldorado que criei
Jamais conseguirá velha posseira
Tomar o que o amor ainda queira
Suprema fantasia dita a lei.
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25024
Trazido por um sonho encantador,
Transponho os vários muros do caminho
E sei que não me vejo mais sozinho,
Agora embrenho as sendas deste amor
E nelas como um velho sonhador
Deveras sem defesas já me alinho
E quando da esperança sou vizinho,
O tempo azulejado em bela cor.
Assisto à derrocada da tristeza
E venço com louvor a correnteza
Espalho minha luz por toda parte,
Não tendo qualquer medo que descarte
As tramas delicadas da alegria
O sonho a cada noite se recria.
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25023
Se tantas esperanças cultivei
Eu merecia enfim a melhor sorte,
Porém a vida segue sem suporte
E no vazio imenso mergulhei
Aonde tantas vezes quis o brilho
Inconfundível luz de uma esperança
A voz que no vazio já se lança
Alcança a noite em trevas que palmilho
E sei que no final não tendo nada,
O verbo conjugado no passado
Dizendo quanto andei, na vida errado,
Na estrada sem saída, abandonada.
Erguendo olhar percebo no horizonte
O sol que mesmo em nuvens já desponte.
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25022
Sementes/fantasias espalhei
Por todos os caminhos prado e campo
E quando este prazer enorme; encampo
Regalos encontrados nesta grei
Aonde o meu passado mergulhei
E nela a cada vez que sonho e acampo
Constelação de luzes, pirilampo
Que há tanto no meu sonho imaginei.
Ascendo ao paraíso neste instante
E vendo imagem clara e deslumbrante
Quiçá felicidade ainda existe,
Deixando para trás a dor errante
O amor que imaginara ora persiste
Num coração que sempre fora triste.
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25021
Das flores recolhi, agricultor
Perfumes que invadiram sentimento
E neles com certeza sem tormento
A vida se renova em tal louvor,
O quanto do desejo é multicor
E tudo se transforma no momento
Em que bebendo a luz eu já me alento
E vivo sem saber medo ou terror.
Assisto à derrocada das tristezas
E sigo com fervor as correntezas
Que levem para fozes divinais
E tendo em minhas mãos este timão,
O tempo mesmo quando em viração
Os temporais não voltam nunca mais.
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25020
O riso mais sincero a te propor
Espelha o desespero de quem tanto
Vivera esta emoção e em desencanto
Agora só conhece o desamor,
Sabendo do cenário a se compor
Nas ânsias deste sonho que ora canto
Fizesse além da dor, qualquer quebranto
Seguindo cada passo aonde for
Quem fez de uma esperança o seu enredo
E todo o grande amor que ora concedo
Transcende à própria vida e eternidade.
Saber usufruir do gozo imenso
Do qual a cada dia me convenço
Deixando para trás dor e saudade.
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25019
Castelos que criaste; ser teu rei.
E ter da realeza o gosto e a glória
Eternizado sonho na memória
Que há tanto desde sempre imaginei,
Volvendo o meu olhar encontrarei
O refazer soberbo desta história
E enquanto a realidade é merencória
Nas teias deste encanto eu mergulhei
E fiz de meus anseios realidade
Por mais que inutilmente ainda brade
Viajo em tal miragem e me entrego
Sem ter sequer desculpas nem lamento,
Na luz desta quimera me apascento
Nos mares da ilusão, feliz, navego.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25018
Arfante este caminho que nos doura,
E trama um novo tempo bem melhor
A história se repete e sei de cor
Aonde a vida em paz é duradoura,
E quando em luz imensa se traduz
A antiga caminhada ora percebo
O que deveras quero e já me embebo
Da magnitude feita em rara luz,
Assisto à triunfal em louros feita
Estrada aonde a paz se refletindo
Permite que se veja amor infindo
E uma alma se mostrando satisfeita
Induz este andarilho à perfeição
Que os dias em ternura mostrarão.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25017
Rainha que se faz distante e agora
Adentra os meus palácios da ilusão
Trazendo com total sofreguidão
Delírio que deveras já se ancora
E quando a fantasia se demora
Mostrando os novos dias que virão
A sorte congelando esta estação
Verão que nunca mais irá embora,
Esqueço deste inverno aonde havia
Somente o vento frio da agonia
E espalho pelos ares a esperança
De um tempo em que se mostre mais audaz
O quanto deste encanto amor nos traz
E nele toda a glória já se lança;
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25016
Aguarda um cavaleiro dos andantes
A moça na janela, Dulcinéia
E quando o coração muda de idéia
Transforma tudo aquilo por instantes
O que pensara outrora radiantes
Agora não se mostra em alcatéia
O amor não se comporta em alma atéia
Tampouco nos trará seus diamantes
Se tudo não passasse de um engano
Nas ondas deste encanto se me ufano
Percebo a plenitude à qual me dou,
Das eras priscas velhas pedrarias
Diversas das que tanto tu querias,
Após o cataclismo, o que sobrou.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25015
Na ponte levadiça dos anseios
Castelos que imagino e não freqüento
Aonde se liberte o pensamento
A vida procurando novos meios
E deles sem temores ou receios,
Na busca de qualquer paz ou alento
Deveras no vazio me atormento
E os dias sem amor jamais são cheios,
Atrelo-me aos augustos caminhares
E sei que quanto mais assim sonhares
O tempo não fará mais distinção
E tudo se renova a cada instante
Nas mãos de quem se dá, tal diamante
Prismáticos delírios se darão.
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25014
Vencendo os dias vagos e tristonhos,
Não deixarei sequer alguma chance
À solidão que vejo num relance
E trama dias toscos e medonhos,
Aonde mergulhara velhos sonhos
Por mais que a realidade não alcance
Encontro num segundo onde se lance
A sorte de delírios mais risonhos,
Augúrios entre oráculos e búzios,
Momentos do passado macambúzios
Atrozes armadilhas desta vida
Que tanto poderia ser melhor,
Mas todas as defesas sei de cor,
Não quero mais ouvir a despedida.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25013
Formando um carrossel de raros brilhos,
Manhãs ensolaradas onde eu vejo
Além de simplesmente este lampejo
Momentos pelos quais adentro em trilhos
Que levem ao mais claro e raro sol
Soberba testemunha deste amor,
E quanto tenho ainda a te propor
Um sentimento nobre, assim de escol
Permite que se creia num eterno
E tendo esta certeza vejo aqui
O Paraíso imenso que antes cri
E agora com prazeres eu interno.
E sendo ao mesmo tempo escravo e amo,
Só posso te dizer do quanto eu te amo.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25012
Seguindo os teus caminhos, sei dos trilhos
E vejo que talvez descarrilado
O amor mudando as sendas do passado
Permita aos corações mais andarilhos
Vencer os descaminhos do vazio
Aonde na verdade saciava
A sorte me queimando feito lava
E dela qual a fênix me recrio.
Assiduamente estampo a minha sorte
Nas sanhas que talvez fossem tão minhas,
E nelas muitas vezes tu te alinhas
Buscando qualquer luz que te conforte
Mas saiba que te quero mesmo assim,
O amor que te dedico, não tem fim.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25011
Que fazem dos meus sonhos teus amantes
Momentos prazerosos e felizes,
Embora ainda trague cicatrizes
Os dias que virão; mais radiantes
Mergulho nestes mares fascinantes
Deixando no passado os meus deslizes,
Além do que deveras contradizes
Percebo ao fim da estrada os diamantes
Que tanto procurara; um bandeirante
Por mais que a vida às vezes agigante
A dor de não saber e tentar crer
No dia que vire e poderia
Trazer ainda um pouco de alegria
No belo e mavioso amanhecer.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25010
Mudando o velho rumo, por instantes
Caminho entre os espinhos que espalhaste
E a vida se transforma num contraste
Em medos e terrores perturbantes
Descrevo com palavras mais audazes
Momentos de ternura em noite escura
E tudo o que se quer e se procura
Encontra nos teus braços quando trazes
Anseios delicados e profusos
Mesquinhas desventuras; já não vejo
E tudo se resume no desejo
Matando os dissabores que obtusos
Durante tanto tempo maltrataram
E agora noutros portos ancoraram.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25009
Ao ver o teu olhar me maravilho
E sei que quanta beleza se traduz
Na bela fantasia feita em luz
E bebo da esperança cada brilho,
O quanto da verdade se estampando
No olhar deveras manso e quase infindo
Os medos e terrores consumindo,
Angústias se debandam, triste bando
E apenas resumindo esta alegria
Fartura de prazeres na colheita
Uma alma transparente se deleita
E enquanto novo tempo fantasia
Imerso neste intenso clarear
Reflete cada raio do luar.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25008
Quem antes fora um simples andarilho
Agora se perdendo sem paragem
O amor quando se mostra em vã roupagem
Esquece com certeza qualquer brilho
E quando noutras sendas eu palmilho
Perdendo desde sempre esta paisagem
Por mais que dores várias nos ultrajem
Luzernas nos conduzem noutro trilho
E deixam que se veja o sol imenso
E mesmo quando só na luz eu penso
Imerso nas belezas que me dás
E delas encaminho glória e tento
Vencer os dissabores, sofrimentos
Bebendo com ternura a rara paz.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25007
Estende novos dias, triunfantes
O olhar de um velho e louco marinheiro
Aonde se mostrara por inteiro
Momentos entre nuvens radiantes
E vejo que decoras com brilhantes
O sonho da esperança mensageiro
Seguindo pela estrada o caminheiro
Conhece e tem nas mãos, raros instantes
Aonde poderia com firmeza
Sentir desta ilusão farta beleza
E ver da bela aurora estes clarões
Que agora sem temores nem vaidade
Trazendo ao meu olhar felicidade
Imensa à qual deveras já me expões.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25006
Tomada pela súbita paixão
Uma alma traz sobeja incandescência
E quando procurara coerência
Somente ansiedades mostrarão
A intensa e desconexa direção
Por vezes em complexa penitência
Ou mesmo com o estorvo da inclemência
Ausência de ternura ou gratidão.
Extensos vales, rudes cordilheiras,
As ondas entre nuvens, mensageiras
Desta borrasca imensa que virá,
E mesmo após a chuva eu inda creio
Que amor sem ter sequer algum receio
Nos céus qual fora um deus, pois brilhará.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25005
Que extrema cada gesto e perde a rota
Depois de ter achado-se infalível
O amor não tem desculpa e sendo crível
A sorte pouco a pouco se desbota
E quando uma ilusão de novo brota
O solo que pensara ser passível
De toda mansidão indescritível
Agora esta aridez mordaz denota.
Queria tão somente ser feliz,
Mas quando a realidade contradiz
Não resta quase nada ao caminheiro
Durante a tempestade, timoneiro
Nas mãos do pesadelo, intemerato,
Mas quando estou sozinho em vão debato.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25004
Aos poucos, depois disso, eu já me aprumo
E sei que navegar sempre é preciso
Ainda que se encontre o prejuízo
A vida necessita de algum rumo
Mergulho nos meus erros e os assumo
E mesmo se tivesse em paz o siso
O beijo é necessário e mais conciso
Transmite da alegria todo o sumo,
Estradas que percorro em pensamento
Tramando no final o que sustento
Em glórias e delírios sendo feito
Caminho que enveredo em paz imensa,
E quando num amor alma compensa
Nas mãos de um manso sonho eu me deleito.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25003
E faço deste encanto a direção
Durante o temporal, já que não vejo
O cais que tantas vezes foi desejo
De quem se fez em má embarcação
Vasculho os meus guardados no porão
E tenho esta impressão de que sobejo
Momento se transforma num lampejo
E dele poucas coisas sobrarão
Sequer algum momento em paz e brilho
Diverso desta senda que ora trilho
Na busca que incansável inda ostento,
Meus olhos sem saber deste horizonte,
Por mais que a lua ao longe em vão desponte
Não tenho lenitivo nem alento.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25002
Que possa me trazer felicidade
Eu sei e desconheço outro caminho,
Andara muitas vezes mais sozinho
E tudo desabando sem que aguarde
Instante abençoado ou liberdade
Na qual mais destemido ora me aninho
E quando da esperança me avizinho,
A sorte temerosa a paz degrade.
Ostento esta medalha feita em charco
Das ânsias e fulgores se me encharco
Agasalhando a morte sem saber
Escondo-me nas tramas do passado,
E quando vejo a morte lado a lado,
Entrego-me sem chances ao prazer.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25001 com estrambote
Vestimos a esperança a cada dia
E dela nós criamos tal demônio
Que enquanto o coração simples campônio
Mergulha nesta insânia em vã sangria
O ser feliz aos poucos já se adia,
O amor que fora outrora um patrimônio
Ao se inundar de farto e louco hormônio
Fantasmas e delírios vãos recria
E deles as angústias de um desejo
Aonde a derrocada enfim prevejo
E penitências feitas no prazer
Insano e sem limites, sem por que
Hedônico caminho que se vê
E nele se impedindo o amanhecer
Gerando o mais feroz e vago instinto
E o amor abandonado em vão e extinto.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25000
Escrevo nas estrelas fantasia
E delas bebo a luz que saciando
Permite este momento desde quando
O amor entre temores propicia
A glória de saber que a cada dia
O vento se percebe amaciando
A dor que no passado se espalhando
Vagara sem destino e se temia.
Amparam-se meus passos nesta escora
Amor que sem limites se demora
E traz felicidade a quem se dá,
E sei que desde sempre, agora e já
O tempo de mudança me transforma
Moldando no porvir sublime forma.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24999
Alçando a mais completa maravilha
Aonde se pudesse ter nas mãos,
Depois de tantos dias duros, vãos
Seara que emoção deveras trilha,
Andar com proteção de tantos guias,
Percebo quão sobeja a natureza
Enfronho o meu desejo em tal beleza
Enquanto estas palavras tu recrias:
Amor, calor e paz, anseios tantos
E neles as angústias se desfazem,
Olhares delicados já me trazem
Depois dos vendavais, belos encantos
E quando em ti querida, em paz mergulho,
Esqueço de um espinho ou pedregulho.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24998
O parto que gerou felicidade
Transcende à própria vida e me transfere
A luz que tantas vezes regenere
O que tal descaminho já degrade,
Ao menos noutro tempo que se aguarde
A luz trará a força que interfere
E mesmo quando amor mordas nos fere
Ao fim de tudo vejo a claridade.
Exposto sem defesas, nada temo,
Do quanto me proponho sou extremo
E nele faço assim minha morada,
Vencer os meus degredos, meus anseios
Sabendo decifrar medos alheios,
Singrando destemido a velha estrada.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24997
Exprime todo amor que eu bem queria
O verso imaginário que não veio
Aonde se transforma em vão receio
Decorre desta antiga alegoria
Mergulho nos quinhões de uma utopia
E deles percorrendo cada veio
Adentro as ilusões e de permeio
O tanto que desejo se desfia.
Anelos nos uniam; vã quimera
A vida noutras plagas se tempera
E deixa o nunca ser como uma herança
Vencido e cabisbaixo sigo aquém
Do quanto desejara e nunca vem,
O olhar para o jamais enfim se lança.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24996
Um novo amanhecer já se recria
Depois da noite escura que passamos,
A vida não suporta escravos e amos
E neles se traduz farta agonia,
E vejo o que emoção já fantasia
E nela com certeza mergulhamos
No canto que em louvores consagramos
A paz tão desejada ora nos guia
Levando ao mais profundo de nossa alma
A paz que assim se emana nos acalma
E mostra ser possível ter nas mãos
Além dos vãos deveras costumeiros
A glória de momentos lisonjeiros
Trazendo esta fartura feita em grãos.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24995
Ao estender a paz, tranqüilidade
Estendes tua mão e trazes luzes
Aonde com certeza reproduzes
A mais perfeita e rara claridade
E tendo sob os olhos liberdade
Os medos e os fantasmas, velhas urzes
Distantes dos caminhos que conduzes
Enquanto o coração em paz já brade
Ecoa-se distante a voz suave
E sem ter o temor que ainda agrave
O dia transcorrendo mansamente,
Já não permitiremos o vazio
E quando a tempestade eu desafio,
O amor, vida refaz, noutra semente.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24994
E vamos nesta mesma direção
Buscando a claridade deste sol
E como poderia um girassol
Olhando a bela estrela na amplidão
E quando as boas novas chegarão
Eu quero que se espalhe no arrebol
A saga maviosa de um farol,
E os dias com certeza brilharão
Tramando a mansidão que tanto almejo
Deixando para trás medo sobejo
Vivendo a eternidade em paz imensa,
Assim ao vislumbrar o amanhecer
Apenas belos frutos recolher,
No amor sublime a luz da recompensa.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24993
Banquetes que se faz do mesmo pão
E vinho que nos trouxe o Redentor
Sentindo se aflorar o imenso amor
E dias mais felizes mostrarão
O quanto é acertada a decisão
De ter nos olhos preces em louvor
Sabendo cultivar, o lavrador
Uma esperança traz em cada grão.
No joio que se espalha no trigal,
Vencê-lo num constante ritual
Faz parte desta luta pela glória
Não temo tempestades nem inverno,
O amor no qual deveras eu me interno
A sensação eterna de vitória.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24992
Multiplicando assim, a simples soma.
As ânsias se transformam em verdades
E quando com carinho ora invades
Quebrando o que já fora uma redoma,
A sorte num segundo enfim nos doma
E deixa para trás algemas, grades
Traçando no futuro as claridades
Entorpecendo a dor num quase coma.
Assisto aos seus encantos e mergulho
Sem ter sequer mais medo nem orgulho
Vagando esta insensata maravilha,
Astuciosamente o amor desnuda
Uma alma que embevece e deixa muda,
Delícia que se faz louca armadilha.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24991
Atados, mas libertos, vida afora
Jamais ninguém consegue decifrar
O quanto nos domina o bem de amar
Que ao mesmo tempo ilude e nos decora,
Sem ter sequer noção do dia e da hora
Agora com certeza é bom lugar
E deste tênue e vasto caminhar,
A cada novo tombo, o amor escora
Feridas cicatriza ou mesmo crua
Enquanto realidade é fantasia
E bebe da ilusão insaciável,
Esgota-se em si mesmo, o tal do amor,
E nele se percebe o redentor
Por vezes ilusório e indecifrável.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24990
Do mundo em que felizes, prosseguimos,
Estrela que nos guia e nos transporta
Deixando sempre aberta a velha porta
Jamais enfrentaremos medos, limos,
E quando em novo passo decidimos
Futuro glorioso onde aporta
O barco que nos leva amor exorta
À paz que tanto busco e que sentimos
Na placidez de um terno e belo lago,
Trazendo ao sonhador, calor e afago
Vencendo os mais diversos dissabores,
Escuto a tua voz e nela creio,
O amor quando se dá sem ter receio
Permite que se cevem raras flores.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24989
Reféns do amor imenso que nos toma
Seguimos pela vida sem pensar
Por mais que se perceba o derrotar
O amor quando demais se mostra em soma.
Jamais se permitindo algum ocaso
Brilhando a cada dia e sempre mais,
Momentos do teu lado, divinais
Da dor e do temor, já não me aprazo,
E quero ser teu terno companheiro
Vivendo esta emoção que nunca morre,
Felicidade em êxtase socorre
A vida se mostrando por inteiro
E quando navegar em turbulência
Nos braços de um amor, paz e clemência.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24988
Macabras sensações noites de frio,
Arfantes e terríveis ilusões
Estraçalhando agora os meus verões
Versos imersos trazem o vazio
E dele refazendo a dor, procrio
O quanto com sarcasmos decompões
Vivendo desde sempre as tentações
Aposto neste insano desafio,
Velhacarias sei até de cor,
O quanto poderia estar melhor
Nem mesmo uma resposta ainda encontro,
Depois de tanta busca sem sentido,
Uma esperança dorme neste olvido
Deixando tão somente o desencontro.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24987
Perdendo todo o senso, nada tenho
E deste apodrecer em plena vida
Enquanto a solução está perdida
A própria derrocada eu já desdenho
E sigo sem saber se existe glória
Tampouco me importando, mato a luz
E quando ao desespero me conduz
A vida, transformado em vã escória
Naufrago com propósitos venais
Os barcos que talvez inda salvassem
E quanto mais os dias embaracem
As pernas esqueceram-se dos cais
E vago entre sarjetas, botequins
Cuspindo nos arcanjos, querubins.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24986
Não tendo mais noção sequer de quando
Eu poderia ter um pensamento
Que até minimizasse o sofrimento
Tornando o meu caminho bem mais brando,
Mas quando vejo a história transmudando
O que quisera em paz vira tormento
Por vezes outra senda ainda tento,
Mas nada obedecendo ao vão comando.
Egrégio da ilusão; vasculho o nada
Buscando em livramento a alma lavada
Desdéns e até ofensas são a paga
Entranho outras veredas, labirintos
Momentos de calor agora extintos
Somente a dor irônica me afaga.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24985
Estrídulos; escuto de onde venho.
Falando deste insano proceder
Que tanto nos trouxera desprazer,
E nele o desespero fecha o cenho,
Angustiadamente a vida passa
E mostra em dissabores treva imensa
E quando noutra estrada uma alma pensa
Despensa da ilusão envolta em traça;
Acréscimos de dores, medos e ira
Refazem e reforçam vandalismos
E aonde quis a base, cataclismos
A morte nos devora e já se atira
Fazendo em barricada o descaminho,
Por isso após a chuva irei sozinho.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24984
O céu que me guiara desabando
Em chuvas que bem sei torrenciais
A vida que ora em trevas vós me dais
Perdendo novamente o seu comando,
Destroços do que fomos me mostrando
Momentos entre perdas abissais
Aonde imaginara paz, jograis
Em falsas impressões vão desfilando.
Elevo o meu olhar, busco o horizonte
E mesmo que outro sol venha e desponte
O resto do que fomos perambula,
E a vida sem sentido segue em vão,
Os dias que vierem nos trarão
O fim que com sarcasmo nos oscula.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24983
A vida se esvaindo sem empenho
A sorte se desmembra em medo e dor
Pudesse ter nas mãos outro louvor
Diverso do que agora inda contenho
Um templo aonde amor se fez mais forte
E traz a luz imensa da esperança
Que quanto mais distante quer e alcança
Trazendo ao meu viver quem o conforte.
Saber das renitências deste passo,
Vagando em luz sombria, se percebe
Ausência de ilusão tomando a sebe
Condena-me deveras ao fracasso,
Mas quando te percebo mesmo alheia,
A vida novamente se incendeia.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24982
As nuvens se aproximam já em bando
Trazendo este ar sombrio que não quero,
O tempo noutro tempo bem mais fero
A chuva em tal torrente desabando,
E quando se pensara em vento brando
A sorte a cada dia destempero
E tudo que queria, eu degenero
O quadro em tempestade se formando.
Alheio às tais angústias, pensamento
Vagando pelas nuvens, inda tento
Um terno amanhecer, mas nada disto
Trará uma certeza de outra vida,
O medo a cada dia tanto agrida,
Porém intemerato não desisto.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24981
Apenas o vazio inda contenho
Depois de ter tentado a luz e a glória
Restando deste pária, vaga escória
Ainda que decerto algum empenho
Demonstre este vazio de onde venho
E traga falsamente uma vitória
Que ao fim se mostre pálida vanglória
Alheio caminheiro, nada tenho
Somente o meu olhar e nada mais,
Por onde se pensara em magistrais
Momentos desabando a minha tenda,
Deserto sem oásis; percorrendo
O medo me tomando anoitecendo
Nem mesmo um descaminho a alma desvenda.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24980
A noite que se fora em liberdade,
Não deixa mais sinais do que eu pudera
Apenas navegando em fria espera
Sem ter a fantasia que inda aguarde
Chegada deste barco em tempestade
A sorte muitas vezes sendo fera
No quanto se deseja destempera
E muda do viver, a qualidade.
Esgoto os meus espectros neste charco
E quando imaginara mesmo parco
Algum momento em luz, a noite vem
E diz em repetidos pesadelos,
Que amores se distaram, nunca vê-los
Traduz o meu futuro sem ninguém.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24979
Entranha nos esgotos, falsidade
E mostra no sorriso do carrasco
O quanto se transforma em medo ou asco
A sorte que deveras se degrade,
Aonde quis talvez uma saudade
Quebrando da ilusão, o pote e o frasco
As frondes da emoção agora eu lasco
E creio na fatal impunidade.
Servir aos dissabores da paixão
Estranhas excrescências mostrarão
O quanto se faz pouco do talvez,
Ansiosamente aguardo o desenlace
E mesmo que outro rumo a vida trace
O sonho há muito tempo se desfez.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24978
E eu mostro a minha face predileta
Aonde tu quiseste algum sorriso,
Não posso enfim perder noção e siso
Uma esperança em nada se completa
Se tudo o que vivesse em tal abjeta
Figura transformasse um ar preciso,
Meu passo muitas vezes mais conciso
Arguta fantasia o amor ejeta.
Na crença de outro dia mais feliz
O todo muitas vezes contradiz
Um fato claro e explícito: não ser.
Pudesse pelo menos ter em mim
As flores que cevara num jardim
Que vi; a cada dia apodrecer.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24977
Exposto nas esquinas, nos vitrais
O Amor se faz estúpida quimera
E aonde se prepara ou mesmo espera
Os dias se tornando sempre iguais
Momentos onde outrora magistrais
Agora solidão chega e tempera,
A morte de um amor se regenera
E tudo traz os dias tão banais.
Trazendo ao meu olhar medo e desdém
Enquanto ainda a luz ele contém
Esboço este sorriso de quem sabe
Que tudo vale a pena, mesmo quando
Pressinto o nosso templo desabando
Até que toda história um dia acabe.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24976
Não deixo nem pegadas nem sinais
Andara pelas trevas e tentara
Ao menos uma chance bela e clara
De ter momentos nobres, magistrais,
E quando os meus anseios; destroçais
O fim anunciado se prepara
E o quanto quis da luz já se apagara
Em vós não tenho paz me transtornais.
Perpetuando o vago que ora sou
Não tendo outro caminho, o que restou
Traduz a insegurança e me aprofundo
No nada que percebo ao fim da tarde
E mesmo quando a morte já retarde
Há tempos me sentindo moribundo.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24975
E em cada nova curva, perco o rumo
E sei que não podia ter no olhar
Toda amplidão imensa deste mar
E quando distancio; não me aprumo
Queria ter nas mãos, o meu futuro
E crer ser mais plausível aonde possa
Vencer as tempestades minha e nossa
Caminho virtual, sonho e procuro
Andante cavaleiro de la Mancha
A sorte não se fez em boa senda,
A sanha mais audaz não se desvenda
E toda a minha glória se desmancha
Deixando um leve rastro tão somente,
E a doce fantasia não desmente.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24974
Aos poucos ao vazio eu me acostumo
E faço dele um ato de esperança
Aonde o coração ainda alcança
Expressa esta ilusão e dela o sumo
Ainda mesmo pouco já consumo
Vivendo com astúcia a luz amansa
O coração que às vezes tolo cansa
Até chegar aos olhos novo rumo.
Aprumo-se e prossigo nesta luta
E quando o passo atrasa ou se reluta
A luz ao fim do túnel diz farol
Que ao navegante ilude, porém guia
Durante a noite amarga e tão sombria
Promessa de alvorada em brilho e sol.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24973
A solidão se mostra mais completa
Depois de tantos anos do teu lado
Caminho por estrelas decorado,
O amor é solução, estrada e meta
A refeição soberba e predileta
O sonho desta forma destroçado
Amarga sensação, do fútil Fado
Felicidade aos poucos se deleta.
O quarto se tornando agora imenso
E quando no passado ainda penso
Extensas ilusões deitam aqui
E nelas eu te vejo audaz e nua,
Porém a tua ausência continua
Dizendo em plena voz que te perdi.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24972
Nas hordas de fantasmas vejo a meta
Dos sonhos de um estúpido cantor
Sem ter sequer aonde ainda por
O verso que transcende se completa
Na quase sensação de ser poeta
E ter sob meus olhos este andor
Que um dia imaginara redentor
E agora se transforma em luz discreta.
Em sobressaltos passo a minha vida
E quando desta insânia se duvida
Exponho o coração quase em destroços
Da morte que virá, a paz recebo
Dos vermes e bactérias eu me embebo
E ao fim só restarão de mim, os ossos.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24971
Daquele que se foi e agora assumo
Não posso decifrar as emoções
E tudo o que deveras ora expões
Explica o desmembrar num outro rumo
E quando pouco a pouco já me esfumo
Vagando por espaços, amplidões
Bebendo das estranhas sensações
Até aos dissabores me acostumo.
E quase não percebo alguma luz,
Ferrenhos vendavais em corpos nus
Momentos de prazer, gozo e regalo
Apenas fantasia e nada mais,
Porquanto fossem horas magistrais
Vazio depois delas, eu me calo.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24970
Da doce morte eu bebo todo o sumo
E traço os desafios que pressinto,
Por vezes iludido, mesmo minto,
Depois os meus engodos eu assumo
E quando navegasse em novo rumo
O pesadelo aumenta, o outrora extinto
Vulcão se faz em lava e quando eu sinto
A vida novamente vai sem prumo.
Extasiado o fim já se aproxima
E deixo para trás amor e estima
Estigmas que carrego e não liberto,
Assim entre as tormentas e os vagares
Por onde incertas nuvens encontrares
Decerto eu estarei sempre por perto.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24969
E uma alegria insana, a dor já veta
Deixando por herança a morte em vida
E quando se procura uma guarida
Medonhos festivais, terror e seta,
Perpetuando a noite, se completa
Na arrepiante sombra em despedida
Mergulho neste pouco que ora lida
Com toda a insensatez, caminho e meta.
Vestindo estas mortalhas que me deste
A terra que pisara agora agreste
Impede o renascer de uma esperança
E enquanto estios vários se sucedem
As ânsias e os vazios já me impedem
E a voz sem ressonância ao nada eu lanço.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24968
Nos bares me inebrio a cada dia
Dos sonhos e aguardentes, treva e luz,
E a vestimenta escusa reproduz
Momentos em falsidade ou alegria
E enquanto se desnuda a fantasia
O beijo sem amor já não seduz
E vejo o meu retrato em contraluz
Entorpecido encanto se desfia.
Herético ou hedônico, vulgar,
Aonde cada estrela irá brilhar
Meus olhos acompanham bem ou mal,
E quando me percebo enternecido,
Audácia enaltecendo esta libido
E a angústia se inicia ou tem final.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24967
Encontro na sarjeta a poesia
Depois de tantas vezes ter a sorte
De uma palavra audaz que ancore a aporte
Meu mundo de tormenta e de alegria,
Descrevo a madrugada, ganho o dia
E vejo o nascimento, vida e morte
Tocando para o Sul, adentro o Norte
E vivo sem temer tal utopia.
Urdida nas entranhas do vazio
O todo neste instante desafio
E brinco sobre as águas; timoneiro
Das letras e palavras; comandante
Eternidade eu mudo num instante
Enquanto enfrento o mar, dele me esgueiro.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24966
Que traz alguma força para o sonho
Do qual a poesia dessedenta
Sabendo quanto a vida diz tormenta
Um cais abençoado ora componho
Usando da palavra; um bem medonho
Por vezes pacifista ou violenta
Deveras alegria que lamenta
Ourives da ilusão tiro e reponho.
Na mágica e concreta poesia
A vida transparece opalescente
Por mais que esta verdade eu reinvente
O quanto já perdi se fantasia
E molda novo escape ou a prisão,
Aonde há tempestade e calmaria, sim e não.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24965
Do todo que já tive resta o nada
E dele não percebo alguma chance
Que possa me mostra ledo nuance
Depois de tanto tempo abandonada
Uma alma se pergunta desolada
Se a vida permitindo algum romance
Durante a tempestade ainda avance
Mudando todo o rumo desta estrada.
Quiçá felicidade seja alheia
E quando uma vontade me incendeia
Banquetes da ilusão em pratos nobres
Porém logo assassino tal vertente
Por mais que uma esperança ainda alente
Com manto negrejado tu me encobres.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24964
Deitando o meu caminho na calçada,
Vagando em noite imensa sem a lua
Que ao léu se entrega às nuvens, e ora atua
Em outras plagas distas, vai nublada.
A sorte em tantas dores desmembrada
A vida sendo exposta nua e crua
E enquanto minha estrada continua
Vencida e há tanto tempo desolada
Erguendo o meu olhar, neblinas fartas
E quando da esperança mais me apartas
Tocando com as mãos em carne viva
Percebo quão inútil prosseguir
Sem ter o que pensar, morto o porvir,
Aguardo alguma luz que sobreviva.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24963
E nele uma terrível solução;
Nas mãos o fim da tarde nega a noite
O vento se tornando feito açoite
Apenas tempestades me trarão
As ânsias que perdendo a direção
Causando a solidão neste pernoite
Por mais que uma ilusão ainda acoite
O sonho que se deu em migração.
Felicidade é lago em placidez
Que a própria natureza já desfez
Deixando em seu lugar árido solo,
E dele o que fazer? Perdendo os grãos
Noturnos pesadelos, velhos vãos
Abrindo-se na terra então me imolo.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24962
A seca dominando o meu jardim,
Não deixa qualquer dúvida: jamais
Terei depois de quanto derrotais
A paz que necessito e morro assim
Sem ter momento algum de paz enfim.
Em vós por tanto tempo quis bem mais
Do que deveras sei que demonstrais,
As lágrimas tomando a minha estada
Aonde se pudesse nova escada
Que aos céus levasse em manso ritual,
Mas como poderia, pois roubardes
E as luzes que eu sonhara morrem tardes
E não vejo mais sequer algum degrau.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24961
Matando toda a minha plantação
Esta aridez terrível toma tudo
E quando em nuvens negras eu me iludo
Os dias novamente me trarão
O vento leva noutra direção
Coração silencia e segue mudo,
Uma esperança é sempre tolo escudo,
Porém se eternizando este verão.
E assim vai prosseguindo a minha vida,
Aonde quis amor, só despedida,
Aonde pus meu barco, perco o cais,
Num luto que se mostra dia a dia,
A seca deste solo nada cria,
E o sol diz inclemente: nunca mais.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24960
O verso em que teimava nexo e rota
Agora se perdendo sem sentido,
Tocando mansamente dor, libido
Ao mesmo tempo luz e medo nota.
E quando me perdendo se denota
O medo muitas vezes dividido
O templo dos meus sonhos destruído,
A roupa da ilusão já se amarrota
Navego pelo nada e neste pouco
Às vezes prosseguindo manso ou louco
Do verso que perdi sequer notícias,
Mas como irei fazer sem direção
Caminhos turbulentos mostrarão
O fim das esperanças e delícias.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24959
Perdido sem caminho ou direção,
Exposto às ventanias busco um cais
Aonde com certeza derramais
As luzes mais sublimes, coração.
E quanto vos percebo a solução
Em dias mais felizes nos cristais
Que um dia com prazeres sem iguais
Iridescentes cores mostrarão.
Nas pedras, nos espinhos, urze e flor
As variantes todas; guerra e amor
Lições que aprenderemos com certeza,
E sinto-vos deveras muito além
Das dores e terrores que inda vêm
Mudando desta vida, a correnteza.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24958
Porém, pressinto ser melhor assim
Aposto nos meus dias que decerto
Mostrando a solidão que hora deserto
Vivendo esta alegria sem ter fim,
Saber que desde quando existe em mim
Um templo de ilusão que estando aberto
Permite um caminhar outrora incerto
Agora com firmeza vejo afim.
E desta afinidade me alimento
Vencendo intempéries e tormento
Ancoradouros tantos; imagino,
Aonde houvera turva imensidão,
Os dias mais pacíficos virão
E neles um momento cristalino.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24957
Da dor eu não conheço arribação
Extraviada sorte trama o fim
E quanto mais audaz, percebo em mim
Que as alegrias vãs debandarão
Deixando como um rastro pelo chão
Da insânia que completa este jardim.
Abrolho destroçando algum jasmim,
A seca dominando uma estação.
A fúria violenta das tormentas
E enquanto novamente tu assentas
A paz neste supremo e belo trono,
Olhando para os lados nada vejo,
E quando mal percebo; outro lampejo
E o rumo que escolhera; ora abandono.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24956
Carcomidos os olhos da esperança
Deixada nesta entrada sem saída
E quando mergulhando em despedida
À fúria terminal ora se lança
Deixando no passado a temperança
A sorte desta forma, vã, urdida
Imenso labirinto onde perdida
Uma alma tem o nada como herança.
Assim ao perceber final dantesco,
Após um leve instante em gozo insano,
Do quanto que não fui; já não me ufano
Às vezes tão venal ou quixotesco
Prazeres incontidos? Ilusão
As hordas de demônios mostrarão.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24955
Extremas sensações que já sentiram
Os que perderam rumo pela vida
Por mais que a realidade nos agrida
Momentos mais felizes impediram
A queda que absoluta não nos deixa
Seguir a caminhada à qual destina
Mesmo que seja turva ou cristalina
Imersa em alegria, medo ou queixa.
Da paz à guerra um salto momentâneo
E nele este tropeço é natural,
Até que num instante, o terminal
Conheçamos enfim o subterrâneo.
Levando desta história dor e mel,
Seguindo pro vazio, Inferno ou Céu.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24954
Cadáveres; em vida coleciono
E faço destes restos um emblema
Estrelas que pensara em diadema
Aos poucos se entregando ao abandono.
E quando em fantasias sou teu dono,
Por mais que tudo ocorra nada tema
O coração no qual o amor se algema
Trazendo mansamente paz ao sono.
Mas quando estes escombros tanto pesam
E os sonhos e delírios me desprezam
Só resta ao cantador, a solidão.
E vago pelas ruas, vou aos bares
Espero com certeza que ao voltares
Cadáveres que trago; morrerão.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
24953
Na cíclica agonia que nos ronda,
Felicidade é mera fantasia
Medonha tempestade que se cria
Fazendo que esperança ao fim se esconda.
Pudesse crer na paz que nunca veio
E ter nos olhos raro amanhecer,
Não deixe mais o sonho esmorecer
Embora natural tanto receio,
Adentro os vales turvos da ilusão
E cevo com carinho e como vês
Após uma alegria esta aridez
Momentos que decerto mostrarão
O quão inútil crer noutra saída
Se já perdemos toda a nossa vida.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25102
A lua sobre a areia, plena, imensa,
Na eterna mocidade se desnuda
Transcende à própria vida e nos ajuda
A crer na eternidade em recompensa,
Permita que minha alma se convença
Que mesmo tão pequena e até miúda
Jamais se omitirá, ficando muda
Derrame-se em força rara, pois intensa.
O tempo vai criando as armadilhas
E nelas mal percebes quando trilhas
Vagando muitas vezes sem destino.
Mas saiba que da luz somos reflexos,
Por mais que se procurem rumos, nexos,
Sob as garras venais me desatino.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25101
Permite que voemos fantasias
O cálice do amor feito em cristal
Trazendo ao mesmo tempo mel e sal
Aporte de emoção, duras sangrias,
Destrói e reconstrói em poesias
Naufraga enquanto ancora a velha nau,
Relevos entre o bem, o medo e o mal,
O amor é muito além do que sabias,
Vivê-lo em plenitude, dor e glória,
É lua que extasia, merencória
Bastante, mas deveras incompleto,
É sim que prenuncia a negação
É neve temporã, toma o verão,
Maldito sentimento, o predileto.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25100
Nós dois, entranhados de magias
Procurando esta alquímica poção
Aonde as alegrias mostrarão
Delírios mais diversos que querias,
E além destas divinas fantasias
O amor que nos ensina esta lição
De solidariedade, vinho e pão
Que em mágicos momentos tu recrias.
Erguendo ao grande amor imenso altar
E a cada anoitecer poder louvar
Em forma de prazer e de atitude
Quem tanto nos renova e nos permite
Sonhar sem ter fronteiras nem limite
Mantendo viva em nós, a juventude.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25099
Na treva, a solidão, seguira os passos
De quem me abandonara há tantos anos,
Somente no caminho, desenganos,
Sequer eu percebera leves traços
E agora depois disso, os olhos lassos
Esqueço do passado; velhos planos
E os dias que virão, tolos e insanos
Na ausência do calor de teus abraços.
Excêntricas paisagens, pesadelos,
E quando me percebo a revolvê-los
Encontro o desvario por resposta,
A sorte se ausentando dos meus dias,
Restando tão somente as poesias
Minha alma entre os espectros segue exposta
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25098
“De tanta inspiração e tanta vida”
A poesia traz em suas sanhas
As luzes e os terrores onde entranhas
A sorte tantas vezes esquecida,
Traçando desde o encontro à despedida
Enquanto em suas águas tu te banhas
Ou mesmo em seus espinhos tu te arranhas
E quando te serena abre feridas
Verdugo que apazigua e mesmo cura,
Nas ânsias mais diversas diz loucura,
Da forma que te alerta já te engana,
Esculpe com palavras, canta em versos
Tecendo em suas frases, universos,
Das artes, com certeza, a soberana
CITAÇÃO DE ÁLVARES DE AZEVEDO.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25097
Na noite que se vai; em nada penso
Somente nas angústias que trouxeste,
Aonde imaginara luz celeste
Eu vejo este vazio, agora imenso,
E quando noutras sendas eu compenso
A dor de me saber alheio e agreste
Colhendo o dissabor que tu me deste,
O amor transcorre vago e sempre tenso,
Audaciosamente quis a luz,
Porém quando ao vazio me conduz
O sonho que deveras fora belo,
As ondas deste mar destroçam tudo,
E mesmo quando insano eu já me iludo
Ruínas o que resta do castelo.
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25096
Deixando bem distantes, agonias
Não posso mais voltar a ter nos olhos
Somente estes temores, tais abrolhos
Que a cada nova ceva sempre crias,
Estraçalhando assim a poesia,
Vencendo com terror farta beleza,
Aonde se pudera ter leveza
Apenas tempestade ainda urdia
Quem tanto eu desejei; fonte de sonhos
E agora percebendo esta cilada.
Não acredito, pois quase em mais nada
Os dias que virão serão medonhos
Marcados pelo medo e pela dor,
Matando em nascedouro, cada flor.
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25095
As marcas desenhadas numa areia
Demonstram que passaste nestas plagas
E enquanto a fantasia; assim afagas
A lua se derrama bela e cheia,
O amor incomparável nos rodeia
E dele estes prazeres quais adagas
Penetram mais profundo em noites magas
Trazendo tudo aquilo que se anseia,
Descreves com carinho cada fato
E quando neste instante eu me arrebato
Tomado por insânia e insensatez,
As ondas deste mar ficam mais fortes,
Sabendo que deveras me confortes
Após a tempestade que se fez.
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25094
Por certo as ondas levam e as marés
Transportam os desejos mais atrozes
E quando ouvindo ao longe belas vozes
Olhando calmamente de viés
Mergulho neste mar e te procuro,
Qual fosse a mais perfeita das sereias,
E mesmo em oceano, ora incendeias
Imenso fogaréu tomando o escuro,
E sinto um raro encanto quando cantas
E as ânsias se transformam; maravilhas,
E sinto quanto mais querida, brilhas
As forças que me impelem sendo tantas
Num átimo percebo ser feliz,
E em ti encontro tudo o que mais quis.
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25093
Depois nada encontrando, quem rastreia
Espera pelo menos um momento
Aonde se permita um pensamento
Tramando em noite clara a lua cheia
Vencendo a tempestade que rodeia
Sagacidade implícita no vento
Enquanto nos teus braços me acalento,
A vida em plenitude uma alma anseia
Vestindo as ilusões que tanto quis
Podendo finalmente ser feliz
Não tenho mais desculpas, quero além
De todo o sentimento que concebo
No amor em magnitude que recebo
A paz que imaginara ele contém.
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25092
Nas marcas das pegadas sigo o rastro
Por onde caminhaste noite afora,
E quando esta saudade já se aflora
A vida vai perdendo rumo e lastro,
E quando pelas sendas eu me alastro
Buscando quem mais quero sem demora,
Imensa ansiedade me devora
Guiado pela lua ou qualquer astro
Que possa refletir tanto fulgor
Produto soberano deste amor
Aonde se percebe a claridade
Imensa que transcende à própria vida
E o que já fora outrora vaga ermida
Agora em luz intensa já me invade.
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25091
Testemunhas do amor que sei demais
Enquanto tal beleza maravilha
Uma alma que deveras bebe a trilha
Aonde vós deveras já passais,
Sabeis destes soberbos, magistrais
Momentos onde o sol mais forte brilha
Por mais que amor traduza uma armadilha
Reflete em si pureza dos cristais.
E quando me entregando sem defesas
Às fortes e soberbas correntezas
Jamais me impediria de seguir
Sabendo quão difíceis as cascatas
Porém suas passadas mais exatas
Levando-nos a um manso e bom porvir.
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25090
Roubando de meus lábios, tentação
Angustiadamente a vida trama
Delírios entre trevas, luz e chama
Trazendo a fantasia ou mesmo o não,
E quando se transforma em solidão
Ou claro amanhecer ela já trama
E para um belo sol ela nos chama
Mostrando os brilhos tantos que virão
Esboçando a um só tempo; guerra e paz
E enquanto nos maltrata satisfaz
Esta ânsia dolorosa de um prazer,
Esqueço os dissabores, dessedento
Angústias preconizam tal tormento
E nela muitas vezes ser/não ser.
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25087
Aflora no meu corpo tal desejo
Vontade de fazer da poesia
Além de simplesmente quente ou fria
Momento de prazer real, sobejo.
E quando me percebo logo vejo
Que tudo não passou de alegoria,
Quem sabe não duvida e até recria
Da própria morte a sorte de um lampejo.
Mas sei que o verso em rimas é tão chato
E quando a realidade desacato
Pareço um Don Quixote ou arremedo,
E tento disfarçar minha ignorância
Rimando com total deselegância,
Porém sigo teimoso e nunca cedo.
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25088 - com estrambote
Que invade minha vida, com vontades
E tramas com delírios novas sanhas,
Assim querida amiga, tu me assanhas
E depois que consegues; logo evades;
(Assim é minha dura realidade,)
Ao mesmo tempo sonhos ou verdade
Loucuras e mentiras são tamanhas
Planícies contrastando com montanhas
Escuridão traduz a claridade.
Dos falsos brilhos sei me que cansei
E quando procurando noutra grei
A porta com certeza está fechada
Assim no perde e ganha a vida passa,
Mas sei que um dia então será da caça
E a caçadora foge, em debandada...
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25086
Querendo sempre mais enfim prevejo
Que o fim se determina a cada dia,
O quadro aonde a luz diversa urdia
Aquém da realidade do desejo,
Expressa a fantasia que ora almejo,
Mas sei o quanto a vida me esvazia
Sonego passo a passo a fantasia
E tudo no final trazendo o pejo,
Faltando ao macarrão um molho e o queijo
Que faço se esta boca não mais beijo
Tampouco algum carinho tu me dás,
Assim o barco esquece cais e porto,
E o amor que tanto quis agora morto
Descansa eternamente em chata paz.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25085
Em nossa cama fogo e sedução
Mentiras que tratamos de esconder
Nas ânsias delicadas do prazer
As noites brancas ora mostrarão
Que tudo na verdade foi em vão,
E tendo novo rumo a escolher
Seria bem melhor o refazer
Num outro caminhar noutra paixão.
Mas tudo se perdendo no marasmo,
Ausente há tanto tempo ansiado orgasmo
O que nos alimenta é o dia a dia,
E dele se repete a ladainha
Diversa da que o sonho já continha,
E o nada vezes nada ora sacia?
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25084
Ouvindo a voz sombria do passado
Sombras do que já fora outrora glória
O quadro se esvanece e nova história
Navega pelo mar entregue ao Fado
Escuto esta canção tão merencória
Tentando o renascer do abandonado
Ourives da palavra, destroçado
Jogado pelos cantos, vulga escória
Águas que nunca movem mais moinho
Medonhas tempestades e sozinho
Ousando ter nos olhos o fututo
Restando tão somente este vazio
Resisto e quanto mais eu desafio
Encontro o mesmo nada e não me curo.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25083
Deitando do teu lado, amor; lateja
Vontade de sentir teu pleno gozo,
O mundo do teu lado mavioso
A sorte se demonstra mais sobeja
Desvendo os teus mistérios que alma veja
Caminho delicado e prazeroso,
Um pária no passado, um andrajoso
O paraíso encontro e em mim poreja
Delírio feito em glória e divindade,
Bacanta fantasia rompe a grade
E tudo se transforma loucamente,
O todo se transborda num segundo
E quando nos teus mares me aprofundo
Uma explosão em luzes se pressente.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25082
E vens tão delicada, bela e nua
Tomando este cenário, louca atriz
No altar não sei se santa ou meretriz
Desvarios causando enquanto atua
E a noite se deleita em rara lua
O amor feito em prazeres não desdiz
A fúria emoldurada e sou feliz,
Vontade repartida, minha e tua,
E dessedento assim minhas vontades,
E quando paraísos tu invades
Derramas sobre mim, orvalho intenso,
Umedecendo em gozo este lençol,
A lua se entregando ao louco sol,
Do etéreo enlaguescer, já me convenço.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25081
Vibrando em mil vontades, a emoção
Transcende ao próprio ser ao traduzir
O quanto do total posso despir
E o quanto necessita proteção.
Nudez que com palavras mostrarão
Diversas muitas vezes do sentir
E quando me pecebo a impedir
Do meu eu a total devastação
Fingindo ou mesmo até mais verdadeiro,
Enquanto me entregando já me esgueiro
E nunca saberás quem sou de fato,
Por vezes no vazio ou no infinito,
Etereamente explícito conflito,
No ser ou poderia, eu me retrato.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25080
Deslinda-se em loucuras, sempre mais
Quem tanto desejou e não sabia
Que a vida é feita em lágrima e alegria
E assim momentos vários nos bornais,
Enquanto ao mesmo tempo, doces, sais
Não posso sonegar a fantasia,
E a realidade após retornaria
Metades se encaixando, desiguais,
Traduzo o que serei no que já fui,
E tudo desta forma ainda flui
Levando à foz diversa em mar incerto,
Mas quando me pergunto se eu desejo,
Início sem ter fim ou meio; almejo,
Porém qualquer desvio e já deserto.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25078
E a noite sem juízo, continua
Deixando nos motéis, os automóveis,
Indóceis passageiros, novos móveis
E a casa prosseguindo quase nua.
O quadro trasnfigura-se deveras
As cores são diversas das que eu vira,
E quando reunindo cada tira
A colcha de retalhos crias; geras.
Metade do que aprendo já deleto
Outra metade; esqueço dia a dia,
E quando o coração não fantasia
Cenário do viver fica incompleto,
Brincando com palavras, lavro a vida,
Adentro esta porteira. E a saída?
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25079
Aporto tuas pernas, acho o cais
E sinto este arrepio benfazejo
O fim desta viagem, pois prevejo
Em ânsias e delírios magistrais,
Mas quando perceberes nunca mais
Virás satisfazer nosso desejo
O amor não poderia ser lampejo,
Que faço se tão pouco diz demais.
Eu sei que na verdade é movediço
O sentimento ao qual já não cobiço,
E trago em minhas mãos a velha adaga
De quem se defendendo contra-ataca
Os gumes tão diversos desta faca
Arranham no momento em que se afaga.
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25077
Desfruto e quero sempre, cada flor
Ainda quando espinhos ela traz,
Assim vivendo em guerra busco a paz,
E nela com certeza o bem do amor.
A vida tem mistérios a propor
Alguma vez percebo pertinaz
Caminho que trilhando mais audaz
Permita no final, prazer ou dor.
Esqueço-me deveras do passado,
E bebo do futuro, extasiado,
Galgando um novo passo a cada dia,
Mas deixo para trás o que não serve,
Somente o que faz bem a alma conserve
E a cada amanhecer já se esvazia.
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25076
E estouro sem limites, sem pudor
Porteiras que se fecham ao passado,
Um canto; há tanto tempo abandonado
Não posso desta forma, te propor,
Viver a plenitude e como for,
Deixando o apodrecido assim de lado,
Com pince nez e unando o amarrotado
Terno onde vejo a traça a decompor
Velhusco eu não traduzo por velhaco,
Axila; agora eu chamo de sovaco
E tudo o que se faz valendo a pena,
Perdoe este mofado cavalheiro
Das velharias toscas, companheiro,
Enquanto este futuro ao largo acena...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25075
Em secretos caminhos tão audazes
A juventude faz ao velho a troça
E quando desconhece uma carroça
Diversas novidades; tu me trazes,
Meus olhos; me perdoe se incapazes
De verem quanto a vida se remoça
E bebem da cachaça lá da roça
Enquanto; outra mstura; agora fazes.
Quem vive do passado é um museu
E tudo o que eu sabia se perdeu
Na nova maravilha feita em brilho,
Assim velho gagá, sem ter apoio
Distante e me isolando do comboio,
Estrada em pó, poeira, ainda trilho.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25074
Além do que pensaram incapazes
A morte desta estúpida quimera
Também levou consigo a primavera
Nas mãos das vagas turbas, vãs tenazes,
E tanto quanto eu posso já desfazes
E matas o que a vida não tempera,
Esqueço e combatendo a tosca fera
Os versos são apenas mais mordazes.
Arcaica poesia tão velhusca
Enquanto a novidade sempre busca
Formatos variados para o tema,
Mas sei que a liberdade diz nos versos
De outros caminhos vários e diversos,
Somente o desfazer o feito, algema.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25073
Audácias e loucuras, quero mais;
Mas sei que o canto é frágil e diz passado,
O sonho de um poeta ultrapassado
Revelam sonhos toscos e ancestrais,
Aonde se quiseram tais cristais
O verso que ora trago está mofado,
Camoniano sonho destroçado,
Os dias se repetem sempte iguais,
Neons toamando a cena, pobre lua,
A realidade, o vate desvirtua,
Combate tão inútil já não faço,
E sei que meu cantar envelhecido
Há tanto pelos cantos esquecido
Não deixará sequer um resto, um traço.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25072
Nas horas prazerosas entornais
Delírios que vós vedes nada valem
Bem antes que estas vozes já se calem
Ainda quero crer possível cais,
E tudo se transforma em vãos jograis,
E neles as certezas que me abalem
Do tanto que não vale, e me avassalem
Os versos que em verdade são banais.
Ausente da esperança; eu sinto em vós
Aquém do que pensara em mansa voz
O fim de um tempo aonde imaginara
Possível ter na lira alguma luz,
Ao nada onde deveras reproduz
Vazio em noite intensa, mas amara.
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25071
As pistas para os sítios mais vorazes
Deixaste como um rastro em noite clara,
E o amor que tanto entranho quanto ampara
Traduz o quanto queres e me trazes
E quando balançando as minhas bases
Uma hora divinal e outrora rara
A porta dos delírios escancara
Fomentando os anseios mais audazes.
Escuto a voz de um tempo em que este encanto
Que agora ao vento lanço quando canto
Tramava maravilhas, mas inúteis,
Os sonhos esquecidos nalgum canto,
E tudo se tomando em vão quebranto
Os dias se repetem; ocos, fúteis.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25070
Nas guerras e nas lutas, tréguas pazes
Momentos de completo desvario
Ao mesmo tempo a seca traz ao rio
O quanto já não queres ou desfazes,
E quando me maltratas, satisfazes
A cada novo tempo me recrio,
E neste velho e tolo desafio
Parceiros de tormentos tão mordazes,
Na luta e na batalha eu te desnudo
E sinto que tu vens, mas sei, contudo
Jamais te mostrarás assim inteira,
E desta forma a vida nos engana,
Ao mesmo tempo escrava e soberana
Quem sabe mentirosa ou verdadeira?
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25069
Nas grutas e montanhas das Gerais
Eu tive os dissabores e as delícias,
Os ventos entre as flores, as carícias
Dos tempoe que não voltam nunca mais
Mineiro sem ter mar, procura um cais
E dele sequer tendo mais notícias
Exponto o coração às vãs sevícias
Enfrenta tempestades magistrais
Sabendo diamantes, turmalinas
E quando apaixonado, me fascinas
E mostrando outra face, serenata
A fonte dos desejos habitando
Aonde fora manso e quase brando,
A fúria de um delírio se desata.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25068
E assim, espaços rotos, descobertos
Delitos cometidos, erros básicos
Os dias se repetem sendo fásicos
Às vezes pelas nuvens, encobertos,
Assisto à derrocada da esperança
E quando se desnuda esta tragédia.
Não minto e nem sequer faria média
Medonha tempestade à qual se lança
Despudoradamente o ser humano,
Astuciosamente a serpe ri,
E quando mal percebo estou aqui
E a cada novo dia mais me engano,
Matando o que talvez inda salvasse
E a vida num terrível; vão impasse.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25067
Nos nichos mais profundos, vãos abertos,
Delírios sem delitos ou pecados,
Momentos mais audazes e safados,
Alagam com prazer os teus desertos,
E sinto num espasmo, descobertos
Desejos entre fúrias desvendados
Os dias em delícias decorados
Os rumos antes vagos, ora certos.
Hedônicos desfiles, gozo e mágica
Aonde a vida fora outrora trágica
Se expressando diversa maravilha
O coração agora em liberdade
Algema-se ao calor que adentra e invade
E em plena noite escura, imenso, brilha.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25066
Adentro sem juízo e sem paragem
Searas onde o amor se faz inteiro,
E sendo dos meus sonhos, mensageiro
Encontra no teu corpo esta estalagem,
Perfaço repetindo tal viagem
Caminho tão gostoso e costumeiro
Delírio se torndando corriqueiro,
Aonde outrora fora uma miragem.
Fronteiras; desconheço e quando entranho
Defesas, barricadas, onde antanho
Jamais imagiara poder ter
As fartas maravilhs que me dás
E nelas reconheço sou audaz
Na ansiedade explícita, o prazer.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25065
Vibrando em cada beijo, docemente,
A pele se arrepia e necessita
Da troca de carias que, bendita
Explode num delírio e se pressente
No olhar um Paraíso mais presente
Vivendo esta emoção que tanto agita
E o coração insano, já palpita
E o gozo incomparável não desmente
O quanto se faz claro e belo o amor,
Sem medos, sem terrores, sem pudor,
Apenas e somente até por ser
Amor se traduzindo em fúria e riso
Tomando num instante todo o siso
Eclode furioso, no prazer.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25064
Desnudo tua pele totalmente
Antevendo delírios sensuais
E quanto deste tanto quero mais
O corpo se excitando não desmente,
Mergulho neste encanto e de repente
A vida se tranforma e os rituais
Do amor que são deveras triunfais
Tomando sem pudores corpo e mente.
E assim ao passearmos no infinito,
Deixando no passado o dia aflito,
Numa ânsia sem limites, fogo intenso,
E quando no teu gozo, também tenho
A imensa recompensa deste empenho,
Do amor que nos domina, eu me convenço.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25063
Enceto, sem limites, tal viagem
Que possa permitir o amanhecer
Depois de tanto tempo em desprazer
Mudando com certeza esta paisagem
Procuro pela paz em nova aragem
E nela passo mesmo até a crer
Que um dia bem melhor irá nascer,
Do sofrimento tolo, sigo à margem.
E sei que também queres novo rumo,
Por isso este final; querida, assumo
Resumo nestes versos nosso fim.
Aonde se pudesse crer na glória
A vida transcorrendo merencória,
A seca devastndo este jardim.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25062
Cada vez que fugia proutros braços
Tentando algum prazer que nunca vinha
A história que pensara fosse minha
Termina em dias frios, sonhos lassos,
E neles percebendo os embaraços
O quanto ser feliz já não continha,
E toda a fantasia ora definha
Vazios entre nós ledos espaços.
E assim ao fim de tudo, ainda creio
E atalho outra saída, busco um meio,
Mas sei que na verdade esta fadiga
Do amor que jamais foi primaveril
E quando novos braços, permitiu
Inútil tentativa; não prossiga.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25089
Comparsas que se encontram num adeus
Joguetes desta mesma ingratidão
Que os dias no futuro mostrarão,
Venenos destilados, teus e meus,
Acende-se entre nós tal disparate
A morte deste encanto reproduz
O que deveras fora rara luz
E agora sem calor não arrebate
Dos versos entre sonhos e delícias,
Medonhas caricatas, desventuras,
E tudo o que talvez inda procuras
Servindo como forma de sevícias
Expõe o nada ter que ora nos guia,
Matando o que restara da alegria.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25061
Eu sempre me encontrava em teus abraços
Durante muito tempo foi assim,
Acendes do desejo este estopim,
Mas como irei fazer se noutros passos
Tu andas e demonstras teus cansaços
O nosso amor aos poucos chega ao fim,
E sem saber sequer se existe em mim
Do quanto fui feliz, resquícios, traços.
A tarde prenuncia a noite vã
Jamais conheceremos a manhã
É bom que se termine tudo agora.
Por mais que procurara um belo lume,
A bruma vai descendo e de costume
A tempestade enfim já não demora.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25060
Em todos os pecados, teus e meus
Apenas a desculpa não sacia
Quisera ter nas mãos tal utopia
E vejo após os sonhos, ledo adeus,
Quem sabe noutra senda eu possa ver
O dia que tentara mais brilhante,
E nele com certeza este diamante
Ladrilha este caminho a percorrer
Aquela que se fez deusa e princesa
E ao mesmo tempo herege; bem e mal,
O amor se fez estúpido e venal,
Negando o que pensara em tal beleza,
E agora o que me resta é prosseguir,
Bebendo as variáveis do porvir.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25059
Vivíamos correndo os olhos baços
Buscando uma resposta que não veio,
E quanto mais feroz o nosso anseio,
Os dias não deixaram sequer traços,
E fumo desbragado, tantos maços
E deles demoníaco incendeio
O rumo que pregaste; um tosco meio
De ter co’eternidade firmes laços.
E morto sem saber se existe vida,
Por mais que lucidez disto duvida
A fé não se calando ainda explana
A luz após o túnel noutra senda,
Que a própria natureza não desvenda,
Mas quero crer que seja soberana.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25058
Cruzando esses limites sem cansaço
Descrevo a minha história pela Terra,
E enquanto a realidade se descerra
Ausente de alegrias; ergo o braço
E quando o caminhar sem nexo eu traço,
Ao mesmo tempo vale, fossa ou serra
A boca escancarada ainda berra
Por mais que o corpo esteja velho e lasso.
Assisto à derrocada dos primatas
E neles os desejos que arrebatas
Batalhas pós batalhas, guerra insana
Cadáveres se espalham, barricadas,
E as cenas repetidas espalhadas
Enquanto este bufão se ilude e ufana.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25057
Vagando em trevas, pedras, ermos, breus,
Não pude conquistar a confiança
De quem com tanto amor assim se lança
Aos mundos que pensara, outrora, meus;
Apenas nos teus olhos este adeus
Deixando para trás toda esperança
Enquanto para a morte, a vida avança
Meus olhos já não são fiéis e ateus,
Visceralmente contra tais desmandos,
Humanidade torpe em loucos bandos
Aguarda uma clemência que destrói
E assim ao perceber tal desvario,
Resposta se tornando este vazio
Que a crença ordenatória já corrói.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25056
Não posso confessar mais a ninguém
Os meus pecados tantos que jamais
Enquanto noutros tempos perdoais
Agora a solidão, deveras vem
Descarrilando a sorte, velho trem,
Em quedas que prometem abissais
Em vós a fantasia que entornais
Transcende ao nosso antigo e caro bem.
Esboço reações, mas nada tendo,
Sequer o descaminho ora desvendo
Detendo sob os olhos o vazio,
E sendo-vos decerto assim leal,
O quanto me transporto ao velho mal
Atrás da nossa porta, em vão, espio.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25055
Os erros que deveras cometi
Repetem mesmos erros do passado,
O quadro com certeza mal pintado
Revela todo o nada que há em ti,
E sendo que encontrara lá e aqui
O mesmo desvario retratado
Bebendo deste lago tão salgado,
Amargo desta vida eu conheci,
E sendo assim perdoe se não volto,
O quanto me protejo ou já me escolto
Usando como escudo esta surdez,
Não deixa qualquer dúvida, querida,
Aonde houvesse chance de uma vida,
Realidade torpe já desfez.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25054
E tudo me remete sempre a ti
Por mais estranho até que isso pareça
A história não tem jeito nem tem pressa
Depois de tudo aquilo que perdi,
Se agora noutra face renasci,
O quanto que ficou atrás esqueça
E vejo que deveras a condessa
Agora na plebéia eu conheci,
Paredes vão guardando este segredo,
E se deveras sei e ainda cedo
Alguma solução que não virá,
Talvez seja arremedo de um passado,
Que outrora imaginara iluminado,
E agora sei que nunca brilhará.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25053
Que sabe e reconhece muito bem
Não tenho qualquer dúvida, querida
Assim no transcorrer de minha vida
A vida do delírio fica além
Do quanto imaginara e me convém.
Por vezes até Deus, eu sei, duvida
E quando vejo a luz, penso em saída,
Mas logo o teu carinho me retém.
Assim no dia a dia, pouco a pouco,
Bem antes que termine quase louco
Eu bebo e me inebrio deste incêndio,
Amor com seus rancores e prazeres
Além das variantes dos quereres
Daria muito mais do que um compêndio.
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25052
O quanto deste amor que nos convém
Persiste mesmo após as variações
Do tempo que em invernos e verões
Enquanto nos traz fogo o gelo tem
Às vezes, na verdade muito aquém
Do quanto se pensara em soluções,
Mas quando em novos dias recompões
O que perdera outrora; tudo bem.
As cenas repetidas ou novéis
Assim ao invertermos os papéis
Por vezes sou vilão, noutras mocinho,
Só sei que deste amor que é manso e fero
As glórias e os infernos; tanto espero,
Só não suporto mais ficar sozinho.
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25051
E há tanto sem querer quase perdi
As minhas esperanças sem remédio
E quando se espalhara o antigo tédio
O todo num instante eu esqueci,
Assíduo companheiro da esperança
Poeta muitas vezes só se engana
E quando a noite chega quase insana
O olhar sobre o vazio, ainda lança.
E tendo em suas mãos dons tão diversos
Usando da palavra, arma sutil
Que muitas vezes mesmo destruiu,
Mostrando este poder que têm os versos,
E sendo sempre assim, sonho e verdade,
Por mais que muitas vezes desagrade.
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25050
Bebendo os dissabores eis aqui
O que talvez pudesse ser um homem,
Mas quando as esperanças, todas, somem
Apenas em vazios me verti
E tudo o que sonhara já perdi,
Enquanto as ilusões terríveis domem
E todo o pensamento; vêm e tomem
Da mansidão e paz eu me esqueci.
Estraçalhado verme que respira
Ainda fomentando a insânia, a pira
Única fonte expressa de calor
Adentrto a frialdade deste inverno
E aonde imaginara calmo e terno,
O dia a dia, em fúria, assustador.
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25049
Esquife feito em lágrimas e pinho
Aonde descansar após a luta
Insana de quem nunca a paz desfruta
E segue a sua senda em dor, sozinho,
E quando do final eu me avizinho
A força tão atroz, terrível, bruta
O passo titubeia e a alma reluta
E o mórbido e funesto vão carinho
Roçando a minha pele, me tocando,
Incrível que pareça; às vezes brando
Suave e terno beijo terminal,
E a morte me recolhe no seu colo,
Num abandono manso, deito ao solo,
Terminando este amargo ritual.
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25048
És a essência de tudo quanto sonho
E disto não me afasto um só segundo,
E quando nestes vales me aprofundo
Um tempo mais feliz, inda componho,
Viver a fantasia e ter no olhar
O brilho de quem ama e sabe bem
Que amor por si somente já contém
Descomunal potência a se mostrar
Mas quando envolto em brumas e neblinas
As horas que pensara cristalinas
Transformam-se em tempestas mais vorazes,
E quando eu me percebo em desalento
À fúria incontrolável destes ventos,
O pacificador alento trazes.
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25047
Maravilhas tão raras que trouxeste
Estrelas, constelares emoções
E quando o coração; em paz expões
Minha alma flutuando assim, celeste
E quando em tempestades tu vieste
Trazendo calmarias, mansidões,
Mudando num instante as estações
O solo nunca mais se fez agreste.
Permita então que em versos eu exponha
A sorte que se fez rara e risonha
Deixando no passado a dor inglória,
E assim ao ter comigo o teu carinho,
Jamais prosseguirei vago e sozinho,
Mudando todo o rumo desta história.
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25046
Tu és de minha vida toda a essência
E assim se perpetua nosso caso
Bem antes que se veja o frio ocaso
Amor ora guiando a consciência
De tudo o que acontece tem ciência
E dela se permite o quão me aprazo
E sei que jamais fora por acaso
O amor só se constrói com paciência
E tudo que desfruto neste instante
Provém de um tempo raro e fascinante
Aonde se cevara este canteiro
Com tal dedicação e estando atento,
Cuidar; amenizando o sofrimento,
E ser mesmo em discórdias, verdadeiro.
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25045
O que tanto tramamos nessa história
Momentos de prazer entre tempestas
Aonde imaginara simples festas
Ao mesmo tempo luz, terror e glória,
Por mais que a vida doe; rememore-a
Verás que às incertezas tu te emprestas
Lembranças tão felizes ou funestas
A sorte que sorri é merencória.
E nesta tão sutil diversidade
Embora muitas vezes desagrade
Assim é que se faz o crescimento.
Lições, aprendizagem, gozo e dor,
Eterno desfiar e recompor,
Tempestade é prenúncio de um alento.
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25044
O vento que nos queima ainda vem
Falar destas estúpidas quimeras
Dos gozos que deveras inda esperas
E o quanto se procura por um bem
A morte tão somente em si contém
As mansas soluções que enfim tu geras
E vendo a expectativa destas feras
A dor e a solidão; não tens ninguém,
Sabendo discernir anseio e medo,
Algum carinho às vezes te concedo,
E por não ter respostas, nada falo,
A vida se perdendo neste nada,
Por vezes vejo a estrada abandonada
E o amor, como consigo decifrá-lo?
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25043
Erguidos dos entulhos, prosseguimos
Vagando entre estes becos, solidão
Os dias que deveras mostrarão
Histórias traduzidas nestes limos,
E quando, de nós mesmos, inda rimos,
Tentando descobrir a solução
Entranha dentre em nós a decepção
E para o mesmo nada enfim partimos.
Dois seres que não foram nem seriam,
Enquanto as nossas sanhas nos trariam
Somente esta friagem e este vazio,
Escombros e retalhos de outras vidas,
Esperanças há tanto apodrecidas
À racionalidade eu desafio.
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25042
Fazíamos da noite, uma refém
Enquanto desfilávamos o sonho
Momento do passado tão risonho
O tempo isso destrói e nada vem
Somente as velhas sombras que contém
O traço mais atroz, frio e medonho,
E quando em novo tempo recomponho,
Olhando para os lados, mas ninguém.
Assim as minhas noites são iguais,
Aonde se quiseram magistrais
Banais e repetidas num marasmo
Que chega a maltratar pelo não ser,
Ausente da esperança e do prazer,
Revejo o mesmo nada, quieto e pasmo.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25041
Por isso, por favor, cegue a memória
E apague no teu cérebro as lembranças
Enquanto ao teu passado ainda lanças
O olhar, a vida resta merencória,
Não deixe que esta morta e tosca glória
Impeça o caminhar, e quando avanças
Entre o porvir e o ido, tu balanças
E assim repetirás a velha história,
Por isso é que te peço, veja a luz
E deixe a que passou no seu lugar,
São fases tão diversas do luar
Prazer e dor a vida reproduz,
Mas traz em todo belo amanhecer
Uma esperança viva a renascer.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25040
Capaz de demonstrar felicidade
Quem tenta disfarçar seus dissabores
Lembranças de terríveis desamores
Sorriso de alegria é falsidade.
E quando chega a noite e uma saudade
Falando de outros tempos sedutores,
Por mais que noutras sendas inda fores
Cadáver do passado ainda invade
E te vejo calada pelos cantos,
Nos olhos tão vazios desencantos
Olhar neste horizonte segue ausente
À espera de quem foi pra não voltar,
Depois como pudesse disfarçar,
O olhar lacrimejado te desmente.
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VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25163
Tornando o meu sonhar mais satisfeito
Após as discordâncias do passado,
Andando por caminho torto, errado,
Entregue às ilusões, sonho desfeito.
Agora que te encontro e abro o peito
Confessando deveras o pecado
O dia nascerá iluminado
A paz a nortear cada preceito.
Não me deixo levar por desenganos
A vida se transforma e novos planos
De fato mudarão o seu sentido,
O mundo preconiza nova chance
E nela uma certeza que se alcance
O raro paraíso prometido.
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25162
Deixando para sempre más lembranças
E velhos dissabores que coleto
Enquanto nesta vida o predileto
Caminho se perdendo enquanto lanças
Os olhos para as nuvens, esperanças
Audazes percorrendo este dileto
Delírio pelo qual eu me completo
E ao mesmo tempo aguardo estas vinganças.
Alçara um eldorado em pensamento,
Mas quando da verdade estou atento
O mundo desabando sobre nós,
E o quanto fui feliz inutilmente,
A vida a cada dia me desmente,
Num rastro que se mostra duro e atroz.
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25161
Agora que encontrei amor perfeito
Depois de tão sofrida caminhada
Aonde se imagina mansa estrada
Desfiladeiro imenso; onde me deito
E o amor insanamente faz seu pleito
Tomando já de assalto a destroçada
Alma pelo sonho abandonada
Felicidade enfim é meu direito,
Escusos becos, ruas sem saída,
Assim se demonstrara a torpe vida
De um tolo e descabido sonhador,
Mas quando se pensara já perdido,
Jogado nos porões de um vago olvido,
Ela adentrando a porta traz o amor.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25160
Comigo em tanto amor pra sempre avanças
Deixando para trás vicissitudes
E mesmo que deveras inda mudes
De ti só guardarei boas lembranças,
O amor traz alegrias, medos, lanças
E nele se percebem atitudes
E mesmo que deveras não ajudes
As noites ao te ter sempre são mansas.
Quem tanto se mostrara um infeliz
Agora que a verdade contradiz
Encontra-se em sobeja maravilha,
Por sendas tão tranqüilas que eu caminho,
Aonde há tanto tempo era sozinho,
Uma alegria imensa a alma palmilha.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25159
Amor em primavera neste outono
Conflitos entre o ser e o querer ser
Mudanças tão difíceis de prever
Ludibriando o tempo já me adono
E quando na quietude até ressono
As súcias demoníacas a ver
Percebo quão inválido o poder
E sinto-me deveras como um mono.
Espúrias as imagens refletidas
Mostrando quão inúteis estas vidas
Assaz maravilhosas por momentos,
Velhaca criatura fantasia
Além de um simples gozo em alegria,
Bebendo depois disso os sofrimentos.
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25158
Fazendo as flores raras, folhas belas
Outono transformado em primavera
E quando a solidão se degenera
Destino bem diverso tu já selas
A fantasia velha castelã
Usufruindo os gozos de um reinado
Há tanto tempo inválido e fadado
À realidade amarga, torpe e vã
Deixando prosseguir tal heresia
Minha alma se transporta ao nada ter
E molda noutras formas de prazer
O que talvez em paz nem pensaria,
Fazendo da emoção sua trincheira,
Atocaiando a presa, guerrilheira.
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25157
De quem sempre vivera em abandono
Pegadas pela vida se apagando,
Não posso mais sonhar nem quando
Entregue totalmente em manso sono,
Nas ânsias de um prazer me desabono
E perco a direção, já desabando
O todo que eu pensara se mostrando
Desnudo coração, amor detono,
E sinto que talvez tenha somente
Sementes de uma inválida colheita
Às vezes de tocaia esta alma espreita
E mesmo quando vê; logo desmente
Montando um mundo escuso e virtual
Jogando no porvir a pá de cal.
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25156
As noites pululando em zil estrelas
O vento uivando adentra na janela
E toda a fantasia se revela
Nas ânsias e desejos de contê-las
Há tanto desejara enfim revê-las
Imagem deslumbrante que tão bela
Futuro extasiante agora sela
Na mágica ilusão de recebê-las
Deitando em minha cama, carinhosas,
Constelação soberba feita em rosas
Perfumes que saciam tais vontades,
Um sonho sem igual tão prazeroso
E nele esta promessa rara em gozo,
Realizada quando o quarto; invades.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25155
Sonhando com teus beijos noite afora
A vida se transforma em poesia,
Minha alma embevecida fantasia
E num sublime sol já se decora,
Enquanto a maravilha assim demora,
O amor em explosão conduz e guia
Quem tanto em solidão se maldizia
Vivendo uma emoção que se assenhora
Tomando já de assalto uma alma triste,
E vendo que o futuro ainda existe
Resisto e luto agora pela vida
Há tanto desprezada e sem sentido,
O amor abrindo então olhar e ouvido
Percebe esta esperança ressurgida.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25154
Os céus já se tornando raras telas
Romântico caminho se desnuda
A lua entre as estrelas já se escuda
Imagens deslumbrantes, raras, belas.
E quando neste quadro tu revelas
A sorte extasiante, uma alma muda
Expressa no silêncio e se transmuda
Rompendo as mais terríveis, duras celas
E liberta caminha em desvario,
Audaciosamente eu desafio
Catervas que talvez ainda tema,
E rompo neste instante tais grilhões
Enquanto em luz sublime tu expões
As marcas indeléveis desta algema.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25153
Morena; amar eu quero em cada cena
Mal importando o texto e a\qualidade
Enquanto este cenário amor invade
Entrega se mostrando intensa e plena,
Assídua maravilha desfrutada
Delitos cometidos, despudores,
Dos sonhos e delírios multicores
Um brinde que se faz à nossa estada
Vetustas ilusões? Reais momentos
E neles com total satisfação
Estrelas no infinito mostrarão
Caminhos que impedindo sofrimentos
Demonstrem diademas e colares
No iluminado céu, nossos altares.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25152
Da sorte que bem perto já me acena
Enveredando cada amanhecer
E sorvo da alegria e do prazer
Vontade satisfeita, agora plena,
Acasos entre lances discordantes
Volúpias nos encantam e dominam,
E quando nossos corpos determinam
Roubamos das estrelas, diamantes
Redemoinhos tantos, carrosséis
Rondando, a bela lua avermelhada
Trilhamos com certeza a mesma estrada
Bebendo em rara fonte, puros méis,
Numa explosão de fogos multicores
Celebração ao deus que traz amores.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25151
Dançamos nossos corpos nesta busca
Insaciavelmente não descanso
Aonde se pudesse algum remanso
Vontade é bem maior e logo ofusca
Numa ânsia incontrolável e insensata
Voracidade assim à flor da pele,
Ao gozo incomparável me compele
Enquanto este delírio me arrebata,
Desvendo os teus segredos, vago estrelas
Adentro estes fantásticos recantos
E envolto pelas teias dos encantos,
Delícias que procuro ora contê-las
Seguindo cada passo que tu deixas,
Alheio às mais diversas, toscas queixas.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25150
Ensimesmando hermético e monástico
Não tendo uma resposta que inda possa
Além de se mostrar nefasta fossa
Resolvo me calar num ato drástico.
Espasmódico rito me inebria
Em solilóquio, às vezes eu me indago
Galgando em desespero um vão afago
Insólita e canalha fantasia,
Esboço reações que não virão,
E teimo em provocar os deuses falsos,
Os santos que conheço são descalços
De toda forma amarga de ambição.
Inconfundível traço de união
Levando ao descaminho ou salvação.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25149
Em simultâneos jogos, treva e luz
Ascendências diversas sobre mim,
Demônio disfarçado em querubim,
Reflexo que se inverte em contraluz,
No gozo pelo gozo se disfarça
Imagem distorcida de algum deus,
Depois se preparando um vil adeus
Somente aí percebo a torpe farsa,
Envolto pelas ébrias fantasias
Querência superando o bem querer,
Na angústia insaciável do poder
Satânicas figuras já desfias,
E delas bebo até que esteja farto,
Enquanto de algum Éden já me aparto.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25148
Conflitos entre um ente e sua essência
Diversas magnitudes, mesmo ser,
Na luta quase insana posso ver
A morte do que fora uma clemência,
E não posso chamar coincidência
Aquilo que talvez sem entender
Desfruta sempre fútil tal prazer
E dele, só por ele, a penitência.
Limite feito amor, paz e perdão,
Vitoriosas hordas não verão
Já que o prazer embota enquanto tento
Conciliar as luzes divergentes
Enquanto o paraíso tu desmentes
Afasta-te de tal discernimento.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25147
Vultos quase informes do passado,
Apóiam-se no umbral e vejo bem
Que quanto mais a noite desce vêm
Tecendo um quadro amargo e assombrado
Vencido pela insânia, nada levo
Senão uma incerteza fria e atroz,
Ao abafar assim a minha voz
Destroçando a esperança que inda cevo
Deixando esta carcaça sobre o solo,
E peremptoriamente nada resta
Imagem destruída e tão funesta
Enquanto inutilmente eu já me imolo
Nas ímpias profundezas de minha alma,
Um distorcido luar traz a calma.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25146
Beligerantes forças me entranhando
Vivendo sem saber qual melhor sorte
Se aquela que deveras me conforte
E torne o pensamento bem mais brando
Ou mesmo a que me expõe em carne viva
E traz a fome insana e transparente
Voracidade imensa, fúria ardente
Aonde quem tem não foge sobreviva
Às várias intempéries do caminho,
Audácia a cada passo, salto e luta
Um louco caminhante não reluta
Da morte inconseqüente me avizinho
E crio paradoxos e os sustento,
Indiferente ao medo e ao sofrimento.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25145
Ladeira aonde expresso queda e dor
Ao mesmo tempo leva ao mais sublime,
Por tanto que estimule ou mesmo estime
Na frágil consistência deste andor,
Arruinando enquanto fortifica
Matando devagar, traduz a cura,
Além ou bem aquém do que procura
Uma alma que deveras não se explica
Tomada pelo medo ou pelo anseio,
Escrava dos pudores ou prazeres
Enquanto não decifras teus quereres
Em gozos desprezíveis banqueteio
O que virá depois, nesta fornada;
A paz eterna, a fúria ou mesmo o nada?
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25144
Simétricos caminhos, paralelos
Levando aos mais diversos descaminhos,
Aonde se fizessem toscos ninhos
Apenas disfarçando em tais alelos
Metades discordantes, mas iguais
Levando ao Paraíso ou ao Inferno,
E quando nas estradas eu me interno
Externo os meus desejos sensuais
Limites sempre tênues, liberdade
Fazendo o desfazer ou recriando
E sendo quase sempre manso e brando,
Ao mesmo tempo enquanto se degrade
A vida na total dicotomia
Prazer que glorifica se recria.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25143
Esta engrenagem tosca se destrói
E nada poderá restituir
Após a sede imensa e sem porvir
Invés de cultivar, o homem corrói
E bebe a podridão que agora espalha
Tornando nossos rios simples valas,
E quando se percebe em tiros, balas
Saudoso das adagas, da navalha,
Explodem o seu tosco semelhante
E pensa ser um deus, vil criatura,
Retrato distorcido da amargura
Um bípede canalha e mal pensante
Esgota-se em si mesmo enquanto traça;
Da criação divina, mera traça.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25142
Seguindo os rastros vários que deixaste
Na curta caminhada pela Terra
Minha alma maravilhas já descerra
E tem nesta visão raro contraste
Quem dera se soubéssemos trazer
Da bela teoria às nossas vidas
Em bases tão mordazes sendo urdidas
Mormente se entranhando no prazer
Talvez aqui pudesse ser edênico
Lugar onde existisse a liberdade
Na faceta real que não degrade
Um mundo em luzes fartas e ecumênico;
Porém prostituído o verme vaga,
Endêmico demônio, podre praga.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25141
Fatídico momento se aproxima
Deixando mil cadáveres no chão,
E quanto às tempestades, sobrarão
As sombras do que fora outrora estima,
A marca da pantera em cada face
Descubro minha pele e vejo o quanto
Tomado pelo horror e desencanto
Ainda prosseguindo em vão impasse
Adentro os meus demônios e os decoro
Com todos os meus erros e pecados,
Urdidos pensamentos, desmembrados
Canibalesco verme, eu me devoro
Não deixo nem sinal de uma existência
Há tanto desfraldando incoerência.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25141
Fatídico momento se aproxima
Deixando mil cadáveres no chão,
E quanto às tempestades, sobrarão
As sombras do que fora outrora estima,
A marca da pantera em cada face
Descubro minha pele e vejo o quanto
Tomado pelo horror e desencanto
Ainda prosseguindo em vão impasse
Adentro os meus demônios e os decoro
Com todos os meus erros e pecados,
Urdidos pensamentos, desmembrados
Canibalesco verme, eu me devoro
Não deixo nem sinal de uma existência
Há tanto desfraldando incoerência.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25140
Espíritos venais soltando as feras
Esgarçam a esperança mais sutil,
Aonde este demônio refletiu
Aborto sonegando as primaveras
Efervescentes noites de neon
Mendigos e vadias pelas ruas
Nas ruínas do passado continuas
Mantendo o descalabro em mesmo tom,
E quando vês a foto: alto relevo,
Esboças reações horrorizadas
Depois esqueces tudo nas baladas
E segue Satanás em doce enlevo,
Assim para a total putrefação
Humanidade segue, sem perdão.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25139
Espionando ao longe, um astro vê
A sórdida e terrível criatura
Que enquanto se destrói vaga e procura
Insana uma verdade; mas não crê
Aonde se pudesse ter a sorte
Nefastas imundícies se espalhando,
O vendaval inglório outrora brando
Traduz o irresistível dom da morte
Um títere somente desce o rio
Os capitães do mato ressurgidos
Das feras incrustadas os rugidos
A liberdade é um torpe desafio,
Impávido o cadáver de um senhor
Transforma a servidão em vil louvor.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25138
Usando uma lanterna em noite escura
Qual fosse algum filósofo de outrora,
Aonde em que barril a alma se ancora
Deixando resolvida esta procura,
Há tanto se repete e sem bravatas
Histórias conhecidas e constantes,
Aonde imaginara diamantes
Os sonhos se derramam em cascatas
Não sobra nem sequer as mãos de quem
Há tempos se fez símbolo e disfarça
Inevitavelmente exposta a farsa
O tempo jamais poupa, enfim, ninguém,
Onde beijara agora só escarro,
Um ídolo banal com pés de barro
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25137
Aonde se pensara em luz sidérica
Apenas sombras foscas e neblinas
Enquanto te denigres me dominas
Em voz estridulosa quase histérica,
A força necessária mesmo homérica
Já não comporta formas cristalinas
E quando desgrenhada te alucinas
Vontade insuperável fria e feérica
Jamais resistiria aos dissabores
Que explanas e derramas onde fores
Tornando assim inóspito o viver,
Herméticas saídas, labirinto,
Há tanto o amor imenso segue extinto
Deixando como rastro um desprazer.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25136
De uma alma que se perde, sentinela
Tentando o refazer em nova história
O quanto se perdera na memória
Aos poucos insolente se revela,
Apáticos caminhos desvendados
Medonhas as quimeras, pesadelos
Meus dedos quase sempre ao percebê-los
Adentram paraísos destroçados
E vejo nesta herética figura
Retrato insofismável do que fora
Outrora alma nobre e promissora
E agora noutra face se afigura
Provando do veneno que destila
No inferno virtual, se esvai, se exila.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25135
Sidérica ilusão em fogo e chama
Adentro alabastrinos espetáculos
Aonde imaginara vãos tentáculos
Efervescência adentra e em fúria clama,
Harmônicas essências bom perfume,
Sulfídricos fantoches se esvanecem
Enquanto insofismáveis luzes tecem
Nos olhos mais satânicos, o ardume
E o vento promissor de um novo dia
Arranca das entranhas; vil Mefisto
E impávido ou mordaz, ainda insisto
Nesta insana batalha em fantasia.
Imagem que se inverte especular,
Sorriso demoníaco a brilhar.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25134
Na rara rutilância da esperança
Que após as desventuras inda brilha
Escolta quem caminha e da armadilha
Refugiando ao longe ora se lança
Preparam-se solares compaixões,
Mas quando se percebe em vãos esgares
O quanto desejavas transformares,
Ausência de alegria, pois repões
E nisto perpetua-se esta espera
Refeita num florir sempre abortado,
Aonde se queria já granado
Inútil florescer da primavera
Que embora seja bela trama o luto
Desfeito quando expõe um novo fruto.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25133
Se eu trago aqui estigmas vários
Da torpe confraria dos humanos,
A cada vez que vejo em desenganos
Percebo quão nefastos os corsários
Eternos sacripantas, vãos insetos
Inermes criaturas, quais helmintos
Nos olhos cabisbaixos seus instintos
Levando aos dissabores mais abjetos
Chupins que se revezam noutras cenas
Seres fantasmagóricos, venais
Entranham-se quais fossem vis chacais
Ou mesmo as histriônicas hienas
Assim em descaminhos decorara,
A humanidade, aos poucos destroçada.
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25132
O próprio sofrimento nos ensina
Que a vida se cumprindo como um fardo
Impede a consciência de algum cardo
Negando dos prazeres fonte e mina,
Emana-se deveras cristalina
A voz deste cantor, sobejo bardo,
Mas quando em caminhada, eu me retardo
Paisagem decomposta me domina.
Num êxodo constante não percebes
Quaisquer transformações nas velhas sebes
E bebes poluída insensatez.
Num abrasivo solo incandescente
A cena modifica num instante
E tudo o que era sacro se desfez.
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25131
Carrego no meu dorso o fardo imenso
De quem tentou tramar escapatórias
Em noites tão soturnas quão inglórias
Sem ter em minhas mãos, o branco lenço.
Se às vezes no passado ainda penso
As bocas esfaimadas das memórias
Rasgando os pavilhões, matam vitórias
E assim sem ter mais nada, sigo tenso.
E em tais vicissitudes desprazeres.
Aquém do que talvez ao recolheres
Ainda imaginaras ser possível
Beber alguma gota da querência
Que morrendo ao relento em indulgência
Demonstra quanta a vida é perecível.
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25130
Ao colher as flores do canteiro
De uma existência espúria e mesmo vã
Sabendo que talvez noutra manhã
O encanto se demonstre derradeiro,
A vida se perdendo no cinzeiro,
Na poesia, ancoro o meu afã
Distando da verdade que malsã
Esboça este fantoche corriqueiro
Exploro os descaminhos que não sei
Tampouco penetrasse em minha vida,
Há tanto sem remédio e já perdida,
Somente a fantasia gera a grei
Aonde possa ter felicidade,
Ao largo do final que me degrade.
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25129
Heterogêneos rumos pela vida
Por vezes contradizem o que somos,
E deles percebendo vários gomos
Ao mesmo tempo enquanto não decida
Escolhas são difíceis, eu entendo,
Mas nada que te impeça de pensar
Na morte ou na passagem a tornar
Uma existência como um mero adendo
E dele ser possível ganho ou dano,
Escusas desventuras, belos ritos,
Momentos de loucuras nos aflitos
Terrores pelos quais eu já me dano
Princípio ou mesmo fim, já não importa,
Certeza há muito tempo eu vejo morta.
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25128
Diversidade espúria em tom amargo,
Difícil carregar pesada carga,
E quando a voz se cala ou mesmo embarga
Letárgico momento em desencargo,
Num aterrorizante descalabro
Fenecem esperanças, turva turba
Visão do meu passado me conturba
E as escotilhas todas, teimando abro.
Naufrágios e corsários, ritos, farsas
Esgotam-se emoções em luzes pálidas
Aonde se pensasse nas crisálidas
Metamorfoses toscas,vis e esparsas
Assíduas as procelas, derrocadas
Embarcações há tanto abandonadas.
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25127
Na multiplicidade do sensório
Prazeres entre lutas e batalhas,
Nas mãos deste verdugo, tais navalhas
No olhar ensandecido, altar, velório.
Esgares entre fúteis gargalhadas,
Esmagam cada parte, pernas, braços,
E quanto mais apertam estes laços
Palavras vão surgindo embaralhadas,
Fraturas cervicais, a morte vem,
Minuto interminável, vã tortura,
E incrível que pareça, bebo a cura
Distingo entre os carrascos este alguém
Que ao escarrar no rosto condenado,
Expõe-se como fosse abençoado.
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25126
Amargas e insensatas sensações
Sevícias entre gozos e promessas
E quando em tuas pernas tu tropeças
Cadáveres diversos já me expões
Jazigos da esperança em luz sombria
Arcanjos disfarçados em demônios
Afloram sem controle, meus hormônios
E orgástica loucura se desfia
Bacantes gargalhares dionísicos
Vorazes garatujas caricatas
E quando os nós mais firmes tu desatas
Hemoptises traduzem gozos tísicos
Apodrecendo em vida, assim me exponho,
Na derme decomposta, odor medonho.
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25125
Monótono caminho para a morte
Percorro diariamente e não percebo,
Um ser idiota; eu não concebo
Além do que deveras me conforte
Esqueço entre as vielas cada parte
Do todo que se fez estupidez,
Imagem desvalida que se fez
Servindo tão somente de descarte
Argutas armadilhas, arapucas,
Os dias são venais e não perdoam
As horas sempre fúteis já se escoam,
Prazeres que de antanho tu caducas
Resíduos minerais, espectros ósmicos
Sonhando siderais castelos cósmicos.
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25124
Fluindo entre meus dedos, o futuro
Que tantas vezes quis e não sabia
Morria no descrédito; agonia
Eflúvios do passado em ar escuro
Não quero mais sentir a mão pesada
Do escárnio que desfraldas ao me veres
Tampouco apodrecer nestes quereres
Aonde se traduz o eterno nada,
Intensas sensações de dor e medo
Aventa-se possível liberdade,
Mas quanto a vida nos degrade
À fúria do não ser calo e concedo
Um último momento de esperança
Que ao fogo dos incréus minha alma lança.
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25123
Ferozes sacripantas vis beatos
Nefastas demoníacas figuras
Imiscuindo insanas quase obscuras
Profanam natureza em torpes atos,
E desta horda maldita já se emana
O fétido terror que agora embrenha
Uma alma sem pudor, tudo desdenha
E bebe desta lástima mundana
Uivando, uma alcatéia; escuto ao longe
Confrades da caterva que se expõe
E a morte insaciável decompõe
Sorriso de um falsário, quase um monge
No alforje carregando escalpes tantos,
Espalham no arrebol, vis desencantos.
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25122
Amargas sensações se repetindo
Avesso à claridade em trevas sigo,
E faço do sepulcro meu abrigo
A névoa se transforma em bem infindo
Opacas maravilhas, lusco fusco
E os mochos entre tantos pirilampos
Abrindo em noite densa, novos campos
Espectros; fátuos fogos, ora busco
Chacais se aproximando, e da matilha
O bote se prepara e descarnado
Cadáver do meu sonho abandonado,
Fosforescente ao largo ainda brilha
Os ventos entre as árvores ululam
E as sombras dos meus erros; vãs, pululam.
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25121
Assisto ao meu horrendo e terminal
Momento sobre a Terra; um vão planeta
Enquanto ao subterrâneo me arremeta
Nefasta maravilha ritual,
Velando o corpo inerte exposto às larvas
Que enfim irão fartar-se em tal festança
Deixando no passado uma esperança
Em meio às vagas trevas, toscas, parvas,
E neste funeral a despedida
Há tanto deseja por parentes,
E a fera gargalhando, expondo os dentes
Carcaça pouco a pouco apodrecida
Resume uma passagem leda e inglória
E esboço num esgar, fatal vitória.
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25120
Da consciência humana; nada herdado
Que possa traduzir felicidade,
Enquanto a redenção ainda aguarde
Bebendo a podridão do antepassado,
Extraviando a sorte em jogatinas
Audazes, mas estúpidos caminhos,
Vinagre destruindo raros vinhos
As dores são eternas concubinas.
Insaciável ser, tosco glutão
Não vê que destroçando o seu porvir
Na fúria inconseqüente, destruir
Tramando apocalipses que virão
Vendendo a salvação por uns trocados
Dantescos caricatos destroçados.
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25119
Antíteses se mostram: gozo e dor
A vida se alimenta de outra vida,
E quando se percebe apodrecida
Uma alma leva à treva, ou mesmo à flor,
Reabastecendo assim, o eterno ciclo
Satânica figura; uma deidade
Escorre sobre a Terra a humanidade
E nela novamente eu me reciclo
Sabendo que depois virá decerto
Um ser evoluído ou mesmo não,
E quando se fizer tal mutação
Quem sabe outro caminho sendo aberto
Deste primata bípede um adeus,
Imagem semelhança de outro Deus.
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25118
Fluidificando o outrora quase sólido
Caminho mais audaz, porém perverso,
Eu sigo ensimesmado e assim imerso
Transformo o pensamento em louco bólido.
Insólitos desejos em neblinas,
Cadáveres dos sonhos insepultos
Vislumbro de soslaio toscos vultos
Enquanto mais distante te alucinas
E bebes desta ingrata tentação
Gerada em uterinas podridões
E delas os demônios que assim expões
Belas alegorias mostrarão,
Imagem sedutora e tão formosa,
Entranha-se deveras prazerosa.
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25117
Um dínamo que move terras, mares
Esta esperança atroz nos devorando
E sabe destroçar, pois desde quando
Erguera nos desertos seus altares
Alimentando a fome insaciável
Da tosca criatura que se vende
Enquanto falsamente se arrepende
Tentando um céu distante, imaginável.
Atravessando assim em descaminhos
Os passos de um bendito Criador,
Aonde poderia crer no amor
Apenas espalhando seus espinhos,
Jardins que outrora foram metas belas
Utópicas veredas; vãs, revelas.
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25116
Galgasse cordilheiras e veria
A Terra em plena paz, bela e singela,
Mas quando mais de perto se revela
A fera intolerável não sacia
Da própria espécie expondo uma sangria
Apodrecendo o verde desta tela,
Gerando em coisas fúteis, torpe cela
Num consumismo espúrio, fantasia.
E chutando o mendigo, a prostituta
A canalha se julga mais astuta,
E serve a Satanás, o deus hedônico,
E serva dos prazeres e delírios
Prepara a cada dia, seus martírios
Num mundo sem justiça e desarmônico.
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25115
Do que será capaz a humanidade?
A torpe turba segue ao cadafalso
Gerado pelo próprio gozo falso
No escárnio e insensatez que tudo invade
Por mais que a cada dia se degrade
Não vê, corja imbecil, novo percalço
E segue este demônio e neste encalço
O nauseabundo odor mostra a verdade.
Acossando corsários siderais
Na fúria inesgotável, animais
Em total desvario negam luz.
E enquanto este cordeiro, eterno luto,
Bendito dentre todos, uno fruto
Lacrimejando exposto em fria cruz.
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25114
Audazes os espectros dos alquímicos
Modernos caricatos, santos vãos,
Espalham pela Terra podres grãos
E seguem descaminhos, toscos, cínicos.
Seria na verdade até grotesca
Não fosse tão terrível pantomima
Que enquanto nos saqueia também prima
Pela voracidade gigantesca,
Já bastaria a Vós, querido, a Cruz,
Caterva imunda bebe todo o sangue
Até que este cadáver ora exangue
Com ossos já puídos, rotos, nus
Levante-se e feroz mostre outra face
E toda a humanidade, em paz, desgrace.
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25113
A força de uma crença incontestável
Mantém superstições medonhas vivas,
Por mais que existam luzes cognitivas
Reproduz-se a figura detestável
Criada por astutos bandoleiros
Há tempos nos concílios e tratados,
Medonhos caricatos desgraçados
Vendendo falsos santos, corriqueiros,
Seria muitas vezes enfadonho
Não fosse tão cruel farsa canalha,
Enquanto o pobre Cristo em vão trabalha
Na viva consciência que ora exponho,
Os homens sem defesas andam nus
Expostos aos vorazes urubus.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25112
Fenômenos que outrora pareciam
Sinais de Deus ou mesmo dos demônios
Nas ânsias e delírios dos hormônios
Delitos e pecados propiciam,
Por vezes não sabemos explicar
E logo vem à tona outra crendice
A história tantas vezes contradisse
Loucuras, convulsões, treva ou altar
E assim entre fantasmas, santidades
Vivemos até hoje em ignorância
Terrível desvario ou discrepância
Contradições espúrias, novidades.
E a corja insaciável continua
Em cada templo, igreja até na rua.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25111
Contraídos, os músculos da face
Expõem estas verdades que inda oculto,
Satânico caminho, espúrio culto,
A cada novidade que desgrace
Momento quis pacífico, outro estorvo
Esgotos freqüentados com regalo,
E quando vejo a cena, nada falo,
Na fria expectativa, qual um corvo
Espero rapineiro, o fim de tudo,
E nos escombros fétidos mergulho,
Revolvo estas escórias, pedregulho,
Nos túneis entre corpos, não me iludo,
Por mais que a realidade se degrade
Encontro uma real felicidade.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25110
Percebo neste século nefasto
As nuvens que negrejam nossos dias,
Das brumas e neblinas percebias
As sombras do futuro e se me afasto
Encontro a cada infausto outro motivo
Fomentando o terrível pessimismo
Espero o derradeiro cataclismo,
E enquanto isto não vem, eu sobrevivo.
Ascendo aos meus infernos, paz e guerra,
Soturnas paisagens, podres lagos,
Aonde imaginara alguns afagos
O que se fez carícia ora se encerra
Restando tão somente este abismal
Caminho para o rito terminal.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25109
Gargalha em ironia uma alma insana
Bebendo destes charcos, me alimento
E quanto mais audaz; ledo tormento,
Verdade incontestável nos engana,
Esgarçando os meus pés em espinheiros,
Pereço a cada dia em que me ausento
Deste vigor terrível, violento,
Momentos que bem sei são derradeiros,
Dilacerada há tanto uma esperança
Numa espectral imagem, decomposta,
A carne se desfaz em pasta exposta
E ao tétrico vazio já me lança
Amputo cada sonho, demoníaco
No olhar envilecido de um maníaco.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25108
Na milenária dor hereditária
Carrego em convulsões os meus demônios,
Quais fossem realmente patrimônios
Entranhados em mim qual alimária
Vestindo esta macabra fantasia
Edênicos caminhos desconheço,
E quando me perguntam o endereço
Satânica resposta já se urdia
Surgindo dos meus ermos, fartas brumas
Rendendo as homenagens a Satã
A vida se resume neste afã
Deveras, companheira, ora te esfumas
E seguimos nos pântanos o caminho
Enquanto nos escombros eu me aninho.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25107
No subsolo encontrando as minhas luzes
Servindo de repasto a tais necrófagos
Durante a minha vida em vãos sarcófagos
Imagem que deveras reproduzes
Em celerados rumos, desconexo
Vagando entre as penumbras, solidão,
Somente os desvarios mostrarão
Além deste prazer de sangue e sexo.
Esgoto-me nas trevas e neblinas
Medonhas caricatas criaturas,
E quando embasbaca tu procuras
Motivos pelos quais já te alucinas
Encontras no meu rosto o especular
Delírio que ora entranhas sem pensar.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25106
Com avidez rasgando a minha pele
As garras entranhando, vão profundas
Sorvendo do veneno que me inundas,
Satânico caminho me compele,
E sei que talvez possa ser feliz
Bebendo deste sangue ensandecido,
E quando meus fantasmas eu agrido
A realidade invade e contradiz
Espúrias fantasias vãs quimeras,
As ondas deste mar tão poluído
E a fúria insaciável da libido,
Afloram-se famintas, loucas feras
E sei que assim encontro algum motivo
Que possa me manter; ainda, vivo.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25105
Bravias tempestades, vendavais
Explodem-se em pedaços, restos vários,
Aonde houvera gritos temerários
As garras; em silêncios, entranhais
E expondo com terror esta ossatura
Entregue aos vossos torpes desatinos
Olhares piedosos e assassinos,
Um ar mais respirável se procura
Não tendo mais saída; sigo entregue
E tudo em tal volúpia; ensandecida
Vós devorais o que restou de vida
Demônio in saciável não sossegue
Enquanto ainda houver respiração,
O resto; as rapineiras findarão.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25104
Ardendo em febre e quase entorpecido,
Heréticos demônios me acompanham
Espaços, pouco a pouco, vêm e ganham
Do corpo há muito tempo esvanecido,
Empedernidas rotas, voz sombria
Arquétipos de sátiros fantasmas
As horas em silêncio, vagas, pasmas,
No olhar enlouquecido, uma agonia.
Olhando para trás percebo a causa
Das pútridas veredas que ora entranho,
Um ser se decompondo, vão e estranho,
Inútil meu lamento, peço pausa
Mas tudo se acelera e dos destroços
Só restarão cabelos, sombras e ossos.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25103
Erguendo o meu olhar em ânsias várias
Esquivo-me de espectros do passado,
Encontro o meu cadáver; transtornado
Visões tão funestas, temerárias
Demônios me rondando, sombras, trevas
E esta figura insólita sorri,
Percebo que este eflúvio vem de ti
Enquanto uma alma espúria; ao largo levas
Eviscerado; aguardo o meu final,
Agônico e jogado às rapineiras
Nas sombras; com sarcasmo tu te esgueiras
E o corpo decomposto, cheira mal,
Escombros do que fui; agora ao vê-los
Adentro; sepulcral, meus pesadelos.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Sábado, Fevereiro 20, 2010
25242
Os sonhos mais gostosos de sonhar
Permitem que se veja a liberdade
Tramando desde sempre a claridade
E nela com certeza mergulhar
Aos raios mais sublimes do luar
Percebo que a real felicidade
Não necessita mesmo que se brade
Tampouco desconhece algum lugar
Vivendo por viver sem ter razões
Nesta beleza rara em que compões
A vida bem melhor de ser vivida,
Sem termos nem perguntas, só respostas,
As horas entre luzes vão dispostas
E sabem decifrar sem despedida.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25241
Aos poucos me envolvendo, me enlevando
Vontade de poder estar contigo,
Vivendo mansamente em tal abrigo,
Um mundo mais tranqüilo, até mais brando
E quando em tempestades eu me abrando
Não vendo após o cais qualquer perigo,
Assim enamorado enfim prossigo
Até que eu te perceba retornando,
Vivendo sem perguntas nem por que
No amor que tanto quer quem nele crê
Passível de pensar eternidade,
E mesmo que se torne agora infindo,
Um sonho que invadindo já deslindo
E dele toda a glória que me invade.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25240
Querendo simplesmente te encontrar
Depois dos temporais e ventanias
Aonde nosso encanto tu desfias
Tecendo novos raios do luar,
Escuto neste instante a preamar
E quando as noites seguem bem mais frias
Em ti farto calor que em luzes crias
Tocando a minha pele, devagar,
Arrasto-me deveras aos teus pés,
E preso nas entranhas do desejo,
O quanto mavioso o amor prevejo
Sem medos, nem correntes ou galés,
Vivendo a liberdade do querer
A recompensa é feita no prazer.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25239
Não deixe que estas ânsias determinem
O fim de um caso raro em pleno amor,
E sendo necessário recompor
Momentos que deveras nos dominem
Enquanto novos dias exterminem
O que se fez outrora em plena dor
Sentindo deste encanto o raro ardor,
Aonde os meus temores se suprimem,
Verás nos olhos meus a poesia
E dela a realidade se recria
Moldando um novo tempo de viver,
Aonde se enverede em voz suave
Sem medos nem terror que ainda agrave
Tornando mais difícil meu prazer.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25238
Sobeja majestade em vossos olhos
Divina criatura feita em luz,
O amor quando em amor nos reconduz
Deixando no passado os vis abrolhos
Recolhe na florada, ensandecido
Momentos deslumbrantes, bom perfume,
Bem antes que minha alma se acostume,
Acende-se a vontade na libido
E tendo-vos por ama e por senhora,
O quão maravilhoso e perolado
Delírio quando estou ao vosso lado,
E nesta voz suprema ora se aflora
Encanto sem igual que derramais,
Delírios em delícias sensuais.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25237
Aonde imaginavas um acerto
Decerto nada tendo, desviaste
O olhar em tanta fúria e num contraste
Criaste em nossa vida um vão deserto,
E quando deste fato ora me alerto,
Embora te pareça ser um traste,
Vagando em noite imensa desabaste
Medonhas excrescências: rumo certo.
Visões de outros momentos já passados
E os olhos muitas vezes embotados
Confusas as imagens, percebera.
Exposto aos mais terríveis pesadelos,
Agora mais tranqüilo posso vê-los
E nele se repete a mesma fera.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25236
Gentis, desconcertantes vastidões
Entoam luzes fartas e serenas,
Além do que pensara em duras penas
Encontro as maravilhas que ora expões,
E tendo nos meus braços soluções
As dores se transformam e pequenas
Jamais perturbariam, pois apenas
São faces que deveras recompões.
Esboço novos passos noite adentro,
E quando neste intento me concentro
Vislumbro o que queria e procurava,
Aonde quis momento em sintonia,
A música se espalha e se irradia,
Vai libertando esta alma, outrora escrava.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25235
Uma alma enfraquecida não percebe
O quão dificultoso o caminhar
Em meio às tantas pedras e buscar
Além do que do amor já se recebe,
O quanto deste sonho se concebe
E bebe-se deveras devagar
E quando novamente eu vasculhar
Veremos noutro encanto a rara sebe,
Em glebas tão distantes e sombrias
Durante muitas horas, tantos dias
Seguimos rastros outros que encontramos,
E após diversos ermos, descaminhos,
Agora que sabemos tão sozinhos,
Prazer incomparável; desfrutamos.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25234
Em ásperos caminhos, vossos passos
Levando à mais completa solidão
E quanto aos novos dias, mostrarão
Além de meros erros, velhos traços,
Enquanto os olhos restem quietos, baços,
Ordenhas de ilusões não nos trarão
Tampouco uma esperança ou solução,
Engodos cometidos; toscos, crassos,
E sendo-vos melhor não ter agora
A fonte luminosa em que se aflora
A benção de saber em voz constante
O quão soberbo andar se preconiza
Transformando tempesta em mera brisa
Nas guerras ou na paz, já triunfante.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25233
Faço-vos Senhora em cada verso
Declarações que ousando vos falar
Derramam sobre nós raro luar
Tomando em claridade este universo,
Nas ânsias do desejo sigo imerso
Servindo-vos qual fora a um altar
E em vós aprendo logo a decifrar
Delírio dos meus cantos mais diverso.
E quando vedes noite enluarada
Derramais vossos sonhos nesta estrada
E nela ao encontrardes meus caminhos
Percebei quão sobeja fantasia
Aonde a luz superna se irradia
Tomando-nos na força dos carinhos.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25232
Desprezos que trazeis em vosso olhar
Estranhas desventuras me causando,
Aonde houvera um tempo desde quando
O Amor se poderia imaginar
Servindo-vos deveras e encontrar
Momento tão suave, ameno ou brando,
E mesmo quando em luz alvoroçando
Falena num instante a se encantar
Adona-se dos sonhos, poesia,
E dela em ventos mansos se porfia
Tecendo nobre e raro amanhecer,
Servir-vos ó senhora dos meus ais
Enquanto o vosso encanto; derramais
Navego ao vosso claro e bel prazer.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25231
Agonizando em vida, um louco amante
Percebe o quão inútil caminhar
E tendo muitas vezes que enfrentar
Perigo audacioso e mais constante
Ainda prosseguindo sempre avante
Não deixa de tentar e de sonhar,
Embora muitas vezes sem lugar
Procura pelo amor, seu diamante.
Andara tantas noites sem saber
Aonde em que estalagem me esconder
Lutando com gigantes ou moinhos,
E agora que te tenho em minhas mãos
Percebo o quanto os sonhos foram vãos
E os dias continuam tão sozinhos.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25230
Das águas cristalinas sei a fonte
E dela me fartando a cada dia,
Enquanto aos mais diversos sonhos guia
A mão que se estendendo no horizonte
Transforma nosso amor em rara ponte,
E nela novos campos eu veria
Sabendo desde sempre esta alegria,
Que a cada amanhecer logo desponte
Deixando como um rastro o brilho farto,
Do qual jamais deveras eu me aparto,
E sei que escravizado em tal algema
Por mais que enamorado nada tema
Eu sigo em luzes várias, movediças
Exposto aos dissabores e cobiças.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25229
Como se fosse amor sábia ventura
À qual já se atrelasse uma esperança
Vivendo dos agouros da lembrança
Eterna busca ainda em vão perdura,
E quanto mais se quer e se procura
Distante deste olhar, amor se lança
A mão já com certeza não alcança
Sobrando a quem deseja esta loucura.
Essencialmente eu vivo só por que
Nas sanhas deste encanto que se vê
Ao longe, minhas tramas me conduzem,
Mas quando me aproximo, logo escapas
Da essência do viver percebo as capas,
Aonde os meus anseios vãos reluzem.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25228
Falo de ti a todos os que vejo
E sinto que a resposta é o mesmo não
Enquanto as horas todas mostrarão
O quanto da emoção fora lampejo,
O beijo mais audaz não antevejo
Tampouco alguma luz ou solução
Esqueço qualquer rota ou direção
Perdendo desde sempre o bom ensejo,
E sendo assim navego em mar sombrio
Diverso do que tanto fantasio
Sem porto que me abrigue, ancoradouro,
Que faço sem poder ter florescido
Jardim há tantos anos esquecido,
Porém só para mim, raro tesouro.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25227
Nos louros da vitória se expressara
A glória que jamais se fez inteira,
História tão comum e corriqueira
Agora se apresenta como rara,
Vencido e vencedor, a mesma cara
Reflexo desta luta costumeira
Vivendo em precipício sempre à beira
A morte a todo dia se declara
Nas formas mais sutis ou agressivas
Enquanto de prazeres tu te privas
Virando um prisioneiro do presente,
Audaciosamente esta caterva
Aos poucos dominando já te enerva,
Mas logo silencias tão descrente.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25226
Das fadas e princesas do passado
Ainda guardas cenas na memória
E mesmo quando muda toda a história
O sonho vez por outra relembrado,
O tempo diz do templo abandonado
E nele tão somente rala escória
Do quanto se fartou como em vitória
Desenho na parede mal pintado,
E as horas vão passando e nada vindo,
O amor que outrora fora quase infindo
Esvaecido em cenas de novelas,
E quando lacrimejas, voz embarga
A doce fantasia agora amarga
Menina que inda existe tu revelas.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25225
Gritar teu nome estúpida quimera
Durante a noite fria em que talvez
O sonho aonde a vida se desfez
Quem sabe noutro sonho regenera
E a vida seduzida em primavera
Mostrando de algum jeito a lucidez
Diversa do que agora ainda vês
Não seja tão somente vaga espera,
Ansiosamente escuto a voz do vento
E nela com certeza, me apascento
Lembrando que virás, mas não sei quando,
E enquanto a noite avança e o sol renasce
A vida repetindo o mesmo impasse,
E eu aqui sozinho te esperando.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25224
Lembrando a despedida em dores fartas
Aonde não queria perceber
Que após a fantasia esvaecer
Enquanto dos meus braços já te apartas
E os sonhos mais felizes tu descartas
Deixando neste instante se antever
Que apenas me emoldura o desprazer
Jogadas sobre a mesa velhas cartas
Ainda não decifro seus sinais,
Mas onde houvera luzes magistrais
Agora tão somente a escuridão,
Sorvendo cada gota do passado,
Retrato na gaveta amarelado,
Traduz toscos momentos que virão.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25223
Ser-vos-ia deveras mais fiel
Não fossem vossas luzes tão dispersas
Enquanto ao perceber nossas conversas
Em laços discordantes, sigo incréu
E temo perceber que assim ao léu
Em novas maravilhas vão imersas
As ânsias pelas quais sendo perversas
As noites onde o amor procura o véu
E se amortalha em turvas nuvens foscas,
Tornando nossas vidas quase toscas
Invariavelmente dispersando
As raras maravilhas desfraldadas,
Agora com certeza malfadadas
Alegrias fugindo em turvo bando.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25222
Outrora em vossas noites se adonando
Das minhas emoções, senhora e diva,
E quando a própria vida já nos priva
De um tempo mais suave, ou mesmo brando
As flores novamente ver brotando
Cevadas pelas mãos de uma alma altiva
Enquanto desta forma outra cativa
E o amor no pleno amor se eternizando.
Vestindo-vos de glória mais sobeja
O quanto meu desejo vos deseja
Permite-me sonhar com novos dias,
Aonde poderia ter nas mãos
Além do roseiral, diversos grãos
E deles vos servir em fantasias.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25221
Assenta-se em canteiros magistrais
A rosa que cevara com carinho
Deixando no passado o ser sozinho
Mostrando o que desejo e quero mais,
E quando em entrelinhas demonstrais
O vosso encanto e nele eis o caminho
Que tanto eu procurara e me avizinho
Bebendo em belas taças de cristais,
Diamantinas noites em vós tendo
Aos mais sublimes ápices, ascendo
E nada me impedindo posso ver
O dia em luzes fartas que ora vedes
E nele saciando antigas sedes
Dourando em vossas mãos, o amanhecer.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25220
Com o desabrochar da flor que tanto
Desejei ver enfeitando o meu canteiro
Depois de ter cevado o tempo inteiro,
Alvissareira rosa à qual eu canto
E neste puro encanto sei o quanto
O amor se fez real e verdadeiro
Dos sonhos o mais nobre mensageiro
Deixando no passado a dor e o pranto,
Eu sinto ser possível novamente
Um dia mais feliz. Por isso bem
Conheço quando a sorte me contém
E nada mais sequer teima ou desmente
A glória insofismável de ser teu
Vivendo o que o amor nos concedeu.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25219
Quem dera se pudesse ter ainda
O gosto desta boca junto à minha,
Suprema maravilha feita em vinha
Que a vida num segundo já deslinda
E traz esta emoção sobeja e linda
Numa insânia constante onde se alinha
O corpo seduzido que ora vinha
Beber da poesia rara e infinda.
Vencido pelas ânsias desde quando
Eu pude perceber já me tocando
Os lábios sensuais desta mulher,
E agora que sou dela e só por isto
Do sonho mais audaz nunca desisto,
E nele todo o bem que uma alma quer.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25218
Aonde houvera pássaros e aurora
Eu poderia crer ser mais possível
Que a vida se mostrasse noutro nível
Aonde a luz que agora nos decora
A cada novo dia mais se aflora,
Mutável fantasia sendo crível
Felicidade então viva e plausível
Decerto voltará e não demora.
Mas vendo esta aridez feita em asfalto,
Em plena solidão fria me assalto
E vejo que a penumbra é uma constante,
E sendo sonhador por natureza
Talvez ainda saiba a correnteza
Na límpida beleza noutro instante.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25217
Enquanto dos fantasmas inda corres
Fugindo destas sombras mais estranhas
Vagando sem destino por montanhas
Ausente da ilusão onde socorres
Percebendo então São Martin de Porres
Que possa te ajudar nas várias sanhas
Ainda mesmo amiga se não ganhas
Ou mesmo quando em lágrimas escorres
Não creia na derrota, pois é fato
Na força insuperável me arrebato
E faço desta crença a minha luz,
Não deixe a dor tornar-se soberana
Nossa Senhora de Copacabana
A um bom caminho logo te conduz.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25216
À rosa se recende a maravilha
Que tanto procurei e não sabia
Aonde talvez fosse fantasia
A poesia ainda vaga trilha
Enquanto um novo rumo se engatilha
Audácia mesmo às vezes sendo fria
Mergulha noutras sendas e porfia
Momentos de prazer; e a estrela brilha.
Alçar cometas tantos, vários céus
E neles me perder, sonhos ilhéus
Vencendo os mais complexos desalentos
Aonde não pudesse ver a luz
Imagem neste espelho reproduz
Além de meras cruzes e tormentos.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25215
Quis o Fado que arruda benfazeja
Trouxesse a boa sorte a quem possua
E a leve junto a si, e enquanto atua
Decerto não há mal que não proteja.
Então bendita planta sempre seja,
A preferida de quem já continua
Fazendo a cada dia falcatrua
E até quem no futuro isso deseja.
Mas veja quão diversa a sina e a sorte,
Pois tendo uma arruda que conforte
Arruda sem ajuda foi flagrado,
E agora Deus me acuda em corre-corre
Sem ter Arruda aquele que o socorre
Arruda contradiz a sorte e o Fado.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25214
Palpitas entre beijos, fogaréus
E tramas as venturas mais audazes
Enquanto novamente tu refazes
Dos erros cometidos, velhos léus
Antanho percebera falsos céus
E neles recriaras torpes fases
Aonde mal percebes incapazes
Delírios encobertos, mausoléus
Ocultas nas entranhas sortilégios
Vendendo as ilusões de privilégios
Ou régios caminhares entre luas,
Mas quando me aproximo e te desvendo,
O todo resta apenas como adendo,
E mesmo em falsos palcos inda atuas.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25213
Um alquebrado sonho diz amor
E tudo se deriva deste vão
Aonde muitas dores mostrarão
Apenas esta angústia se compor,
Vencido pelos medos, meu andor
É feito de total ingratidão
Negando em gelidez todo o verão
Destroços do que outrora fosse flor,
Desembainho atroz e fria lança,
Mas quando a tempestade enfim avança
Recolhe-me ao vazio de onde vim,
Seguramente nada me sustenta,
Somente esta ilusão ainda alenta
Regando vez por outra o meu jardim.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25212
Nascendo a primavera aonde outono
Vivera com terror e frialdade
Pensara tão somente na saudade
Que a cada amanhecer mais desabono,
Do tempo inacessível não me adono
Tampouco vejo em ti a liberdade
Que tanto procurara e não me invade,
Deixando para trás o sonho e o sono.
Explícitos momentos de alegria
Uma alma solitária fantasia
Aonde solidária quis a festa,
Mas quando nada vindo, desespero,
Nas ânsias deste encanto me tempero
E a sorte se esvaindo em cada fresta.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25211
Uma alma que gorjeia em solilóquio
Vencendo os desamores que enfrentara
Enquanto todo amor já não declara
Num sonho em que jamais quero, retoque-o,
E quantas ardentias; necessito
Para poder vencer trevas soturnas,
As ânsias tão comuns sendo diuturnas
Transformam pensamento em brado e grito
Argutas emoções, ânsias diversas
Audaz e carcomida noite inglória
Aonde se pensara na vanglória
Agora noutras sendas sonhas, versas,
E teimas em fluir entre meus dedos,
Levando junto a ti, tantos segredos.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25210
A primavera feita em gozo e festa
Lasciva sobre alfombras traz desnuda
A carne que buscara em fúria aguda
E toda esta loucura rege e empresta
Volúpia que em delírios sempre atesta
A sorte onde deveras traz a muda
Mergulho nesta insânia sem a ajuda
De quem já desconhece o amor que resta
Ejeto os meus fantasmas, fanatismos,
E sei dos mais terríveis cataclismos
Gerando dentro em mim o fogaréu
Que possa transcender à própria vida
E enquanto deste intento a alma duvida
Eu alço neste instante inferno e céu.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25209
Uma alma que se mostra em fogo e lava
Hospitaleiros sonhos, inda tenta
E segue mesmo em fúria violenta
Vagando sem destino, feito escrava
Que em águas sempre turvas já se lava
Perece esta emoção e segue atenta
Por vezes destemida se apascenta
Enquanto noutro tanto se moldava
Escusas excursões pelo meu ser
Demonstram esta sede de viver,
Que tanto me maltrata e me inebria,
E dela sendo servo, não liberto,
Seguindo sempre em rumo vão e incerto,
À margem do que dita a fantasia.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25208
Fragrante Rosa em Jericó plantada,
Como a lua formosa, e esclarecida,
Como o sol entre todas escolhida,
E como puro espelho imaculada.
Virgem antes dos séculos criada
Para Mãe do supremo Autor da vida,
Para fonte de graça dirigida,
E de toda a desgraça reservada.
Pois a vosso rosário se dedica
Esta academia, em que tanto acerta,
Consagrando-se a vós, divina Rosa:
Claro, patente, e manifesto fica,
E conclusão é sem falência certa,
Que do mundo há de ser mais gloriosa.
GREGÓRIO DE MATOS
A Rosa que entre Rosas se fez Santa
Formosa em raro brilho ostenta a luz,
E dela este Cordeiro atado à Cruz
Cujo holocausto ainda nos encanta.
A força que Ela emana, sendo tanta
Às multidões diversas já conduz
Divina Criação se reproduz
Na Imagem mais fiel e Sacrossanta.
Da Glória em Graça feita, olhai por mim,
Em Vós percebo além deste jardim,
Superna Maravilha em divindade,
Dos nomes o mais simples vos daria
O Amor, pois em Amor se fez Maria
E Dela a Soberana Majestade.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25207
Canoras expressões de sonho e alento,
Das ânsias entre lágrimas sobejas
Além do que talvez inda desejas
Encanta-nos o amor doce tormento
No qual por vezes quero ou mesmo tento
Viver além do quanto sei que almejas
Nos céus que em esperanças azulejas
Legando ao nada ser, o sofrimento,
Adentrando diversas fantasias,
Ao mesmo tempo negas e confessas
Das várias ilusões, cenários, peças
Por onde nossa história tu desfias
Fazendo de bom grado esta ironia
Que à própria sensatez já desafia.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25206
Ó Musas o meu canto vos implora
A paz de um manso lago em placidez,
Dourado caminhar onde se fez
A noite sem estrelas desde outrora,
Em eras tão diversas, mágoa aflora
E do estro transformado em sensatez
Mudando em poesia a sua tez
A fonte ora salobra se descora,
Dos bardos ouço a voz e não respondo,
Ecoam dentro em mim brados distintos
Vulcões há tantos anos sei extintos,
E a força incontestável já se impondo
Não deixando fluir a água serena
Sulfúrica verdade me envenena.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25205
No imarcescível sonho eterna fonte
Por onde porejara uma esperança
Que aos vários caminhares já se lança
E dentre tantas dores se desponte,
A vida muitas vezes nega a ponte
Ao flóreo vicejar enquanto avança
E traz nos antros frios da lembrança
Visão em triste agouro do horizonte.
Às Musas destes vates liras cantam
Idolatrando assim belas deidades
Tramando sobre a Terra claridades
Que enquanto nos tocando sempre encantam,
Descendo o imenso rio em belas margens
Sobejas e divinas paisagens.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25204
Que a terra seja mansa ao caminheiro
Depois de percorrer sendas diversas
E nelas as belezas mais dispersas
Trazendo um novo rumo ao mensageiro
Dos deuses e das musas, companheiro
Enquanto sobre os vales, rios; versas
Palavras que pensara mais perversas
Num verdejante prado enlevo e cheiro.
Dourados os lauréis que ora desfilas
Celeste maravilha em nobres filas
Levando em teu olhar, altares vários
Bebendo desta fonte cristalina
O quanto em luzes calmas nos fascina
O sobejo esplendor destes cenários.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25203
Nos mares onde outrora navegara
Buscando a calmaria que inconstante
Trazia a embarcação sempre adiante
Do tempo em noite imensa e lua clara.
Um perecível sonho, fragilmente
Exposto aos vendavais não resistira
E quando só restara simples tira
A vida sem pudores volta e mente
Dizendo ao velho andejo marinheiro
Que tudo continua como outrora
Naufrágio com certeza não demora,
E o canto se tornando o derradeiro
Desmancha qualquer forma de esperança
Enquanto à morte a sorte já se lança.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25202
Socorrem-me diversas fantasias
Durante a minha estada neste inferno
Aonde imaginar um tempo terno
Nefastas explosões; por certo, urdias
E delas não percebo mais sinais
Apenas os destroços que me tocam,
E quando estas escórias desentocam
Fantasmas que pensara terminais
Assombram-me terrores conhecidos
E deles recomposto, não permito
Sequer ouvir ainda um brado ou grito,
Há tanto desprezados nos olvidos
E sendo que ressurges por instantes
Figuras do passado, degradantes.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25201
Teu nome se traduz em fogo e lança
E quando me perguntam se talvez
Ainda possa crer na sensatez
Depressa se perdendo esta esperança.
Verdade não se cala e nem percebes
O quanto inútil ser já se adivinha
Nas hordas que vieste, erva daninha
Agora se espalhando em outras sebes,
Sedenta de vingança fera espúria
Por onde caminhavas nem um rastro,
E quando se perdera vela e lastro,
Apenas sobrevive a imensa fúria
Na qual eu me alimento e te devoro,
E a morte de tal fera, eu comemoro.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25200
Pergunto quase sempre e não sei quando
Alguém trará consigo esta resposta
A mesa há muito tempo deixei posta,
A casa ora vazia, te esperando.
Não posso suportar tamanha ausência
E vejo a minha vida se puindo,
O que pensara outrora fosse infindo
Agora se percebe em decadência,
Vencer os meus terrores; é possível?
No amor que tantas vezes fiz meu mote,
Sem ter a fantasia que se adote
Transforma-se afinal em perecível
Momento de completa insensatez,
Que a realidade amarga já desfez.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25199
A vida pode sim me maltratar
E destroçar o que inda resta em mim
Depois de ter cevado este jardim,
A tempestade chega devagar
Não deixa restar nada do que outrora
Granara sobre um solo mesmo agreste,
E quando em noite clara tu vieste
Promessa de alegria que se aflora,
Porém o tempo tem nas armadilhas
Diversas e complexas ilusões,
E quando noutra face tu te expões
Aonde posso ver as maravilhas
Que um dia se tornaram mais constantes
E agora vejo: falsos diamantes.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25198
Distante de quem quero, perguntando
Aonde se escondeu a estrela guia,
Inútil sem te ter, a poesia
Aos poucos noutra senda se formando,
Vagar inutilmente em noite escura,
A lua que entre brumas ora espreita
Enquanto a dor deveras se deleita
A vida se resume na procura
Insana e inconsistente, mas audaz
Por quem desejo tanto e não me quer,
Nas mãos abençoadas da mulher
Destino que inconstante já se faz
A minha redenção? Ainda aguardo,
A dúvida se torna imenso fardo.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25197
Aonde, meu amor, posso buscar
A fonte de uma eterna juventude
Tomando noutro rumo ou atitude
A imensa maravilha céu e mar,
Esculpo com cinzéis que tu me deste
Imagem redentora de um amor
Que quanto mais audaz quero compor
Maior a divindade que ele ateste.
Seguir por flóreos rumos entre espinhos
Vagando nos canteiros mais bonitos
Tramando em paz superna velhos ritos,
Não vejo mais meus dias vãos, sozinhos,
E sei que também queres tal momento
E nele mesmo em guerra, eu me apascento.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25196
Meus olhos vão famintos, são sedentos,
Buscando o teu olhar, doce miragem
E dele se permite servo ou pajem
Em meio aos dias frios, violentos,
E quando me percebo nos teus braços
Entendo ser feliz como se fosse
Um dia bem tranqüilo, e até mais doce
Do que pensara em tempos idos, lassos,
Agora me permito neste verso
Cantar esta beleza incomparável
Do sonho que se mostre mais amável
Do quanto já sofri, muito diverso,
Vivendo a cada dia esta emoção
Meus olhos outros rumos saberão.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25195
Não deixa de querer cada carinho
Quem sabe e reconhece que amor vem
E nele toda a sorte diz do bem
No qual com muita fé ora me alinho.
Espero poder ter alguma chance
De demonstrar o quanto te desejo,
E sei que na verdade sem ter pejo
A vida se mostrando a meu alcance
Permite que se diga em poesia
O quanto não teria nem coragem,
Se amor ao perpetrar esta viagem
Qual fora rara estrela já me guia
Levando ao glorioso amanhecer
Envolto pelas luzes do prazer.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25194
Tocado pelos sonhos, doces ventos
Clamando por quem tanto desejei
O amor que pela vida eu espalhei
Trazendo esta ventura, sem tormentos,.
E sinto quão profusa maravilha
Expressa neste olhar embevecido,
O medo há tanto tempo adormecido
Enquanto uma esperança ora palmilha
As sendas mais sublimes da esperança
Na plácida beleza deste lago,
Delírios entre encantos, se eu te afago
A vida sem terrores segue e avança
Até chegar ao fim da caminhada,
Seara por brilhantes, polvilhada.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25193
Não posso mais ficar aqui sozinho
E deixo-me levar pela emoção
Pensando nos momentos que virão
Tornando mais tranqüilo o velho ninho,
Aonde um ansioso passarinho
Depois de tantas noites de verão
Agora na completa solidão
Ausente das delícias de um carinho.
Escute a voz do vento a nos chamar,
E veja sob os raios do luar
Beleza desta noite soberana,
O amor quando se entranha nada vê
E a vida passa a ter algum por que
E a sorte transparente não engana.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25193
Não posso mais ficar aqui sozinho
E deixo-me levar pela emoção
Pensando nos momentos que virão
Tornando mais tranqüilo o velho ninho,
Aonde um ansioso passarinho
Depois de tantas noites de verão
Agora na completa solidão
Ausente das delícias de um carinho.
Escute a voz do vento a nos chamar,
E veja sob os raios do luar
Beleza desta noite soberana,
O amor quando se entranha nada vê
E a vida passa a ter algum por que
E a sorte transparente não engana.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25192
Preciso de teu corpo, meus ungüentos
Que sanam as feridas do passado
Encontro neste solo abençoado
E dele com certeza mansos ventos
Trazendo esta alegria que deveras
Não posso mais conter, e em voz altiva
Mantendo esta esperança sempre viva
Num doce paraíso que ora geras
Viver sem ter razões, sabendo quando
O tempo nos transforma em eternais
Bebendo deste néctar quero mais,
Caminho pouco a pouco demonstrando
Fantásticos momentos de alegria
Que uma alma apaixonada fantasia.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25191
Salvando um coração tão pobrezinho
Destas vicissitudes, dor e pranto,
Enquanto houver o sonho ainda canto,
Das sendas de um amor eu me avizinho,
Longe de tantos erros cometidos,
Andando sem olhar sequer pra trás
O amor a cada dia já me traz
Momentos entre luzes consumidos.
Viajo em suas mãos e a liberdade
Alçando com delírios e prazeres
Unidos neste intento, pois, dois seres
Encontram a real felicidade,
E um verso simples nasce deste todo,
Numa expressão suave e sem engodo.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25190
Se fez mais forte em versos a esperança
De um dia bem melhor e mais tranqüilo,
E em cada fantasia que desfilo
Diversa do sentido de vingança
O olhar se perde ao longe, no horizonte
E vê dentre montanhas, o nascer
Da lua a pratear e embevecer
Traçando outro caminho que me aponte
A sorte de saber felicidade
Ausente dos meus dias, infelizes,
E em meio aos temporais, diversas crises
Que a voz de uma esperança ao menos brade
E mude a direção dos ventos, pois
Dela depende a glória de nós dois.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25189
Sou anti imperialista, pois cristão
E odeio qualquer forma de injustiça,
Jamais permitiria ser omissa
A voz quando se vê uma opressão
E sei que novos dias mostrarão
Em renovada cor velha cobiça
A areia sempre foi tão movediça
Assim como inseguro, o próprio chão,
E quando no futuro agora lês
O império que virá será chinês
Autoritário e mesmo tão pragmático
Sem nada que respeite ou o desbanque
Futuro que prevejo assim, dramático,
Trará saudades deste velho, o ianque.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25188
Ausência de esperança ora me leva
A crer neste vazio como herança
E quando o meu olhar enfrenta a treva
Ao horizonte atroz inda se lança
A mão que poderia crer na ceva
Apenas aridez ainda alcança
Amores arribando em tosca leva
Não deixam nem resquícios na lembrança;
Audaz e pertinaz caminho eu tento,
E nele um lenitivo, algum alento
Que possa permitir o renascer
Da vida prometida em profecia,
Porém a realidade dura e fria
Transfere para nunca o amanhecer.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25187
Nefasto deus não quero e nem desejo
Que alguém possa viver tal heresia
E quando a falsa imagem se recria
Diversa deste amor que tanto almejo
O amanhecer em paz já não prevejo,
Tampouco se percebe a fantasia
Moldando com prazer a alegoria
Num mundo mais tranqüilo, amor sobejo.
E tudo se transforma no vazio
Que tanto nos maltrata e nos corrói,
Uma esperança aos poucos se destrói
Felicidade, um sonho que ora adio
Olhando para trás vejo o depois
E a morte tão presente entre eles dois.
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25186
Aonde se tentara paz e amor,
E nisto a liberdade como um hino,
Um sonho mavioso e até divino
Que vejo todo dia decompor.
Cantávamos a Terra em esperança
E toda a maravilha feita em flores
Canhões já se calando; e os dissabores
Morrendo sem qualquer ódio ou vingança.
O tempo se mostrou torpe corsário
Mudando este refrão que nos guiava,
Seara libertária agora escrava
Futuro novamente temerário
Do canto em que se quis libertação
O sexo com a droga diz prisão.
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25185
Atrozes almas alçam infinitos
E visam o possível renascer
Noutra alma tão diversa ou noutro ser
E assim ciclos se fazem sem conflitos.
Assíduas ilusões vencem verdades
E volvem envolvendo vastos vãos
Atípicas paisagens, novos grãos
Refazem noutra senda a eternidade.
Implícitos desejos se fomentam
E deles outras vozes ou imagens
Escravos, vendilhões, patrões e pajens
As vidas desde então retroalimentam
Arquétipos diversos vida e morte,
Num único conjunto que os comporte.
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25184
Imensa majestade em faustos feita
Sidéras paisagens desvendadas
Veredas pelas luzes decifradas
Uma alma ao percebê-la se deleita
E do éter que esvaece entorpecente
Lascívias entre lânguidas promessas
Luxuriosamente; recomeças
Mesmo que nova saga se apresente.
Num hermetismo insólito e insensato
Astúcias entre farpas e delitos,
Carbônicos viveres, infinitos
Renovam-se mudando de formato
E assim do fogo fátuo; outra quimera
Real diversidade regenera.
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25183
Debaixo dos colchões do Vaticano
Esconde-se a verdade sobre Cristo,
Repito novamente e até insisto
Não posso conviver com tal engano,
O Pai sendo absoluto e soberano
Num paradoxo é vil? Pois se hoje existo
Do amor insofismável não me disto,
E faço parte mesmo de algum plano.
Mas quando vejo a imagem demoníaca
Usada como fosse uma batina
Enquanto ao próprio Deus já sabatina
Numa ânsia tresloucada e até maníaca
Pergunto quem te fez venal Igreja?
Maldita para o eterno sempre seja.
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25182
Angustiosamente sigo a vida
Entregue aos dissabores tão normais
Momentos que pensara magistrais
Tramando da alegria a despedida,
A sórdida figura que esculpida
Em mármores diversos, transformais
Em farsas costumeiras e venais,
Enquanto a realidade dilapida.
Não vedes quão passível de loucura
Quem tanto sem progresso já procura
Algum remanso à beira da torrente,
E mesmo que inda encontre algum resquício,
A sorte se transforma em precipício
Por mais que uma ilusão ainda invente.
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25181
Absconsas profecias se refazem
Nos modernos oráculos, falsários
Procuram tão somente os honorários
E vários imbecis já se comprazem;
Espúria corja expondo em cartas, dados,
As toscas quiromantes do presente
No milenar engodo se pressente
Os dias muitas vezes malfadados,
Vendendo as ilusões, serão poetas?
Assépticos ignaros vitimizam,
Enquanto maravilhas otimizam
Palavras benfazejas e diletas
Visionárias vendetas no balcão,
Meu Pai, como é difícil ser cristão!
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25180
Dejeto entre os dejetos, simples pária
Aonde mergulhasse em frio ocaso,
Se às vezes falsa luz da qual me aprazo
Expressa uma versão vã, visionária
Nas sombras dos errantes vagabundos,
Andarilho pagão, noites a fio,
Exílios mais constantes e me alio
Aos vermes mais espúrios ou imundos.
Jogado pelas ruas, ébria cruz
Visões entre paredes e senzalas
Olhando tal figura já te calas
E em mim, a tua imagem reproduz
Embora em contra-senso tão venal,
Delírio compartilhas; sensual.
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25179
Angustioso rumo se procura
Durante os festivais em raras luzes,
E enquanto as maravilhas reproduzes
A noite fica sempre mais escura.
Beligerante imagem, roubo e morte,
Prazeres que desfrutas com regalo,
Silenciosamente nada falo,
Apenas peço a paz, frágil suporte.
Seviciando a fétida figura
Em asquerosa imagem construída,
Uma alma que se dá prostituída
E nela a realidade se afigura.
Que sendo sempre assim, pois que assim seja
Depois louvamos Deus na nossa Igreja.
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25178
Mas quem te disse que o Diabo é feio?
Figura tão formosa e atraente
Prazeres espalhando e de repente
Nas suas chamas bebo e me incendeio.
Num gozo insaciável, belo Febo,
Ansiosamente exposto nas vitrines
E quando novos rumos determines,
Um ser tão sedutor ora concebo.
Promessas de momentos em fulgor,
Delícias entre jogos, droga e sexo,
Até que se perdendo todo o nexo
Esplêndida beleza a decompor,
Enxofre? Não. Perfuma em maestria
Enquanto te encantando, à morte guia.
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25177
Amenas madrugadas e eu observo
Do alto deste prédio as variantes
De uma cidade em sonhos delirantes
A cada capitão servido um servo.
E vendo esta caterva que borbulha
E segue seus caminhos tão diversos,
Percebo em variados universos
A mesma incoerência em cada bulha.
Acasos entre ocasos, farsas tantas
Iludidos e tolos caminheiros
Do Demo, são pacatos tais cordeiros
Usando como em série mesmas mantas
Esbaldam-se nas teias que os amarram,
Enquanto em podres Cristos sempre escarram.
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25176
Nas ânsias deste pária que vasculha
Escombros pelas ruas e sarjetas,
Aquém do Paraíso que prometas
A ponta envenenada desta agulha
Adentra a pele em rugas tão precoces,
Os pelos abundantes, o mau cheiro,
Um ato tão vulgar e corriqueiro
Por mais que em fantasias tu adoces
Espalha pelas ruas da cidade
A imagem mais perfeita do que seja
Humanidade herética; em bandeja
De prata nos servindo a realidade.
E assim vestindo a rota fantasia
Demônio eternamente se recria.
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25175
Microscópicos seres devorando
O que se fez gigante e autoritário
Um homem desprezível, temerário,
Agora num silêncio eterno e brando.
As vísceras expostas carcomidas,
As órbitas vazias, nada vêm
Aonde fora tanto hoje ninguém
Na cíclica verdade traz ás vidas
Banquetes decompostos, fino prato,
Carcaça pouco a pouco destroçada
A alma há tanto tempo sepultada
Satânica figura em seu formato,
Enquanto se gargalha Satanás
Herético poder torpe e voraz.
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25174
As velhas carcomidas heresias
Vendidas como fossem salvação
Deveras nos trazendo a adoração
Diversa da verdade que querias.
Amor feito em perdão, lição superna
Infelizmente tanto desprezada,
A quem se deve tudo, resta o nada
Depois se quer pensar em vida eterna?
Hereges companheiros de viagem,
A alma sempre pesa se cristã
A vida se permite noutro afã
Delírios e delícias, vã miragem.
Mais fácil se levar pelo prazer
Ilimitado gozo a nos perder.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25173
Vindictas tu preparas, armadilhas
E delas não consigo decifrar
Sinais que possam mesmo protelar
A morte que deveras ora trilhas,
E sinto nas noctívagas matilhas
Nas noites mais escuras, sem luar,
Espreita num instante a desnudar
Mesmo que disto diste algumas milhas.
Assim a cada dia me preparo,
Pois sei quanto o demônio não é claro
Usando de artimanhas mais sutis,
Enveredando sendas prazerosas,
Emerge qual a rosa dentre as rosas,
Beleza que em si própria contradiz.
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25172
Antíteses que formam vidas várias
Na mesma e tão complexa residência
Gerando a mais venal coexistência
Formada por visões que, temporárias
Tramando uma passagem movediça
Que ao mesmo tempo fere e às vezes cura,
Porém dicotomia se em loucura
Nefastas luzes traz sobeja liça.
E vendo tais figuras desconexas
Não posso me furtar às evidências
Tampouco ao ignorar t’as inocências
Preconizando vias mais complexas
Que levam às diversas direções
E nelas fragilmente tu te expões.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25171
Luxúrias entre orgias e bacantes
Espúrias ilusões que o tempo leva,
E quando após o rito, encontro a treva,
Percebo que o prazer traz por instantes
Excêntricos momentos que finitos
Resíduos muitas vezes entorpecem
E quando tais delírios se oferecem
São meros na verdade até restritos
Enfáticos, porém vagos caminhos
Levando aos mais diversos arremates,
E quando só por eles tu combates
Os dias que virão; ledos, sozinhos
Retratam o vazio que se cria
Na falsa sensação de uma alegria.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25170
Unindo nossos corpos num desejo
Explodem-se emoções, raros matizes
E sendo, como sempre mais felizes
Etéreas sensações agora almejo,
Vivendo esta fantástica viagem
Sem ter sequer fronteiras nem descanso
O auge que neste instante quero e alcanço
Traduz aos olhos vagos, a miragem
Esplêndidos caminhos desvendados,
Delitos cometidos, sacros ritos,
E quando penetramos infinitos
Sabendo desvendar tais Eldorados
Jamais nos permitindo a solidão,
Prazer a traduzir constelação.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25169
Efervescência intensa à flor da pele,
Desejo que incontido nos inflama
Mantendo sempre acesa a imensa chama
Ao farto desvario nos compele,
Ardentes emoções, jogos sutis,
Eternidade feita nos segundos
Aonde se envolvendo mais profundos
Anseio que em momentos tudo diz.
Suores e sussurros; saciados
Dois corpos irmanados num só gozo
Instante formidável, fabuloso
Enlanguescidos seres endeusados.
E lassos entre laços, firmes nós,
Delírio insaciável, fogo atroz.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25168
A paz que eu procurava e não sabia
Vestindo de funéreas emoções
Agora quando em luto tu me expões
Gerando algum sorriso de agonia,
Há tanto que deveras percebia
Brotando sobre a terra aos borbotões
Em gêiseres, em lavas e os vulcões
Permitem que se crie a alegoria.
Afãs diversos, lutas feras, claras
Por mais que outra saída; imaginaste,
Esta aparente dor traça o contraste,
Pois dela a paz que tanto desejaras
Num descanso sobejo e sem igual,
No encerrar deste ciclo, natural.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25167
Abstinência de luz trazendo agora
Esta hiperestesia que, constante
Se expressando das sombras, neste instante
Vaga fluorescência que se aflora.
E desta opacidade gero então
Hipersensível ser que não se omite
Tampouco reconhece algum limite
E as mais frágeis luzernas mostrarão
Caminhos que deveras desconheces,
E nunca imaginara, pois sombrios,
Herméticos lugares que, vazios
Sequer em fantasias ora teces,
E assim ao prosseguir em vãos escusos,
Decifro os meus prazeres mais profusos.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25166
Da longanimidade sigo ausente
Aonde se pensasse em brilho e incêndio
Apenas desfilando o vilipêndio
E a paz feita em ternura que se ausente.
Não posso me furtar aos desenganos
E como fosse um réptil ora rastejo
Deixando no passado o vão desejo
Adentrando os esgotos, podres canos
Encontro ali enfim o que buscara
Após as cicatrizes coletadas
Vagando pelas ruas e calçadas
A cada novo passo, nova escara
Mergulho nestas turvas galerias
E ali, conheço enfim, as alegrias.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25165
Em contraposição ao supernal
Entranho pelas furnas do viver
E sinto neste vão tanto prazer,
É como se pudesse triunfal
Galgar meu habitat mais natural
E nele de tal forma me envolver
Mimetizando ali, um torpe ser
Que um dia imaginara desigual.
Do subsolo entranhando as galerias
Diverso deste sonho que ora urdias,
Um subterrâneo verme me alimento
Das trevas e da sombra, escuridão,
Da vida a mais perfeita tradução
Mesmo calado e imerso sigo atento.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
25164
Doía qual um membro que amputasse
E mesmo em dor terrível persistisse
Por vezes cria ser uma tolice,
Algia que gerasse algum impasse
Do tempo que virá e do que fora
Na persistência vã do que era morto,
É como não soubesse de outro porto
Tampouco de outra senda promissora
Quedara-se em espúria letargia,
E dela nem sequer um movimento,
Mortalha não servindo mais de alento,
No congelar da vida, o mesmo dia.
Aonde conseguir a liberdade?
Um torpe prisioneiro da saudade...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Domingo, Fevereiro 21, 2010
25307
Ventura de beijar a tua pele
Seguindo mansamente e sem defesas
Encontro no teu corpo estas belezas
Às quais o imenso amor já me compele,
Sentir a maciez aonde atrele
Descendo com ternura as correntezas,
Bebendo da alegria em tais levezas
Destino que em destino ora se sele.
Vagar pelos recônditos caminhos,
Os olhos no passado tão sozinhos
Agora ao perceber tal maravilha
Esbaldam-se na festa prometida,
E assim, mudando toda a minha vida,
A sorte finalmente, em paz já brilha.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25306
Visão que transtornava um sonhador
Beleza incomparável de uma diva
Uma alma se mostrando imperativa
Trazendo em seu sorriso, amor e dor,
Pensara neste encanto redentor,
Ainda que pudesse manter viva
A chama se desfez e ora me priva
Do imenso e desejado farto amor,
Quimeras do passado ressurgindo
Aonde imaginara ser infindo
Percebo que deveras resta apenas
A sombra de um momento mais feliz,
E quando a realidade contradiz
Esperanças, se restam, são pequenas...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25305
Amor recende aos sonhos mais felizes
E deixa em minha pele; tatuadas
Eternas e diversas cicatrizes,
Lembranças de outras eras, bem fadadas.
E quando esta alegria tu desdizes,
Matando desde já uma alvorada,
Refaço o caminhar em vãos deslizes
E sinto que afinal não resta nada
Somente esta lembrança que maltrata,
A sorte se desnuda amarga e ingrata
Deixando para trás qualquer beleza,
E sigo sem ter forças pra lutar,
Entregue neste imenso mergulhar,
Levado pela forte correnteza.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25304
Na aragem que invadia nosso quarto
Trazendo o teu perfume mesmo quando
Ausente dos meus braços se notando
O olhar que desejara tanto, farto.
Dos sonhos mais audazes não me aparto
E o mundo neste instante demonstrando
Cenário que buscara, desabando
Prazer em desencanto, ora descarto,
E sinto tão distante o doce aroma
Somente uma ilusão deveras toma
A casa e me transtorna inteiramente,
Porquanto fui feliz e ora não sou,
O vento que deveras adentrou
Decerto, sem pudores foge e mente.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25303
Não deixe que a tormenta já desfaça
O quanto nosso amor quis, pois se fez
Na mansa e delicada sensatez
E tudo se perdendo em vã fumaça
A vida num momento foge, passa
Deixando para trás o que ora crês
E quando sem destino e sem porquês
A sorte se puindo em dor e traça,
Mas tudo se renova e se transforma,
O amor não segue regras, nega a norma
E vive por viver sem ter motivo,
E desta forma sinto e ainda creio
Que tudo sem temor e sem receio
Mantém o nosso amor, decerto vivo.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25302
Jamais da sorte atroz e traiçoeira
Eu beberia em fonte poluída
O que restou de mim em frágil vida
Ainda traz o sonho por bandeira,
E quando venha a noite derradeira
A sorte pode ser que distraída
Permita uma alegria que decida
E deixe para traz a história inteira,
E assim gerando luz onde sombria
Podendo ver nascer de novo o dia,
Aonde se eterniza noite escura,
Quem sabe no final eu possa ter,
Depois de tantas dores, o prazer
No qual toda a tristeza já se cura.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25301
O berço da esperança abandonado
Deixado nalgum canto desta casa,
E quando a solidão invade e abrasa
Revivo os dissabores do passado,
E tendo esta certeza sempre ao lado,
A vida pouco a pouco se defasa
E o quanto imaginara em paz atrasa
O vento noutro rumo, desfraldado,
Assaz maravilhosa noite quando
O mundo em minhas mãos se renovando
Depois simples falácia, eu te perdi,
E tudo o que se fez belo e sublime,
Sem ter quem me deseje ou mesmo estime,
Do quanto imaginara nada aqui.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25300
Amei-te muito além do que devia
E sei que nada disso foi real,
O quanto se pensara em triunfal
Deveras tão somente fantasia,
Enquanto a porta às vezes se entreabria
Julgara, e este meu erro foi fatal,
Que tudo se faria em bom final,
Restando agora a noite ausente e fria.
Escravizado em mágoas, sem remédio,
Restando ao andarilho o imenso tédio
E nele as velhas chagas reabertas,
E quando te percebo; nada tenho,
De nada valeria tanto empenho
Se o amor, já desconheces e desertas.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25299
Sentisse teu alento após tempestas
Vivendo de um momento de ilusão,
Encontro neste instante a solução
Abrindo o coração exposto em frestas,
E quanto mais audaz; ao sonho emprestas
Momentos verdadeiros de emoção
E sei que novos dias nos trarão
Suprema maravilha que hoje gestas,
Mas quando meu reflexo; sinto e vejo,
Apenas percebendo algum lampejo
Do todo que pensara ser completo,
Eu sei que nada disso é realidade
E quando a solidão se adentra e invade
Aborto esta esperança, mero feto.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25298
Quem dera se um momento de ventura
Viesse em lenitivo me mostrar
Que além deste sofrer resta o sonhar
E nele toda a paz que se procura,
A mão que me acarinha e me tortura
Esconde os raios fartos do luar,
Deixando a noite escura derramar
As brumas, traduzindo esta amargura
Aonde não consigo mais sentir
O gosto do prazer e sem porvir
A vida perde todas as razões,
Terríveis madrugadas; morta a aurora,
Somente esta neblina atroz se aflora
Enquanto o vão imenso tu me expões.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25297
Na pálida esperança que me toca,
Ainda resta um pouco do que fora
Paisagem tão feliz e redentora
E agora em outras sebes se desloca,
Qual presa que se esconde em simples toca
À espera de uma sorte salvadora,
Minha alma tantas vezes sofredora
Aos poucos sem defesas se sufoca.
E tudo o que pensara ser melhor,
Estrada percorrida e já de cor
Medonhos espinheiros; coleciona
E o quanto se transforma neste nada
A sorte à qual pensara destinada
Esconde-se e o vazio vem à tona.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25296
Sonhando com teus lábios, ternamente
Vivendo do que fora luz e agora
Distante dos meus olhos não decora
A vida que deveras já desmente.
E sinto neste amor, cruel e ausente
A força que me toma e revigora
Na luta desmedida e sem ter hora,
Teimando num futuro mais contente.
Audaciosamente eu sei que nada
Resume nossa história e abandonada
A senda que sonhara minha e tua,
Do todo que passamos; nada resta
Somente sobre as folhas e a floresta
Ainda soberana e plena lua.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25295
Não rias deste pobre peregrino
Que segue em descaminhos mais atrozes,
Ouvindo do passado mansas vozes,
Agora sem ter rumo, desatino,
Nas ânsias ancestrais deste menino,
Os dias sem amor, cruéis algozes,
Os rios se perdendo, buscam fozes,
Enquanto sem ter paz, já me alucino.
Houvesse qualquer luz no fim da estrada,
Quem sabe poderia na alvorada
Rever os meus conceitos, ser feliz,
Porém no simples fato de ser só,
Retorno num momento ao mesmo pó
Levando desta vida, cicatriz.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25294
Pudesse me esquecer das noites vãs
E embalde não consigo ter a paz,
Que tanto me sacie e satisfaz
Tornando mais palpáveis as manhãs,
Alucinado busco algum momento
Aonde possa crer numa alegria
Que há tanto dos meus dedos se esvaia,
Deveras se reluto, ainda tento,
Vencido pelas turvas esperanças
Nos bares e tavernas, meu consolo,
Vivendo como um fosse um simples tolo,
Buscando tão somente noites mansas,
E bêbado, percorro tais vielas
Qual barco que perdeu lemes e velas.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25293
Pudesse descansar os tristes olhos
Depois de tantas lutas vida afora,
O quanto nesta Terra se demora
Uma alma feita em dor, urzes e abrolhos,
Um leito mais suave que permita
O fim com dignidade de um poeta,
Que tendo a fantasia como meta,
Não lapidou jamais rara pepita,
Aonde se fizesse um mundo audaz
Ferrenhas ilusões, final descarte,
A sorte muitas vezes se reparte
Somente o desvario agora traz
A quem se deu inteiro e ao nada ver
Cansado de lutar, melhor morrer.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25292
Permitem que se veja a liberdade
Os olhos pós a noite tão escura
E tendo em minhas mãos, tanta procura
Sem ter sequer quem queira ou mesmo agrade
Espúrios descaminhos desconexos,
Revelam o final que não preciso,
Quimera que em delírio diz o aviso
Testando com certeza os meus reflexos,
Adentro o temporal desguarnecido
As armas que ora empunho são palavras
E delas renovando minhas lavras,
O medo há muito tempo esvaecido,
Reluto, mas prossigo em tal batalha,
E a vida impiedosa me retalha.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25291
Tramando desde sempre a claridade
O olhar de um sonhador se perde ao léu
E bebe cada estrela, alçando o céu
E dele com certeza em paz se invade,
Aonde se pensara num laurel
Ascendo à mais sublime liberdade,
E dela ao perceber a ansiedade
Encontro com certeza o meu papel,
E faço do cenário encantador
Um último recanto aonde o amor
Aflora-se deveras sem enganos,
Mudasse novamente velhos planos
Teria novamente a me guiar
A força incontestável do luar.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25290
E nela com certeza mergulhar
Nesta onda que desmancha-se na areia
E bebe a claridade em lua cheia,
Entregue à tal delícia sem pensar,
Se um dia fui capaz de me entregar
À sorte desairosa que rodeia,
Agora que encontrei a paz se anseia
E nela toda fonte a desvendar
Os rumos de um andante cavaleiro,
Momento de esperança derradeiro
Expressa um coração tão desolado,
Vivendo dos resquícios do passado
Agora se permite iluminado
Aos raios desta lua, meu luzeiro.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25289
Aos raios mais sublimes do luar
Derramo minhas ânsias e protejo
O amor que na verdade se é lampejo
Deveras não devia se acabar,
E nele quanto mais eu mergulhar
Um sonho triunfal ora prevejo
Promessa de uma aurora em azulejo
Trazendo imensidão, clara e solar.
Não deixe que este encanto se esvaeça
Do amor que ora nos rege não se esqueça,
Pois nele um derradeiro passo além
Da eterna desventura que inda trago,
Vislumbro a placidez de um manso lago
Que amor em plena paz sempre contém.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25288
Percebo que a real felicidade
Esconde-se em pequenas soluções
E delas quando o sonho tu repões
Permito-me sentir a claridade,
Aonde desfraldara ansiedade
Os medos em terríveis turbilhões
Mostraram ao sentimento tais versões
Diversas do final que ainda agrade.
Ocultas as jogadas que farás
E nelas por saber ser tão audaz
O fim já se aproxima; é xeque-mate,
E sem defesas sigo à revelia,
Aonde houvesse chance eu tentaria,
Por mais que a realidade me maltrate.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25287
Não necessita mesmo que se tente
Alguma nova história ou mesmo a antiga,
Por mais que tenha a paz que ainda abriga
O coração deveras descontente,
Eu sei o quanto amar se fez urgente
E a vida sem contê-lo já periga,
E mesmo que vivê-lo em paz consiga,
Eterno desandar de um penitente
Carrego há tanto tempo a minha cruz,
E quando ao desencanto ora me opus
As horas não passaram de mentiras,
E tudo o que restaram, meus retalhos,
Envolvendo sutis penduricalhos,
Resume-se em pequenas, rotas, tiras.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25286
Gerando do não ser confusa cena
Arrasto-me deveras sob o solo
E trago neste nada em que me assolo
Suave fortaleza que serena,
Figura desprezível, tão pequena,
Aonde houvesse pânico quis dolo
E nada além do caos aonde atolo
Os pés nesta seara atroz que me envenena.
Eu sei que jamais pude crer na sorte
E mesmo que este tempo me comporte,
Conforto eu não terei sequer na morte,
Por falta de vontade ou de suporte,
Ainda cicatrizo o velho corte,.
Teimando em procurar o mesmo Norte.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25285
Não quero noite calma nem serena
Tampouco um turbilhão que ora me dane,
Se o coração se mostra em fria pane
Verdade muitas vezes envenena,
Enquanto a realidade me apequena
Não quero que o pomar dos sonhos grane
Sabendo do final que desengane
Esqueço desde sempre a torpe cena.
E creio ser plausível ter na fé
Uma saída a mais, e a preferida
Tocando devagar, barco da vida,
Ancoradouros; sei e até de cor,
Na mesa da esperança, pão, café
Só quero do mais caro e do melhor.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25284
Apenas desvendar qualquer verdade,
Até a que me fira e me maltrate
Fazendo nesta história um arremate
Diverso do que outrora em liberdade
Quisera com total tranqüilidade
Ao mesmo tempo sinto que arrebate
Das mãos e me deixando em xeque-mate
Por mais que a ladainha ora me enfade.
Rascunhos do que fomos; garatujas
E as mãos que em outras mãos agora sujas
São meras testemunhas deste fato,
E quando me isolando eu me defendo,
O tempo noutro tempo se escorrendo
Cenário ao qual sem medo, eu desacato.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25283
E quando percebendo a claridade
Depois de tantas noites em vazio
Resisto ao mesmo não que desafio
Vagando sem saber tranqüilidade
E quando se percebe iniqüidade
Anseio por momento em que o estio
Matando com vigor o imenso frio
Traduza outra esperança que se brade
Diversa deste vão aonde eu guarde
O amor que se mostrando sempre tarde
Retarde a glória intensa que procuro,
E vândalo do tempo, eu me disfarço
Usando este poema quase esparso,
E nele vou fugindo deste escuro.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25282
Insólito mergulho em águas frias
Permite se tentar ver na tortura
O bem que certamente se procura
Nas trevas que deveras já nos guias.
Por estradas atrozes andarias
Matando em piedade e com brandura
Promessa para os loucos de uma cura
Satânicos momentos tais orgias,
Depois de tantos séculos eu vejo
A velha ladainha noutra face,
Enquanto a humanidade se desgrace
Nos risos dos pastores o sobejo
Êxtase que tramando outro castigo
Partilha deste açoite como abrigo.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25281
E desta luz intensa, mesmo plena
Esboço alguma leve reação
Sabendo que outros dias mostrarão
Com toda a claridade a velha cena,
E quanto mais entranho mais se apena
O fogo desta santa inquisição
Guardado na memória, no porão
Aonde a velha imagem se apequena,
Vorazes desde antanho tais comparsas
Confrades das insanas, rudes farsas
Gerando vez em quando torpes mitos,
E quando se prepara para o bote
Permite que deveras já desbote
Vestimenta que embota os infinitos.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25280
A morte traduzindo a liberdade
Depois de tanto e imenso sofrimento
Por mais que me perceba mais atento,
A dor não respeitando nada, invade
E toma sem respeito a qualquer grade
Num ato tresloucado e violento
Expondo a realidade ao sentimento
Que tanto nos ajude ou desagrade.
Fazendo indagações jamais confirmo
Os termos tão venais e quando afirmo
Não tendo neste fato uma firmeza,
Espero o contra-ataque inevitável
Cenário que hoje sei desagradável,
Gerando no final só incerteza.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25279
Sabíamos vencer vicissitudes
Enquanto muitas vezes noutro rumo
Diverso deste agora em que me esfumo
Mudando vez em quando de atitudes,
Por tanto que deveras me saúdes
Os erros que cometo, sempre assumo,
E quando após tempestas eu me aprumo
Em outras direções bem sei que iludes.
Estando nesta vida de passagem
Apenas companheiros de viagem
Que um dia se encontrando por acaso
Deixaram suas marcas nas calçadas
E agora sob estrelas vãs, forjadas
Somente nos restando o fim e o ocaso.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25278
Funambulescas noites, dor e gozo
A sorte se equilibra em bamba corda,
Ao mesmo tempo a vida me recorda
Momento que pensara glorioso
E agora ao percebê-lo vão; jocoso
Realidade chega e quando acorda
No parapeito vejo, estou na borda
A queda num segundo, pavoroso.
Escuto a voz sombria do quem fora
Imagem que julgara redentora
Desnuda esta faceta em turvos tons,
Aonde imaginara a salvação
Doridas garatujas me trarão
Malévolos retratos, antes bons.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25277
Alvissareiras noites, argentinas
Corrientes tres, cuatro ocho bons momentos
Olhares sensuais, corpos atentos
Enquanto nesta dança me fascinas
Exalas em delícias diamantinas
Às dores de Gardel, doces alentos
E deixo para trás os sofrimentos,
Mineiro coração descerra minas
Aonde se percebe um passo audaz,
E nele este delírio que compraz
Parceiros desta noite em mesmo tom,
Um sonho se deslinda em bela tela
E o amor intensamente se revela
Ecoa ainda em mim, o bandaleon.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25276
Exposto aos chascos vários dos iguais
Jamais eu poderia crer possível
Que a vida transcorrendo noutro nível
Diverso do que agora demonstrais
Expondo nas igrejas os vitrais
Pensando num milagre mais plausível
Servindo-vos qual fora um combustível
Que pelas ruas, tosca derramais,
Acrescentando ao nada que ora trago
Na forma de carícia ou mesmo afago
Um pouco do total feito ironia
Desfaço as velhas sendas e prossigo
Sabendo a curva outro perigo,
E dele uma vacina já se cria.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25275
Das cóleras diversas que coleto
Procuro destilar o que talvez
Ainda me permita sensatez,
Mas sei o quão diverso o predileto
Caminho feito em farsa ou incompleto
Afigurado em tisne ou rubra tez,
E enquanto todo o sonho se desfez
Sonego qualquer parto, ou mesmo o feto.
Esterco-me do sangue feito fera
Que quando se sacia degenera
E muda no seu bote algum destino,
Incréu, por vezes vejo em rastros falsos
Prenúncios de terríveis cadafalsos
E deles, com certeza eu me previno.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25274
Bebendo em tua boca tal salsugem
Inóspitos caminhos desvendados,
Ausculto do passado velhos brados
Das asas destroçadas nem penugem,
E quando se percebe tal ferrugem
Minha alma nos destroços malfadados
Expressa a realidade em falsos dados
Enquanto feras toscas berram, rugem.
Alpendres não protegem da tempesta
E tudo o que em verdade ainda resta
Imagem caricata e distorcida,
Assino uma alforria que não quero,
O encanto se omitindo, nunca é vero
E nele não baseio a minha vida.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25273
Hediondas caricatas desventuras
Vencidas ou atadas aos grilhões
Que agora quando lúcida me expões
Aquém da realidade que procuras,
Buscando em noites vagas ou escuras
Momentos mais audazes, turbilhões
Adentro fantasias, batalhões
Bebendo com prazer fartas agruras,
Endeuso falsos ritos, mas os sei
E quando me percebo noutra lei
Diversa da que creio, com sarcasmo
Afasto dos meus olhos claridade,
Na cena que deveras me degrade
Percebo o meu retrato opaco e pasmo.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25272
O amor quando se quer perfeito e manso
Perfaz caminhos sóbrios em tempestas,
E neles com certeza tu te emprestas
Gerando esta ilusão que agora alcanço,
Vencendo do passado qualquer ranço
Não se traduz somente em ritos, festas,
Mas não permite frestas nem arestas,
Trazendo ao caminheiro um bom descanso.
Viver o amor sem medo, tédio ou risco,
Fugindo do terror feito em confisco
Dos dias salutares em prazer,
A possibilidade disto é clara
E quando em fonte límpida declara
Expressa a maravilha do viver.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25271
Cuidar da coisa amada como fora
A parte essencial da própria vida
Impede que se veja em despedida
Imagem muitas vezes redentora,
E quando a mão sobeja e protetora
Tocar com mansidão, sempre decida
Pelo caminho feito em paz e lida,
Trazendo a luz deveras promissora.
Assim se perpetrando em doce esfera
O fato de viver decerto gera
A sorte tão benquista e desejada,
Deixando para trás vagar agruras
No encanto que teceste e ora emolduras
Criando do vazio; a imensa estrada.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25270
Ao ver formosa e rara claridade
Que Amor a cada olhar nos acrescenta
Aonde se pensara em violenta
Discórdia a mansidão agora invade
E tomando de assalto em liberdade
Ao mesmo tempo atrai e me apascenta
Vivendo esta emoção deixo a tormenta
E bebo da maior tranqüilidade.
Assisto à derrocada dos receios
E deles recriando sem rodeios
Momentos mais felizes; vou em frente,
Ferrenhas as batalhas que enfrentara
Até ter a visão sobeja e clara
Do amor que a cada dia me alimente.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25269
Vosso olhar comprazendo dos meus medos
Trazendo a paz que tanto necessito,
Amando-vos senhora, eu acredito
Distante dos meus dias, os degredos,
Nos versos resguardados os segredos
Percebo algum momento em manso rito,
E tanto me entregando, mesmo aflito
A sorte tenho agora entre meus dedos.
Vencer as trevas tantas e bem mais
Beber das maravilhas que entornais
Enquanto em vossos rastros eu prossigo,
No amor que nos encanta ou nos maltrata
Aprazo-me deveras mesmo ingrata
A rota que se mostra em desabrigo.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25268
Vencer os meus amargos dissabores
E ter nas TUAS mãos a Glória imensa,
Saber quão maviosa a recompensa
Colhida em Teu jardim, sobejas flores,
Seguindo MEU SENHOR, por onde fores
Uma alma transparente agora pensa
Na vida pós a vida que pertença
Aos TEUS caminhos sábios, redentores.
Amar- TE é ter certeza de uma LUZ
Quando à felicidade nos conduz
Gerando noutro ser igual verdade,
Assim re comprazendo de um pequeno
GIGANTE FORTALEZA se faz PLENO
No AMOR que distribui e nos invade.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25267
Da treva original à treva eterna
Hiato feito em luz já se desfaz,
E aonde se quisera mansa paz
Ou mesmo a imensidão da vida terna
Agora sobre tudo já se inferna
A fúria desta espécie, tosco antraz
Que se mostrando assim, louca e mordaz,
Pensando-se deveras ser superna.
Meteóricos destinos se entrelaçam
E quando os dias turvos ora passam
Deixando cicatrizes mais profundas.
Mal respirando a luz ora agoniza
Mostrando ser deveras imprecisa
Passagem entre cenas nauseabundas.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25266
A Natureza expõe fatos concretos
E deles me alimento vez em quando,
Vetusta fantasia dominando
Momentos que pensara mais discretos,
Anárquico poeta, sei dos vetos
E deles me sacio fomentando
A fúria de quem passa desdenhando
Delitos com certeza, prediletos,
Não posso crer na venda do milagre,
Assim do VINHO vejo que avinagre
A sorte de um Cordeiro exposto em cruz,
O PÃO que ora sustenta o bolso alheio,
Renega a salvação pela qual veio
Sacrificado REI, CRISTO JESUS.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25265
A rebeldia expressa em cada passo
Na busca por pegadas, vários rastros
Que traguem aos meus dias novos lastros,
Diversos do que agora ainda traço,
Sei quão é vário e vago cada espaço,
Se o barco perde velas, lemes, mastros
Já não me curariam teus emplastros
Tampouco de outra sanha me desfaço
Percebo as inconstâncias deste tempo
E venço qualquer medo ou contratempo,
Inútil parecer além do fato
De ter nas mãos adagas e gatilhos,
Já não conheço mais sequer os trilhos
E o que fora plausível nó; desato.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25264
Diversos burburinhos noite afora
Trazendo ao solitário a vida intensa
Enquanto no não ser ainda pensa
A fonte luminosa comemora
O próprio esvaecer que se demora
E nele uma agridoce recompensa
Formando nuvem frágil, mas imensa
Insaciável luz que se devora.
Esbarro nas entranhas do viver
Tentando meu caminho esclarecer
E sendo variante de outros tantos
Num tétrico arremedo em mil retalhos,
Os dias repetindo os atos falhos
E neles coletando os desencantos.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25263
Reboa-se distante a voz sombria
De uma alma agonizante em frios vãos,
Aonde se pensara em tons cristãos
Atéia multidão já se porfia
Percebo então na falsa confraria
Diversos e confusos solos, chãos,
Repetem sem saber os mesmos nãos
Que há tanto a humanidade refletia.
Ao esboçarem crenças contradizem
Nos atos quando em deuses se deslizem
Gerando sintonias dissonantes,
Espúrias atitudes, sonhos lúcidos,
Não sei o quanto lúbricos ou lúdicos
Só sei que no final vejo-os farsantes.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25262
Num lúgubre caminho se traçara
As variáveis toscas que ora enceto,
E ser além de simples mero inseto
Tornando a vida agora bem mais clara
Enquanto a fantasia se escancara
E bebo o meu futuro se concreto
No prato que se mostra o predileto
A face do glutão já se escancara.
Calcário corrigindo esta acidez
Aonde a plantação de outrora fez
Colheita muita além do que se espera.
Assíduas regas trazem a esperança,
Mas quando em aridez, solo se lança
Aborta em nascedouro a primavera.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25261
Em márcios brados; vejo este passado
Aonde com soturnas mãos pesadas
As forças poderosas mal amadas
Tornaram o país, sanguíneo prado,
E quando em podridão condecorado
Reinando sobre as massas desarmadas
Em faces muitas vezes torturadas,
O libertário sonho condenado,
O fogo autoritário contradiz
O sonho de igualdade e de respeito,
Na fúria e pela fúria, faz seu pleito
Deixando tatuada a cicatriz
Que gera outros fantasmas no futuro,
O mocho só se expõe em pleno escuro.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25261
Palavra quando acida traz em si
Potenciais diversos e complexos
E quando se procuram novos nexos
Respostas encontradas lá e aqui
Desnudam o que outrora já perdi,
E sei que mesmo quando estão anexos
Resíduos na verdade são reflexos
Do todo que deveras concebi.
Versões que o mesmo tema contrapõe
Enquanto várias vezes, traz e opõe
Diversidade é sempre necessária,
Assim ao perceber uma entrelinha
Desvenda o inaparente que continha
Numa faceta esparsa ou mesmo vária.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25260
Desvendam-se desejos em delírios
Aonde se pudesse crer no quanto
Entregues ao mais raro e belo encanto
Deixando no passado vãos martírios,
E quando se mostrasse em tal nudez
Uma ânsia delicada e poderosa,
Bebendo desta glória caprichosa
O amor no próprio amor já se refez,
Avanço sem percalço e me demoro
A cada novo toque ou descoberta,
Enquanto o medo foge e me deserta
Grileiro sem escrúpulo, eu decoro
As sendas com sublimes diamantes,
E encontro veios fartos, deslumbrantes.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25259
Arrebentando assim como se houvesse
Erupções tão complexas e profusas,
As horas se permitem mais confusas
Enquanto uma ordem vaga se obedece,
O tempo quando em tempos novos tece
Permitem que se tente em velhas Musas
As novas transparências, belas blusas
Ou mesmo algum rigor em rito ou prece,
Esvaecendo assim verdades rotas,
Em títeres que somos; sei que notas
Diversidade imensa e salutar,
Mas quanto a voz uníssona desnuda
Realidade estúpida e miúda
Impede a liberdade do criar.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25258
Adentrando qual fora uma radícula
O pensamento imagem delirante
Verdades variáveis num instante
Transmite uma visão mesmo ridícula,
Aonde se pensara mera espícula
Percebo quão deveras penetrante
A farpa que me corta e se agigante
Outrora fora pálida partícula
E assim ao ver de perto o que pensara
Minúscula expressão, agora clara
Expõe realidade bem diversa,
E quando sob o prisma verdadeiro,
Bem mais do que pensara corriqueiro
Na imensidão do nada, uma alma imersa.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25257
Há coisas que pergunto e não consigo
Sequer quem me responda então eu tento
Usando para tal o pensamento
Aonde com certeza encontro abrigo,
Deveras percebendo este perigo
Ao qual exposto vejo o sofrimento,
E quando na verdade busco o alento,
Caminho mais sensato, ora persigo,
Ao animal é tudo permitido,
Canibalismo, estupro, roubo e morte
Ao homem repetindo a mesma sorte
Porém ao crer pecado é coibido,
Assim minha alma tosca afirma cética
O demônio gerou, enfim, a ética.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25256
A Terra outrora grávida parindo
Espécies tão diversas não sabia
Que quanto maior fosse a fantasia
A queda noutra cena se fluindo.
Refém do próprio filho que quis lindo,
E nele com encanto e com magia
A mãe agora em trágica agonia
Percebe o seu futuro, mero e findo.
Qual Nero eviscerando a genitora
Humanidade esboça um ato igual
Achando ser deveras tão normal
Quão tosco o original deveras fora
O homem também busca esta uterina
Visão da Terra mãe, outra Agripina.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25255
Oceanos bravios e as procelas
Repetem velhas cenas do passado,
Aonde se mostrasse abandonado
O mundo reproduz diversas telas
E nelas entranhadas torpes celas
Aonde se pensara em luta e brado,
O quadro noutro quadro disfarçado
Impede outras visões deveras belas.
Um carrossel reflete a humanidade
Que segue em contraluz o próprio rabo
E quando do futuro der o cabo
Voltando ao que já fora ora se invade
E mata o seu porvir com o pretérito
E crê que nisto existe qualquer mérito.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25254
Nas landes onde gero os pensamentos
Nefastas sombras tomam o cenário,
O passo em meio à lama é temerário
E os dias repetindo os mesmos ventos,
Charnecas invadindo os sentimentos
Viscoso caminhar em piso vário
Seguindo neste rumo que ao contrário
Do costumeiro; nega meus intentos
Extraio de minha alma a sordidez
E nela tantas vezes já se fez
A fétida impressão de liberdade
Que tanto se fazendo em voz medonha
Por mais que a fantasia ela componha,
Permite ao sonho etéreo o seu degrade.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25253
Absconsos caminhares noite escura
E vejo sem respostas meus anseios,
Por mais que me envolvesse em teus enleios
Não cessariam nunca tal procura,
E quando a dúvida deveras já perdura
Não faço e nem pretendo tais rodeios,
Os olhos seguem vagos; vão alheios
Transcendem qualquer forma de ternura.
Escapas pouco a pouco e mesmo quando
Percebo, não reajo transformando
O quanto poderia no não ser
Espúria criatura ora me isolo,
Se eu planto mais abrolhos no meu solo,
Daninhas com certeza irei colher.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25252
Convulsionado espaço que freqüento
Enquanto em solilóquio nada vem
Senão o mesmo etéreo e vão ninguém
Ao qual eu permaneço sempre atento,
Vivendo o que me resta em sofrimento
Angustiosamente a mente tem
Mistérios que deveras só contém
Quem usa vez em quando o pensamento,
E em tal discernimento sei vazios
E neles retornando aos desafios
Antigos da existência que se busca,
Esbarro nas mentiras e trapaças,
Até quando distante e alheia; passas
A luz que emanas forte, vejo fusca.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25251
Um mero vibrião ainda existo
Somente pelas ânsias naturais
Aonde veramente fosse mais
O persistir recende a um vago quisto
Insólito retrato de Mefisto
Enquanto com nobreza derramais
Em vós percebo luzes ancestrais
E fragilmente exposto inda resisto.
Anseio os libertários manifestos
E neles mesmo quando estão infestos
Por virulência torpe ou insensata
Percebo um ar que possa transcender
Levando ao gozo pleno de um prazer,
Até por ser tão vil, já me arrebata.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25250
Não necessita mesmo que se brade
Gerando do não ser confusa cena,
Não quero noite calma nem serena
Apenas desvendar qualquer verdade,
E quando percebendo a claridade
Insólito mergulho qual falena
E desta luz intensa, mesmo plena
A morte traduzindo a liberdade.
Contradições comuns, insofismáveis
Em solos desiguais, mas sempre aráveis
Cultivos mostrarão diversos frutos,
Mutáveis os caminhos se percebe
Dicotomia traz a mesma sebe
Olhares necessários; bem argutos.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25249
Tampouco desconhece algum lugar
Aonde se tivesse mais concisa
Resposta necessária e tão precisa,
Por isso noutras sanhas trafegar,
Aonde se mostrasse sem pensar
O que deveras nego e se matiza
Em cores mais suaves, mera brisa,
Não basta e jamais vai me saciar.
Por ser até convicto, um eremita
Somente em palatável acredita
E desconfia até mesmo da fé,
Aonde se pudesse transigente,
Mas quer o muito além do que pressente
O não saber algema cada pé.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25248
Vivendo por viver sem ter razões
Explícitas que possam traduzir
As fontes do passado no porvir,
Entrelaçados passos: tropeções
E tendo enfim terríveis aversões
A tudo que se crê antes de vir
Procuro das verdades; abstrair
Novéis explicações, mas sei senões.
Descrevo no que posso; verso e rima,
Aquém do que o real procura e estima
Estigmas que deturpem a clareza,
Mas não seguindo a tropa vou ao léu,
Diverso do novelo ou carretel
Negando desde o início a correnteza;
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25247
Nesta beleza rara em que compões
Decifro as ansiedades minhas, nossas,
Antes até da saga onde tu possas
Falar da maravilha das visões
Nas quais encontrarias soluções
Diversas das que trago, mas em fossas
Profundas sonegando o que ora endossas
Encontro em solilóquio outras versões.
Socráticas verdades eu repito
E quando nada sei, sendo finito
Percebo quão a dúvida faz bem,
E tento desvendar algum mistério
E mesmo aleatório ou sem critério
Resposta na pergunta se contém.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25246
A vida bem melhor de ser vivida
Na paz que tanto quero e já não vejo.
Às turras com as tramas do desejo
Persisto nesta sanha que duvida
E nela muitas vezes dividida
Entre o que penso e temo e não prevejo
Fazendo do pensar algum lampejo
E dele me protejo sem guarida.
Escusas emoções, rastros que sigo
E tanto quanto eu quero; sem abrigo
Vasculho nas entranhas da verdade
E teimo em perceber novo matiz
Enquanto o que é mais claro contradiz,
Mesmo até quando o explícito já brade.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25245
Sem termos nem perguntas, de que vale
A vida se não fossem os anseios
E neles embutidos meus receios
Por mais que muitas vezes nada fale,
Nas mãos o que deveras não embale
E embace o pensamento em novos veios
Meus olhos não permitem ser alheios
Enquanto outra verdade não escale,
Ausente de respostas; sigo em vão
E embora muitas vezes, negarão
Persisto na procura e não me canso
Fartando-me da angústia do querer
E tanto quanto eu possa percorrer
A tempestade longe do remanso.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25244
As horas entre luzes vão dispostas,
Mas não consigo mesmo ter a luz
E quando minha imagem reproduz
As dúvidas deveras são repostas,
Enquanto outras perguntas várias postas
Realidade afasta em contraluz
E o vário se transcende e nele opus
Caminho divergente ou viro as costas.
Na obviedade se perde o investigar
E muitas vezes nunca basta o olhar
Que num primeiro instante ludibria,
E assim por tantas vezes enganado
O final vejo enfim tão deturpado
Se vê realidade e é fantasia.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
25243
E sabem decifrar sem despedida
Aqueles que percebem num olhar
O muito além do simples declarar
Imagem por si só bem concebida,
Quem tanto se procura e não decida
Diverso que possa caminhar
Permite-se por vezes o calar
E segue como sombra em toda a vida.
Mas vejo que talvez neste não ser
Resume-se a verdade e o poder
Que tantos numa busca interminável
Em compêndios de vã filosofia
O fio muitas vezes se perdia,
Resposta se tornando indecifrável.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25343
Se eu faço ou se desfaço que me dane,
Não tô mais pra ficar bancando o besta,
Mulher botando chifre em minha testa
Amor há muito tempo entrou em pane,
E quando esta desgraça se faz pouca,
O pobre está fodido e nada vê
Aonde se procura algum por que
A vida vai ficando bem mais louca,
Na toca do leão enfio a cara
Embora não me chame Daniel,
Não quero nem saber se existe Céu,
A porca torce o rabo e me escancara
Eu sei que a vara é curta, mas cutuco,
Pior do que o Raul; estou maluco.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25342
Tomando uns graus nos bares desta vida
Enchendo a minha cara de cachaça
Aonde teve fogo tem fumaça
Eu faço coisa até que Deus duvida,
Pegando este capeta pelo rabo,
Na sogra dou pancada e pescoção,
No sogro um pontapé no seu culhão
Depois neste forró, eu já me acabo,
Cansado de lutar contra a maré,
A vida já me deu cada rasteira
Não vou ficar aqui mais de bobeira,
Com essa minha cara de mané,
Depois de ser romântico e gentil,
Mandei a lua à puta que a pariu.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25341
Maria; eu preparei uma surpresa
Parece que você vai adorar,
Depois de tanto tempo trabalhar,
A vida com certeza uma dureza
Cansado deste mundo de pobreza
Eu acertei deveras no milhar,
Agora vou poder só passear
Fartura vai sobrar em nossa mesa.
Você vai fazer pose lá pro Orkut
Não vou mais fazer parte nem da CUT
Agora vou virar novo burguês,
Contrata lavadeira, passadeira,
Babá, um jardineiro, cozinheira
Amantes? Só lourinhas quero três!
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25340
Melhor ser sanguessuga que operário,
Viver nas mordomias deste Estado
Bondoso guardião não vê pecado,
E ganha a cada dia um honorário
Maior do que o deveras necessário
Durante tanto tempo andando inchado
Enquanto o pobretão vive enrabado
Comprando um celular no aniversário.
Não quero ser escora nem escória,
Mas sei que é bem melhor cantar vitória
Do que ver empenhado os meus proventos,
Não posso correr contra a ventania,
Locupletando um pouco a cada dia
Espero todo mês novos aumentos.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25339
Jazigo da esperança, a realidade
Há tanto se disfarça em riso audaz,
O beijo traidor me satisfaz
Enquanto qualquer sonho ainda agrade.
Mas tomo esta cachaça vagabunda
Fingindo ser uísque paraguaio,
E quando noutro instante ainda caio,
Ralando o meu nariz, a perna e a bunda
Telhados são de vidro, sim senhor,
Mas dane-se quem pensa que me engana,
A moça se fazendo de bacana
Coloca a perereca no penhor,
E vende como fosse verdadeira
Mercadoria falsa, de terceira.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25338
Reveses que esta vida sempre traz
A quem batalha tanto e não consegue,
Um burro leva a carga, pobre jegue
Enquanto a burguesada se compraz,
Aonde a vaca for, o touro atrás
Jamais se permitindo que inda pegue,
A fonte já secou, e o mundo segue
Sem ter um só momento feito em paz.
Prefiro ser machado, pobre sândalo
Expondo-se à facada de algum vândalo
Ainda qual babaca dá perfume,
Capim sendo abundante mata a fome,
Depois quem ruminou vazando some
E o pobre se transforma em rico estrume.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25337
Vamos fazer então vasectomia,
Depois é só ligar as tuas trompas,
Aonde houvera outrora raras pompas
Miséria se transforma em dia a dia,
Por mais que a gente tenta e fantasia
E nestas ilusões ainda irrompas,
Com essa ordem vigente nunca rompas
Senão só restará u’a nostalgia
Dos tempos de menino onde corríamos
Libertos pelas ruas e calçadas
Decerto minha amiga não sabíamos
A que ponto chegasse humanidade
Multidões cabisbaixas vão caladas
Enquanto prolifera a iniqüidade.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25336
Espora na cacunda do sujeito
Faz sempre o desgraçado trabalhar,
Se não fizer assim nunca tem jeito
Escravo gosta mesmo é de apanhar,
Enquanto com chicote eu me deleito,
Nas costas do babaca a maltratar
O que parece ser algum defeito
É o que faz a banda desfilar.
Na força desta tal caricatura
Verdade com certeza se afigura,
E assim pensa deveras quem domina,
Depois na missa finge ser cristão,
Renova a cada tempo a escravidão,
Inesgotável fonte, imensa mina.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25335
É melhor ser cavaleiro que cavalo
Assim sempre pensou a humanidade
Vivendo com certeza esta verdade,
O pobre do infeliz ora avassalo,
E quanto mais desejo enfim montá-lo
Por mais que o escravizado ainda brade,
Adorando o chicote, algema e grade,
Também quer qualquer dia virar galo,
O pinto quando pia bem fraquinho,
A primo canto eu vejo este galinho
Já preparado enfim para a panela,
Mas dê alguma chance pro coitado,
Depois vai vê-lo enfim empoleirado
“Poder nunca corrompe, só revela”.
Como dizia o Frei Betto.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25334
Como dissera um tal Guerra Junqueiro
O Padre Eterno há tanto envelheceu
Enquanto toda a corja envileceu
A culpa com certeza é do dinheiro,
Do amor o mais sublime mensageiro,
Aquele bom sujeito, este judeu
Que o mundo há tanto tempo conheceu,
Da casa de Davi, real herdeiro
Somente por ter sido muito além
Da podre sociedade, não convém
Falar em alto tom, pois na verdade
Ainda se vendendo num balcão
O que se fez em GRAÇA E SALVAÇÃO,
Que a Santa Inquisição já nos resguarde.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25333
Picardias em pleno picadeiro,
Vestindo de bufão, povo idiota,
O bloco do moderno ou do janota
Movido por cangalha e por dinheiro,
E quando da verdade assim me inteiro
E falo o que desejo além da cota,
A roupa de palhaço se amarrota
E acaba toda a tinta do tinteiro,
Balança, mas não cai, o trapezista,
A puta vê na grana do turista
A cara do Brasil, imensa bunda.
Imposto se traduz em ladroagem
Dos tempos de Jesus a sacanagem
A cada geração mais se aprofunda.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25332
Ouvira do Ipiranga a ladainha
Dos marginais que antanho são modernos,
Disfarçam-se nos belos, caros ternos,
E a praga se espalhando assim daninha,
A cada novo dia mais continha
A fome insustentável dos infernos,
Repetem os exemplos dos externos
Ou exportam deveras podre linha.
Corruptos, corruptores são parceiros
E os pobres assaltando galinheiros
Pagando pelo pato magricela,
Aonde uma verdade se disfarça
Quem tem uma elegância feito garça
Comendo o milharal, não se revela.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25331
Barriga de ricaço, insaciável
Terríveis com certeza tais glutões,
E quando esta verdade agora expões,
De novo a história mostra o inevitável
Aonde existe otário o descartável
Alimentando o fogo das visões
Espalham por imensas plantações
Enganações de um jeito palatável,
A culpa de tamanho desvario,
É sempre de quem berra e o desafio
É se calar defronte a tal desmando,
Aonde se pensara solução
Tem gente que abusando do perdão
Articulando a fúria em contrabando.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25330
Usurários e avaros agiotas
Fazendo da trapaça o ganha pão
Futuros dias logo mostrarão
Verdades tão modernas e remotas.
Seja nas capitais, nas vilas, grotas,
A história repetindo este refrão,
Aonde existe gente tem ladrão,
Dividem cada saque em fartas cotas.
Antigamente assalto era à tacape
Desta verdade sei que não escape
Aquele que trabalha honestamente,
Pior quando nas mãos das governadas
As armas pelas leis são resguardadas,
Lutar contra esta súcia, nunca tente.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25329
O mundo desfilando os mesmos traços
Refaz a cada dia velharias
E nelas quão soberbas horas vias
Enquanto nos pintávamos, palhaços,
Aonde se fizeram torpes laços
Os casos se refletem nas orgias
Desfilam em hereges sintonias
Homens honestos sempre tão escassos,
Assenta-se a verdade em qualquer era
E quanto mais o povo ainda espera
O bem que não virá, a corja engorda,
Comendo da carcaça do plebeu,
Assim desde que o mundo em vão se deu
Só varia o tamanho desta corda.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25328
Cedendo mansamente aos teus encantos,
Jamais resistiria a tanto amor,
E quanto mais audaz a gente for
Os dias mostrarão mais belos cantos
E neles com certeza me envolvendo
Retendo em minhas mãos a claridade,
Que agora como sempre quando invade
Inteiro o pensamento percorrendo,
Atrozes descaminhos? Não mais vejo
Tampouco as intempéries que vivemos,
E quando novos rumos conhecemos,
Sabemos desfrutar cada desejo,
E assim na eternidade deste sonho,
O mundo mais feliz, quero e componho.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25327
Que bom saber da glória deste Fado,
Depois de tantas lutas, desavenças
Ainda manter vivas nossas crenças
Deixando o sofrimento no passado,
No dia com fulgor iluminado,
As horas de prazer serão imensas,
E nelas com certeza ainda pensas
Soltando o coração intenso brado,
Vivenciar a glória a cada dia,
E nele toda a sorte se desfia
Gerando um carrossel de luzes fartas,
Só peço que das dores, dos anseios
Esgote com fervor, doridos veios,
E destes dissabores tu te apartas.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25326
De ser assim, teu par e namorado
Depois das desavenças, tantas brigas,
Espero que deveras já consigas
Trazer os nossos rumos lado a lado,
Por mais que eu reconheça estar errado,
As nossas malquerenças tão antigas
Envoltas em fantasias ou intrigas
Traduzem um caminho abandonado
Há tanto traduzindo o disparate
Por mais que ainda volte e nos maltrate
Não cabe mais na vida que hoje ostentas,
Sentir os dissabores de outras eras,
Alimentando assim tolas quimeras
É como alimentar vis feras, violentas.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25325
Cortando, penetrando devagar,
Gerando as dores tantas que ora trago,
Vivesse pelo menos algum trago
Do quanto quis e nunca soube dar,
Percebo em vagas luzes o luar
Que outrora fora imenso, doce e mago,
Se os olhos no passado ainda trago,
Talvez seja preciso repensar
E ver que sempre existe algum futuro
Mesmo que nos pareça mais escuro
Ou tanto dolorido que não possa
Servir como parâmetro preciso,
Mas quando a dor invade sem aviso
Irônica ilusão transborda em troça.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25324
Dilacera, sangrando esta navalha
Que há tanto se fizera companheira,
Quem traz uma esperança passageira
Por velhos descaminhos não atalha
A vida se perdera sem ao menos
Teimar em perceber alguma chance
E tendo a fantasia que se alcance
Momentos podem ser bem mais amenos,
Fragilizado então, perdendo o prumo,
Vasculho nas gavetas e não vejo
Sequer a sombra amarga de um desejo
Que agora, pós tempestas, logo assumo,
Não deixe que esta luz se apague agora,
No instante em que esperança em vão se ancora.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25323
Triscando a melodia do vagar
Encontro; refletida a velha imagem
De quem ao se perder nesta paisagem
Permite uma miragem desvendar,
Escolho descaminhos variados
E neles perpetuo os meus engodos,
Momentos de prazer? Queria todos,
Angústias penetrando pelos lados
Espalham dissabores, mas persigo
Ainda algum alento; mesmo pálido,
E o quanto se quisera bem mais cálido
Traduz ora somente o desabrigo,
Versejo sobre velhas melodias
Em partituras toscas que recrias.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25322
Meu tempo, contratempo, Deus me valha
espúrias madrugadas, dias frios,
Não posso mais pensar nestes vadios
Momentos sempre ao fio da navalha,
E quando a realidade me atrapalha
Acendo da esperança os seus pavios,
E teimo em perceber nos desafios
A fúria que deveras já se espalha
Tomando este deserto que ora habito,
Rondando o meu caminho, e estando aflito
Esgoto minhas forças nesta luta
Inútil, disto eu sei, mas não desisto,
E quando em tal batalha ainda insisto,
O sonho uma alma audaz busca e recruta.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25321
Se quando estou vagando bar em bar
Na busca de talvez algum alento
Sentindo no meu rosto, o manso vento
Bebendo da esperança de um luar
Eu creio na alegria a me tocar
Roçando minha pele, e o pensamento
Mantendo o meu olhar bem mais atento,
No intento de deveras me encantar
Com toda a sutileza de um amor
Que há tanto procurara sem sucesso,
Mas quando solitário estou regresso
Ao nada que deveras muda a cor
Do sonho iridescente de um poeta,
Que apenas noutro sonho se completa.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25320
Comércio feito em nome do Cordeiro
Que tanto nos amando em holocausto
Se deu e neste instante, duro infausto
Traduziu farto amor, mais verdadeiro,
Agora a cada esquina um vendilhão
E nele se reflete a gula imensa,
O crime em nome Dele, já compensa
Transforma qualquer farsa em oração.
Vergonha assola a tosca humanidade
Na busca de saúde ou de fortuna
Corrupta canalhice coaduna
E faz do Amor sublime falsidade,
Antigamente à porta de algum templo,
A corja dentro dele, hoje contemplo.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25319
O Amor que desmedido diz do quanto
Amortalhando às vezes trama a cura
Além do que deveras me amargura
Promete ser além do simples canto
Por vezes solitário desencanto
Mergulho nesta noite vaga e escura
E sinto tanta dor que me amargura
Gerando angústia e mesmo dor e pranto;
Mas sei que na verdade quero e gosto
De quem mesmo que cause algum desgosto
Expõe no olhar volúpia em fúria insana
O verso se mostrando em contra senso
Traduz por muitas vezes o que penso
E nisto satisfaz e desengana.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25308 a 25318
Vivera o grande amor e não pensara
Que tudo tendo fim, também as acaba
O sonho que deveras já desaba
Turvando uma água outrora mansa e clara,
Assim a realidade se apresenta
E o tempo consumindo a fantasia
Devasta e nada após se mostraria
Mudança radical, por vezes lenta
E o passo que se dá rumo ao futuro
Encontra os pedregulhos naturais,
Depois vem o sabor do nunca mais,
E quando em voz sombria eu me amarguro
Pensando ter deserta esta esperança,
Um novo amanhecer, o amor nos lança.
2
Viver desta emoção as variáveis
Que possam nos trazer dor e alegria
E quando nela mesma se recria
Momentos de prazer ora alcançáveis
Vislumbro novos tempos adoráveis
E sei que o quanto a vida impediria
Um passo mais audaz; melancolia
Traçando descaminhos intragáveis.
Herege companheiro do não ser,
Astuciosamente; o desprazer
Engana enquanto beija e nos encanta.
Audácias se perdendo no vazio,
Sem nada em minhas mãos, aguardo o estio,
E um pássaro agoniza enquanto canta.
3
Os sonhos mais gostosos de sonhar
Perdidos numa noite de verão
Somente vãs tristezas mostrarão
A quem não aprendera a navegar
Distantes oceanos, perco o mar
E vivo na completa solidão
Angustiadamente sinto então
O mundo neste instante desabar.
Houvera uma esperança que, ilusória
Trouxera um falso gosto de vitória,
E agora sem ter nada em minhas mãos
Percebo quão difícil ter certezas
E ao enfrentar diversas correntezas,
Os sonhos que eu tivera, todos vãos.
4
Buscando, no luar, ser o que sou,
Apenas um fantasma perambula,
E traz no seu olhar a imensa gula
De quem por tanto tempo imaginou
O mundo bem diverso do que agora
Desnuda-se defronte ao seu olhar,
Cansado de tentar e de lutar,
A morte salvadora não demora,
Bebendo da ilusão em farta dose
Um tétrico fantoche, um vil bufão
Percebe quanto a vida foi em vão,
Por mais que a fantasia ainda goze
Espalha pelas ruas seus retalhos,
Já sabe do sofrer vários atalhos.
5
Reflito tanto amor, mas vou sozinho
Nas ânsias tão comuns de um sonhador,
O peso tão diverso deste andor
Às vezes em tempestas ou carinho
E quando deste rumo, descaminho,
Não tendo nem sequer por onde for,
Do quanto imaginara bela flor,
Apenas vislumbrando cada espinho,
Acrescentando o nada à minha vida,
A sorte há tanto tempo vã, perdida,
O que resta de mim, puro abandono.
E quando da esperança algum reflexo
Encontro; sem certezas, perco o nexo
Somente do vazio enfim me adono.
6
O quanto eu desejara se resume
No quase acontecer que me persegue,
Enquanto a fantasia sempre negue
Não tenho da esperança o seu perfume,
Aonde imaginara raro lume,
A luz em tom sombrio já renegue
Caminho que talvez inda sossegue
O coração de um tolo, que se esfume
Em vária caricata face escusa,
Ousando ser além que a paz conduza
E possa ter nos olhos florescência
Diversa desta opaca estupidez
Que agora se mostrando de uma vez,
Levando pouco a pouco à vil demência.
7
Amante sem ter cama, sem ter ninho
Voluptuosamente em sonhos, vago,
Mas quando me percebo sem afago
Seguindo para a morte; assim sozinho
Encontro alguns resquícios do que fora
E vejo que vivi, mesmo que pouco,
Andara em descaminhos feito um louco
Uma alma muitas vezes sonhadora,
A juventude ao longe, o fim por perto,
Não quero o sofrimento, sigo só,
Da imensidão da estrada, ledo pó,
De tanta turbulência, ora o deserto,
Mas fui feliz e basta; no último ato
Da peça feita em vida o que retrato.
8
Servindo de repasto para a dor
Um velho coração se desatina
E sabe que afinal em triste sina
Imagem retratando o sonhador
Seguindo sem destino aonde for,
Passado dia a dia determina
A seca que deveras mata a mina,
Negando o nascimento desta flor
Que outrora fora apenas esperança
E quanto mais a vida segue e avança
Percebe-se a aridez do chão inglório,
Não tendo mais por que ainda explore-o
O solo que deveras quis fecundo
Somente em vãos abrolhos, ora inundo.
9
Vivendo sem ter cálice nem vinho
Não posso mais brindar à sorte insana
Que tanto me acarinha quanto dana
Deixando-me deveras tão sozinho,
E quanto mais audaz o passo eu tento
Maior a queda, eu sei que não valera
Sequer saber da rara primavera
Moldada nesta teia, sofrimento.
Astuciosamente a vida trama
Momentos que decerto não saciam,
E os olhos num instante se desviam,
Deixando para trás a intensa chama
Que um dia norteara uma existência,
Agora só restando esta inclemência.
10
São tantos que naufrago nesse mar
Perigos entre as ondas e tempestas
O quanto de carinho ainda emprestas
Permitem este sonho navegar,
Procelas e borrascas a enfrentar
Não deixam claridades, meras frestas
E nelas ilusões que enquanto gestas
Tramitam entre céus; louco vagar.
Às vezes acredito que algum porto
Exista, mas sabendo o quão absorto
Meu passo em meio aos vários temporais
Escusas madrugadas, noites frias,
E enquanto mais distante; fantasias,
Restando inacessível qualquer cais.
11
Amores mal vividos, qual mortalha
Vestida pelo tolo caminheiro,
Aonde se pensara verdadeiro
Apenas ilusão fria navalha,
E quando em cada espaço a dor retalha,
Não deixa nem sequer ainda inteiro
O sonho muitas vezes mensageiro
No qual a realidade ainda atalha
Mudando a direção dos ventos, vejo
A sombra inusitada de um desejo
Inconseqüente rumo que ora tento,
E numa ansiedade sem limite
No tanto quanto quero que acredite
Esqueço por momentos, sofrimento.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25410
O mundo que entranhamos feito em luz
Ao grande amor recende e nos permite
Viver além do quanto se limite
A intensidade audaz que reproduz
Intensamente a força deste sonho
No qual me abandonando sou feliz,
E mesmo quando a vida contradiz,
Um novo amanhecer quero e componho,
Vencendo os meus terríveis dissabores
Alçando Paraíso imaginável,
O amor quando demais, inevitável
Colheita de sobejas, raras flores,
Inusitado sol que ora nos banha,
Erguendo-se por sobre esta montanha.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25409
Quisera podre crer no amor humano,
Seria então decerto um novo dia,
Mas quando a realidade propicia
Um ar bem mais cruel quase profano,
Percebo bem mais forte cada engano
Aonde se pensara em alforria,
Escravidão refeita na alquimia
Deste poder soberbo e desumano
Prostituindo enfim este Cordeiro,
Que agora simboliza algum dinheiro
Vendido como fosse um milagreiro,
Amigo, dos meus sonhos Companheiro,
Que em vida fora simples carpinteiro
Do AMOR MAIOR EXEMPLO, O VERDADEIRO.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25408
Perceba o quanto Deus se fez amor
E nisto simplesmente a realidade
Falando com total sinceridade
Aí reside todo o meu louvor,
Não quero nem preciso de pastor
Que leve para a falsa eternidade
Ganhando com poder, notoriedade
Achando-se deveras o Senhor,
Eu necessito, amigo e nisto insisto
Somente deste AMOR QUE TROUXE CRISTO
Acima de qualquer espúria IGREJA,
Pois dele é que se tem pleno perdão,
E DELE A COMPLETA REDENÇÃO
Que para o Eterno Amor, deveras seja.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25407
Não faça do teu voto algum penico,
Depois quem come a merda; amigo és tu,
Cocô assim assado, frito ou cru
Cobrando bem mais caro qualquer mico.
Político é safado? Mas retrata
A cara deste otário, do eleitor,
E seja da maneira como for
Da própria sociedade fina nata,
Mamata atrai mamata e a burguesia
Mantendo no poder essa cambada
O nome já diz tudo de putada
É prole que outra prole já recria,
E assim de pai pra filho, filho e neto,
Procriando esta praga, qual inseto.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25406
Terrível fedentina toma a rua
E ganhando os altares vem de chofre
Recendendo deveras ao enxofre
Que assim em pleno culto continua,
Perfumando deveras já se exala
Da face de um pastor tão exaltado,
No rabo do capeta em vão pisado
Tomando já de assalto a velha sala,
O quadro se repete todo dia
Depois é só correr a sacolinha
Socorre quem não tem e nunca tinha
Ao encher uma pança outra esvazia,
E Cristo numa cruz mui bem pregado
Olhando para a cena desolado.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25405
Antigas cortesãs e lupanares
Agora aposentadas, na mesmice
Se vê a realidade em que se disse
Usando para tal novos altares,
E quando perceberes e notares
Aonde chegará tanta crendice
A humanidade bebe esta tolice
Vendida em gritarias ou esgares.
Profetas transformando o pobre Cristo
Nesta mercadoria bem falsificada
Inextirpável mesmo o podre cisto
E drenar este abscesso é necessário,
Mas quando se percebe esta cambada
Gulosa qualquer passo é temerário.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25404
O amor que se traduz em Jeová
Depois de ter criado a humanidade
Jamais se percebeu saciedade,
E assim ainda agora, ontem e já.
Decerto novamente tomará
Por mais que uma verdade desagrade
À força o tal poder da sociedade
No inferno a cada dia mostrará
A garra desta fera insaciável
Movida pela fome de poder,
Tornando o ar assim irrespirável
E mesmo que inda tenha que morrer,
Num suicídio estúpido e venal,
E à plebe futebol e carnaval.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25403
Na arquitetura vária do universo
Perfeita sincronia se percebe,
E quanto à realidade, a velha plebe
Concebo num buraco sempre imerso
O sonho de igualdade; não converso,
Pois sei que o rico o sangue quando bebe
Não se sacia nunca e ainda recebe
As graças de um terror jamais disperso,
Pagando os seus pecados numa Igreja,
Maldito para sempre que assim seja
O abutre insaciável, este burguês,
Que enquanto esfacela uma esperança
Aos rumos mais insólitos se lança
Mantendo esta soberba em altivez.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25402
Como uma roda gera eternamente
O mesmo movimento, a rotação
Da Terra numa tal demonstração
Que outrora se pensara diferente
Assim noutro momento outra visão
Diversa da real tomando a mente
De quem tendo nas mãos o onipotente
Poder feito qual Santa Inquisição
Ardentes as fogueiras do passado
Ainda no presente demonstrado
Esta falácia tosca dita Igreja
Que em trevas mergulhou a humanidade
E nunca se percebe saciedade,
Ainda sem respaldo, vã, troveja.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25401
Aonde houvera luz se fez sombria
Terrível madrugada em solidão,
Aonde houvera outrora algum verão
Apenas noite imensa, amarga e fria
E muito aquém do quanto se pedia
Vazio aonde houvera multidão,
Os dias no futuro mostrarão
O quanto a cada tempo se esvaia
Do todo feito em brumas, tão somente
O nunca mais deveras se apresente
Tornando este cenário tão escuro,
E quando imaginara, de repente,
Um mundo mais feliz a sorte ausente
Da luz que insanamente em vão procuro.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25400
Ao tremular as folhas, vento atroz
Trazendo novidades mais espúrias
Exposto aos vendavais, terríveis fúrias
Não quero nem ouvir da sorte a voz,
A fera se escondendo em todos nós
Não ouve nem sequer dores, lamúrias
Professa com certeza vis incúrias
E traz no olhar soberbo um ar feroz.
Astuciosamente atocaiada
Depois de ver a presa destroçada
Gargalha-se esta hiena dita amor,
Ferrenhos companheiros de desgraça
Os sonhos desfilando em plena praça
Fazendo da mortalha seu andor.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25399
Lábios desejosos deste pus
Abscessos que deveras não rasgaste,
E quando se percebe este contraste
Ao qual decerto tanto já me opus
Percebo que afinal, faltando a luz,
A sorte se perdendo como um traste
Diversa do que tanto propalaste
Vivendo tão somente inferno e cruz.
Perenes abandonos, noites vãs
Aonde se pensara nas manhãs
Eterna madrugada em tom sombrio,
E quando se percorre outra alameda
Por mais que uma esperança se conceda,
Condenas ao terrível, ledo frio.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25398
De todos os rochedos e penhascos
Aonde se arrebenta o velho mar,
Apenas poderia decifrar
Momentos entre turvos, débeis ascos,
E sabes que deveras nestes frascos
O veneno entre o sangue a se banhar
A face desdenhosa a provocar
Sabendo desde já velhos fiascos,
Amargas com teus risos os meus dias,
E sinto em tuas mãos as rebeldias
Que outrora me trouxeram seduções
Nefastas armadilhas que ora expões
E nelas com tenazes homicidas
Demonstras tuas faces distorcidas.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25397
Trovoas em terríveis temporais
Deixando a placidez sempre de lado,
E quando se percebe derrotado
Caminho que deveras trouxe um cais,
Bebendo dos esgotos queres mais
Que um simples corpo nu e ensangüentado,
Cadáver insepulto vislumbrando
Exposto à torpe fúria dos chacais,
Apenas te servindo de regalo,
Olhando tal cenário nada falo
E sigo meu caminho simplesmente
A fera te domina e te transtorna,
Destroço de esperança que te adorna,
Um fétido destino se pressente.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25396
Outrora entre insensatas maravilhas
Vencemos insolentes desafios,
Agora quanto mais extensos fios
Diversa senda estúpida já trilhas
E mesmo que inda fossemos quais ilhas
Os deuses em soberbos desvarios
Levando para além mares e rios
Gerando a cada passo as armadilhas
Das quais não poderíamos fugir
Sem ter sequer no olhar qualquer porvir
Nosso horizonte em névoas se perdendo,
Felicidade um sonho tão distante,
E quando se pensara deslumbrante
O dia se nublando, anoitecendo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25395
Amando o temporal que nos destroça
E tendo sob os olhos no horizonte
A morte que insensata já desponte
Fazendo da ilusão medonha troça,
As farpas entre os dardos atirados
Venenos desta vil zarabatana
Enquanto a realidade desengana,
Os dias entre nuvens traçam fados
Medonhos e talvez neles perceba
Um rastro de ilusão ainda viva,
E quanto mais a história sobreviva
Na multiplicação da espúria ameba
A sorte se desenha em luz sombria
Enquanto sortilégios vãos, desfia.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25394
Brindando à morte em taças de cristal,
Esboço a reação que tu querias,
E as noites embalando as agonias
Num torpe desmedido ritual,
Olhar deveras tolo e sensual,
Que tanto vez em quando enaltecias,
Deveras com certeza não sabias
Do quanto parecia tão boçal
E agora com sarcasmos imbecis,
O todo que se foi se contradiz
Rasgando a velha roupa já puída,
Assim ao perceber este naufrágio
A dor volve cobrando com seu ágio
Esfacelando assim a rota vida.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25393
Retratos do que fomos, as carrancas
Vagando pelo rio em noite escura
Na ausência de beleza, a dor perdura,
E apenas sofrimentos vis arrancas,
E quando se percebe frágeis laços
Que uniram sentimentos tão diversos,
Somente restarão então meus versos,
E neles os meus olhos, tristes, lassos,
Num enfadonho canto, a ladainha
Que tanto repetiste vida afora,
E sabes muito bem o quanto agora,
Uma esperança viva é tão daninha,
Não deixe qualquer rastro nesta sala,
Minha alma empedernida já se cala.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25392
Cantando o nada ter seguindo em frente
Destroços que recolho dos meus passos
E neles novos dias, velhos traços
O quanto se queria diferente
No fundo não se sabe nem se sente
Sequer nestes momentos bem mais lassos,
Os gozos entre dores e cansaços
Medonhas ilusões, pobre demente,
Arrisco-me e sabendo desta queda,
Pagando com a mesma vã moeda
A dor que me trouxeste como brinde,
Sem ter qualquer beleza que deslinde
A vida se perdendo em turbilhões
Aos quais os meus caminhos logo expões.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25391
Como outrora nos cantos a euforia
De quem se fez eterno sonhador,
Agora ao perceber já murcha a flor,
O quanto desejava se perdia
Nas ânsias mais vorazes, percebia
Que embora fosse um tolo trovador,
Envolto em armadilhas de um amor
Além do que deveras concebia
Cedendo às tentações inda reluta,
Mas sabe quanto a vida se faz bruta
E traz depois da luz a escuridão,
Perpetuando o sonho em seus poemas,
Atando o seu futuro às tais algemas,
Seus olhos alegrias não verão.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25390
Bebendo as amarguras que trouxeste
Em noites tão vazias, solidão,
Os dias que virão nos mostrarão
Aquém do que sonhara e que se ateste,
Ao menos ser feliz eu poderia
Se tudo não passasse deste nada,
Uma alma ao sofrimento destinada,
Já sabe que sonhar, dura utopia
A cada tempo trama outra falácia
E nela me conduz á luz espúria,
E aonde se fizesse tal incúria
Não posso ter sequer qualquer audácia,
Vencido pela tosca insensatez
O mundo que eu sonhara se desfez…
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25389
Num abraço divino vejo a terra
Exposta à bela lua que se dá
E nela a fantasia mostrará
Beleza sem igual que ora se encerra
Na placidez sobeja que desterra
Qualquer tristeza ou dor e desde já
O dia novamente brilhará
Mudando esta paisagem: dor e guerra,
Assim nesta mutável realidade
O amor quando demais já nos invade
E não deixa sequer alguma chance
Aos tantos insucessos, solidão,
E noites de luar nos mostrarão
Eternidade em luz ao nosso alcance.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25388
Findando a tormenta aonde havia
Perdido as esperanças, recupero
O dia após um dia duro e fero,
Renasce pouco a pouco a fantasia,
Uma alma delicada se extasia
E sabe muito além do que inda espero
O tempo aonde o sonho regenero
E nele se bebendo esta alegria
Percebo quão divina a vida trama
O sonho mais voraz que a própria chama
Eternizando o gozo de um instante
Defronte aos meus antigos desafetos,
Sensatos caminhares mais corretos
Levando a um novo tempo deslumbrante.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25387
Qual fora forte cedro, algum carvalho
Cipreste que deveras se mostrasse
Deixando no passado um vão impasse,
Nas horas em que amor, quero e batalho,
Enfrento o pedregulho e neste atalho
Por mais que outro caminho a vida trace,
Adentro sem temor, mostrando a face
Jamais cedendo ao corte, à faca e ao talho.
Mesquinharias lego ao triste olvido,
E sigo com vigor e decidido
Vencendo os desafetos e vinganças,
Enquanto neste olhar tranqüilo e firme,
A sorte a cada dia se confirme,
Comigo em meio às trevas vais, avanças.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25386
Como se fora algum nobre concerto
Em vozes afinadas, instrumentos
Trazendo aos meus ouvidos sentimentos,
Diverso do terror que ora deserto,
Caminho pelo encanto descoberto
Encontro nos teus olhos meus alentos
E bebo a fantasia destes ventos,
O peito sem defesas segue aberto
E quanto mais te escuto mais me embrenho
Na cândida emoção em raro empenho
Vislumbrando o futuro mais tranqüilo,
E tudo o que se fora angustia e medo,
Agora em plenitude já concedo
Enquanto a paz imensa ora destilo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25385
No palpitar dos sonhos, entranhado
Vivenciando o gozo quase incrível
Aonde se pensara um invencível
Caminho a ser devera desbravado
Agora que percebo-me ao teu lado,
Não tendo mais temor sinto plausível
O quanto desejara imperecível
Momento com denodo desfrutado,
Escuto a voz que outrora fora um canto
E nela me refaço em puro encanto
Perenizando em vida um sonho audaz,
Que tanto desejara e ora desnudo
Com fé, viva esperança eu não me iludo,
Mas sei o quanto em brilho satisfaz.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25384
Uma alma de poeta bebe o sonho
Aonde se imagina mansidão
Deveras novas luzes me trarão
Além do que em poesia ora componho,
Servindo como tela este risonho
Caminho aonde glórias mostrarão
A sorte de viver tal emoção
Aonde cada dia eu recomponho,
Vivendo a plenitude de poder
Saber da maravilha do nascer
De um sol que se irradia pela Terra
E nesta imensidão já traduzir
O sonho de um melhor, belo porvir
Que a cada novo dia se descerra.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25383
No sonho cantarei glórias a quem
Nos deu tanta fartura e se fez Pai
E enquanto a noite chega e a tarde cai
Beleza multicor o céu contém
Vislumbro nesta lua que ora vem
Um raio tão fantástico que atrai
O olhar deste poeta onde se esvai
A dor de se saber já sem ninguém.
E quando me envolvendo em tantas luzes,
Deixando no passado, abrolhos e urzes
Permito acreditar no amanhecer
Raiando com soberbo e belo sol
Tomando totalmente este arrebol
E nele ao Grande Deus, agradecer.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25382
O mar tocando a areia com ternura
Esfuma-se em beleza sem igual,
Assim ao refazer tal ritual
A vida se refaz e já perdura
Tocada pelas mãos desta candura
Que é feita em água, sol, mares e sal
Sobeja maravilha que ancestral
Na enfática deidade se emoldura.
Assisto a tal paisagem e me proponho
Além de simplesmente um mero sonho
Viver a eternidade deste instante
Que tanto procurara a vida inteira,
Da glória feita em luzes mensageira
Deveras divinal e deslumbrante.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25381
Quando finda a tormenta que me assola
E transformada em paz tal rebeldia,
Nascendo finalmente um claro dia
A glória perfilando nova escola
Aonde se pudesse ter nas mãos
A sorte benfazeja e desejada,
Depois de ter vivido esta alvorada
Momentos do passado sendo vãos,
Encontro a paz que tanto perseguira
E nela a claridade feita em festa,
Adentrando do amor sobeja fresta
Mantendo sempre acesa a intensa pira
Que tanto representa este laurel
Trazendo para a Terra o imenso céu.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25380
Nos sonhos cantarás as melodias
Que tantas vezes ouço em noite branda
A lua se espraiando na varanda
Aonde com prazeres sonhares crias,
Derramas sutilmente as alegrias
E danço como fosse uma ciranda
Realidade tola em vã demanda
Diversa da ilusão que ora porfias
Escravizando uma alma onde se vê
A luz que não pergunta se há por que
Apenas se algemando na paixão
Esgota qualquer força libertária,
E sabe muito bem quão grã e vária
A glória que outros dias nos trarão.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25379
Andais em tal soberba, disfarçada
Vencendo os vossos medos, mas também
Enquanto as noites frias inda vêm
Uma alma se demonstra tão gelada
Que leva do não ser ao pleno nada
E se isto com certeza vos convêm
Eu não posso apostar mais um vintém
Na senda pouco a pouco desgraçada,
Salgando este riacho aonde um dia
A vida se mostrara menos fria
Entendo-vos, porém jamais aceito
Os ermos que me dais; cruel herança
E quanto mais além o passo avança
O amor perde bem mais que simples pleito.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25378
Na grã vontade exposta em vossos olhos
Arpôo meus sentimentos mais vorazes,
E quando se demonstra em toscas fases
Apenas colherei urzes e abrolhos,
Orgásticas e insanas sensações
Diversas das que outrora não sentira,
Ainda posso crer acesa a pira
E sei que novos dias e verões
Virão para tornar bem aquecida
A história renegada desde quando
O amor em novas luzes se mostrando
Matara o ressurgir de alguma vida
Expresso o que sincera renegais
E sei que não vos tenho nunca mais.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25377
Mui alheio ao desmembrar de tal história
Aonde se mostrara ultimamente
Aquém do que se quer e se pressente
Apenas os resquícios da vanglória
E nela esta verdade peremptória
Tomando já de assalto minha mente
E quando em vós a luz se torna ausente
O amor se trancafia na memória.
Adentrais tais masmorras do sentir
E crer após o nada no porvir
Tarefa à qual não posso me entregar,
Servindo-vos deveras poderia
Criar ou navegar na fantasia,
Mas como se roubardes céu e mar?
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25376
Alheio aos vossos dias em quimeras
Terríveis pesadelos, noite adentro,
No quanto ser feliz já me concentro
Teimando em ressurgidas primaveras,
Ser-vos-ei fiel enquanto houver
A luz que ora nos guia e que permite
Olhar novo horizonte no limite
Além do que este sonho propuser
E por amar-vos tanto é que me entranho
Em sendas tão confusas e diversas,
Por mais que escutais; vãs, tolas conversas
Refaço este caminho desde antanho
E vivo como fosse etérea luz
Que espelho distorcido reproduz.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25375
Em vós percebo agora ser presente
A condição terrível em que se expõe
O mundo que deveras não se opõe
Por mais que nova face se aparente
Argutos passos sendo-vos constantes
Não deixam que se espreite o bote enfim,
E quando se percebe está no fim,
Diverso do que vira, até bem antes.
Ser-vos-ia melhor ter outra face
E dela ao comprazer-se uma esperança
Que ao vago do infinito ora se lança
Por mais que o dia a dia nos embace,
Destino que se faz escorpiônico
Num suicídio lento e quase hedônico.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25374
Percebo em vós diversa senhoria
E dela ao alcançardes vossos rumos
Encontro-vos exposta ao vários fumos
Lapido em vós soberba pedraria,
Minha alma em vos servir se comprazia
Mantendo do passado seus aprumos,
Bebendo da ilusão, sobejos sumos
Enquanto no vagar, futuro espia
E vê que nada além do que deveras
Exposto sob o olhar das frias feras
Servindo-vos agora como um cais,
Que aos poucos, com soberba destroçardes
E a vida sem sequer medos e alardes,
Aos poucos com tal fúria devorais.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25373
Nas margens deste arroio em que te entregas
Aos sonhos de um passado tão remoto,
Aonde se pudesse ver eu noto
Mesmo que tantas vezes siga às cegas
Momentos maviosos que sonegas
E tramas ilusões no amor que adoto
E quando noutro rumo a dor emboto
Encontro doce vinho em tais adegas,
Os deuses protegendo cada passo,
De augustas emoções rumos eu traço
Desfaço velhos nós tão esgarçados,
E assim ao caminharmos para o mar
Percebo neste manso caminhar
A flórea divindade destes prados.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25372
Na limpidez das águas cristalinas
Riachos desaguando em grandes rios
Imensas correntezas, desafios,
Aonde certamente te alucinas,
E quando te embebendo em mansas minas
Deixando no passado os desvarios
Os faunos entre ninfas, rodopios
Futuro mais audaz, tu determinas
E sabes fontes raras de beleza,
Aonde com ternura e tal grandeza
Sobejas maravilhas reconheces
E tendo em tuas mãos o teu porvir,
Os dias mais felizes hão de vir
No enredo que ora em paz desejas, teces.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25371
Os Deuses tão nefastos, rudes seres
Espúrias garatujas do passado
Ainda resistindo vejo ao lado
Dos tantos delicados vãos poderes,
E quanto mais detalhes perceberes
Verás no olhar escuso deturpado
O sonho que pensara emoldurado
Entre as diversas luzes do quereres.
Argutas caricatas e medonhas
Enquanto com planície e vale; sonhas
Imensas cordilheiras, altas serras
Defronte ao teu espelho esta figura
Amarga e inconseqüente se afigura
E o sonho – ser feliz, agora enterras.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25370
Vibrando com as cordas deste pinho
Num mesmo e tão igual diapasão
Encontro em desafio a solução
E sigo noutra senda mais sozinho,
Compondo ou recompondo o velho ninho
Eu sei das desventuras que virão
Embora ao perceber novo verão
Inverno retornando de mansinho,
Astuciosamente o gelo invade
E tendo no final opacidade,
Hiberno a fantasia e me transtorno,
Do quando não devia já retorno
E trago em minhas mãos outra fornada
Da sorte há muito tempo embolorada.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25369
Ainda aguardo o fim e sei do esquife
Que a vida me prepara e sem saúde,
O sonho feito em lira ou alaúde
Enquanto neste solo eu me espatife
Ainda se quisera ser de grife
A roupa já puída que transmude
Transporta noutro tempo ou atitude
O que se fez mordaz, ledo e patife.
Assédios entre tédios e tensões
Não posso mais conter velhos grilhões
Grileiro do futuro nada além
Do que complete o sonho em desvario
Porquanto tanto quanto eu desafio
As dores se repetem, sempre vêm.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25368
Estrugindo os momentos onde ainda
Pudesse ter alguma lucidez,
A farpa que derramas já desfez
O que uma fantasia não deslinda,
E sendo muito cedo para tal
A morte ainda vejo mais distante,
Embora se perceba o seu brilhante
E gigantesco atroz, torpe caudal,
Espero noutras sendas a conquista
Do todo que pertence ao sonhador,
E seja tão somente como for,
Por mais que tanto doa não desista
Uma alma em aura turva e tão confusa
Dos erros mais comuns ainda abusa.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25367
Aonde se pensara em vã estrugem
Uma alma se rebela e ainda busca
Por mais que a noite seja amarga e fusca
Momento além do cais, que ora ressurgem
Vagando sem destino, quando rugem
Em torpes gargalhares; senda brusca,
Astuciosas feras; sonho ofusca
Qualquer delírio aonde os medos surgem
E traçam desatinos mais ferrenhos,
Aonde se tivera em vãos empenhos
Mecânicas diversas das comuns,
Os dias refletindo, pois, alguns
Reflexos de um passado tão medonho
Na ausência do que almejo e te proponho.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25366
Um Sátiro que expõe em multicores
Delírios as vontades mais atrozes
Enquanto disfarçando velhas vozes
Eclode nos projetos, são autores
Das endemias toscas sem pudores
Que mostram tais tenazes mais ferozes,
Pruriginosos sonhos quais micoses
Afloram nesta tez gerando horrores,
Em assertivas falsas, contraluzes,
Aquém do vão caminho onde conduzes
Expressas divindades picarescas
Deveras histriônicos truões
Nudez que neste instante tu me expões
Tornando as fantasias mais grotescas.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25365
Hediondos caricatos, velhos toscos,
Escrachos kamikazes da ilusão
Meus olhos sem futuro negarão
Os dias mesmo quando forem foscos,
E sei que nos meus ermos acalento
Vontades que deveras não desvendo
O amor não poderia ser adendo
Tampouco o passo assim, muito mais lento
Alcanço os meus primórdios e revejo
Momentos onde a sorte se desfez
Gerando a cada dia esta acidez
Aonde algum sorriso, vão lampejo
Ainda escancarado em rosto amargo,
Enquanto o meu caminho eu mesmo embargo.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25364
Truões entre diversas fantasias
Expressam o que sou exposto às feras
E quando noutra sanha degeneras
Matando estas venais alegorias
Meus sonhos, ledos títeres que vias
Nas noites em silêncio, nas esperas,
Apresentando em dores as quimeras
Mergulho nesta insânia onde havias.
Medonhos os penhascos que enfrentara
Quem dera se visão tivesse clara
Destes cenários toscos que ora enfrento
Os dissabores vários de uma vida
Aos poucos sendo assim já destruída
Num raio tão voraz quão violento.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25363
Aonde se fizesse em luz nefanda
As ansiosas horas solidão,
Vergastas entre fráguas mostrarão
O quanto a realidade já desanda,
E o tempo se pesando, assim de banda
Percebo terminando este verão
No outono tantas folhas cairão
E o coração sem nexo se debanda
Vasculho seus resquícios e não vejo
Sabujo sem o faro necessário
Apenas este frio temerário
Tomando desde já qualquer desejo,
Espúrias madrugadas, noites vãs,
As nuvens encobrindo estas manhãs.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25362
Tua presença; eterno e raro estio
Deliciosamente exposto em luz
Enquanto pouco a pouco me seduz
Promessa de desejo ao qual me alio,
E quando meu caminho em ti desvio
E sinto na imprudência, corpos nus,
Vencidos os pudores, contrapus
Vontades tão diversas, desafio.
E sinto o teu perfume junto a mim,
Deliro e quando vejo estás aqui
No quanto te desejo e pressenti
O amor batendo forte, até que enfim
Depois de tantos anos solitário
Num mundo sem razão, sem estuário.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25361
E vendo-te comigo, amanhecer
O dia que sonhamos e não vinha,
A sorte sendo nossa, sei que é minha
A rendição às tramas do prazer,
E quando vejo a luz nos envolver
O coração ao teu resta e se aninha
Além do que deveras me convinha,
Entregue sem defesas, passo a ser
Apenas um cativo deste encanto,
E quando noutro tom, ainda canto,
Percebo dissonantes ilusões
Diversas das que agora tu me expões
E salutares sonhos adentrando
Tornando nosso mundo bem mais brando.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25360
Nos madrigais da vida, renascer
Mudando as minhas velhas fantasias
E quando noutro rumo tu me guias
Encontro o que queria, meu prazer,
E sei que não devia me esquecer
Das mais terríveis horas, duros dias
E neles desfraldadas agonias
Enfáticos momentos a perder,
Engulo cada sapo no caminho,
Mas não quero seguir sempre sozinho
Sem ter qualquer momento de emoção,
Viver cada segundo como fosse
Um único e sabendo este agridoce
Destino sei das dores que virão.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25359
Sem medo de saber-me apaixonado
Quebrei a minha cara ao mesmo instante
Em que pensara ter um radiante
Caminho que deveras disfarçado
Agora se apresenta amortalhado
E deixa destroçado um diamante,
Por mais que a sorte ainda me acalante
O mundo terminou no meu passado,
E sei que não devia mais lutar,
Aonde se mostrasse devagar
Passada não levando ao que mais quero,
E sendo mais atroz, pois tão sincero,
Não vejo outro caminho e, de repente,
O fim do nosso caso se pressente.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25358
Fortalecendo sempre cada laço
Do quanto necessário para que
Se possa perceber e mesmo vê
O amor que se demora enquanto laço
A sorte que se foi sem um abraço
E mesmo quem conhece já não crê
Tampouco quando busca, mas cadê
O que deveras fora estardalhaço
Espero qualquer dia novo tempo
Vencido qualquer medo ou contratempo
Num ilusório rumo mais feliz,
E tudo não passando de promessa
A vida pouco a pouco recomeça,
Mas realidade chega e nos desdiz.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25357
Querendo estar contigo e não sabendo
O quanto é necessário perceber
Além de simplesmente algum prazer
Às ordens de um amor obedecendo,
Alhures entre estrelas, céus e fogos,
Os tempos não são mais conforme outrora
E quando esta paisagem se decora
Esqueço os velhos brados, tolos rogos,
E sinto a liberdade de fruir
Por entre cachoeiras, quedas d’água
E quando noutro mar amor deságua
Nas ondas vou tentando imiscuir
Vontades tão diversas e insensatas,
Mas logo qualquer elo tu desatas.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25356
Decifro no teu corpo, passo a passo,
Enigmas costumeiros e decerto
Ao penetrar no outrora vão deserto
Ocupo cada vez maior espaço
Vestindo esta emoção que mesmo rota
Permite uma alegria além do que
Se pensa quando nada mais se vê
Bebendo até fartar última gota.
Acordo em desacordo com teus atos,
Mas faço meus acordos mesmo quando
Sabendo que perdendo ou me encontrando
Os dias não serão de todo ingratos.
Pecar é se deixar sem ter lutado
Por isso é que inda estou sempre ao teu lado.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25355
O rumo que será nosso aliado
Depois da tempestade sem bonança
Aonde houver a luz de uma esperança
O dia não será tão destroçado,
Perenes emoções que ainda trago
Depois dos desvarios da paixão
Deveras novos dias nos trarão
Compensando com fé qualquer estrago,
Esgares não resolvem nosso caso,
Tampouco outras mentiras nem falácias,
E quando se percebem tais audácias
Eu vejo no final, simples ocaso,
Vestir esta ilusão que não nos cabe,
Bem antes que esta casa enfim desabe.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25354
Derramo nosso amor, venho e te abraço,
Mas nada disso mais te impressiona,
O quanto da verdade já se adona
Não deixa para a sorte algum espaço,
Do verso que te fiz não lembro um traço,
O gosto do abandono pressiona
E quando vejo a vida vindo à tona
Eu bebo deste copo e me embaraço,
Farturas no passado, uma aridez
Presente neste tanto que desfez
O que já fora gozo e riso imenso,
No vértice da vida vejo o fim
Se aproximando e quando junto a mim
Na fuga que não há, teimoso eu penso.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25353
Querendo ser por ti, somente amado,
Promessas vento leva; e nada fica
E quando a realidade não se explica,
O resto vou deixando assim de lado,
O gesto mais audaz se desfraldado
Permite esta ilusão que nos complica,
E quando fotografa e assim se clica
O tempo representa o teu passado,
Em vícios me perdendo, precipito
O encanto que já fora mais bonito
E agora se desfaz em leda história
Balofa fantasia fica esquálida
Figura tão formosa agora pálida
Bagunça com os lastros da memória.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25352
Paixão que nos tomou em poesia
Transporta o pensamento aos Eldorados
Há tanto noutro tanto imaginados
E quem deseja amar já fantasia
Vivendo desta estúpida alegria,
Os dias no futuro malfadados,
Bebendo da emoção em engradados
Caminhos que sonegam luz e dia,
Corteses, mas depois toscos, grotescos,
Carinhos se misturam quando frescos,
Mas amadurecidos viram tapas
Verdades absolutas e exceções
Na regra que deveras hoje expões
Da qual nem eu nem nós, jamais escapas.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25351
Formando imensidão de sonhos tantos
Diversos faroleiros, rota insana,
O que pensara rumo desengana
E gera noutras linhas desencantos,
Lutando contra medos, dores, prantos,
A porta escancarada ainda emana
O fétido bolor por mais que espana
A casa pelos quartos, salas, cantos.
Assentando a poeira vejo a luz
Que noutra mesma intensa reproduz
Eterna sensação de espelhos vários,
Até chegar ao nada que absoluto,
Que com a fantasia se eu permuto
Esconde-se no fundo dos armários.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25350
É forma de cantar em harmonia
Trazendo ao coração belos acordes
Por mais que na verdade não concordes
A vida novamente se recria
E enquanto com passados, fantasia
Sonhando com princesas reis e lordes,
Deveras o futuro onde recordes
À contraluz do espelho o velho dia.
Seqüelas do passado no amanhã
Tornando a mesma história antiga vã
Permite na passada algum tropeço,
Olhando para frente e para os lados,
Reflexos de outros tempos espelhados
Impedem no presente o recomeço.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25349
Meus ídolos depois de tanta grana
Agora aposentados coçam saco,
Cultura brasileira no buraco,
Quem sabe esconde o jogo ou mais engana,
Morena do passado, tropícana
No bonde das novinhas, mas empaco
E bebo de outros tempos, do Sovaco,
Chorinho com certeza era bacana,
Não posso reclamar da juventude
A culpa desta falta de atitude
É desta velharia aposentada,
Contando o vil metal, enchendo a pança
Enquanto a Melancia canta e dança
Do sonho que vivemos, resta nada.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25348
E viva a nova velha cachorrada
Vendendo as esperanças numa esquina,
Passado no futuro determina,
Depois de tanto tempo, sobra nada,
Assim a coisa andando bagunçada
O quanto na verdade nos fascina
Por outro lado morde em voz canina
E a pobre da gentalha anda ferrada,
A genitália exposta na revista,
Não sei se é da piranha ou de uma artista
É nisso que se deu liberação,
Não adianta crer numa igualdade,
Vaquinha de presépio na verdade
Jogada nesta tosca exposição.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25347
O pão e o circo fazem tal sucesso
Que novamente vejo a mesma cena,
Gastando sem poder mais outra pena
Estou ficando duro, eu te confesso,
Não vejo no meu bolso algum progresso,
A fama mais distante não acena,
Enquanto este país todo se antena
No circo ao esgotar qualquer ingresso,
Eu sou desafinado e inda por cima
Ainda me restando uma auto estima
Não entro nesta tal politicalha,
Sem ter nem vocação para ladrão,
Cultura no Brasil, desmancha-pão,
Porque não nasci burro nem canalha?
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25346
Dizia um companheiro de pagode
Que a vida deve ser maravilhosa,
Por mais que a realidade mude a prosa
No fim se não der cabra vai dar bode,
Quem tenta e não consegue se sacode,
O cravo já não quer saber da rosa
Nos braços do jasmim a rebordosa
Curada como sabe e como pode.
A poesia é coisa de veado,
Vinicius de Moraes que assim o diga
Colher não vou meter na tua briga,
Senão sobra pra mim, e estou ferrado,
A terra só é virgem, nela bole
A pobre da minhoca, toda mole
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25345
Pergunto se inda tens algum trocado
Além do que o pastor vai te levar,
Depositando oferta neste altar
Com juros vai pagando o teu pecado,
Milagre em prestações, bem parcelado,
Sem ter nenhum imposto pra pagar,
Só falta mesmo alguém ressuscitar,
Mas se isso acontecer tome cuidado,
A volta do Cordeiro carpinteiro
No meio deste povo milagreiro
Vai fazer com certeza estardalhaço,
Mistério que chicote desbarata
Apóstolo, pastor, padre pirata
Passando este sufoco num cagaço.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25344
A oposição parece brincadeira
Não tendo quem perturbe a caravana
Reinando sem problemas, soberana
O rei pode falar qualquer besteira,
Rainha vem depois, a companheira
Enquanto o de São Paulo não me engana
Um arrogante calvo já se ufana,
Mas vai perder o trona pra mineira,
Mineiro não quer nem saber de vice,
O que fora verdade ora desdisse
Pesando pros doía lados a balança
Assim nosso reinado agora avança
São tantos os corruptos, corruptores,
E o de Minas servindo aos dois senhores.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25475
Vivendo sem ternura sigo ausente
Do que se traduzira uma esperança
Apenas a mortalha que me alcança
Enquanto a vida ao largo se apresente.
Por mais que outro caminho ainda tente
Ao vago do não ser o amor me lança,
E tendo em suas mãos sede e vingança
Retrata o que se mostra enfim demente,
A vida não desmente e da navalha
Conheço cada fio e sei a dor
Morrendo a cada ausência, cada falha
Enquanto uma ilusão tosca batalha
Teimando num momento encantador,
Terror a morte aumenta e ora amealha.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25474
Em águas cristalinas concebera
Imensa placidez, porém a vida
Que tanto me maltrata decidida
Expondo tão somente a frágil cera
Aonde com terror sempre acendera
Imenso fogaréu. Não se duvida
Do quanto é necessário que decida
O passo antes que o fim acontecera.
Gerando do vazio outro vazio,
Assim a minha vida ora desfio
E mostro estas feridas quais troféus
Medalhas que eu herdei de longos anos
Momentos de terror em desenganos
Cerrando da esperança os claros véus.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25473
Jamais repetiria os mesmos erros,
E neles refazendo a minha vida
Por tanto quanto audaz, já destruída
Apenas me restando vãos desterros,
Aonde preferira mais aterros
A sorte sem sentido, corroída,
Expressa uma alma atroz, mas decaída
Alheia às cordilheiras, montes, cerros.
E sendo sempre assim, vago e vulgar,
O mundo que desejo desbravar
Expressa no final um vão imenso,
E quando neste nada ainda penso
Retenho nos meus olhos esta imagem
Que agora se percebe qual miragem.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25472
Mandando para a puta que pariu
Quem tanto se mostrara inconseqüente
Por mais que a vida às vezes violente
Eu não quero ser vil nem ser servil
E assim o quanto quis se repartiu
E neste repartir tão divergente
Do quanto desejara que aparente
O mundo preparando um novo ardil,
Nas ansiedades tolas ser ou não
Ainda se mostrara uma questão
Que tanto me incomoda vez em quando,
Mas logo que este enigma decifrara
Não vou expor ao tapa a minha cara
Tampouco noutra face me ofertando.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25471
Espúrios pensamentos dizem tanto
E deles desfiando este novelo
Medonho com certeza o pesadelo
E nele se percebe o desencanto,
Aonde se pensara em outro canto,
Diverso do que agora posso vê-lo
Não tendo mais sequer por que nem pelo
O quadro se destrói em vão quebranto,
Assisto à derrocada desta frota
E nela a minha vida já se esgota
Mostrando ser o fim a solução,
E morto para os sonhos, não pretendo
Seguir como se fora um mero adendo
Na espreita das tempestas que virão.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25470
Sistemas tão diversos se mostrando
Aonde não se vê qualquer disfarce
E nele a vida quanto mais esgarce
Puindo este momento outrora brando,
E vejo se mostrando desde quando
A corja que inundara destroçar-se
Vivendo por viver sem esforçar-se
O templo que sonhara desabando,
E meras ilusões vencendo o prazo,
Somente me restando o fim e o ocaso
Aonde se pensara em horizonte,
Acordo entre as estranhas armadilhas
E quanto mais ao longe ainda brilhas,
Maior o meu terror, maior desmonte.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25469
Quão enfadonha vida se apresenta
A quem tentara a luz e não percebe
A imensa escuridão da dura sebe
Aonde se mostrara a violenta
Face desta insânia que aparenta
Momento de ternura, mas concebe
A fúria que deveras já me embebe
E dela a sorte inerte ora se ausenta.
Viver sem ter sequer noção do quanto
A vida poderia, mas enquanto
Houver alguma luz, não me sacio,
Esbarro nestas hordas do passado,
E o vento há tanto tempo desolado
Trazendo ao fim da vida imenso frio.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25468
Estúpida quimera, esta ilusão
Aonde desmembrando cada sonho
Percebo quanto mais me decomponho
A imensa e insofismável podridão
E nela as rapineiras fartarão
Prazeres que deveras um medonho
Fantoche que ora sou já não me oponho
E morto em vida espero a solução
Que possa me acalmar e trazer luzes
Aonde se mostrando velhas urzes
A cruz que no caminho agora sela
Destino deste inútil ser insano
Às turras com seu mundo vão, profano,
Abrindo para o ocaso, última vela.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25467
Pisando nos espinhos que espalhaste
Nas sendas onde outrora fui feliz,
A vida se transforma e já desdiz
Moldando tão somente este desgaste,
Perambulando à toa, velho traste
A sorte derrotando este infeliz
Mergulho nesta imensa cicatriz
Aberta no meu peito em vil contraste
Esbarro nos cadáveres dos sonhos
E bebo sanguinário estes medonhos
Resíduos do que um dia fora vida,
A carne decomposta, o olhar ausente,
A morte em tal delícia se pressente
Há tempos desejada e agora urdida.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25466
Podando as esperanças vale imundo
Aonde em tempestades encontrei
O mundo que deveras já tentei
E nele com certeza me aprofundo
Na ausência de alegria, um vão profundo
Tomando neste instante toda a grei
E a morte que deveras procurei
De um tolo coração tão vagabundo
Esgoto minhas forças e me perco,
As dores vão fechando assim o cerco
Não restando sequer algum sorriso
Mortalha que desenho a cada dia
E nela este terror que me sacia,
Do sangue que ora bebo e mais preciso.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25465
Estremecidos passos rumo ao nada
Esgares entre risos histriônicos
Os dias se mostraram catatônicos
E a boca que desejo; envenenada
Aonde se pensara nova estada
Os dias são deveras mais irônicos
E quando se fizeram desarmônicos
Traçaram o final, plena calada.
Atocaiados botes desta quem
Enquanto a sorte amarga me provém
Arrasta-se qual serpe em luz sombria,
Assíduos espetáculos de horrores,
O céu já não possui mais brandas cores,
No fogo que satânico envolvia.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25464
Nos ávidos caminhos das rapinas
A podre chama traz\ a morte em glória
E quando se pensara merencória
A faca entre teus dedos, me alucinas
E bebo destas sortes cristalinas,
E delas percebendo uma vitória
Deixando para trás torpe memória
As noites tão vulgares e ladinas.
Anseio o fim da festa em velas, pranto,
E quando perceber fatal encanto
Deveras encontrando o meu final,
A fúria desdenhosa deste tempo,
Audaz a se entregar ao contratempo
Nos olhos desta fera tão venal.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25463
Não poderia ao menos ter notado
As ânsias de um vulgar verme que tenta
Após esta ilusão feroz, sedenta
Tornando insuportável o velho Fado
Adentro os descaminhos, tanto enfado
E morto sob o fogo violento
Aonde se pudesse estar atento,
O mundo a cada dia destroçado,
E quando nas escórias eu percebo
O amor como se fosse algum placebo
Inútil nem sequer mais remedia
E deixando os cadáveres dos sonhos,
Os dias que inda restam tão medonhos
Matando qualquer forma de utopia.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25462
A podridão em faces mais vulgares
Estraçalhando o resto de uma vida,
Ao mesmo tempo enceta outra ferida
Deixando para trás tantos lugares
Aonde se erigiram meus altares
Na senda tantas vezes destruída,
Aporto novamente e sem saída
O barco se perdendo em vastos mares,
Assíduas ilusões já não contenho
E quanto fosse audaz o vago empenho
Medonhas artimanhas da cobiça
Vergando minhas costas sob o peso
E vendo este mesquinho ser surpreso,
A sorte preparando a vã carniça.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25461
O ocaso deste sonho feito em vida
Agarrando meus pés cruel quimera,
E além do que deveras não se espera
A sorte muitas vezes corroída
Mostrando a face amarga construída
Nos ermos da emoção, terrível fera
E quando esta paisagem degenera
A face num esgar já destruída.
Amedrontados olhos nada vêm
Procuro uma esperança, mas ninguém
Somente esta vontade de morrer.
E nela bebo enfim farto veneno,
E quando com delírios eu aceno,
A podridão invade todo o ser.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25460
Não quero a luz do dia refletindo
Nos olhos o que fora sonhador
E quando vejo a imagem decompor,
E o tempo em minhas mãos já se esvaindo,
O quanto se mostrara outrora infindo
Agora transgredindo o falso amor,
Ainda se percebe sem valor
O chão que sob os pés eu sinto abrindo.
Estúpidos fantasmas me rondando,
As águias se aproximam, turvo bando
Falcões entre os abutres e as daninhas,
A morte se tornando a redenção
E nela minhas dores cessarão
Traduzem o vazio que continhas.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25459
Aborta-se a esperança a cada dia
E trago este vazio, após o quando
Deveras noutro mundo transformando
O que esta realidade fantasia
Felicidade é frágil utopia
E dela sem defesas me afastando,
Inerte poesia desmontando
Jogral que a realidade enfim desfia,
As presas em mortalha transformadas,
As ânsias muitas vezes debandadas
Angustiosamente nada resta
Senão tal gosto amargo do não ser,
E a morte se aproxima e passa a ter
Papel fundamental na insana festa.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25458
Estar sempre contigo o tempo inteiro
Morrendo a cada dia mais um tanto,
A vida se transcorre em desencanto
Cenário se mostrando o derradeiro,
A morte se aproxima e nela vejo
Além da claridade terminal,
O gozo quase insano e sensual,
Fomentando em delírio tal desejo,
Anseio este momento como fosse
Infecta maravilha à qual me empenho,
E quando percebendo o que contenho,
A sorte no passado em agridoce
Caminho se traduz em nunca ter,
Somente esta vontade de morrer.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25457
Do quanto que este sonho já venero
Em meio aos dissabores tão freqüentes
Por mais que outros caminhos inda inventes
Contigo tudo aquilo que mais quero,
O amor sendo deveras tão sincero
Permite esta alegria em que presentes
Delícias entre gozos envolventes
Traduzem o prazer onde me esmero
E vendo as luzes várias deste encanto,
Aonde se pensara noutro tanto
Refaço a cada dia outra ilusão
Temendo os descaminhos não me ausento,
O mundo solitário e tão violento,
Nos braços deste amor a redenção.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25456
O meu amor foi sempre verdadeiro
E embora muitas vezes nada fale,
Por mais que novos sonhos eu escale
O nosso com certeza é o derradeiro,
Ainda que pensasse no canteiro
Aonde outra emoção inda se instale,
Nas mãos de tanta luz, o amor embale
Dos deuses o sobejo mensageiro,
Seria muito bom se prosseguíssemos
E novos caminhares conseguíssemos
Legando o sofrimento ao vão passado,
Assim nas mãos de um deus feito menino,
Enquanto nos teus braços me fascino
Escuto deste amor mais alto brado.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25455
Por vezes eu me calo e nada mais
Traduz esta esperança tão ausente
O amor que em desamor planta a semente
Conforme muitas vezes demonstrais
Não tendo na verdade em vossas mãos,
Significado algum para quem trai,
E assim a fantasia já se esvai
Matando em nascedouro belos grãos
E frutificando o ódio ao vão se lança
Deixando para trás ética e gozo,
O quanto se demonstra pavoroso
Levando para nunca a confiança
Transforma a nossa vida neste inferno,
Aonde se quisera amor eterno.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25454
É meu jeito, querida tão somente;
Por isso não se assuste se ao voltares
Mudanças nesta casa tu notares,
O amor nos torna pleno de repente
E quando outro caminho já se invente
Moldando no prazer nossos altares
Bebendo a imensidão de vários mares
E neles toda a glória é mais premente.
Viver estas fantásticas torrentes
E nela uma ventura que pressentes
Transformações diárias e constantes,
Aonde se fizera luz sombria,
O amor com toda força se irradia
Momentos com certeza deslumbrantes.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25453
Sem ter tua presença eu perco o cais
E abandonado ao vento, não mais creio,
Exposto aos vagalhões e vendavais,
Apenas nos meus olhos o receio
De um dia em que este amor diga jamais
E nele se desmancha o belo veio
Que tanto desejara e nunca mais
Eu saberei em paz, gozo e recreio.
Vasculho nas gavetas da memória
E vejo a mesma luz tão merencória
Que um dia fora a tônica de um sonho,
E quando relembrando a imagem estúpida,
Quimera que se fora mansa e cúpida
Agora traduzindo um ar medonho.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25452
Se o rumo não encontro novamente
Depois de ter perdido a lucidez
O quanto deste sonho se desfez
Deveras traduzindo esta semente
Que antanho se fez glória e agora ausente
Não deixa que se entenda este talvez
E nele tu não queres ou não vês
O fim do nosso amor, a dor pressente.
E quando não houver mais claridade
Apenas tão somente a tempestade
Estrondos mais funestos, noite fria
Recordarás de tudo o que eu te disse,
Ainda parecendo vã tolice,
Mas que aos meus tristes se desfia.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25451
Não deixe que este sonho chegue ao fim,
Jamais aceitaria este momento
Se nele encontro paz e assim me alento
Perceba tão somente por que vim
Dizer desta esperança, um estopim
Aonde mesmo em glória me atormento,
Não abandona nunca o pensamento
Que amor seja deveras de festim.
Esqueço os meus anseios em teus braços
E deles faço sempre fortes laços
Que possam permitir a caminhada,
Sabendo que me espera um claro sol,
Guiado por teus olhos, meu farol,
Tornando a minha vida iluminada.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25450
A seca em que se fez nossa lavoura
Não deixa-se notar uma esperança
E quando esta intempérie mais avança
Um corvo crocitando nos agoura,
Espero outra impressão que possa dar
À vida uma beleza mais suave,
Na audácia do vazio já se agrave
Tomando o meu canteiro e meu pomar,
Não posso mais viver esta ilusão
Tampouco quero amenas fantasias,
E quando o meu caminho em vão desvias
Momentos mais soturnos mostrarão
O quanto se perdeu nesta colheita,
Do amor que em luzes frágeis não se deita.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25449
Talvez na irrigação encontre enfim
A solução final para a aridez
Na qual uma esperança se desfez
Tomando com furor nosso jardim
E quando vejo o mundo dentro em mim
Moldado por cruel insensatez
Escondo-me da dor e sei, talvez
Aonde quis princípio veja o fim.
Assento o meu olhar neste horizonte
Bem antes que a tempesta já desponte
Toando com terror vozes profanas,
E sinto nos teus olhos a inclemência
Do amor que se mostrando em tal ausência
Traduz o quanto ainda tu me enganas.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25448
A chama que nos queima e que me doura
Transforma toda forma de poder,
Aonde se pudesse ter prazer
Mensagem mais feliz e duradoura,
Perpetuando a glória imorredoura
Do quanto se pensara sempre em ser
Além do que deveras possa ver
A vida nova luz em paz agoura
Estendo-me ao etéreo mundo aonde
A sorte se define e não se esconde,
Jogadas minhas cartas sobre a mesa,
Encontro no final desta viagem
Beleza sem igual rara paisagem
No amor que me prepara tal surpresa.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25447
Vencer as tempestades e quimeras
Depois das costumeiras derrocadas
Aonde se pensaram as estradas
A cada novo dia degeneras
E quando no sofrer decerto esmeras
E bebo deste etéreo e tenso nada,
A faca nos temores afiada
Refazem nos meus olhos outras eras.
Andara entre cometas, falsos astros,
A vida ao retirar de mim meus lastros
Deixando-me à mercê da própria sorte,
Naufrágios se tornando corriqueiros
Nesta aridez matando os meus canteiros,
Prenunciando enfim a minha morte.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25446
Deixando renascer as primaveras
Depois destes invernos tão ferozes,
E quando se percebem torpes vozes
De velhas conhecidas, tais quimeras
Além do que talvez ainda esperas
Momentos se tornando mais atrozes,
Sequer perceberia quais algozes
Mostrando suas garras, dentes, feras.
Horripilantes fardos, dores tantas
E nelas quanto mais queres e encantas
Infundes tal pavor negando a luz
À qual a fantasia nos conduz
Qual fosse uma falena suicida
Deixando no prazer, a própria vida.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25445
Trazendo novamente os madrigais
Aonde um menestrel se permitira
A crer no amor imenso, fúria e pira
Que agora num delírio transformais,
Vencendo a dor intensa e nunca mais
Em nós ressurgiria então esta ira
Que em turva insensatez consumiria
O gozo deste encanto em manso cais,
Servindo-vos de guia, este farol
Aonde se reflete cada sol
Dourando nosso belo amanhecer,
E ter-vos sempre ao lado, sem demora,
O amor quando na paz em luz se ancora
Resume-se deveras no prazer.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25444
Um sonho mavioso em dança e festa
Após os dissabores costumeiros,
Aonde se mostrassem mais inteiros
Delírios entre cores; mas não resta
Sequer uma alegria onde se atesta
Os sonhos tão reais e verdadeiros
Dos deuses os divinos mensageiros,
Deixando para trás noite funesta,
Assim eu poderia ver enfim
O renascer de flores no jardim,
Canteiro que cuidara com ternura,
Mas quando vejo a treva em que se faz
O passo mais dorido e tão mordaz,
Percebo que a agonia vã perdura.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25443
Eu vos amo e desejo muito mais
Que um simples e fatal momento atroz,
E quando escuto ao longe a vossa voz
Decerto noutras sendas derramais
O quanto se prepara em sensuais
Delírios, percebendo enfim em nós
O quão se fez do anseio tosco algoz
Além do que concebo e demonstrais,
Ansiava-vos em fontes radiantes
E quando vos bebesse em tais instantes
Medonho pesadelo saberia
Quem tanto se entregando ao mais profundo
Vivesse esta ilusão aonde inundo
Com gozo mais sobejo, a fantasia.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25442
Nesta alucinação que a sorte empresta
Diversos os matizes percebidos,
E os dias entre fúrias e libidos
Adentram pesadelos, várias frestas,
E quando se permitem novas festas
As ânsias entre os sonhos mal vividos
Delírios disfarçados permitidos
Assentam suas luzes e tempestas,
Assisto à derrocada deste insano
Amor que se mostrara em novo plano
Diverso do que outrora se fez canto,
E morto sem qualquer explicação
Desejo novas sendas que trarão
Ao menos um resquício de um encanto.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25441
Às coisas corriqueiras e normais
Porquanto vos entrego em voz suave
Por mais que a realidade ainda entrave
Momentos que deveras transformais
Em luzes que permitam novo cais,
Enquanto a fantasia desagrave
Astuciosamente expondo a nave
Aonde muitas vezes decolais.
Vagando por espaços mais sombrios,
Os dias em terríveis desafios
Seriam para vós mais verdadeiros
E deles entre nuvens e tempestas,
O amor promete além de meras festas,
Mas vejo os dissabores costumeiros.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25440
Tua presença amada é o que me resta
Exposto às mais diversas intempéries
As dores em terríveis, longas séries
Tornando minha vida mais funesta
E toda a solidão que ainda vejo
Nos sonhos, pesadelos corriqueiros
Amores entre nuvens, mensageiros
Da insânia que domina este desejo
Arcando com tamanhas ilusões
As tantas tempestades que ora trago,
O mundo sem carinho e sem afago
Que em falsas faces sinto quando expões
Mecânicas vorazes dilaceram
As esperanças tolas que me esperam.
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25439
No som desta delícia em melodia,
O amor não saberia outro momento
E quando me tomando o pensamento
Deveras tanta coisa fantasia
O velho coração sem agonia
Vivendo finalmente o manso alento
E quando outro desejo agora invento
Percebo de teus olhos a magia,
Alquímico poder que ora se emana
E toda a sorte audaz e soberana
Invade o sentimento do poeta,
Aonde novos dias mostrarão
A paz sendo decerto a solução
Além de simplesmente rumo e meta.
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25438
No canto que te faço é que me guio
E sei que poderei ter a esperança
Da eterna sensação de ser criança
Etéreo mais contente desafio
Descendo esta ilusão sobejo rio
Aonde toda a glória ora se lança
Nas mãos carrego o fogo da lembrança
E toda a fantasia; em paz, desfio.
Escuto neste vento a voz do amor,
Deveras muitas vezes sedutor
Caminho pelo qual felicidade
Mostrando-se deveras já desnuda,
Enquanto a minha estrada assim transmuda,
E toda esta alegria em luz me invade.
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25437
No delicado beijo da alegria
Rondando uma esperança que não vem,
O quanto a minha vida segue aquém
Do todo que deveras quero e guia
O amor não sendo apenas utopia
Em si toda a verdade já contém
E dela novamente sou refém
Nas ânsias desta imensa fantasia
Aonde poderia ter a sorte
Do encanto que deveras me conforte
Mudando a direção de cada passo,
E sendo sem limites, a emoção
Caminhos mais pacíficos trarão
As ilusões que em luzes várias traço.
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25436
No mundo bem mais justo em que me fio,
Encontraria a sorte benfazeja
Além de uma justiça se deseja
A caridade em glória; um desafio
Mudando o caminhar em que desfio
Os dias mais atrozes, que assim seja
Felicidade plena que se almeja
Deixando para traz o imenso frio
No qual se desenhara cada instante
Vivido sem a luz que deslumbrante
Permite ao caminheiro uma esperança
Utópica e insensata fantasia
Produto de um poeta e a poesia
Que aos mais diversos rumos já se lança.
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25435
Vaidosas emoções amor desfila
E traz a cada passo outra esperança
Promessa de delírios na lembrança
Que tanto me seduz e ora perfila
Momentos onde a vida demonstrara
Felicidade extrema em farta paz,
E quanto mais feliz o amor nos traz
Caminho feito em glória imensa e clara,
Andejas ilusões, mares profundos,
Sincrônicos andares, noites belas,
E quando novos rumos me revelas
Encontro nos teus braços raros mundos
E neles eu desfio esta emoção
Qual fora um belo sol, pleno verão.
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25434
O néctar dos desejos, dos amores
Bebido em tua boca neste instante
Tornando este momento deslumbrante
Um colibri sedento encontra as flores
Em luzes divinais e multicores
Matizes deste sonho que agigante
Um mundo já deveras fascinante
Sem medo e sem algias, sem rancores.
Audaciosamente invado a noite
E tendo esta emoção que agora acoite
Os sentimentos vários que carrego,
Ouvindo a voz do mar que se repete
Enquanto a maravilha já reflete
Um mundo feito em luz ao qual me entrego.
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25433
Sentindo o teu perfume que se exala
Tomando neste instante a casa inteira,
Revendo cena bela e costumeira
Revejo-te deitada em minha sala,
Enquanto esta emoção deveras cala
O coração dos sonhos já se inteira
E sente esta ternura mensageira
Do dia mais feliz em rara gala,
Refaço a caminhada aonde um dia
Vestindo esta ilusão que se recria
No aroma que recende ao farto amor
Eu tenho nos meus olhos esta imagem
Fantástica beleza qual miragem
De toda uma alegria, refletor.
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25432
Vivendo deste sol, diversas flores
Que tornam meu canteiro mais bonito,
E quando se transporta ao infinito
Seguindo descaminhos onde fores
Bebendo a fantasia dos albores,
Fazendo da esperança quase um mito,
O outrora sentimento mais aflito
Agora se permite em novas cores,
Receba com carinho tal mensagem
E dela percebendo esta paisagem
Na qual insiro amor, fato incisivo,
Saber das dissonâncias da ilusão
O encanto mesmo sendo temporão
É dele e tão somente que inda vivo.
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25431
Qual fora em minhas mãos a borboleta
Esvaecendo em luzes tão profusas,
Enquanto minhas noites são confusas
E ao devaneio o sonho me arremeta,
A vida se mostrando qual cometa,
Em ondas tão diversas quando me usas
E sei que sendo teu, o quanto abusas
Um erro costumeiro que acometa
Quem tanto se tornando assim amada,
Já sabe desfiar cada segundo
E quando nos teus braços me aprofundo,
Aos poucos emergindo noutra estrada
Revoas e levando assim contigo
O amor que me condena ao desabrigo.
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25430
Vivem nestas sombras mais atrozes
Diversas criaturas e percebo
Que quanto mais audaz mundo concebo
Escuto do passado torpes vozes,
Momentos de prazer? Meros algozes
Diversa fantasia em que me embebo
O amor jamais passou de algum placebo
Em meio aos desvarios mais ferozes,
Saber das desventuras que virão
Nas sendas tão obscuras da paixão
Invado descaminhos e me perco
Nas ânsias onde outrora imaginara
A luz mais deslumbrante, imensa e rara
Diversa deste escuro em tosco cerco.
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25429
Bebendo deste mel farto que dás
Transcendo ao próprio sonho, vivo além
E quando os temporais ferozes vêm
Encontro em teu recanto tanta paz,
Outrora a vida fora tão mordaz,
E sei que muitas vezes sem ninguém
Sabendo o sofrimento que contém
A ausência de um querer, mesmo fugaz,
Mereceria ao menos um momento
Poeira devagar tomando assento
Vontade saciada em doce mel,
Contigo desvendando tais segredos,
Deixando no passado velhos medos,
Alcanço mesmo em solo, o imenso céu.
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25428
Sequioso de teus lábios não me canso
De crer ser mais possível ter nas mãos
Momentos decisivos sem os nãos
Tornando o meu caminho bem mais manso,
E quando outros delírios eu alcanço
Percebo ter deixando imensos vãos
E neles sepultado belos grãos
Agora se aflorando em tal remanso,
Um sonhador se mostra mais capaz
E quando o sonho invade e satisfaz
Realidade muda o nosso fado,
É como se pudesse não dormir
Vivendo sem temor e prosseguir,
Continuo a sonhar, mas acordado.
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25427
Junto ao seio de quem desejo agora
E sei que também quer mesmo desejo,
Um dia mais feliz inda prevejo
No quanto deste amor que nos devora,
E quando a fantasia se assenhora
E toma este cenário em azulejo,
O amor deveras belo e mais sobejo
Já sabe que não tem segredo ou hora,
E ancora-se deveras nos meus braços,
Depois de tantos dias tristes lassos
Os passos permitiram a chegada
À glória onde este gozo propicia
Além de simplesmente uma alegria,
Belíssima fulgor tomando a estrada.
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25426
Uma bela visão que me domina
Enfeitiçando o olhar e o pensamento,
O encanto que no encanto eu incremento
Transforma esta emoção em rica mina,
E vendo esta beleza cristalina
E nela me lançando, sinto o alento
Que tantas vezes quero, sempre tento,
E sei que a cada dia mais fascina,
Expondo em cada verso esta emoção
Eu sei que novos dias me trarão
A redentora paz que necessito,
Outrora muitas vezes mais aflito
Buscando qualquer porto, ancoradouro,
Agora em raios fartos eu me douro.
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25425
Se abrindo sobre nós a lua plena
Tocando nossos corpos com seu brilho,
E quando em tal delírio maravilho
Caminho que decerto me serena
Cigana fantasia diz da amena
Beleza sobre a qual ainda trilho
Vagando pelo espaço, um andarilho,
Que à própria solidão já se condena,
Vestindo a claridade prateada
Da rara deusa nua, tão amada,
Vencendo os meus momentos de terror,
Eu sei que finalmente encontraria
Nos braços da mulher a estrela guia
Levando aos descaminhos deste amor.
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25424
Pudesse adormecer ao lado teu
E ter as mesmas luzes que ora emanas,
Manhãs deveras raras, soberanas
Deixando para trás a treva e o breu,
O amor que neste amor tanto se deu
Por mais que se pensassem tão profanas
Loucuras onde a dor em paz enganas
Vivendo sem temor o que escolheu
Caminho redentor em plena glória
Aonde se traduz sem ter vanglória
A imensidão soberba do amanhã
Envolto em claridade e perfeição
Tramando estas belezas que virão
Negar melancolia tão malsã.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25423
As ondas derramando sobre a areia
Diversos caracóis, conchas e estrelas,
Vontade de poder enfim contê-las
Nas ânsias deste encanto, uma sereia
Que tanto me conquista e me incendeia,
Nas doces ilusões, poder vivê-las
E quando tais delícias percebê-las
O amor vai penetrando em cada veia,
E assim inebriado sonhador,
Num canto que se faz transformador
Adentra as emoções claras, sutis,
E pode finalmente em mansa voz,
Deixando para trás o medo atroz
Dizer-se neste instante mais feliz.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25422
Sonhara com enlevos e ternuras
Mudando a direção dos turvos dias
Além do que sobejas fantasias
As sendas mais felizes que procuras,
E quando na verdade mais querias
Momentos de prazer, mortas torturas
Deixando no passado as amarguras
E as noites sem ninguém, deveras frias,
Assisto ao caminhar de quem desejo
E nele a cada passo outro lampejo
Da luz que se irradia deste olhar,
Sonhando com teus beijos e carinhos,
Os passos que darei jamais sozinhos,
E um novo mundo agora, desvendar.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25421
Amor ao recender aos sonhos tantos
E neles traduzir o que se quer
Aonde uma esperança traz encantos
Desejos delicados da mulher
À qual se permitindo claros mantos
Transcende ao próprio amor e se puder
Traduz com elegância velhos cantos
Beleza que jamais se fez qualquer,
Argúcia em voz macia, conquistando
Deveras um caminho bem mais brando
E tudo se transforma e me serena
Na força incontestável deste fogo
Aonde muito além do simples rogo,
Quem vence traz palavra mais amena.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25420
Aragens tão diversas vida e morte,
Ausência do querer e ter comigo
O amor que se mostrasse mais amigo
E a paz num raro enlevo que conforte,
Por mais que tantas vezes seja forte
Vencer os dissabores não consigo
E mesmo quando envolto em vão perigo
Não tenho nem pressinto melhor sorte.
Amar e ter apenas o vazio
Resposta costumeira, desafio
Ao qual já não consigo responder,
Apenas o silêncio me transporta
Além deste momento em que a comporta
Fechada não permite se escorrer.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25419
Meus pés enfrentam tantos pedregulhos
E sei que na verdade não teria
A paz que muitas vezes a alegria
Demonstra com paixão, raros orgulhos
Nas ânsias dos desejos, os mergulhos
Nesta água mesmo turva, atroz e fria,
A sorte se lançando mostraria
O encanto de sereias e marulhos,
Extraviando barcos, perco o cais,
E quanto se procura por venais
Caminhos que deveras desconheço,
Não posso sonegar esta querência,
E quando se aproxima da demência
A vida se lançando sem tropeço.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25418
Pisando nas entranhas deste sonho
Audaciosamente nada temo,
E quando novamente aqui me algemo
Pensando num instante mais medonho,
A força que perdera recomponho
E vivo a liberdade, encontro o remo
Navego contra as ondas, medos cremo
Aos demos de minha alma, já me oponho
E contrapondo assim cada momento
Por mais que o prosseguir se mostre lento
Atento nada perco, nem desfaço
Os passos rumo à luz que ora nos guia,
Vibrando nesta mesma sintonia
Jamais demonstrarei qualquer cansaço.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25417
Vontade remodela esta quimera
Que outrora infernizara a minha vida,
Aonde se perpetra a despedida
O amor sonegaria a primavera,
E quanto mais se quer, deseja e espera
A história noutra cena ressurgida
A poesia invade a fria ermida
E com calor e paz já nos tempera,
Vestindo de emoção tal frialdade
Bem antes que esta sanha se degrade
Vencer os vários medos, prosseguir
Sabendo deste sol a clarear,
E o dia que deveras vai mostrar
O redentor refúgio no porvir.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25416
A mente clareada pelo sonho
Que tantas vezes traz felicidade
E mesmo em outro rumo rompe a grade
E traz este Eldorado que componho
Usando deste barco aonde ponho
A luz que me permita a liberdade
Alçando a imensidão que tanto agrade
Tornando o meu caminho mais risonho,
Perpetuando a voz de uma esperança
Que contra vendavais, peleja e avança
Tornados e tempestas desconhece,
Nas mãos este timão que nos transporta
Abrindo com certeza qualquer porta,
Nas teias deste amor que a vida tece.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25415
Se não houvesse mais a claridade
Que tanto nos impele e propicia
Caminho pelo qual a fantasia
Deveras nos encontra e quando invade
Por mais que tolha cedo a liberdade
Expressa esta emoção em raro dia,
Ouvindo estes acordes, melodia
Entranha dentro da alma; ansiedade.
Vestindo a transparência de quem ama,
Mantendo bem distante medo e drama
Seguindo em direção ao raro sol
Que a noite em lua imensa anunciara
Numa manhã brilhosa, mansa e clara
O amor vai dominando este arrebol.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25414
À fantasia tanta glória e luz
Bastante que deveras a permita
Enquanto tão fugaz; louca e bonita
Ao mesmo tempo dói e nos seduz,
Ansiosamente exposto em raros nus
O sonho aonde a sorte em vão palpita
Trazendo em suas sanhas a pepita
Que quando lapidada reproduz
Diamantino gozo da esperança
À qual a nossa vida já se lança
Após tantos tormentos, desvario.
E quando percebendo ao meu alcance,
Enquanto no vazio já se lance
O amor em luzes fartas eu recrio.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25413
Minha vontade expressa em poesia
Traduz novos anseios que bem sei
Deveras modificam cada lei
Aonde uma ilusão atroz se guia
Mergulho no silêncio e na ardentia
O fogo dominando toda a grei,
Além do pensara, imaginei
A vida que em belezas ressurgia,
Retrato de um amor que se desnuda
Uma alma outrora amarga e quase muda
Ao se envolver em luz, deveras tanta,
Renasce e neste instante se percebe
A claridade intensa desta sebe
E esta alma, antes calada, agora canta.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25412
Amor movendo os astros nos traria
Além de simples cores, belos raios,
A lua se espraiando e em seus desmaios
Deitando sobre o mar: alegoria,
E quando se percebe tal beleza
A vida refletindo imensidão,
Momentos mais felizes mostrarão
Ao fim do caminhar, farta grandeza
E quando me percebo em fina areia,
Tocado pelas ondas sob a lua
Uma alma em transparência continua
E enquanto em maravilhas se incendeia.
Volvendo o grande amor que um dia eu quis
Eu posso finalmente ser feliz.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
25411
Em toda esta leveza que eu queria
Apenas encontrei mais dissabores
Aonde se pudesse sem rancores
Viver com emoção tal alegria,
Minha Alma noutro rumo seguiria
Tocada pelos raios dos albores
Seguindo cada passo aonde fores
No amor que tantas vezes me inebria.
Sentir o teu perfume e ser teu par
Sabendo desde sempre onde encontrar
Os rastros que deixaste pelo chão,
Na espreita de um momento mais feliz,
Provando deste entanto quero o bis
Que enfim raros prazeres nos trarão.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Quinta-feira, Março 04, 2010
25480
Percebo tão sutis quanto inexatos
Caminhos que me levem ao teu braço
E quando nova rota ainda traço
Os dias se perdendo em tolos fatos.
Postergo os meus anseios, sinto ingratos
Momentos em que sigo cada passo
Levando à incerteza de um espaço
Torturas permitindo tais contratos.
Assisto ao meu final de camarote
E quando a realidade dita o mote
Profiro meu poema feito em dor
E sinto ser possível ter na mão
Além de se mostrar a exatidão
Pudesse destilar o bom licor...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25479
Tracejo uma sobeja maravilha
Envolta nos mistérios do desejo,
E quanto mais deveras eu protejo
A estrela com certeza nunca brilha.
E assim tanta tristeza se moldara
No vago de uma vida sem sentido,
O tempo muitas vezes soerguido
Produz imensa chaga, vil escara.
E teimo em prosseguir contra a maré
Sabendo que depois só terei resto
E quanto mais mordaz, torpe e funesto
Mais firmemente sinto tais galés
E delas não consigo me livrar,
E a morte se aproxima, devagar...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25478
Sutis imagens voltam do passado
E trama incoerências onde um dia
O medo que deveras já se urdia
Seguindo da esperança o vão traçado.
E o peso se é menor compartilhado
Ainda mesmo assim em mim ardia
Deixando mais silente a poesia
Moldando o figurino amortalhado.
Tecesse desde então nova saída
E quanto mais atroz a despedida
Maior o meu temor, esteja certa.
E quase ser feliz já não me basta
A face da verdade agora gasta
Aos poucos meu caminho em vão deserta...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25477
Cinzéis em preciosas gemas tramam
Arquétipos de jóias eternais
E quanto em minhas mãos vós derramais
Momentos mais audazes que reclamam
Aquém da realidade em se exclamam
Entranho velhos portos, ledos cais
E neles fantasias sensuais
Saudosas emoções por vezes clamam.
E sendo-vos leal não poderia
Ultrapassar sequer tal fantasia
Vivenciada em pranto, medo e dor,
Mas pálida figura se aproxima
Tornando mais pesado ainda o clima
Gerando tão somente um vil terror...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25476
Mortalha que reciclo a cada verso
E nele me entranhando em sombra plena
Enquanto a fantasia ainda acena
Eu ando sem destino, vou disperso
Adentro esta ilusão seguindo imerso
Nem mesmo a poesia me serena
E quando a morte surge vaga e amena
Permito-me sonhar com o universo
Dicotomias tantas, luzes fartas
E delas sem querer, silente apartas
Os meus momentos sóbrios onde eu creio
Na libertária voz que me sacia
E dela reencontrando a fantasia
Embora prosseguisse em vão e alheio..
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25626
Quisera perceber um novo dia
Aonde a fantasia desmorona
Uma alma mais ferina até ronrona
Enquanto cada garra mais afia.
E a sorte que conheço, tão bravia
Durante a tempestade vem à tona
Das estradas que traço já se adona
Fazendo do meu mundo, a montaria.
Por vezes imagino em turbulência
O que pensara outrora em convivência
E sei ser impossível entre dois
Que tanto se engalfinham e se cortam,
E quando as fantasias nos exortam,
Sabemos quão sombrio este depois...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25625
Assumo estas facetas mais vulgares
E beijo o que se fez em luz sombria
Figura melancólica se erguia
Toando os seus acordes nos altares
E vejo recriados lupanares
Em meio a mais soturna fantasia
E dela o meu passado se recria
Atravessando em fúria tantos mares.
E o gosto de vingança ora se apura
A vida perpetua a mesma e escura
Estrada aonde um velho caminhante
Moldara o seu destino de andarilho
E quando sobre o pó ainda trilho
A morte se aproxima neste instante...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25624
Se as lúgubres paisagens descortino
E adentro com furor ou mesmo impávido
O gosto se mostrara bem mais ávido
Tomando sem pensar o meu destino.
O corpo lacerado e quase esquálido,
Restando o velho sonho de menino
E nele com certeza me ilumino
Por mais que o dia siga sempre pálido.
Equânime e sombria fantasia
Aguarda o meu final e se sacia
Nas artimanhas toscas que hoje enreda
E o pano se fechando no cenário,
O que pensara outrora temerário
Nem mesmo a paisagem torpe veda...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25623
Abrindo as minhas cartas encontrei
O fato presumível e esperado
Que tanto demarcou o meu passado
Servindo para mim conforme lei
E dele cada resto eu entranhei
Até ver o meu mundo dispersado,
O gosto tão amargo perpetrado
Adentra o paladar bem mais que sei.
Singela fantasia? Ledo ocaso...
O vento anunciando o fim do prazo
E agora só me resta a despedida.
Articular defesa? Para que?
No fundo te procuro, mas cadê?
Assim se resumiu a minha vida...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25622
Sistematicamente sigo só
E teimo vasculhar minhas entranhas
E quando a realidade tu estranhas
Erguendo do que eu fora, simples pó
O medo se aproxima e em firme nó
Defronte à multidão diversas sanhas
E nelas precipícios e montanhas
Preparam para mim o espelho: Jó.
Ocasos e mentiras se misturam
E delas poucas coisas já depuram
Quaisquer que procurassem desvendar
Retorno ao uterino e bom momento
Somente quando imerso me apascento
Regrido ao nada ser: último lar...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25621
A treva em nuvens densas desce à Terra
E toma esta paisagem ora sombria
E quando a imensidão já se porfia
O medo dentro da alma se descerra
A ventania lembra fome e guerra
A paz que procurei não existia
Tampouco ao encontrar farta agonia
Capítulo da vida não se encerra.
Audaciosamente dera um passo
Alheio ao que deveras já desfaço
Criando com meus pés o próprio abismo
E agora em noite tétrica e fugaz
Distante do que um dia quis ser paz
Molambo sem destino, ainda cismo...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25620
Levito entre os fantasmas que ora trago
E farpas tão comuns devoro e quero,
O mundo que se fora mais austero
Agora não percebo nem afago,
O tempo se transforma em podre estrago
E o corte aprofundado, mas sincero,
É tudo o que carrego enquanto emprego
O verso que pensara outrora mago.
Alquímicos poderes, tal cadinho
Transforma esta esperança em podre vinho
E bebo da vinhaça que me dás.
Da morte quando aos poucos me avizinho
Eu sinto tenebroso e bom carinho,
E nela descansando, enfim, em paz...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25619
Ruidosas esperanças, não floreio
Com verso que talvez não mais traduza
A sorte que deveras tão obtusa
Esgota da ilusão a fonte e o veio,
E quando nos meus charcos banqueteio
Com lúbrica emoção que reproduza
Uma alma tantas vezes tão escusa
Deixando no passado o velho anseio.
Recreio-me com posta apodrecida
E dela se refaz a minha vida
Antraz que ora carrego dentro da alma.
Esmero-me em poder ver no holocausto
Apenas tão somente algum infausto
E a imagem produzida já me acalma...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25618
Metástases carrego vida afora
E pútridas manhãs me destemperam,
E quando os tolos toscos degeneram
Apenas tumular voz já se aflora
A poesia há tanto foi embora
E os restos do que fomos inda esperam
Eméticas delícias onde esmeram
As ânsias mais vorazes. Luz descora...
E o cândido poeta adormecido
Agora pela vida envilecido
Aguarda tão somente este final
E nele se prepara nova senda
Aonde a fantasia se desvenda
Ou nada se transcorre triunfal...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25617
Na lúgubre paisagem desenhada
Pelo meu verso tolo, mas sincero
O fim deste tormento agora espero
Sabendo ao que minha alma é destinada.
Versando sobre a vaga e fria escada
Na qual a queda sempre em gozo fero
Produz esta fratura aonde quero
Ver minha vida em pus já retratada.
O beijo que se escarra em minha face
Aonde se mostrara cada impasse
E nele se refaz a velha história
Por mais que novo mundo ainda trace
Com ares de terror ou de vanglória
Legado ao nada ser, tosca memória...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25616
No íntimo me percebo um morto-vivo
E como fosse assim este zumbi
Vivendo do cadáver que escolhi
Dos sonhos mais felizes eu me privo
E sendo muitas vezes mais altivo
Vazio de esperança chego a ti
Atrocidades tantas mereci
E nelas do que fui anda vivo.
Alvissareiros dias do passado
Apenas um retalho costurado
Em meio aos falsos lumes que carreto
Apesar de saber que inda respiro
Preparo neste instante bala e tiro
Fechando em suicídio este soneto...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25615
Na farsa que traduz inútil vida
Cenário mais propício: ato final
E nele se perfaz o ritual
Aonde se vislumbra a despedida.
A faca pelas ânsias sendo ungida
E o bêbado caindo em meu quintal
Sarjeta dentro da alma é tão normal
E dela uma esperança segue urdida.
Perene poesia este soneto
Ao qual com virulência me arremeto
E bebo cada gota que espalhara
Do pus que dentro em mim ora alimento
E faço da carcaça o meu provento
Na imagem destroçada a vida amara...
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25614
Astuta caçadora, uma esperança
Fugaz imagem trama após o nada,
E a carne pouco a pouco devorada
Traduz em sentimento esta vingança
Ao peso do que fui a alma balança
A cada novo dia a vergastada
Reacendendo a morte desejada
E nela a minha cruz, o tempo lança.
Obesas ilusões já não profiro,
E quando se prepara último tiro
A bala se entranhando no meu cerne
Acasos entre ocasos pretendidos
E os corpos de esperanças estendidos
É tudo o que me resta ou me concerne...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25613
Rebeldes caminheiros noite afora
À sombra do que tanto desejei
A podre sensação tomando a grei
E nela uma alma aflita se decora,
A fera que no espelho me devora
E beija este cadáver que entranhei
Mortalha em poesia deslindei
Vagando pela noite sem demora.
Escravizado sonho se moldando
De um tempo mais feliz, quiçá mais brando
Em criminosos passos assassinos
Expressa o suicídio inevitável
E o corpo em rapineiras palatável
Espera ao fim dobrar de vários sinos.
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25612
Uma ávida quimera me destroça
E nada se percebe como herança
No olhar desta pantera uma vingança
Que quanto mais voraz melhor desossa
Abrindo esta cratera imensa fossa
A sorte mal assombra enquanto avança
E ao fundo desta poça ora me lança
E a vida gargalhando tudo endossa.
Esgarçado por garras tão venais
Restando ao sonhador os vendavais
E neles o vazio agora traz
A imagem decomposta da ilusão
E vejo se formata desde então
No espelho que ora miro: Satanás!
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25611
Esgoto dentro da alma traduzindo
A vermiforme noite em pesadelos
Pudesse pelo menos revolvê-los
Teria sob o olhar fúnebre e findo
O tempo de viver que assim deslindo
Em trágicos momentos, percebê-los
E quanto mais possível envolvê-los
Tecendo a solução, mas eu prescindo.
Acostumado ao mesmo descaminho
Prefiro que me vejas já sozinho
Do que pensar ser minha salvação.
A morte não perdoa quem se entrega
E mesmo quando exposta e quase cega
Momentos mais tranqüilos se farão.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25610
O feto que abortara: fantasia
Em pútrido cenário se desfaz
E mesmo num sorriso tão mordaz
Soergue-se emoção e o dom recria
A morte vai tomando a poesia
E como fosse assim fria tenaz
Deixando esta emoção que sei fugaz
Amortalhado sonho em agonia.
Espúria lividez que, cadavérica
Traduz esta ilusão falaz e homérica
Vinganças preparadas pela sorte.
E tendo sob os olhos o horizonte
E nele cada lua que desponte
Trará um sonho em paz que me conforte.
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25609
Pisando na carcaça que hoje sou
Estúpidos os passos que programas
E neles posso ver cadáver, lamas
E delas tradução do que restou
De um ser inusitado e aonde vou
Carrego nos meus olhos falhas chamas
Meticulosamente enredo dramas
E neles minha vida mergulhou.
Na lividez do sonho tumular
Putrefação se expondo devagar
E enquanto a cada estágio mais avança
Certeira caminhada para o fim,
Dourando em poesia o meu jardim
O medo se transforma em esperança.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25608
Ermos dentro da alma soam tristes,
Mas quando me percebo mais desnudo
Deveras caminhando quieto e mudo
Diverso do calor aonde existes,
Por mais que outros motivos bons me listes
O coração sem foco é tão miúdo
E nisto me percebo em tom agudo
Discernindo o terror por onde insistes
Tomar as minhas mãos e ter nos dentes
A clara tentação de uma mordida
E nela cada lacerando em vis gementes
Delírios satisfazem tua fome?
A carne que te entrego, carcomida
Enquanto a própria sorte me consome...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25607
Consola-me saber que a morte vem
E dela bebo a pálida quimera
Aonde se pensara fim se gera
A vida mais tranqüila em novo bem.
O peso do passado segue além
Do que suporta uma alma, mesmo fera
E quando a solidão me desespera
Revejo este cenário. Sem ninguém.
Apodrecendo aos poucos nada tenho
E nem sequer faria mais empenho
Já que descubro ser a negação
E a sórdida manhã beija a carcaça
O tempo sem remédios segue e passa
Espelha as noites frias que virão.
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25606
Quem dera se pudesse ser teu alfa,
Mas Omega não posso mais sonhar
Buscando ter meu sonho em preamar
Correndo contra tudo, uma alma esfalfa.
E falo francamente sem refolhos
Que tudo tem decerto solução
E os dias mais sobejos mostrarão
Além de simplesmente vãos abrolhos.
Mas tudo se presume e nada faço
E o bêbado procura a luz, falena.
Minha alma a cada passo se apequena
Não deixo nem sequer um rastro ou traço
E entranho-me na morte que me espera
Atocaiada e bela, sutil fera...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25605
Agrestes as montanhas onde cevo
Mortalha que deveras caberá
E nela o meu destino se fará
Bem mais do que nos versos eu me atrevo.
Envolvo-me nas teias e longevo
O medo persistindo aqui ou lá
Meu erro a cada instante moldará
Invernal garatuja aonde nevo.
O prazo se findando e nada vem
Somente a frialdade e fico aquém
Do passo que permita da cratera
Vislumbrar uma luz que não existe,
E se pareço assim, mordaz ou triste
Que faço se matei a primavera?
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25604
Negar a própria essência e prosseguir
Por vias tão funestas que me trazes
E nelas perceber as várias fases
Oráculos discernem meu porvir?
O peso de deveras conseguir
Enquanto prenuncio mais mordazes
Momentos onde pústulas e antrazes
Permitem a minha alma refletir.
Esgarço-me nos fronts e me permito
Saber que mesmo inócuo, sigo aflito
E assino a cada dia esta sentença
Na qual a morte surja deste nada
E como fosse assim predestinada
No túmulo concebo a recompensa...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25603
Corôo com meus temores esta vida
Aonde não podia crer na luz
Deixando os pesadelos quase nus
O medo calcifica enquanto acida.
E tendo neste olhar a despedida
O nada quando em nada se deduz
Prepara esta mortalha e reproduz
Vazio que encontrou, alma perdida.
Acendo este cigarro mesmo quando
Percebo minha vida desabando
Sem ar, já me esfumaço pouco a pouco.
A dívida que tenho não se paga
O beijo da mulher, cruel adaga
E vendo o meu retrato, eu me treslouco....
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25602
Descrevo em solitária madrugada
Os vértices de um sonho, um pesadelo
E quanto mais atroz sinto vivê-lo
A imagem desta vida destroçada.
Jogado pelas ruas, na calçada
Condeno o coração a tal desvelo
E quando pelo encanto vago, zelo
Resposta se mostrando o mesmo nada.
Viver e ter apenas o caminho
Que leve á madrugada onde, sozinho
Mortalhas eu carrego e tão somente.
A pútrida manhã em luz desfeita
O medo vendo a cena se deleita
E mata desde já qualquer semente...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
25601
Estúpida quimera me rondando
A morte se transforma em solução
E os dias repetindo este refrão
Aonde novos tempos vislumbrando
Já sei que nada tenho desde quando
Fantasmas me tomando a direção
Naufrágio deste barco sem timão
E o vento toda noite me assombrando.
Vivesse mais um pouco e poderia
Realizar enfim a fantasia
De ter no meu olhar um horizonte
Aonde mais sublime luz guiasse,
Mas quando vejo o espelho e o mesmo impasse
Impede que este sol, vago, desponte...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Sexta-feira, Março 05, 2010
25505
São inexatas formas as que trago
E trafegando em ruas mais diversas
Quando deveras vês e desconversas
Percebo como fosse algum afago
O gosto desta insânia quase mago
Nas horas que nos sonhos vão imersas
Imagens desenhadas e dispersas
Versando sobre o nada, não apago.
Acendo outro cigarro e fumo além
Do que em verdade posso ou me convém,
Porém a morte traz esta saída
Que tanto procurara e não sabendo
Na angústia meu legado e dividendo
Uma esperança? Segue ao ar, perdida...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25504
Revelo-me em revólver e engatilho
Pensando no final mais condizente,
Sem ter sequer um porto que apascente
Seguindo este esperado e torpe trilho.
Aonde houvera outrora um andarilho
Agora se percebe em ar demente
Um ser que desta vida vai descrente
Cansado de escutar mesmo estribilho.
Audácia não se faz em suicídio
A vida se transforma num dissídio
E deste caminhar eu já me aparto
Depois de tantos dias e inseguro
Na ponta do revólver asseguro
A solução de um mundo vago e farto.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25503
Na lânguida expressão quase que irônica
Deitada calmamente sobre alfombras
Deixando em minhas ânsias fartas sombras
Nefasta maravilha serpe hedônica
Resumes minha vida em histriônica
Mortalha sobre a qual ainda assombras
Submetes meu olhar quando me alfombras
Com teu delírio atroz em voz harmônica
Numa expressão diversa da que outrora
A vida se mostrara e em paz decora
Perfil de um caminheiro envelhecido
Produzes maremoto em calmaria
Martirizado enredo que te guia
Numa explosão sobeja da libido...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25502
Quebrantados caminhos se perdendo
Em meio aos costumeiros vendavais
E neles percebendo ao longe um cais
Quem sabe meu final seja estupendo?
Em vossas mãos a fúria se vertendo
E quando meus desejos sonegais
Aonde quis agora é nunca mais.
E o sonho em pesadelo está morrendo.
Ingratidão selando o que deveras
Já fora no passado mais sadio
O tempo sem limites desafio
E nele sei que o todo degeneras
Deixando como herança esta mortalha
E a faca que mais fundo corta e talha.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25501
Alinho-me aos anseios que me trazes
E neles me perdendo vez em quando
Porquanto se mostrasse em contrabando
O olhar auspicioso engenha pazes.
Patéticos momentos, toscas bases
E o todo num pedaço se mostrando
Na visceral certeza trucidando
Prendendo-me em algemas e tenazes.
Vencesse calmamente outras manhãs,
Mas herdo prematuras, estas cãs
Que tanto agrisalharam a esperança
Numa irascível sombra de nós dois
O agora se perfila sem depois
Enquanto martiriza, sempre avança...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25500
Recatos entre os medos mais vulgares
Expressam o temor do amor que fere
Ainda que o prazer domine e impere
Estendo esta beleza em meus olhares.
Senzalas, salas, medos, deles pares
E quando o sonho morte regenere
Meu mundo neste mundo já se insere
Quereres redundando dos sonhares...
Antúrio enlanguescente, tinhorões
Venenos maviosos que me expões
Nas ansiosas noites mais veladas.
Das liras bardos fazem melodias
E vendo, temerosa, que tremias
Luxúrias em recatos declaradas...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25499
Na lúgubre figura asseguraste
O peso de uma obesa fantasia
E dela quando em pântanos desfia
Caminho para o sórdido desgaste
Ultraje que geraste como um traste
Que vaga pela insólita agonia
Assoberbadamente em utopia
A senda sendo sóbria; renegaste.
Mortalha onde queria paz equânime
Teu ódio contra ti em voz unânime
Permite um triste algoz que ora porfias
E nele te retratas muito bem
Fazendo o que deveras te convém
Como se fossem t’as fotografias.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25498
Martírios entre tiros, pedras, balas
E tramas das entranhas teus enredos
Segregas com vigor, falhas e medos
E quanto mais eu peço mais te calas.
As bases do meu mundo quando abalas
Deixando rastros falsos, passos ledos
São lassos os meus dias e em degredos
Transcrevo estes segredos noutras falas.
Falaz hipocrisia cria quem
Sabendo que o desvelo me contém
Aquém do que podia sendo amiga
Vencer a ventania mais freqüente,
Mas quando mais preciso que apascente
Tempesta que geraste desabriga.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25497
Exóticos caminhos, sendas falsas
Florescendo os abrolhos mais temíveis
Refolham-se ilusões em vãos terríveis
E as almas geram traumas, pois descalças
Em espinheiros fartos, cortes alças
Das balsas e dos botes implausíveis
Erráticos desníveis previsíveis
Em insensíveis trevas tu realças
Aonde há cibernético futuro
O passo descompassa e traz o escuro
Negando o resplendor pleno e temático.
Moldando assim enfim caleidoscópios
Porém não resistindo aos microscópios
O teu virulento ar, tão sorumbático
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25496
Vagando em noite imensa, penso e crio
Em solilóquio vão venço ou me perco
E as dores entranhando fecham cerco
Acerco-me deveras do vazio.
E o vento vergastando em vasto frio
Do sonho mais bisonho adubo e esterco
E quando de algum terço ou reza acerco
Invernal e abismal granizo estio
Mudando a direção de vento e sombra
A sórdida impressão de novo assombra
Mundana fantasia estribo e açoite
Sem ter quem tentaria trazer luz
O vendaval revolta e me conduz
Traçando em treva e neve o meu pernoite.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25495
Rebeliões; empilhas aos milhões
Humilhas com teus risos vãos, sardônicos
Gerando bandos tantos desarmônicos
Tetânica e apoplética me expões
Esplêndidas belezas, turbilhões
Que tramas entre algemas e histriônicos
Caminhos muitas vezes vis e hedônicos
Voláteis astros e anjos; decompões.
Careço de cadências confiáveis
Padeço das demências mais palpáveis
E nelas são aráveis solos meus,
Angustiadamente a mente enriste
Um ar que, secular e ancestral triste
Prepara a amara morte em vago adeus...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25494
Burburinhos diversos versos versam
Versões de outros verões que não veria
Quem veste vergastada fantasia
Enquanto cantos, contos, desconversam.
Seguindo sem adendo se dispersam
Os passos em espaços, traço guia
E faço se disfarço em agonia
Submersos abissais que em ti conversam.
E arrastando os demônios que converges
Traçando os dias tétricos que imerges
Num âmago insensato atos entranhas
Díspares destes ímpares começos
E as messes que prometes são tropeços
Do avesso tuas vestes vãs e estranhas.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25493
Num êxtase sem luxo e sem estase
Uma explosão sidérea em luz profana
Da qual eclode sonho e voz se emana
Fogoso gozo aonde o gosto apraze
Equânime loucura, escusa base
Avinagrada sorte desengana
Sagrada madrugada ora se empana
E os pântanos diversos versam fase
Acídula vergasta em gesto bruto
Um títere que, lúgubre, reluto
Astuto vendaval verte delírios
E deles círios negam azinhavres
Por mais que na verdade desagraves
Agravam-se deveras meus martírios...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25492
Exorto os meus demônios e exorcizo
Os erros dos medonhos ecos trago
E cada vez venal o velho estrado
Aonde ondeio em dias, impreciso.
Descrédito de um édito sem siso
Proclamo enquanto tramo algum afago
Qual fora algum efebo ingênuo drago
Amores entre cores que matizo.
Esquemas ditam temas entre algemas
Das gemas preciosas que lapido
Furor extasiante da libido
Do pleito insatisfeito faço emblemas
Pulsares e quasares siderais
Em vossas vozes vibram vendavais...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25491
Broqueio cada farsa em falsa espera
Fenestrando deveras teus engodos
E neles transpassando vários lodos
Com os quais a vida degenera
E beijo a boca espúria desta fera
Prazeres enfronhados; quero todos
Nublando brandos bandos, antros godos,
Apenas pênsil pêndulo me espera
E contumazes erros cometidos
Gerados pela insânia das libidos
O olvido não repõe partos erráticos
Nem sátiros caminhos percorridos
Serão de qualquer forma, pois, ungidos
Tampouco os meus enganos sistemáticos...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25490
Revéis já transmudando os meus anseios
Esgoto vãs audácias, passos firmes
E quanto mais deveras reafirmes
Rebeldes caminhares ditam veios
Diversos dos meus vagos vãos rodeios
E neles mesmo quando tu me afirmes
E traces novas bases em que firmes
Os passos se perdendo em devaneios
Revelo-me volúvel, mas velado
As vastidões vasculho e em meu passado
Ventanilhas abertas não mais vejo
Vogara entre naufrágios e procelas
Borrascas entre farsas me revelas
E as velas enfronhando tempestades
À custa do viver incêndio e rosas
Esvaio-me em volúpias vaporosas
Enquanto em tanto encanto tu me invades...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25489
Regalos de uma lúgubre bacante
Enlanguescidamente dita normas
E quanto mais voraz tu me deformas
E tomas minha vida a cada instante
Aonde se pensara deslumbrante
Demônio em que decerto te transformas
E quando do teu âmago me informas
És serpe disfarçada em diamante.
Imagem tão sutil, paradisíaca
Hedônica figura que é satânica
Paralisia causas, pois tetânica
Vulcânica explosão que, demoníaca
Vendendo uma emoção quase que orgástica,
Depois se gargalhando vil sarcástica...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25488
Sistematicamente a mente, mente
Ou omite emitindo falsos guizos
Em vandalismos cismo se imprecisos
Vários versos versando insanamente
E quando tanto ou mais sigo descrente
Atento aos violentos Paraísos
Em virulências feitas ânsias sisos
Conciso ou preciso se envolvente
Venéreas maravilhas vencem sismos
Em viscerais vitórias cataclismos
Abismos, precipícios ócios, vícios
E pendulares âncoras do tempo
Estampam no meu peito o contratempo
Volvendo aos versos frágeis: meus inícios...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25487
Um feto que tão fátuo fui fugaz
Das fráguas freqüentara farsas fartas
Fuligem, farpa féretro e me enfartas
Com falsas e falazes, fútil paz
Feneço num falsete ou tanto faz
Se enfados ou fagulhas já descartas
Assisto à derrocada enquanto partas
E atento ao tempo tramo e entranho o antraz.
Noite aterrorizante antes do intento
E quando um brando andor ainda invento
Aceito teus conselhos velhos vãos
Espelho dentro da alma alça o vazio
E quando a vaga eu venço ou desafio
Desfio a fantasia em novos grãos...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25486
Natura se recria em minha vida
Esgotando a terrível mocidade
Enquanto bebo agora a insanidade
Percebo a minha força em despedida
A cada passo a sorte sendo urdida
Vencido pela incúria que me invade
Degrado-me em temível falsidade
Falências que carrego em voz perdida.
Agarro-me aos escombros, vãos destroços
E neles recompostas ilusões
Enquanto reproduzem aversões
Expondo apodrecidos, frágeis ossos
Na carcomida imagem me retrato
Um ser medonho e tênue quase abstrato...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25485
Moléculas diversas me compondo
E delas podridão já se percebe
A vida se perdendo desta sebe
E mesmo que respire decompondo
O que restou de mim agora expondo
Em caricata face que percebe
Do avinagrado sonho que ora bebe
Putrefato caminho em vão repondo.
Descrevo os meus demônios com palavras
Que sorrateiramente ainda lavras
Usando larvas, moscas, vermes, vândalos.
Eviscerada imagem marginal
Mudando o tão profícuo ritual
Negando essencialmente corte e sândalo...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25484
Reboa dentro em mim sombria voz
Danando o meu destino em vagas luzes
Aonde se pensaram flores, urzes
E a própria juventude é meu algoz.
O olhar entediado e quase atroz
Medonhas criaturas reproduzes
E tantas vezes vejo as mesmas cruzes
E nelas ansiedade estreita os nós.
Das díspares noções ações diversas
Imersas emoções ditam quimeras
E quanto mais assim te desesperas
As palidezes tantas vão dispersas
Universalizando o sofrimento
Não tendo noutro tento mais alento...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25483
Na transubstanciada dor presente
Aufiro os meus estranhos caminhares
E se fores astuta ao me notares
Verás o que deveras se pressente
No olhar deste fantasma qual demente
Ansiosa previsão em vagas, mares
Mudando em tempestades mansos ares
E neles permaneço incoerente
Evoco os meus demônios e prossigo
A cada nova espreita um inimigo
Vestindo este fantoche que sou eu
Mortalhas que ora visto visam ter
Após a fúria imensa algum prazer
Devorando o que em mim já se perdeu...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25482
Brados entre brandas madrugadas
Estúpidos gemidos de um fadado
A ter dentro de si sempre o passado
E as horas em penúria decifradas
Escracho caminheiro em vãs estradas
E nelas o meu corpo lacerado
Espalha o cheiro podre e adocicado
Carcaças decompostas, malfadadas.
Satânicas orgias, noite espúria
Nos olhos deste ser a farta incúria
Expressa o nada ter que me incendeia
E a lua em plenilúnio debochada
Transforma em pesadelo a torpe estada
Brumosa criatura segue alheia...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
25481
Se resignadamente sigo agora
Depositando em lágrimas o quanto
Encontro a cada canto em desencanto
Certeza do não ser já me apavora.
O bêbado que pária em mim se aflora
Devora cada parte e traz no pranto
A súbita impressão de um vil quebranto
O monstro que assim gero não demora
E torna as minhas garras afiadas
Vasculha deste inferno tais entradas
E grava a ferro e fogo dentro em mim
Temáticas diversas, sonho e morte
E enquanto esta pantera eu não aborte
O corte me levando a espúrio fim...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Sábado, Março 06, 2010
25533
Na cama do hospital pensava em ti
Distante dos meus olhos, solidão.
E quando chega o tempo, a decisão
Deveras muitas vezes me perdi,
E tendo todo mundo bem aqui
Guardada uma devida proporção
Enfronho nos meus olhos a emoção
E dela sem perdão eu me embebi.
E a morte se aproxima dos meus dias
E nela se deixando as utopias
Somente a poesia me acompanha
E o gesto palatável diz amor
Mas quando vejo o rosto sedutor
Da morte já concluo a minha sanha...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25532
O mundo bem depressa modifica
As ordens naturais e transformando
O que pensara outrora bem mais brando
Agora se não luto, mortifica
E tudo transcorrendo não explica
O medo sobre nós já desabando
E o todo a cada dia mais pesando
A teoria aqui nunca se aplica.
Imprevisível passo leva à queda
E quando noutras tramas vida enreda
Percebo quão inútil deve ser
Quem tanto se perdendo em nada crer
No abismo feito em trevas já mergulha
E não vê da esperança uma fagulha...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25531
Com olhos dispersivos, me perdera
Do rumo já traçado em poesia
E a sombra do passado ainda urdia
Matando o que esperança concebera.
E o vento benfazejo de um sorriso
Ameno transformando o gelo em brisa,
Maturidade chega e já me avisa
Do passo necessário e mais preciso.
Vestindo esta emoção que é temporã
O amor rompe barreiras e, acredite,
Não respeitando enfim qualquer limite
Promete um sol imenso na manhã
Legado que pretendo cultivar
Imerso neste encanto a me tomar...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25530
Agora que me chamas também tento
Buscar esta esperança que perdi
E dela redundando sempre em ti
Olhar tão carinhoso e sempre atento,
Vencer os dissabores, meu intento
E deles traduzir melhor aqui
Num verso demonstrando o que senti,
Após um tempo amaro e turbulento.
Estando solitário e a depressão
Negando nos meus olhos um verão
Incendiando em fúria cada dia.
E nele a rotineira dor traçava
Numa alma sem destino e quase escrava
A morte do que fora poesia...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25529
Assisto ao derradeiro sonho que alimento
E vivo entre as neblinas, noites fartas
E quando dos teus dias me descartas
Deveras assumindo o meu tormento.
Assíduas ilusões e o pensamento
Jogando sobre a mesa as mesmas cartas
Dos âmagos profanos nunca apartas
Quem tanto se envolveu em sofrimento.
Perfaço o meu caminho em falso passo
E quando dos meus erros me desfaço
Não traço soluções, apenas sigo
E nesta invalidez uma alma insana
Medonha caricata tanta engana
Sonega ao penitente algum abrigo.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25528
Um mar feito em sargaços e corais
Distintas cores traçam o oceano
E quando se percebe cada engano
Os dias em procelas são venais.
Vagasse por espaços, siderais
Momentos em que vejo o ser humano
Na mórbida impressão de perda e dano,
Vislumbro atocaiados animais
Vorazes e insensatos neste bote
Aonde a mortandade se denote
Por tanta estupidez e vilania.
Porém esgoto pútrido e feroz
Ouvindo mais distante a sua voz
Covardia se torna valentia...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25527
Sequer estrela pálida percebo
Na treva que tomando a minha vida
Há tanto em fúria imensa decidida,
Diversa da esperança que concebo.
Eu sei que novo sonho é um placebo
E a cada amanhecer outra ferida
Expressando uma noite mal dormida
E da aguardente amarga – amor – eu bebo.
Pudesse ter nas mãos o meu destino
A faca, a foice, o tiro em desatino
O medo escancarando este delírio
E vendo tão somente o que hora herdei,
Vazio que deveras encontrei
Traduz sem ter retoques meu martírio...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25526
Das noites que brumosas eu enfrento
Após as tão sonhadas calmarias
Diversas das que em sonho fantasias
Tocadas pela mão de intenso vento.
E quando em luzes frágeis inda tento
Vencer os meus terrores tu me guias
E levas aos demônios que recrias
Tomando este arrebol medo e lamento.
Angústias tão comuns de quem procura
Um tempo aonde possa ser feliz,
E quando mais distante ou por um triz
No olhar ensimesmado, tal loucura
Abisma com seu vário ingrediente
Por mais que a solução audaz se tente...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25525
Horrivelmente imerso em trevas sigo
E tanto quanto posso ainda creio
Que enquanto houver um sonho ou mesmo um veio
Ainda se verá quem sabe, abrigo.
Empesteando a vida não consigo
Vencer a fantasia que rodeio
E dela muitas vezes mesmo alheio
Percebo bem sutil, medo e perigo.
Enveredando sendas mais profanas
Proféticos oráculos; predizes
E tentas discernir gozo de dor,
E quando vejo o encanto decompor
Chagásicas imagens: cicatrizes...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25524
Qual fora um tempestade um porto além
Do que pensara outrora ancoradouro,
Nas ânsias mais vulgares, nascedouro
Do pântano que uma alma vil contém.
E sendo que deveras sou ninguém
E disto faço a glória de um tesouro,
O sonho que pensara imorredouro
Desnudo se transforma e nada vem.
Adentro a fantasia, vil senzala
E a voz que se inebria já se cala
E escalando paredes a alpinista
Vontade transcorrendo em vagas ondas
E mesmo quando fútil me respondas
Nenhum sinal de paz aqui se avista...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25523
Vetustos caminheiros fragilmente
Estendem seus cadáveres em sonho
E quando num conjunto decomponho
A sorte se tornando mais ausente
Em cândidos momentos que se tente
Viver além de um ar tosco e bisonho,
Reconstituo a senda e assim me oponho
Ao que seria inútil penitente.
Azedam-se as vontades e esperanças
Articulando em vão as fortalezas,
E quando em voz sonante tais defesas
Ainda que tão frágil vês e alcanças
Gerando pandemônios entre risos
Legando ao nada ser, cruéis avisos...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25522
Revelas entre velas e velórios
Mordazes emoções em rito falso
E quando bebo em ti meu cadafalso
Momentos que vivera tão simplórios
Atando com denodo em tons mais vários
A cada caminhada outro percalço
E sigo em pregos, brasas, me descalço
Compartilhando tantos adversários.
Um execrável ar empesteando
Aonde se pensara bem mais brando
Fenecendo a ilusão que não sustento.
Ao deus-dará seguindo em prontidão
Vencido pelas trevas que verão
O derrotar de um sonho, violento...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25521
Decorrem dos meus vários pesadelos
Metáforas que traçam morte e dor
E quando me percebo em vão andor
Momentos terminais eu posso vê-los
E bebo da ansiedade seus apelos
Sentindo a minha face a decompor,
E nela se adivinha este sol-pôr
Envolto pelos medos e desvelos.
Incréu vasculho restos do que fora
E a morte mesmo sendo sedutora
Propaga dentro em mim lamas diversas
E pantanoso dia se anuncia
Matizando em gris minha agonia
Inebriantes féis que em mim tu versas...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25520
Se lúgubres parecem paisagens
Os antros que freqüentas dentro em ti
Extraem o que há tanto apodreci
Eternizando assim em toscos gens.
E vândalos porfiam tais miragens
Escandalosamente eu percebi
O quão se faz do nada mesmo aqui
Distante das benditas vãs paragens.
E quando as engrenagens se emperrando
As águias e os demônios revoando
Percebem teu olor adocicado
E o fardo se tornando bem mais leve,
Tua alma em lama feita, já se atreve
Aos prazeres ausentes no passado...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25519
Hominais delírios, Paraísos,
Infestam os meus olhos e não creio
Que apenas tendo enfim qualquer receio
Os dias poderão ser mais precisos.
A sorte em morte trama seus avisos
E goza do final, cruel anseio,
Enquanto do vazio sigo alheio
Vou contabilizando os prejuízos.
Juízos se finais ou nada tendo,
O mundo se desnuda em estupendo
Momento quando estás e nada além.
Após a podridão deste teu cerne
Uma alma em negação, ao fim se hiberne
Enquanto novas levas sempre vêm.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25518
Exóticas visões em contraluz
São fatos corriqueiros e banais,
Mas quando nestas farsas demonstrais
Caminho que deveras nos seduz
Espúrias emoções expondo a cruz
Que tanto, sem saberes desejais
E nela se anuncia o ledo cais
Marcado a ferro e a fogo, peste e pus.
Estéticas diversas vos dominam
E nelas vossos sonhos determinam
Arcaicas fantasias de beleza.
Após a podridão vos conhecer,
E nada do que vedes irei ver
Não há como enfrentar tal correnteza...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25517
Análogos caminhos percorridos
Pelos viventes seres desta Terra
E quando a morte chega e o ciclo encerra
Distantes dias morrem nos olvidos.
E os sons que outrora em vozes já perdidos
A porta com firmeza agora cerra,
Sobrando algum sinal da torpe guerra
Travada contra os sonhos e as libidos.
Assim hereditárias ilusões
Idênticas às tantas que me expões
Mutantes emoções proferem vagas
E quando devorada pelos vermes
Os restos destroçados, pois inermes
Serão do que desejas, tuas pagas...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25516
Iridescências, nega esta manhã
Que tanto desejara em outra face
Esgarço o meu caminho em tal impasse
E a vida preconiza a fria cã
Agrisalhado olhar, espúria e vã
Farsante que meu dia ainda embace
Estraçalhado sonho em que passe
A vida sempre atroz, cruel, malsã...
E vingo-me das hordas que me deste
E bebo mesmo pútrido ou agreste
Em fartos goles, todo o desatino,
E quando me percebes muito além
Sorrir com ironia é o que convém
E vendo o teu esgar, eu me alucino...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25515
Delicado e suave sentimento
Já não comporta um peito que se deu
Ao mais terrível medo e bebe o breu
No qual com mui prazer eu me atormento.
E sendo tão volúvel quanto o vento
O mundo que deveras concebeu
Quem morto em plena vida sabe o seu
Caminho em tempestade e me arrebento.
Nas pedras e falésias, cais distante,
Aonde se entregara um navegante
Se tudo não passou de falso sol.
E tendo inebriado o timoneiro,
O encanto em podridão é derradeiro
E nega a quem veleja algum farol.
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25514
Erráticas e espúrias ilusões
Ascendem ao jamais poderei ter
E quanto neste nada o teu prazer
O mundo em crua face tu me expões.
Negrejas os meus dias, vãs neblinas
E tramas com furor outros vazios,
E em plenas esperanças desafios
Que aos poucos com terror tomas, dominas.
E assisto aos meus momentos terminais
E deles purulentas pestilências
Aonde proferisses inocências
Momentos tenebrosos tão iguais
E o pântano que legas como herança
Traçando um vago plano de vingança...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25513
Astênicos momentos desfraldados
Antrazes entre lutas e batalhas,
Nas ânsias mais profundas, as navalhas
E os cortes tão terríveis, lacerados.
Evisceram caminhos entranhados
Ancoram quando ausente tu mais falhas
No peito o falso gozo de medalhas
Ascendem aos inúteis vãos recados,
Terríveis ventanias, porto além
E quando se percebe nada vem
Nem mesmo este prazer em que sacias
Na terebrante e insólita facada
A mesma sensação do eterno nada
E as mãos que tu me deste estão vazias...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25512
Florescem alvas formas nos meus olhos
E delas encetando meus delírios
Crisântemos, verbenas, dálias, lírios
Prazeres reconheço e colho aos molhos.
Por mais que tantas vezes acidula
A vida não se perde em poucas luzes,
Arranco do canteiro torpes urzes,
Mergulho no teu corpo, em fúria e gula
E teimo em descumprir qualquer tratado,
Fronteiras não conheço nem limites,
E quando em minhas mãos, mais te permite
O sonho se desenha desvendado.
E esplêndidas manhãs anunciadas
Em luzes mais profanas consagradas...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25511
Carnais delírios tomam minha rota
E entranham delicadas maravilhas
Aonde com furor as armadilhas
Permitem a delícia em bancarrota.
Minha alma neste instante sente e nota
Diversas emoções aonde trilhas
Molduras tão sublimes formas, brilhas,
E o sonho tal beleza em luz adota.
Arranco do passado a dor venal
Aflora-se o desejo em sol e sal
Mareias com teu corpo em água clara.
Excelsos os caminhos percorridos
E os sândalos que exalas, percebidos
Nos gozos em que a fúria se declara...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25510
São purificadores os anseios
Que tanto encanto trazem e me tomam,
Poéticas loucuras já nos domam
Com sôfregos delírios, belos seios.
E adentro os teus caminhos sei dos veios
Dois corpos quando em fúria ora se somam
Harmônicos prazeres nos assomam
Tentáculos divinos nos enlaçam
E as trevas bem distante quando passam
Realçam o teu brilho inusitado,
Em abordagem lúbrica um corsário
Tomando de teu corpo este estuário
Luxurioso templo emoldurado...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25509
Venusianos montes versam gozos
Impudicos caminhos entranhados
E neles ânsias feitas em pecados,
Mordazes, mas audazes, maviosos.
Em lúbricos detalhes prazerosos
Olores tão diversos desenhados
Sidérea fantasia em nossos Fados
Volúveis, mas sutis, voluptuosos...
Alvíssima manhã das cãs distante
Imensidade em raio deslumbrante
Partícipes de insânias venturosas
E nelas entre luzes mais profanas,
Deliciosamente tu me explanas
Delírios no momento em que mais gozas...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25508
Véus brancos em venéreas maravilhas
As aves em seus vôos vão levando
Ao vento o tempo atento em raro bando
Enquanto mais atenta em luzes trilhas.
Ancoras em corais, sobejas ilhas
Expressam recomeço imerso quando
Aos poucos furnas, urnas desnudando
Mudando a direção conforme brilhas.
Exalas o perfume e me iluminas
Num lume extasiante e tão fugaz,
Lascívia perpetrada em loucas minas
Esguia silhueta se desnuda
Delírio que em martírio satisfaz
Cenário em tom tão vário se transmuda...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25507
Grinaldas desfraldadas pela lua
No vértice de um céu em pratas feito,
Audaciosamente insatisfeito
O pleito mais distante, atroz, flutua
O sonho que ora enfronho e ledo atua
Enquanto em quarto escuro e frio deito,
A claridade invade e me deleito
Imagem qual miragem bela e nua.
Ondulo entre o não ser e o ser além
E quanto encanto o canto ainda tem
Que possa confessar em versos lúdicos,
Momentos entre tantos temporais
E quando em brando vento mergulhais
Em vosso olhar luares quase lúbricos...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
25506
Entoas entre tons mais dissonantes
Momentos variáveis e ferinos
Atando aos nossos pés tais desatinos
Perpetuando luzes deslumbrantes
Bem querência; tomaste em vãos instantes
Dobrando com furor último sino
E quando em brando vento me alucino
Destróis inlapidado diamante.
Embrutecida acidas nossa vida
E trazes em mil fases, despedida
Acidulando agora o que restara.
E a cândida ilusão se torna fútil,
O passo em contrabando segue inútil
O tempo em voz velada se dispara...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Domingo, Março 07, 2010
25550
Aonde uma alegria sempre alcança
Além do que talvez eu possa ver
A vida se trazendo em desprazer
Não deixa nem sequer vaga lembrança
De um dia aonde a sorte inda se lança
E mostra a divindade noutro ser,
Pudesse em radioso amanhecer
Vivenciar os lumes da esperança.
Mas vejo que, cansado, nada tenho
E mesmo quando vejo algum empenho
Do sonho tão cruel quando inocente
Eu bebo a podridão deste vazio
E toda a solidão sinto e desfio
Maior do que deveras se pressente...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25549
Olhar para teus olhos infinitos
E ver ainda a força juvenil
Diversa do que em mim já se previu
Na morte em seus venais e tolos ritos,
Ainda escuto ao longe os ecos, gritos
De um tempo mais amargo e teimo vil
Aonde um coração bem mais servil
Tentara decifrar velhos escritos
Traçando o meu futuro em holocausto,
O quando se mostrasse ainda em fausto
Seria uma mentira deslavada,
E após permanecer em sonhos vagos,
Da morte ao conhecer mansos afagos,
Minha alma se entregando não quer nada...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25548
Roubando o próprio brilho desta vida
A sorte se desdenha a cada passo
E quando um novo tempo, inútil, traço
Percebo quão foi fútil a investida.
Espreito desde já minha partida
E marco com terror este compasso,
Se tudo o que fizera enfim desfaço
O medo conflitando com a lida.
Esgarçam-me os temores tão venais
E sei que minha voz traz o jamais
E nele o peso enorme que carrego.
Aonde prosseguir se nada vejo
O sol somente um frio e vão lampejo
Prossigo desta forma, tolo e cego...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25547
Acreditar em sonhos mais bonitos
Depois de conhecer a realidade?
Estupidez não traz felicidade
Os dias prosseguindo assim, aflitos.
E os sonhos são decerto meros mitos,
O mundo se transborda em crueldade
Por mais que um tolo sonho ainda brade
Mais forte do terror, imensos gritos.
Salvasse pelo menos um momento
E nele com ternura e sentimento,
Mas quando a vida expulsa a fantasia
Mortalha se anuncia em pleno luto
E contra tal quimera não mais luto
Nem mesmo outro destino entenderia...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25546
Não ver mais nada além neste arrebol
E ter esta certeza de um vazio
É como se tivesse em desafio
A luta contra o brilho de algum sol,
E o medo me transforma em caracol,
Deixando como herança este fastio,
E nele as esperanças não recrio,
Jamais imaginara outro farol.
Seguindo em solidão a vida passa
E quando se percebe a mesma traça
Devora o que restara de um poeta,
E a boca da pantera escancarada
A morte há tanto tempo anunciada
Agora no teu gesto se completa...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25544
Olhar para os teus olhos e sentir
A pútrida ilusão que se esvaece
E enquanto a realidade me enlouquece
Procuro da esperança um elixir
Sagrando em minhas mãos tolo porvir,
Medonha fantasia ora se tece
Negando com certeza qualquer prece
Matando devagar e sem sentir.
Aos pés desta terrível solidão
Somente os meus espinhos moldarão
Jardim feito em abrolhos e daninhas
Perceba esta penúria em fúrias feita
E quando o meu olhar já se deleita
As almas caminhando mais sozinhas...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25543
Meus guias que acompanham onde eu for
Já sabem dos destinos que traçaste
E a cada nova queda outro desgaste
De um corpo que percebo decompor
E nessa podridão, como um andor
A vida sonegando qualquer haste
Jazendo pouco a pouco, velho traste
Somente este vazio, este estupor.
À parte do que possa a caminhada
Por mais distante e longa, a dura estrada
Não deixa que se veja algum final.
E o beijo amortalhado da quimera
Matando o que restou da primavera
A vida sonegando a mim seu sal.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25542
Desculpe se causei algum transtorno,
Mas nada se compara à cicatriz
Deixada como herança e tanto diz
De um tempo solitário, amargo e morno.
O medo me servindo como adorno,
No olhar de um torpe ser, um infeliz
A vida modifica seu matiz
Sem nada, brilho ou sonho em seu entorno.
E assíduas ilusões batendo à porta,
A face da esperança semimorta
Expressa a violência do não ser.
E quando me entranhasse em seu dissídio,
Apenas me restando o suicídio
E nele última forma de poder...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25541
Também sofri demais e ainda vejo
Em meio às tempestades ventanias
E nelas com certeza me trarias
Além de simples dor, vago lampejo
E quando exposto ao vento ainda almejo
Um cais que possa dar as garantias
Diversas das estúpidas vazias
Manhãs onde ninguém sinta ou desejo.
Herméticos momentos solitários
E neles desprazeres sendo vários
Deixando-me confuso e sem sentido
Aonde houvesse brilho nada creio
E apenas vou herdando um tosco anseio,
Num corpo há tanto tempo desvalido.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25540
Não deixo de pensar nenhum segundo
Nas tantas e improváveis soluções
Diversas das que agora tu me expões
E segue o coração audaz e imundo,
Das podres ilusões quando me inundo
Vivenciando dores e os vergões
Marcando as minhas costas expressões
De um tempo mais cruel. Sou moribundo.
E tento disfarçar meu desengano
No olhar que tantas vezes é profano,
Mas traz os traços duros do abandono.
E quando eu me percebo em noite escusa
A morte em descalabro ainda abusa,
Nem mesmo do cadáver eu me adono...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25539
A vida se transcorre em turbulências
Diversas das que um dia imaginara
Uma emoção feliz é muito rara
Não adiantam mais as diligências
Na busca por sorrisos e clemências
Ausência de um carinho se declara
E a solidão persiste vã e amara
Enfrento as mais terríveis penitências
A morte talvez seja a solução
E nela fartos brilhos tomarão
O céu que se tornou escuro e frio.
Ao ver a etérea sombra de um passado,
Quem sabe no morrer veja outro lado,
E o encanto mesmo mórbido desfio...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25538
Vivendo tão somente um canto lento
Assentam-se os caminhos mais cruéis
E tento mesmo ausente destes méis
Domar o mais terrível pensamento,
Aonde se procura um manso alento
Encontro finalmente amargos féis
E os dias entre fúrias, carrosséis
Girando sem parar e me atormento
Inútil prosseguir, disso bem sei,
Quem faz de uma esperança tosca lei
Jamais conhecerá realidade
E tendo nos meus olhos o horizonte
Nublando sem o que o sol inda desponte
Somente a gelidez venal invade...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25537
Diverso do que tinha impaciência
Tomando meu caminho não permite
Que eu siga muito além deste limite
E assisto à evolução da decadência
E o corpo em sofrimento tem ciência
Da morte que deveras acredite
Tornando-se presente já palpite
E tendo a poesia esta incumbência
De esclarecer aos olhos do poeta
Ainda se envolvendo em outra meta
Esquece de se olhar defronte o espelho
E tendo esta verdade indiscutível
O pânico se mostra indescritível
Não sigo mais sequer qualquer conselho...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25536
Tomando meu caminho, cerca o vento
E nele me percebo em dor e cruz,
Aonde se pudesse ver a luz
Distante prosseguindo o pensamento,
Restando tão somente este momento
Que às trevas mais terríveis me conduz
E como praga a dor se reproduz
Deixando para trás contentamento.
Vencido pela angústia passo a ver
Somente a minha pele envelhecer
E as rugas neste espelho retratando
A vida que se foi sem harmonia
E quanto mais feroz a ventania,
Mais longe, no passado, um tempo brando...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25535
E traz na noite fria esta dormência
A ausência de quem tanto desejara
A vida ao mesmo tempo desampara
E leva pouco a pouco a tal demência
E tendo mais diversa uma cadência
A sorte se desfia, crua e amara,
Na poesia a luz que se escancara
Talvez seja uma forma de clemência.
A quiromante tanto me dissera
Que amor não resistindo à primavera
Teria tal inverno rigoroso,
Auspiciosos sonhos? Pesadelos,
E a cada noite posso enfim revê-los,
Distante do que foi prazer e gozo.
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
25534
Querendo estar contigo e vendo que
Caminhos diferentes a trilhar
Cerzida sorte em tétrico tear
Procuro o meu retrato, mas cadê?
Se tudo o que deveras já se crê
Persiste muito aquém do imenso mar,
Aonde com firmeza navegar,
Se uma alma se tortura e nada vê
Sequer as velhas sombras do que fomos,
E quando desta vida em frágeis gomos
Expresso a mais completa solidão
Querendo ou não querendo sigo assim,
Apenas aguardando então meu fim
Deixando para trás qualquer verão...
posted by MARCOS LOURES at Domingo, Março 07, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Segunda-feira, Março 08, 2010
25627
Aonde se escondeu a estrela fria
Que tanto se fez falsa em noite escura,
O quanto me perdi em tal procura
Minha alma sem remédio se esvazia
E o bêbado funâmbulo traria
A queda sobre a pedra turva e dura
Sinal do quanto valho e em tal loucura
Somente me restando a ventania.
Abrindo as escotilhas inda vejo
Naufrágio de um estúpido desejo
Amanhecendo em vão, tosca quimera,
E o passo sem sentido ou direção
Dizendo quanto a vida fora em vão
Não tendo uma emoção sequer que espera...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25599
Qual fora perseguindo este raro astro
Depois de tempestades no horizonte
Sem sol que ainda veja e não desponte
O barco não tem leme e perde o mastro,
Afundo enquanto em dores eu me alastro,
Mergulho no abissal buscando a ponte
Que um dia poderia ser a fonte
Não vendo do futuro sequer rastro.
Rastejo sobre pedras, réptil vago
E a morte com prazer ainda afago
Beijando a sua boca em podridão,
E o medo não produz qualquer mudança
A faca no pescoço adentra e avança
Com fúria numa exata direção.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25598
Razão de cada sonho mais audaz,
O verso que pensara ter valia
Aos poucos se transforma em voz vazia
E nele na verdade tanto faz.
O passo preferido leva ao nada
As chances não teriam mais valor,
O medo novamente ao meu dispor
Mudando esta visão tão deturpada.
Aspectos variados, beijo e corte,
Afiando assim a faca e o canivete
E quando ao nada ter já se remete
A seca dominando algum aporte,
Nesta aridez minha alma se detém
E morre solidária, sem ninguém...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25597
Extraviando a rota em tal seqüestro
Vestindo esta mortalha e enlutado,
O beijo pela dor silenciado,
Momento mais feliz sequer orquestro,
E sendo nesta vida tão canhestro
Percebo tão somente o mesmo enfado
E nele refazendo o meu passado,
O verso sequer tento nem adestro.
Esgoto os meus anseios no vazio,
E quando a realidade aqui desfio,
Enceto-me em mortais caricaturas,
Servindo aos meus senhores, sou o nada,
A sorte tantas vezes desprezada
Distante do que queres e procuras.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25596
De quem se fez feliz e quer bem mais
Apenas um sorriso não acode
Além do que deveras inda pode
Enfrenta estes terríveis abissais.
Eu sinto que o final já se aproxima,
Mordazes os momentos mais cruéis,
E neles enfrentando os velhos féis
O quanto é necessária alguma estima.
Estigmas que carrego são vulgares,
Mas tento disfarçar um ledo engano
Mudando a direção em novo plano,
Retorno sem saber aos tais lugares
Esgarço-me e demonstro em cada parte
O que se fez inútil e já descarte...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25595
Aonde se pensasse em liberdade
O ser humano muda toda a história
Bisonha criatura que em vanglória
Destroça o que inda houvesse em quantidade.
Estúpida quimera vaga solta
E traz nos seus olhares fogo e fúria
Mortalha se desenha em tal incúria
Deixando em polvorosa e tão revolta
A nave-mãe que um dia se fez nobre
E agora mero esgoto, mal suspira
Na mão de um verme inválido esta pira
Com bruma e com veneno a mãe encobre,
Depois deste serviço em vão completo
O rei dos animais? Simples inseto...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25586 até 25594
25586
Bebendo desta fonte poluída
Por tantas e terríveis ilusões
Na verdadeira face que me expões
A tradução perfeita para a vida.
A porta escancarada traduzida
No todo que deveras decompões
Aonde ao meu destino não opões
Verões em plena neve, tudo acida.
E quando esta carcaça se permite
Usar de uma esperança qual limite
Errático fantasma segue a trilha
E mesmo quando em fétidos aromas
O nojo neste instante; tu já domas
Minha alma em tom bem pálido rebrilha.
25587
Apenas os espinhos entranhando
A pele já desfeita em podridão
E o quanto novos dias mostrarão
Resumo de um momento amargo e brando,
As rapineiras chegam, ledo bando
Fazendo do cadáver, divisão,
Mortalha se tornando meu colchão
O mundo cada parte devorando.
Afasto-me dos sonhos, bebo as trevas
E quando te aproximas também cevas
Os restos deste espectro que inda sobram,
Deveras me entregando não resisto,
Sabendo que o culpado maior disto
Sou eu, e os meus demônios vêm e cobram.
25588
Resignado prossigo meu caminho
Rumando para a morte incontestável
Figura assaz comum e detestável
Satânico percorro e vou sozinho,
Nefasto caminhar me leva ao ninho
Deveras como fosse um intragável
Destino deste ser tão deplorável
Nos túmulos de uma alma vã me aninho.
E riscando os espaços nada deixo,
Sequer um rastro fétido. Não queixo
Sabendo ser assim a minha sorte,
Depois de tantos erros, desventuras
Nas mãos esta vergasta em que torturas
Condenas com escárnio à fria morte.
25589
Jogado pelas ruas como um pária
Já não pertences mais ao mundo que
Tentaste conhecer, mas já não vê
Figura caricata uma alimária.
Esgota-se por si tão temerária
Imagem deturpada que se crê
Maior do que deveras já se lê
No olhar ensimesmado da alma otária
Expondo esta faceta apodrecida
Ainda pensa ter alguma vida
E morto, perambula por aí,
Um cão entre outros cães e nada mais,
Nos sórdidos retratos vãos, venais
Sorrindo de si mesmo tal zumbi.
25890
Murmúrios prenunciam noites fartas
Em trevas adiando uma esperança
As nuvens provocando rara dança
Enquanto da alegria tu te apartas,
Jogando sobre a mesa as mesmas cartas
Somente o funeral de uma alma avança
Sarcástica figura em aliança
Futuro desde já sei que descartas.
E morto em vida segues qual fantoche
Exposto aos vis sarcasmos e ao deboche
Rolando sem destino nem paragem,
A podridão sondando cada passo
Que dás rumo ao vazio que ora traço
Selando em tom mais fúnebre a paisagem.
25891
Na lúgubre paisagem tal mortalha
Esboça este retrato mais fiel,
O olhar degenerado rompe o céu
E voa libertários corvo e gralha
Apenas quando vejo esta batalha
A faca se transforma em carrossel
Girando vagamente segue ao léu
Enquanto a realidade se atrapalha,
Adentrando no peito o canivete
A morte transcorrendo em paz intensa
Satânico caminho recompensa
A boca apodrecida me remete
Ao lago em placidez sob a neblina
Ao qual a nossa vida nos destina.
25892
Numa ávida ilusão feita quimera
A boca se escancara furiosa
Enquanto a própria vida já se glosa
Apascentar a fúria de uma fera
E dela toda a sorte degenera
E muda esta faceta cor de rosa
Agrisalhando o olhar se ri e goza
Do pânico que atroz, em todos gera.
A morte se mostrando nua e crua
Deveras nos tortura e continua
Atormentando até chegar o fim
E pútrido penhor nos devolvendo,
A carne noutra pasta convertendo
Aduba das daninhas o jardim.
25893
Mesquinhos abandonos em que vejo
Uma alma demoníaca e desnuda,
Penando a cada dia sem ajuda
Entregue aos vagos nãos de um vão desejo.
Afasto-me do espelho que me traz
A face decomposta deste estúpido
Aonde se fizera outrora cúpido
Agora se demonstra mais mordaz,
Voluptuosamente insaciável
Satânicos momentos que vivera,
E em cada deles sempre convivera
Com fera de perfil mais intratável
E entranha-se na podre criatura
Que mesmo após o fim atroz, perdura.
25894
Aonde se pensara em lucidez
A pútrida impressão do nada ser
A morte se aproxima e sinto ter
Nas mãos a mais completa insensatez
O quanto a realidade já desfez,
Caminho que cansei de percorrer
Fantoches do passado a recolher
O mundo que criara se desfez
Só resta então a podre sensação
Carcaça deste ser que sendo vão
Adentrando neblinas mais funestas
As cinzas coletando vida afora,
Apenas este odor fétido ancora
Imagem decomposta à qual te emprestas.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25585
Vestindo esta carcaça feita em vida
Ainda não consigo a liberdade
Na morte com certeza rompo a grade
Enquanto este delírio se decida,
Há tempos a minha alma vai perdida
Vivendo a cada dia enquanto brade
Apodrecida face diz metade
Completa-se em total insanidade
E prepara feroz a despedida.
No cerne da questão ser ou não ser
Sentindo a cada dia envilecer
O que restara ainda deste nada
No não ser me completo e assim percebo
Que cada vez bem mais disto me embebo
Até que a noite chegue, em vão... Nublada.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25584
Medonho caricato; eu nada tenho
Somente o soçobrar da embarcação
A morte se traduz em podridão
E assim perpetuando um vago empenho
Mergulho neste abismo que se abriu
E nele percebendo estas carcaças
Diversas das que geras quando passas,
No olhar mais demoníaco e assaz vil
Encontro as garatujas que pintara
Em formas mais bisonhas e satânicas
Tétricas figuras, mas orgânicas
Praguejo contra a sorte, tão amara
E erguendo-se por sobre o mar bravio
A Serpe num etéreo desafio.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25583
Os lábios que me beijam, descorados
Satânicos orgasmos prometidos
E assim entre demônios as libidos
Traduzem os delírios mais ousados
E quando se percebem estes Fados
Os fardos que carrego sendo urdidos
Por mãos destes canalhas desvalidos
Em dias com certeza mais nublados,
E as tramas nas quais vejo o meu retrato
Estúpidas quimeras desacato
E forjo outra saída mais sutil,
O rosto que se vê num vão espelho
Sulfídrica figura em tom vermelho,
Bebendo o sangue expõe meu lado vil.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25582
Das sombras, ressurgido Satanás
Vasculha nas entranhas deste que
Agora já sabe, mas só vê
O medo que se estampa, amargo e assaz.
Enquanto a névoa densa já me traz
No olhar entorpecido o que se crê
Este fantasmagórico buquê
Moldado num sorriso mais mordaz,
Eu sinto a minha pele apodrecida
E assim tomando toda a minha vida
Hercúleas emoções expondo a nu
A carne que deveras decomposta
Seduz a rapineira e cada posta
Devora com prazer este urubu.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25581
Amargos e violentos os delírios
Quebrantos que percorro em vã neblina
A morte pouco a pouco me fascina
E nela posso ver vagos martírios
Esboço reações, mas não consigo
Vencer putrefações tão costumeiras
E nelas as verdades são bandeiras
Expondo a cada passo outro perigo,
E teimo contra as forças das marés
Vigorosos, soturnos temporais
Entranhando estes vermes triunfais
Ainda permaneço sobre os pés
E sinto que se abala a frágil base
Por mais que a morte ainda em vão se atrase.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25580
Amordaçada sorte não me ilude
E dela me esquivando a cada passo
E quando outro momento ainda traço
Bem mais do talvez uma atitude
E necessário crer que a juventude
Ainda tenha em mim qualquer espaço,
Deteriorado sonho, me desfaço
E bebo a podridão, cruel açude.
Erguendo então um brinde ao nada ser
Esboço algum sorriso, mas percebo
Que quanto mais a morte em ti concebo
Maior deveras vejo o meu prazer
E sei que na verdade rapineira
Eu sinto a minha voz mais traiçoeira.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25579
Diária por saber felicidade
Cobrada de um poeta vagabundo
Num ágio sem igual, expondo o imundo
Caminho aonde a sorte me degrade
Mordazes os momentos em que luto
E teimo contra a força das marés
Sabendo meu amor por que tu és
O vento é cada vez mais forte e bruto.
Carvalhos arrancados na raiz
Escárnios costumeiros repetidos,
E os ócios contumazes das libidos
O tempo tanto afirma, mas desdiz.
E o jogo não termina e se refaz
Levando para sempre alguma paz...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25578
E nada nos maltrata ou atrapalha
Durante a caminhada sem destino,
E quando nos teus braços sou menino
Amor é fogaréu, mas pouca palha.
O gesto de abandono nunca falha
Vontade de partir, mas me domino
E o gozo anunciado, eu determino
Qual fosse um mero campo de batalha.
Permissivos desvios são vulgares
E neles muitas vezes seus esgares
Nefastas realidades se apresentam.
Marcados pela brasa em carne viva,
Enquanto esta verdade já me priva
Os dias são iguais e me atormentam.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25577
Pois temos neste amor, sinceridade
E tudo é tão fugaz. Mas mesmo assim
Teimamos e tentamos crer enfim
Que há sorte, mesmo contra a realidade.
O beijo se mostrara mais venal,
E o quarto de dormir desarrumado
Demonstra a insanidade do passado,
E o porto abandonando a tosca nau
Argúcia se transforma em heresia,
Ecléticas vontades deslindadas
As hordas muito mal acostumadas
Enquanto esta mentira desfazia
Uma alma em tais mosaicos enredada
Sabendo que ao final, não resta nada...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25576
Na ponta de uma faca ou de navalha
Os dedos decepados da ilusão
Os dias com certeza não terão
A mesma face escusa da medalha,
E quando a fantasia em vão se espalha
Tomando e negrejando esta amplidão
Perdendo há tanto tempo a direção
O corte se apresenta e nunca falha.
Acordo entre os espinhos mais comuns
Seleciono e guardo mesmo alguns
Sabendo desta herança em podre face.
O peso não suporto e se me dobro
A força ainda teimo e assim desdobro
O mundo feito em dor, vazio impasse...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25575
Contamos com a força da verdade
Para podermos ter alguma chance
E mesmo quando a treva ainda avance
O gosto de um prazer sequer invade.
A pútrida faceta escancarada
Carranca que devora e não sossega,
A sorte sendo audaz se mostra cega
E traz após tempesta o velho nada.
São lúdicos caminhos, disto eu sei,
Enamorada luz não me acompanha,
Falácias se perdendo em tola sanha,
Carcaça resta sobre a amarga grei.
E o beijo desencarna este fantoche
E dele a própria vida faz deboche...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25574
E somos prisioneiros deste sonho?
Jamais aceitaria esta falácia,
Não tendo nem sequer qualquer audácia
O que fizeste em trevas não componho.
E mesmo quando a vida não embace-a
A sorte se transtorna em ar medonho,
E o bêbado sem luzes, sou bisonho,
No sangue quase não existe hemácia...
A porta destrancada e mesmo assim,
A podridão expressa de onde vim
O parto se abortara e a vil placenta
Deveras desenvolve-se e sobeja
Ainda tem o olhar de quem deseja
Embora a vida nega e desalenta.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25573
Que se faz renovado a cada dia
O sonho mais audaz aprisionando
E mesmo se mostrando vez em quando
Realidade há tanto já não guia.
A farsa se desvenda e ora recria
Um templo onde prevejo em tosco bando
O gozo necessário desarmando
A podre condição, torpe heresia.
Compêndios não bastaram nem um tomo
E quando a fortaleza invado e tomo,
Saqueio os meus demônios e os desfaço,
Mas tudo se transborda em falsas luzes,
Deveras aos infernos me conduzes
Seguindo sem pensar vou passo a passo...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25572
Nas lutas que travamos, eu reponho
As armas já perdidas no passado
E quando me percebo amargurado
Ainda sem sentidos, teimo e sonho.
O caso é o que o futuro é tão bisonho
E nele quando estou mais entranhado
Percebo que não resta nem bocado
Do todo aonde às vezes decomponho.
A porta se fechando diz do quanto
Apenas herdaremos desencanto
E toda esta ternura fora inútil
Assento-me deveras sobre o fardo
Assim o passo audaz mato ou retardo
Sabendo que o viver se tornou fútil...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25571
Vontade muito além do que dizia
Poema de um antigo companheiro
No quadro desenhando vou inteiro
Deixando para trás a fantasia,
E a morte anunciada não permite
Sequer que eu veja um brilho onde não tem,
O passo desdenhoso nega o bem
E o peso ultrapassando algum limite
Extraio poesia da cachaça
E nela me inebrio e sem sentido,
O quanto desejara é dividido
E quem procura bem logo rechaça
Empórios em total liquidação
Meus olhos, novos dias não verão...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25570
No mundo que queremos, mais risonho
Apenas leves sombras reconheço,
O tempo se transcorre e não mereço
Sequer a fantasia que componho.
Eu vejo o meu futuro em tom medonho
A sorte já não sabe um endereço
E tudo variando sem começo
E quando canto assim, eu sei me exponho
Ridículos os dias sonhadores!
Matamos o jardim, queremos flores?
Não vejo nisto algum sentido, amiga.
Exatas são as nossas recompensas
Se as labaredas vejo sendo imensas
Destino em desatino já periga...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25569
Nós somos passageiros da alegria?
Quem dera minha amiga, quem me dera...
Aonde se escondeu a primavera
Que o inverno nunca mais nos largaria?
Espreito da janela e bem queria
Matar se ainda viva fosse a fera,
Mas quando a fantasia nos tempera
A boca escancarando uma ironia.
Exaltamos loucuras e fantoches
Expondo nossos dias aos deboches
Sarcásticos palhaços, dois bufões.
E temos histriônicos caminhos
Medonhos, mas sublimes passarinhos
Que matas quando em risos tu te expões...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25568
E assim, nada nos cala, nem alcança,
Tampouco nos trazendo algum prazer,
Inércia costumeira posso ver
Nas mãos de quem matou minha esperança.
A sorte se mostrando em tal vingança
Sorrindo de soslaio me faz crer
Que ao menos poderia parecer
Melhor quem no vazio ora se lança.
Ocasos em terrível firmamento,
E quando novas sendas inda tento
Atento aos dissabores, não me culpo,
E verso sobre o tanto que talvez
Ainda nunca viste e já não crês
E o fim em sordidez agora esculpo.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25567
De par em par, querida, a mesma dança
A vida se enlaçando com a morte
Sem ter quem na verdade ainda aporte
O brilho necessário, sem mudança
Ao deus dará meu sonho já se lança
E nele com certeza sem um norte,
Aprofundando sempre mais o corte,
Quem tenta novo dia nunca alcança.
Assomam-se terrores mais freqüentes
E quando tempestades tu pressentes
Assisto à derrocada em camarote.
Heréticas manhãs não me seduzem
E os dias ao final quando conduzem
Preparam com prazer último bote...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25566
Sentindo o teu respiro junto a mim
Eu vejo retratado o quanto fora
A vida em falsas luzes, tentadora,
Num átimo em teu lábio carmesim
A angústia discernindo de onde vim
Uma alma muitas vezes sedutora
Morrendo ao se sentir reveladora
Extremamente estúpida; eis meu fim.
Não posso desvendar velhos mistérios
E quando o tempo dita seus critérios
As farpas penetrando em carne viva
São pregos e tenazes que me prendem
E os sonhos finalmente já se rendem
Enquanto a fantasia agora priva...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25565
Um pesadelo horrível num segundo
Anunciando o fim da poesia
E quando esta verdade já se urdia
Deixara há muito tempo o tosco mundo
Retrato o meu passado tolo e imundo
Enquanto um novo tempo se recria
E nele morta em dor a fantasia
O velho coração de um vagabundo
Anseia algum momento em abundância
Revive o sortilégio de uma infância
Aonde o privilégio de sonhar
Vivenciara sempre com prazer,
E agora ao se notar e nada ver
Mergulha no vazio especular...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25564
Pensara que este estúpido destroço
Vagando pelas ânsias do não ser,
Ao crer no emaranhado de um prazer
Além do que em verdade já não posso,
Esgueiro-me entre redes e mortalhas
A serpe me acompanha em risos fartos,
Aonde imaginara novos partos
Apontam-me os olhares várias falhas.
E sei que talvez tenha tal coragem
De em falsas ilusões não mergulhar
Salgando com as lágrimas meu mar
Aonde não se vê sequer miragem,
Desertos me acompanham desde cedo,
E aos vastos deste nada eu me concedo...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25563
Numa alegria augusta; eu me aprofundo
Embora saiba bem a estupidez
Que a cada passo dado, mais tu vês
E dela sem defesas vou ao fundo
E vendo destroçado um peito imundo
Tomado por total invalidez
O peso do passado já desfez
A rota de um canalha vagabundo.
Apertando este cinto eu sei o quanto
O bêbado caminho em desencanto
Não poderia dar sequer sinal
E o vandalismo invade cada passo
E quando novo rumo ainda traço,
Aguardo tão somente o meu final...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25562
E vejo que não foi; querida, assim
O mundo que traçara no passado
O gesto repetido cancelado
Percorro e já sem flores o jardim
Estúpida quimera vê ao fim
O tempo com certeza mais nublado
E quando se percebe o torpe Fado,
Acendo o que me resta: este estopim
Bombásticos delírios de um poeta
E tendo a minha vida em frágil seta
O peso das vergastas não esqueço,
Não fora mesmo assim, minha querida,
Invalidando enfim a tosca vida
Marcada a cada queda, em vão tropeço.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25561
Estás comigo, amada, aqui ao lado
E sei dos tão diversos dissabores
Gerados pelos medos, vãos temores
Há tanto que protelo o anunciado
Momento toscamente desejado
Ainda que desvende em ti as flores,
Desejos muitas vezes tentadores
E neles ao final, um mero enfado.
Astuciosamente se percebe
O vário colorido desta sebe
Mesquinhos os abismos que traçaste
E neles minha queda se anuncia
Gerando o desfazer da fantasia
Enquanto tu te ris, tolo contraste...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25560
Eu posso te tocar, sentir teu cheiro;
Mas se equivale ao que pensara,
Desvio o rio em foz diversa e clara
E quando me percebo só me esgueiro.
Estranho o descaminho e vou ligeiro
Numa ânsia sem igual a alma declara
O medo que este olhar torpe escancara
Diverso do meu mundo corriqueiro.
E beijo em meus destinos, descalabros,
Altares sem sequer os candelabros
Desabo e percebendo tais ruínas
Ainda te gargalhas e ironia
É tudo o que deveras anuncia
Tua alma. Mesmo assim tu me dominas...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25559
O dia renascendo, iluminado,
Seria uma notícia prazerosa,
Mas quando não se vê sequer a rosa
O que farei do velho e agreste prado?
O peso em minhas costas demonstrado
Em noites claras traz a caprichosa
Verdade onde o prazer já nem mais goza,
E o templo que criei desmoronado.
Procuro pelas ruas o esmoler
Sabendo aceitarei o que vier
Esfaimado pedinte sem paragem.
E tendo no horizonte um sol vazio,
O estúpido caminho ora desfio,
Nublando dentro em mim tal paisagem...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25558
Ressonas sobre fronha e travesseiro
Pensando no talvez que nunca veio
O quadro se desenha e sem rodeio
O mundo não seria lisonjeiro.
Acordas e não vês o companheiro
E quando se percebe estando alheio
O gosto delicado de um recreio
Morrera há muito tempo em vão ribeiro.
Assédios tão comuns na juventude
Agora a fantasia não ilude
E a queda de um andaime é tão comum.
As pernas varicosas, olhos mortos,
Na vida coletados os abortos,
De amores que sonhara; vês nenhum...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25557
Beijo-te com carinho, aliviado,
E sei quantas quimeras enfrentei,
A sorte muitas vezes disfarcei
Em risos de ironia. Sei do fado
Que tanto tem por vezes destroçado
Caminho mais tranqüilo eu não trilhei,
E agora quanto mais longínqua a grei
Maior o meu desejo sem enfado.
Percorro os meus anseios e detenho-me
Nas furnas mais terríveis, mas embrenho-me
E sigo sem temer os vendavais.
Abismos corriqueiros, precipícios
Não deixo nesta estrada mais indícios
E sigo mesmo em tempos tão venais...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25556
O dia enfim renasce alvissareiro
E nele não se vêm brumas atrozes,
E quando se percebem noutras vozes
O canto que pensara o derradeiro,
Mergulho meu delírio num tinteiro
E alçando fantasias mais ferozes,
Encontro os descaminhos, bebo as fozes
E sei do mar imenso, timoneiro.
Infaustos coletados pela vida
Apenas me preparo em despedida
Na lápide epitáfios não desejo
Assumo a derrocada de um poeta
Que tendo a fantasia se completa
Somente no vazio de um lampejo.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25555
Ao ver as tuas costas, nuas, alvas
Entranho por caminhos mais audazes
E sei que tantas vezes tu me trazes
Apenas tão somente estas ressalvas.
E delas quando expressas negação
Escondo os meus desejos e pereço
Enquanto solitário me envelheço
Momentos mais felizes voltarão?
Não creio em tal falácia e sigo assim
Estúpido palhaço sem juízo
E tendo muito mais do que preciso
Sem medo vou chegando mesmo ao fim.
Etéreas ilusões desenfreadas?
Há tanto tempo sei abandonadas...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25554
As esperanças riem; fartas, sonsas
E fazem dos meus dias histriônicos
Caminhos que se mostram desarmônicos
Guiando as fantasias, geringonças
Diversas das que tanto concebi
E o peso me envergando não permite
Se crer nalguma luz pós o limite
E dele não retorno mais aqui.
Esgarçam-se os meus últimos momentos
Em furiosas sendas, vago em vão
E sendo o meu destino o de um senão
Que tanto se perdera sem alentos
Espraiam-se os delírios numa tenda
Diversa da que o sonho inda desvenda...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25553
Ao ver especular imagem minha
Desnudada figura envelhecida
Marcada pela angústia de uma vida
Que sei ser tantas vezes tão daninha
E quando a morte chega ou se avizinha,
A sorte se anuncia desprovida
De toda a maravilha e a despedida
Sem lágrimas aos poucos se adivinha.
Descrevo a minha senda sem pudores
E vejo após as chuvas, tentadores
Caminhos que me levem ao passado,
A juventude; esqueço em algum canto
E sinto do final doce acalanto
Momento tão temido e desejado...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25552
Tomado por encanto, adoradores
Dos mais diversos deuses encetando
Caminho tantas vezes duro, brando,
E nele seus poderes redentores,
Quem dera se somente fossem flores,
A espada muitas vezes desnudando
Na farsa de um cenário aonde um bando
Mergulha e dissemina seus terrores,
Aonde poderia crer que um Deus
Gerasse ao mesmo tempo o ledo adeus
E a fúria invés de amor entre os irmãos?
Somente numa mente doentia
A morte salvadora se faria
Tornando os nossos dias toscos, vãos...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
25551
Só isso, simplesmente, já me acalma
Saber dos meus fantasmas e enfrentá-los
A mão se lapidando em tantos calos,
A cada nova queda, novo trauma,
E sinto que se perdem dentro da alma
Momentos de raríssimos regalos
Sabê-los e vivê-los mesmo amá-los
É conhecer da vida toda a palma.
Mas sendo tão servil e insano creio
Tempestuoso mundo verte anseio
E nele me entranhando solitário,
Vestindo a falsa imagem que ora crio
Viver é com certeza um desafio
Um passo no vazio, temerário...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Terça-feira, Março 09, 2010
25652
Erotismo não é vulgaridade!
São coisas bem diversa disso eu sei
E não vou discutir censura ou lei
Por mais que esta falácia desagrade.
Apenas não me sinto constrangido
Em comer uma bela bucetinha,
Se preferir então, pererequinha
Sem ela o meu viver não tem sentido.
Perdoe, mas eu acho mais bonito
Do que falar em cópula, o trepar
Eu sei que isto parece mais vulgar,
De fraque, por favor, mudando o rito
É coisa que deveras não fascina,
Invés de uma xereca, uma vagina...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25651
Até o pobre Cristo é cafetão
Assim não dá mais pé, meu bom judeu,
O mundo de tal forma se perdeu
Maior do que o Senhor, grana e tesão.
O sexo é coisa boa, isso eu não nego,
Também que viva a festa e a bacanal,
Só não suporto mais cara de pau
Não vou ficar quietinho nem sou cego.
Em nome do MEU PAI, já vale tudo,
Aonde poderia ser altar
Agora transformado em lupanar,
Não vou ficar aqui bancando o mudo.
Só pensando em caralho, cu, buceta.
Em nome do Senhor? NÃO. DO CAPETA.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25650
Não perco um carnaval, destes, cristãos,
Adoro tomar umas vez em quando
Deu confusão? Depressa vou sarrando
A mão vai passeando pelos vãos.
A moça faz carinha de coitada,
Mas gosta desta puta sacanagem,
A bunda arrebitada dá coragem,
Nas coxas de um babaca uma encoxada
E seja tudo em nome do Senhor,
A putaria toma toda a praça
É reza misturada com cachaça
E nisto o pessoal faz seu louvor.
Olhando lá pra cima logo avisto,
Pedindo ao Pai perdão de novo, Cristo...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25649
Sagrado este direito, não renego
E viva sem temor, não é pecado,
Olhando de soslaio bem safado,
Senão vou acaba ficando cego.
A bunda quando vai rebolativa
Bagunça o meu coreto, dô na pinta
A cara de safada é de faminta
Da rola a pílantrinha não se priva.
E assim bendita seja entre as mulheres
A mais gostosa musa do pedaço,
Tem gente que garante que é cabaço
Banquete para cem, dez mil talheres.
Pra cantada responde sempre não,
Assim vou acabar mesmo é na mão...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25648
Ao cutucar uma onça em vara curta
Mexendo com a tal moralidade
Tesão é coisa nobre e quando invade
Não dê qualquer vacilo e logo curta
Melhor do que ficar tocando bronha
Fingindo de santinha do pau oco
Brincando com pauzinho quer um toco
Dê tudo e não precisa ter vergonha.
O sexo tá na Bíblia é bem sagrado,
É coisa que alivia uma tensão,
De vez em quando solte um palavrão
Pra que bancar assim, bem educado?
Delícia sem igual: uma buceta,
O celibato é coisa do capeta!
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25647
Não vou ficar chorando esta miséria
Tô vivo, isso é que importa, companheiro,
Depois de ter morrido por inteiro
A coisa na verdade andando séria
Renasço sem um puto no meu bolso,
Nem mesmo trabalhar tranqüilo eu posso,
O mundo continua o mesmo troço
A casa sem retoque nem embolso,
Assumo os meus pecados, vou em frente
Fodido e bem mal pago, sim senhor.
Poeta já não tem nenhum valor,
Tomando fluoxetina estou contente.
Calmante? Se está caro pra chuchu,
Melhor então mandar tomar no CU!
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25646
Já não suporto mais tanto vacilo,
E se estou me fudendo, azar o meu,
Quem tanto na verdade se fudeu
Da fudelança agora faz estilo.
Na boca da madame uma piroca
Bagunça o seu coreto, faz a festa,
Abrindo vem em quando a sua fresta
Do garotão, a rola, a porra entoca
Depois vai fazer plástica na cara
Na bunda e no peitão só silicone,
O dia passa junto ao telefone
Falando pras amigas escancara.
Marido na poltrona está roncando
E a vaca com um touro só chifrando...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25645
Enquanto o besteirol assim se alastra
A merda do soneto vira pó,
Não vou ficar aqui pedindo dó
Verdade se repete e não se castra.
Melhor fazer textinho onde testículo
Apronta confusão e dá ou desce,
Ou então aprendendo reza ou prece
Decoro vez por outra algum versículo
Se falo não explico só complico
Ninguém quer entender porra nenhuma,
Se o mundo proutras bandas já se ruma,
Preciso e mais depressa ficar rico.
Cansado de escrever tanta besteira,
Da sorte só levando uma rasteira...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25644
Que a putaria enfim seja bem vinda
E trague a todos muita fantasia,
Assim invés de reza, numa orgia,
Beleza sem igual já se deslinda
Calcinha aparecendo da mocinha
Fazendo um reboliço do caralho,
Tentando poesia me atrapalho,
Escrevo sem a métrica e convinha
Buscar um tratamento ou me virar
Cansado de pensar em sacanagem,
Falar de amor, agora, uma bobagem,
É coisa de boiola e não vai dar
Olhando prum espelho em auto-crítica,
Melhor outro caminho: o da política...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25643
Mandando tudo à puta que pariu
Cansado desta vida de panaca
Aonde uma verdade não se empaca
O resto da maneira que se viu.
Levando vez por outra uma porrada,
Chamando de meu louro, um urubu,
Vontade de mandar tomar no cu,
E dar na minha vida uma guinada.
A porra do soneto me vicia,
Não faço mais sequer um pensamento,
Assim vou acabar sem um provento,
Fudendo com a merda: poesia.
Ó Pai, Senhor Vê logo se me acuda
Preciso aprender logo uma auto-ajuda...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25642
Brasil já tá na moda sim senhor,
Europa vai ficar tupiniquim,
Tem gente que tá vendo nisto o fim,
Apocalipse agora? Noutra cor.
“Auriverde pendão” da putaria,
As coisas vão ficar muito melhor,
O resultado disso sei de cor
O mundo terminando numa orgia.
Tremendo e mais festivo bacanal,
Político trepando com a freira
Pastor paga boquete e de bobeira
Desfila novo enredo, o carnaval,
O patrocinador, outrora brama
Agora deve ser mister Obama...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25641
Não deixo de pensar em putaria,
A gente faz das nossas vida afora,
Velhice vem trazendo sem demora
O fim da minha história. Quem diria...
Depois de ser na vida acostumado
A dar de vez em quando uma trepada,
Agora vou tentar, amigo e nada,
Não tenho vocação para veado.
Pensando nos meus tempos, áureos tempos...
Eu vejo que fui bom na sacanagem,
Ficando só mirando esta paisagem
Não suportando assim tais passatempos.
Pior é que a verdade sempre arrocha,
Depois de tanto tempo. Fiquei broxa...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25640
Depois de muitos anos, garanhão
Agora ficou brocha. O que fazer?
Nem mesmo uma punheta dá prazer,
Cansado de ficar sempre na mão
Tá mole, mas tá duro pra caralho,
Sem grana não consegue um aditivo,
No dedo, todo dia um curativo,
A língua já deu câimbra. Que paspalho!
Vizinha peladinha na janela,
Mulher vive roncando a desgraçada,
Calmante toda noite? Uma furada.
Comendo a gostosona só na tela.
Diante de uma dor assim profunda
Vai acabar é dando a sua bunda...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25639
Vagaba, meu amor, um elogio.
Da meninada a moça faz a festa
Verdade é que não dá. Somente empresta.
A porra nunca sai do eterno cio.
Mamãe tá me esperando no portão.
Assim diz a piranha para mim,
Eu acho que virei um querubim,
Por que meu Deus, eu vivo ouvindo o não?
Sei que sou feio, mesmo pra caralho
Porém isso o Zequinha também é
Além de ter frieira e ter chulé
A moça vez ou outra dá seu talho..
Sonhando com a porra da buceta,
Só resta ao infeliz tocar punheta...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25638
Mandar alguém pra puta que pariu
Faz bem para a saúde, eu te garanto,
Melhor do que ficar curtindo pranto
Tremenda babaquice é ser servil.
Manda tomar no cu? Melhor ainda.
Mas tem que prestar nisso algum cuidado
Se o camarada vive acostumado
Um outro resultado se deslinda.
Poeta no Brasil, tudo babaca,
Prefiro a bucetinha da morena
Cultura nacional tá dando pena,
Assim é que esta porra já se empaca.
Leitura filosófica e profunda?
Só serve pra poder limpar a bunda!
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25637
Chupando logo a rola de um otário
A moça arrebitando o seu cuzinho,
Vontade de trepar devagarinho,
Na rua, no sinal, atrás do armário.
A puta faz sucesso co’a galera
Ninguém deixou de comer tal putinha,
Mas sei que na verdade não foi minha,
Será que vale à pena alguma espera?
Agora está virando sapatão,
Lambendo muita xana por aí,
Com tanta sacanagem percebi
Só faz para chamar uma atenção,
Mas anda num caminho todo errado,
O cara viva noutra, pois viado...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25636
Lavando com lavanda a bucetinha
A moça depilada em siririca
Assim vai terminar ficando rica
Bancando pra mamãe uma santinha.
Rodízio de boquete na balada,
E a puta numa rave demorô.
Já deu para papai, filim, vovô
Aranha com aranha? Acostumada.
Vagaba de primeira sob a saia
Calcinha se enfiando na xereca,
Carinha de menina esta sapeca
Caindo toda noite na gandaia.
Domingo vai pra missa. Obrigação?
Que nada, pois o padre é um tesão...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25635
Coçando a perereca esta vadia
Posando de putinha num Orkut
Verdade é que a tevê já nos incute
Vontade de fuder que me extasia.
Assim caminha a nossa mocidade,
A putaria está super na moda
O tempo vai passando e tudo roda,
Aonde vai parar a liberdade?
Xereca raspadinha da piranha
E o rabo do traveco balançando,
Poeta se fudendo em fogo brando,
Nem para o seu almoço o puto ganha.
Querendo um lugarzinho neste céu
Eu virar é dono de motel!
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25634
Imensa putaria no Congresso
A vaca da mulher tá na playboy
Assim a dignidade se corrói
E ainda vem falar “ordem/progresso”
Verdade quando dita sempre dói
E quando estou calado, eu me tropeço
Fazendo da emoção erro confesso
Quem tanto construiu tudo destrói.
Buceta faz sucesso na internet
A porra da poesia se intromete
Matando o que restou de uma esperança;
Verdade seja dita, minha amiga,
A coisa desse jeito já periga,
Repito então aqui: VIVA A FUDELANÇA!
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25632
Aonde se queria a primavera
O tempo não deixando restar nada,
Outono se transborda e na alvorada
Somente o frio imenso nos tempera,
Assim a vida traz tão longa espera
E nela o que se vê sonega a estada
Que um dia imaginei delineada
Em sonhos; mas a história degenera
E o quanto se queria em nova luz
Inverno desdenhoso reproduz
E assim vamos seguindo sem paragem.
Viver cada momento intensamente
Sabendo que o futuro não se sente,
Aproveitando assim a mansa aragem...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25633
Saudade dita normas complicadas
É como o renascer de algum defunto,
Falando sempre assim do mesmo assunto
Caminho se perfaz nestas estradas
Há tanto conhecidas no passado.
Beber no mesmo copo esta aguardente
Por mais que ainda queira só se sente
O gosto do retrato amarelado.
Lembranças do que foi? Não, minha amiga,
Retrovisor traduz em capotagem
E quando se prepara outra viagem
Esqueça, por favor daquela antiga.
Saudade, se inda tenho por aqui,
Somente do que outrora não vivi...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25631
Não quero ser bonzinho nem panaca
O tempo me ensinou a ter defesas,
Preparo a cada dia fortalezas
Senão a minha mula já se empaca.
Ficar com esta cara de imbecil?
A bunda já não vai ficar exposta
Tem gente que em verdade disto gosta,
Eu mando para a puta que pariu.
Vestindo de palhaço ou de bufão,
Cansado de levar tanta porrada,
Na vida agora só dando pernada,
Se bobear eu tasco um bofetão,
Mas levo de gaiato o meu viver,
No fundo o que eu desejo é ter prazer...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25630
O amor nos apresenta multiforme
Às vezes nos faz bem ou nos faz mal,
Caminho com certeza desigual
Pois enquanto acordado, ela bem dorme,
E quando noutra senda se transforme,
Baixando o santo, é briga na geral,
É canivete, foice até punhal,
Na cicatriz que tenho tão enorme.
Assim vamos levando nossa vida,
Às vezes muito bem, outras nem tanto,
Um curativo sana uma ferida
Depois recomeçamos ladainha,
Verdade se contém nisto que canto,
Só sei que sou só teu e tu és minha...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25629
Às vezes te procuro, cara amiga
E vejo que talvez fosse melhor
Ficar com prejuízo bem maior,
Pois logo recomeças com tal briga,
E assim o que fazer? Manter a calma...
Somente e nada mais, seguir em frente.
Sem ter sequer alguém que te apascente
Nem mesmo algum carinho inda te acalma.
Melhor sofrer calado, isso eu garanto,
A gente não combina mesmo não,
Armando este barraco em profusão,
Prefiro segurar a dor e o pranto,
No mais, tá tudo bem, e aí contigo?
- Verdade? Nem a pau, querida eu digo...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
25628
Quem dera se esta lua protegesse
Amantes que se buscam noite afora,
Apenas tão somente nos decora
É como se um divino ser tecesse
Em prata maviosa fantasia
E dela inspiração para se amar,
Mas quando se escondendo este luar
Escuridão tomando a cercania
Ausência de seus brilhos, lua amada
Trazendo tanta dor a quem sonhara,
A noite que já fora bela e clara,
Agora totalmente transformada,
Que faço se este brilho raro e bom,
Ofusca-se nas noites em neon?
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010
VOZES DO ALÉM TÚMULO
REFLEXOS DO PASSADO EM LUZ SOMBRIA
Quarta-feira, Março 10, 2010
25656
Não tanto quanto pude perceber
Vendidas pelas ruas falsas telas
E nelas ilusões tantas revelas
Perpetuando o golpe do não ser.
Escrotas divindades, botequins,
Nas aguardentes todas represento
O peso de um completo desalento
E como se pudessem tão ruins
Os versos que costumo ler. Deveras,
Auto-crítica faço e me permito
Dizer que nem nos meus eu acredito,
Aquém do que precisas ou esperas.
Porém não admitindo uma mordaça
Por mais que escrotidão, eu sei já grassa....
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Março 10, 2010
25655
Provavelmente o tempo desconversa
E traz a realidade sobre a mesa,
A par do que se vende por surpresa
A sorte noutra senda segue imersa,
São crápulas deveras, nada mais,
E quando se percebe tais figuras
Diversas das que tanto me asseguras
Serem caricaturas, mas reais.
Embustes entranhados por sucesso
Paspalhos compram luzes dos falsários
E quando se percebem tais corsários
O preço que se paga é retrocesso.
Recebo quem quiser na minha mente,
E assim psicografia se desmente...
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Março 10, 2010
25654
O pensamento ronda que ainda
Não pode discernir qualquer verdade,
Aonde se quisera quase abade
A porta se fechara e assim se finda
A luta de um vazio por talvez
Querer ser algo mais e nunca expondo
Realidade aos poucos decompondo
Mesmo que em tal tolice sei que crês
O parto trouxe apenas tosco feto,
Apática figura filosófica
A face se mostrando quase atrófica
E nela com certeza me incompleto,
Purgando dentro em mim a força insana
Aonde em podridão a voz se emana...
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Março 10, 2010
25653
Não venha me falar do quanto existe
Do medo ainda vivo nos estúpidos
Momentos onde mesmo em toscos, cúpidos
Olhares se percebe ao fundo o triste.
Esquadros e compassos, réguas tês
E tanta engenharia não permite
Que o sonho ultrapassando algum limite
Diverso do que teimas e não vês,
Acuda esta versão aonde o nada
Transgride e traz no olhar terror e dolo,
E quando vez por outra em vão me imolo
A história há tanto tempo degradada
Esvai-se enquanto a vida se perdia
Na torpe sensação de hemorragia...
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Março 10, 2010

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