MITOLOGIA ASTECA
1
Acolmiztli asteca deus, forte felino
Simbolizado em puma, com rugido
Que tanto ao assustar traz impedido
Caminho para um ser noutro destino,
E assim quando decerto não domino
O tempo noutro tempo percebido,
A morte se apresenta e sem olvido
A porta ora se abrindo em tom divino,
Porém tal deidade a quem tentara
Entrar, sendo vivente em tal seara
Assustadoramente retornava,
Do quanto se fez rude o sentinela
A sorte noutro passo desatrela
Esta alma que presume a fúria em lava.
2
A deusa Acuecucyoticihuati
Das águas que se movem soberana,
Imagem dando a luz enquanto ufana
O todo desenhado desde aqui,
Desta diversa face descobri
O quanto a própria vida nos engana
Nas águas quando a sorte além se dana
Marcando o que sonhara e já perdi,
De Chalchitlicue representando
Diversa esta expressão e desde quando
Mutáveis direções das águas plenas,
Por vezes tão pacíficas e amenas,
Ou noutras num momento mais nefando
Sem que decerto ainda em paz, serenas.
3
Amimitl, este deus dos pescadores
Apascentando as águas, suavemente
E nisto se permite plenamente
Viver além do quanto ainda fores,
E neste caminhar sem os rigores
A sorte se desenha e já se sente
Marcante delirar em absorvente
Cenário mais tranquilo e sem opores,
Porém quando decerto noutro tom,
O que se fez outrora calmo e bom
Investe em pestilência quando a vida
Contrariando o quanto poderia
Cerzir em novo tempo a voz sombria
Da imagem na esperança, desprovida.
4
Atlacamani dita em tal tormenta
O quanto a própria vida nos engana
E o tanto quanto possa em voz profana
Deveras no vazio se alimenta,
A sorte noutra face se arrebenta
E marca com temor o quanto dana
A luta se mostrando desumana
O corte se aprofunda enquanto venta,
Dos temporais diversos, sorte escassa
A vida se anuncia e assim devassa
O quanto poderia acreditar
Num novo e mais tranquilo rumo em paz
E assim enquanto o todo se desfaz
Atlacamani invade o imenso mar.
5
Atlacoya traduz esta aridez
E dela nada surge, a seca atroz
Negando da esperança alguma voz,
E nisto toda a sorte se desfez,
A deusa asteca mostra insensatez
Gerando sem caminho a rude foz,
E sei do quanto possa assim algoz
Marcar com heresia o que não fez,
Assisto à derrocada em solo agreste
E o tanto quanto pude ou já me deste
Ateste este desejo sem proveito,
E neste estio imenso, nada resta
Senão este cadáver de floresta
Na vida aonde a morta dita o pleito.
6
Atlatonin domina então as costas
E nesta face expõe a divindade
Asteca onde traz diversidade
E nisto outros momentos onde apostas,
Regendo outro caminho, se desgostas
A luta não produz a sanidade,
A mãe que se desenha enquanto brade,
Nas sortes tantas vezes decompostas,
Reinando em litorais, praias e areias
E quando noutro rumo devaneias
Atlatonin expressa o quanto rege
Ainda que se veja de tal sorte
O mundo aonde o nada nos conforte,
Cenário que se possa ser herege.
7
Atlaua esse deus que protegendo
Os pescadores e também arqueiros
E nestes seus caminhos verdadeiros
O tanto que se possa mais que adendo,
Senhor das águas vejo e assim entendo
Momentos mais diversos, corriqueiros
Os passos entre os sonhos são ligeiros
Cerzindo o quanto possa e me contendo,
As águas mais tranqüilas permitindo
O dia mais suave e mesmo lindo
Na pescaria feita em mansidão,
Além do que pudesse sol e lua
A sorte se aproxima em Atlaua
E nele novos dias se verão.
8
Ayauhteotl divindade rege a bruma
E assim aparecendo na neblina
No amanhecer soberbo já fascina
No anoitecer tramando o quanto ruma,
Trazendo a vaidade em cada olhar,
A deusa se permite em bela fama
E nisto desenhando o bem que trama
Tentando novo instante a divagar,
A soberana face em tons diversos
No céu avermelhado em róseos tons,
Grisalhos transformando velhos dons,
E nisto se traduzem tantos versos,
Imerso em tal divina magnitude
O sonho em tom brumoso, tudo mude...
9
Aztlan, onde viviam ancestrais
Dos Nauas gerando o povo nobre
Asteca que deveras se recobre
Em sonhos com certeza magistrais,
E neste desenhar ou mesmo mais
O quanto em alegria se recobre,
A sorte mais audaz tanto desdobre
Gestando em sonhos claros rituais,
Local indefinido aonde o passo
Trouxera tão somente o mesmo escasso
Disperso entre diverso sortimento,
Apenas da esperança de revê-lo
O mundo se anuncia em raro zelo,
E neste delirar eu me alimento.
10
Camaxtli deus da caça, da esperança
Um dos quatro criadores do planeta,
Aonde na verdade se arremeta
Enquanto noutro rumo sempre avança,
O mundo na inconstância onde se lança
Qual fosse na verdade algum cometa
E nisto todo o sonho se prometa
Tramando muito além desta mudança
Este inventor do fogo, em divindade
Traduz além de toda a claridade
Asteca maravilha sobre a Terra
E nesta soberana face eu vejo
O quanto se transforma num desejo
O todo que este pleito ora descerra.
11
Centeotl se afigura como um deus
Regendo em soberana imagem, milho
E deste caminhar eu compartilho
Restando do passado, sem adeus,
E quando a vida traça em turvos breus
O quanto poderia noutro trilho
Vencer o que deveras mais palmilho
Gestando dos caminhos, apogeus,
Um deus hermafrodita ou; mais, dual
Descendo sobre a Terra onde criou
Diverso sortimento que alimentou
Em ato tantas vezes ritual,
Do quanto poderia e segue além
O mundo se desenha e assim provém.
12
Centzon Totochtin, deuses das orgias
Bebedeiras diversas e dispersas sobre o mundo
E quando em tal cenário eu me aprofundo
Bacantes as astecas euforias,
E nesta sorte vária poderias
Gestar outro momento onde me inundo
Vestindo este cenário um vagabundo
Caminho entre tristezas e alegrias,
Da diversão reinando as divindades
E nisto descaminhos quando invades
Presumem o que possa ser sublime,
E quando recrimine o que se faz,
Num ato mais feliz ou mesmo audaz,
O todo noutra face se redime.
13
Centzonuitznaua reina sobre estrelas
Que trazem desde o sul a claridade
E nesta mais sublime realidade,
Deveras com prazer eu posso vê-las
Sublime este cenário e quando vejo
O tanto deste sonho asteca trago
O pensamento enquanto além divago
E bebo este momento mais sobejo,
Vislumbro de tal sorte o meu caminho
E vejo quanto possa acreditar
No sonho mais intenso feito em mar
E neste caminhar em paz me aninho,
Centzonuitznaua em sonhos dita
A sorte desejada e mais bonita.
14
Chalchiuhtlatonal traz em mansas águas
Reinado aonde o tanto se pudera
Vencer o quanto rege a sorte fera
E neste desenhar não vejo mágoas
E quando em esperanças tu deságuas
Marcando a mais suave primavera,
Inundações esqueço e a vida gera
Trazendo às esperanças calmas fráguas,
Incendiando o sonho em tal ternura
Gestando muito além já se procura
A paz que possa enfim trazer ao sonho
O tanto mais sensato ou mesmo enquanto
A vida com vigor quero e garanto
Tramando o que pudera e em luz proponho.
15
Chalchiutlicu ditando os nascimentos
E disto este batismo entre os diversos
Caminhos pelos quais os universos
Expressam seus momentos em fomentos,
Deusa dos lagos traz em tom divino,
O asteca caminhar onde desenha
A sorte que deveras sempre venha
Num ato tão sobejo onde o domino,
Não tendo qualquer dúvida caminhas
E nesta maravilha já se vê
A vida com brandura em seu por que
Deixando para trás tantas daninhas,
Versando sobre o quanto me asseguro
Do tempo mais suave no futuro.
16
Chalchiutotolin traz a pestilência
E gera a mortandade, deus cruel
E neste mundo amargo feito em fel
A luta se mostrando em tal ciência
A sorte não seria coincidência?
Não creio prosseguindo sempre ao Léo
Enquanto a morte cumpre o seu papel
A cada novo engodo, a virulência.
Mistérios em doenças, pragas, pestes
E nisto quando muito te revestes
Tentando outro caminho, mas não há
E o fim se anunciando sem defesas,
Os sonhos são deveras fáceis presas
E o mundo se acabando aqui ou lá.
17
Chalmecacihuilt traz seu ofício
Em dor e medo, gera das imundas
Paisagens onde em dores tu te afundas
Marcando com temor o precipício
Gestando a cada engodo o sacrifício
Em almas de outras sendas oriundas,
As sortes mais atrozes moribundas,
A morte se anuncia desde o início,
Assim ao penetrar estas quimeras
Somente o desespero tanto esperas
E as marcas do passado denunciam,
O quanto se sofrera ou sofrerá
Vagando sem destino aqui ou lá
Momentos tão temidos propiciam.
18
Chalmecatl; subterrâneo deus traduz
A imagem mais nefasta de outra sorte,
E gera o que decerto desconforte
Negando qualquer tom de frágil luz,
Assim ao quanto possa e não conduz
Marcando com temor, vigor e morte,
Sonega a quem sonhara algum aporte,
E o peso se transforma em contraluz,
Ainda que pudesse em melhor rumo,
Aos poucos no vazio eu me resumo,
Morrendo enquanto esfumo sem destino,
A senda mais atroz se revelando
No tempo sem descanso tanto infando
E nele nada além tento ou domino.
19
Chantico a divindade em fogo toma
Os corações e os sonhos, os vulcões
Reinando em mais diversas dimensões
Traçando este cenário feito em soma,
E nada com certeza ainda a doma,
O marco se transforma quando expões
A luta sem sentido em direções
Diversas das que possa em leve coma,
Porém traz dentro em si feitiçaria
E nisto noutro rumo perderia
O quanto com certeza; em paz, pudesse
E vendo este caminho em trevas feito,
O tanto quanto possa em rude leito
Negando para tanto qualquer messe.
20
Chicomecóatl diz fertilidade
E gera com certeza um raro bem
Tramando a cada instante o que contém
Enquanto a própria sorte em paz se brade,
O vento mais audaz que desagrade
Não deixa que se veja mais alguém
E quando a noite amarga volta ou vem,
Caminho destoando da verdade,
Mas tendo em solo fértil a esperança
O passo noutro rumo sempre avança
E gera o que trouxesse esta alegria,
A deusa asteca dita este futuro
Negando um passo atroz em mundo escuro
E nisto outro momento bordaria.
21
Chicomexochtli deita sobre as artes
O seu poder de deus e traz além
Do sonho quando o sonho já contém
Bem mais do que deveras tu compartes,
Marcando este momento aonde partes
E deixas para traz qualquer desdém
O mundo na verdade sempre vem,
Ultrapassando o quanto enfim descartes,
E tendo esta magia sempre vista,
O deus que soberano a cada artista
Protege e mesmo traz a inspiração,
Pudesse imaginar cenário nobre
Aonde toda a sorte se recobre
Moldando a mais diversa dimensão.
22
Chiconahui a deusa protetora
Das famílias e lares, traz a sorte
Moldando com firmeza cada norte
E nisto se mostrasse redentora,
A luta noutra face promissora
O quanto deste sonho nos comporte
Gerando com firmeza este suporte
No encanto onde se quer que a vida fora,
Vislumbro em paz sobeja o quanto quero
E sei deste caminho mesmo fero,
Marcante como fosse um tom suave,
E nada mais deveras poderia
Reger além da vida em sincronia,
Nem mesmo que outro infausto o rumo agrave.
23
Chiconahuiehacatl deus asteca
Partícipe desta nobre criação
Mostrando quanto em rumo e direção
A vida noutro tempo não disseca
A sorte que pudesse ser diversa
Ou mesmo atravessando em ledo fim,
Mas quanto da emoção trazendo em mim
O vento noutro passo além já versa
E brindo com meu sonho mais feliz
Ao quanto se anuncia em luz exata
Assim cada momento se constata
Tramando muito além do que ora fiz,
Cenário mais sublime em poesia
É tudo o que decerto eu mais queria.
24
Cihuacoatl, deveras a guerreira
Entre os astecas mostra o seu poder,
Traçando muito além de algum querer
A sorte mais diversa e verdadeira,
Ainda quando o rumo além se queira
O prazo não pudesse perceber
Reinando sobre tudo, eu posso ver
A luta desejada em tal bandeira,
Assim ao mergulhar neste cenário,
O tanto quanto fora temerário
Já não comportaria outro tormento,
Da deusa feita em fúria, a plenitude
Enquanto a vida atroz já desilude
Do sonho vigoroso eu me alimento.
25
Cipactli representa a astrologia
E gera também ela o calendário
Marcando noutro passo itinerário
Enquanto se transforma noutro dia,
A sorte em tal cenário se faria
E nisto o quanto rege imaginário
Cerzindo o passo sempre solidário
Ou mesmo noutro rumo, em utopia.
Vasculho meus caminhos e percebes
A vida se anuncia em novas sebes
E tanto que recebes podes dar,
No encanto desta deusa, outro momento,
Primordial mulher, em raro alento,
A vida nela eu vejo começar.
26
Civatateo são almas que assombrando
Quem tanto quis a sorte mais audaz,
E nisto outro caminho ora se faz
Gestando este momento mais infando
No parto nobres damas que morreram
Trazendo a vampiresca serventia,
E nessa realidade o que veria
Tramando outros cenários, desalentos
Restando quase nada do passado,
Nem mesmo uma nobreza em atitude
A sorte desairosa desilude
E rege o temporal, terrível Fado,
E neste delirar sem qualquer brilho,
A morte disparando o vão gatilho.
27
Coatlicue domina a vida e a morte
Trazendo em suas mãos todo o futuro
E nisto dita a lua em pleno escuro
Na claridade intensa que conforte,
Estrelas reluzindo em raro aporte
O tempo noutro passo mais maduro,
Porém assassinada onde asseguro
A vida perderia enfim o norte,
Nas mãos da própria filha esta atitude
E quando por vingança em plenitude
A morte da assassina se veria,
A deusa se traçando em tal mudança
E nisto ao quanto pôde e não alcança
A luta se desenha em ledo dia.
28
Cochimetl do comércio divindade
Protege os mais diversos mercadores
E quando noutro rumo além tu fores
Verás a cada instante a claridade
E o deus que tanto possa quando brade
Gestando em primaveras tantas cores
Deixando no passado dissabores
E nisto se aproxima em liberdade,
Ousando em calmaria a vida assim,
No quanto inda resiste dentro em mim
Já nada mais sacia este momento,
E nesta garantia em paz eu sinto
Meu mundo noutro passo em raro instinto
Enquanto em privilégio a luz fomento.
29
Quando Coualt; a serpe gigantesca
Alada e multiforme, poliglota
Sabendo distinguir diversa rota
Em forma mais audaz e romanesca
A sorte se adivinha pitoresca
E mostra o quanto possa e se denota
Na invisibilidade além já brota
Em senda quase mesmo quixotesca,
Figura que em fantástico momento
Trazida pelo encanto onde alimento
Meu verso em tal sentido, sem temor,
E quando se anuncia em luz superna
A dita neste ponto ora se externa
Grassando outro momento; em tal vigor.
30
Vendo Coyolxauhqui em noite clara
Trazendo a benfazeja sensação
Diversa da que possa em solução
E nisto todo o sonho se escancara,
A sorte a cada instante se declara
Marcante com ternura esta expressão
E desta mais tranquila gestação
O prazo noutro instante se prepara,
A lua desenhada neste céu
Desnuda esta beleza em raro véu
E molda a sensação da divindade,
E nesta maravilha em lua cheia
O quanto da beleza nos rodeia
E todo este delírio nos invade.
31
Enquanto o deus do vento, Ehecatl vem
Trazendo em doce alento o que inda possa
Gerindo esta emoção imensa e nossa
Deixando para traz dor e desdém,
O criador do amor traduz tão bem
O passo onde a verdade sempre endossa
E neste caminhar tanto contém
Marcando em consonância o que se tem
Regendo a mesma sorte além da troça,
E o sol sob o domínio deste deus
Atinge com sublimes raios seus
A imensidade feita em plena Terra,
Destarte todo o bem ali se encerra
Soando sem saber de algum adeus
A sorte mais audaz, que em paz descerra.
32
Huehueteotl o deus do fogo,
Trazendo em suas mãos novo cenário
Mudando todo o rude itinerário
Aonde a sorte fora mero jogo,
Permite que se veja muito além
E trace com delícia o que alimento
Tramando noutro instante este momento
Enquanto a fantasia em paz já vem,
Cerzindo em forte imagem o futuro
Renega este passado em pleno caos,
E traz ao caminhante outros degraus
Deixando para trás o tempo escuro,
E assim nesta bendita luz se vê
A vida noutro encanto, em outro quê.
33
Quando Huitzlopochtli, o deus da guerra
Trazendo em suas mãos o sangue a dor,
E neste caminhar o ditador
Cenário aonde a sorte já se cerra,
Vagando noutro instante o quanto se erra
Matando o que pudera sonhador,
O poderoso deus seja onde for
Tramando quando a luz ali se enterra.
Tirânica vontade dita o rumo
De quem procura a guerra em solução,
Porém o padroeiro da nação
Transcende ao quanto possa e me resumo
Na quieta sensação do nada ser,
Curvando-me deveras ao poder.
34
Tendo Huixtocihuatl poderes tais
Das águas deste mar, deusa e rainha
E quando se imagina o que inda vinha
Expressa nos momentos, sonhos, sais,
E tanto quanto possa quando esvais
Vencendo a solidão erma e daninha
A sorte noutro passo se avizinha
Dos mares da esperança imenso cais,
O mundo se anuncia imensamente
E quanto mais o tempo além se tente
O rumo desejado não traria,
Sequer o que pudesse noutra face,
Tramando o quanto quer e se mostrasse
Gerando apenas paz e fantasia.
35
Sendo Ilmatecuhtli deusa tão bela
Reinando sobre toda a maravilha
Criando estrelas que polvilha
E nisto a redenção em si revela,
Marcando o quanto possa e além se atrela
Gerando a luz bendita em rara trilha,
Porquanto a vida trama em armadilha,
Ou mesmo se anuncia em vã procela,
Mas quando a deusa traça com beleza
O todo se permite em fortaleza
E deixa este cenário em claros tons,
Quem possa desenhar com tal formato
O sonho mais sutil que ora retrato,
Traçando com firmeza os raros dons.
36
Itzlacoliuhque se castiga
Tramando esta vingança em raro ardil
Deveras muito mais do que se viu
Criando a sorte amarga e mais antiga,
No quanto a cada infausto desabriga
O tempo se anuncia bem mais vil
E quando poderia ser sutil,
A mão pesada nega apoio e viga.
Do duro enquanto frio caminhar,
Já nada mais permite até sonhar
Marcando com terror outro momento,
E neste delirar sem mais proveito,
Apenas no vazio ora me deito,
E bebo o sortilégio em desalento.
37
Temida Itzpapalotl traz má sorte
E marca com terror o dia a dia,
E nesta face espúria e mais sombria
Desenha sem defesa a dor e a morte,
Imunda sensação que desconforte
Quem tenta outro cenário e não veria
Somente esta mortalha teceria
Trazendo invés do sonho, medo e corte,
A bruxa desenhada em mariposa
Enquanto esta anciã de Mixcoatl esposa
Expressa o quanto veja de pior,
Tramando em ardilosa tempestade
O quanto a cada passo já degrade,
Deixando sem valia algum suor.
38
Ixtlilton este deus que à medicina
Regia com total sabedoria,
E neste ponto a sorte nos traria
O quanto a cada cura já fascina,
Marcante sensação tão cristalina
Saúde se transforma e se anuncia
Tramando aonde outrora não se via
Sequer a mesma dor que desatina,
Esculpo da esperança a sorte quando
O tempo noutro rumo se mostrando
Expressa este momento em claridade,
Assim ao se beber de alguma fonte
Enquanto para a sorte em paz se aponte,
Seara mais audaz em paz invade.
39
De Malinalxochi vejo o desenho
De insetos, serpes vagas no deserto
Escorpiões diversos, neste aberto
Caminho num terror em vago empenho
Aproximando então enquanto venho
E nesta insanidade me desperto,
Ousando muito além do quanto é perto,
O rumo noutra face ora desdenho,
E sinto a mais nefasta realidade,
Na fúria natural, o que degrade
Aspectos tão terríveis assumindo,
E quando se percebe o desafeto
O tempo noutro instante não completo
Sem ter sequer o sonho, como o blindo?
40
A deusa da tequila e deste agave
Mayahuel traduz a embriaguês
E nisto muito além do que ora vês
O tempo noutro tempo tudo agrave,
Liberta sem destino como uma ave,
O tanto onde não possa e mesmo crês
Criando o que decerto se desfez
Usando o pensamento como nave,
Assim ao se entranhar noutro cenário
Além do que inda seja imaginário,
O tanto que se quer ora desfila,
Destila a sorte imersa em cada gole
E neste caminhar a vida engole,
Trazendo ao fim de tudo, esta tequila.
41
Reinando sobre os campos Metztli traça
Fazendas, produção em agros rumos
Tramando deste encanto seus resumos
E quando a vida mostra a cena escassa
O tanto que pudesse se devassa
E marca com temores velhos sumos,
Mas logo se anunciam pós os fumos
A sorte noutro passo, além já grassa,
E o fato de sonhar e querer mais
Viceja em atos certos, magistrais
Rendendo a quem cultiva este proveito,
Granando além do todo desenhado,
O mundo se anuncia em nobre Fado,
Em tanta variável, vário pleito.
42
O deus das tempestades; Mextli traz
Em militares passos uniformes
E nisto se desenham tão disformes
Cenários onde morta vejo a paz,
E neste caminhar tanto mordaz
Os dias se apresentam tão enormes,
Sem nada que inda possas; não conformes
E deixes qualquer sonho para trás,
Assim ao se mostrar a realidade
Das guerras e cruéis brutalidades
O nada se avizinha e gera o medo,
E quando alguma luz se vendo após,
Somente o que pudesse em novos nós,
Do todo se desenha este arremedo.
43
A morte se anuncia em Mictlan vã
E nada do que possa ainda ver
Trouxera em tal cenário o que querer
Negando a quem adentra um amanhã
Deveras sendo sempre assim, malsã
Diverso caminhar, mesmo perder,
Somando no final em desprazer
A vida sonegando algum afã,
O rústico momento doloroso,
Num rumo tão somente desairoso,
Lugar comum aonde tudo encerra
Ausente sobrevida, nada traz,
Somente o delirar em tom mordaz,
Traçando esta endemia sobre a Terra.
44
Deus Mictlantecuhtli rege a morte
E dele ninguém foge ou mesmo escapa,
A luta se desenha neste mapa
Sem ter sequer o quanto nos conforte,
O prazo delimita o ledo rumo
Sem cais ou mesmo até sem direção,
E o tempo se anuncia desde então,
Apenas onde aos poucos já me esfumo,
E sei desta diversa fantasia
Aonde noutro encanto eu quis bem mais,
A vida se tramando em rituais
Mostrando o que jamais alguém queria,
Mas quando se anuncia o mesmo fim,
Retorno com certeza de onde eu vim.
45
Mixcóatl reinando sobre a caça
Trazendo com firmeza a dimensão
Dos dias que deveras mudarão
A sorte quando a vejo mais escassa,
E o tempo noutro instante tanto traça
Expressa o que pudesse em precisão,
Na seta que se aponta em direção
Ou mesmo no cenário que se faça,
Assim ao se mostrar a competência
Marcando com vigor esta ciência
Transita o sentimento aonde vem
O vértice do sonho ou com certeza
A luta contra a fera natureza,
Por vezes da verdade muito aquém.
46
Nanauatzin se atira em fogo intenso
E disto se apresenta o imenso sol,
Domina em claridade este arrebol
E neste caminhar me recompenso,
E quando se mostrara o bem imenso
Eu sendo um helianto, um girassol,
Procuro neste deus o meu farol
Enquanto em liberdade além eu penso,
Assisto ao quanto a vida se transforma
E gesta dentro da alma a rara forma
Alada fantasia segue além
Do quanto poderia e não tivera
Marcando este verão e a primavera
Na rara claridade que contêm.
47
Quando Ometecuhtli o deus supremo,
De todo este universo o criador,
Toando muito além de um refletor
O quanto a cada passo não mais temo,
E sinto que deveras já me algemo
No sonho sem saber qualquer temor,
Do fogo, da ventura, além senhor
Vagando sobre o todo extremo a extremo.
Das tantas e diversas fases vejo
O passo mais audaz, mesmo sobejo
Aonde andeja fora esta ilusão,
Supremacia dita o quanto possa
A sorte superando a imensa fossa
Trazendo os dias claros que virão.
48
Ometecuhtli o deus senhor de tudo
Omecihuatl, a deusa e companheira
No quanto se anuncia a verdadeira
Noção deste cenário onde transmudo
O passo quando muito desiludo
Marcante caminhar já não se queira
Pousando muito além da vida inteira
Deixando este passado agora mudo,
Apenas apresenta o privilégio
Vencendo o que pudesse em sortilégio
Essência masculina e feminina
O todo neste instante determina
A criação superna e majestosa
O quanto do prazer nos alucina
E molda esta certeza em clara sina
Futuro prazeroso se antegoza.
49
Opochtli este inventor desta armadilha
Usada como rede em pescaria,
Transporta dentro da alma o que teria
A sorte quando muito além já brilha,
Cenário onde esperança agora trilha
E marca com vigor o dia a dia
Tecendo o quanto possa ou fantasia
Uma alma sem temor, mesmo andarilha.
E tendo esta certeza me alimento
No quanto poderia o provimento
Piscosa cena vejo e assim me encanto,
Expressa a luz intensa em liberdade,
E desta tão sublime divindade
O meu sustento em paz quero e garanto.
50
Quetzalcóatl. O deus em expressão
Maior que na verdade se veria,
Trazendo em suas mãos a serventia
Gerada pela nobre sensação,
Do xocóatl, usado em rituais
Quando do cacau fora forjado,
Grassando sobre todo este reinado,
Marcando dias claros noutros mais,
E assim representando a força plena
Telúricos caminhos, redenção,
Somando estes momentos que verão,
Aonde a realidade tanto acena.
O deus supremo, dita em voz possante
O quanto a cada dia se adiante.
51
Tamoanchan, o paraíso aonde a sorte
Desenha-se divina e maviosa,
Enquanto na verdade o que se goza
É toda a maravilha que conforte,
Traçando com ternura o doce norte
Em vida mais feliz e majestosa
Num panteão sublime a caprichosa
Esperança tão bem ali comporte,
E vejo em tal superno e manso rumo,
O quanto do viver em supra-sumo
Pudesse me trazer algum alento,
E sigo em plena paz à eternidade
E neste dom sobejo que ora brade,
O todo que decerto eu busco e tento.
52
Mictlan que é com certeza este submundo
Aonde penaliza-se quem tanto
Na vida se fizera qual quebranto
E neste caminhar, atroz e imundo,
Cenário tão nefasto e me aprofundo
Nos ermos deste infausto e não garanto
Sequer o que inda possa ou mesmo um canto
Um coração deveras vagabundo.
Vacantes esperanças, no dantesco
Momento onde se molda este arabesco
E nada se tecendo, senão dor,
Das luzes? Nem sinal, a solidão,
Expressa esta temida dimensão,
Gerada tão somente por pavor.
53
A divindade além e soberana
Metafísica entidade que, suprema
Sem culto, adoração, tanto se extrema
Marcando com vigor e não se ufana,
Do tanto que pudesse sobre-humana
Imagem que deveras nada tema,
Dos sonhos e dos medos, velho tema,
Teotl esta potência asteca emana.
E tendo em suas mãos pleno poder,
Traçando noutro senso a maestria,
E quando se demonstra o que teria,
Expressa o quanto possa parecer
Num átimo desenha além da sorte
O quanto pôde, pode e já comporte.
54
Tezcatlipoca, o deus tão majestoso
Domina o céu noturno, lua e estrelas,
Senhor do fogo e mortes, que aos tecê-las
Provê todo o caminho caprichoso,
Assim se desvendando o quanto a vida
Presume a noite envolta em seus clarões,
Depois o que virá decerto expões
Na sorte no final em despedida,
A luta se aproxima e nada faço,
Somente espero o fim, é o que me cabe
E tendo este momento onde desabe
Não restará sequer o menor traço,
E o tanto que se quis e não viera,
Estio transformando noutra esfera.
55
Tlahuixcalpantecuhtli na alvorada
Trazendo o manso brilho sobre a Terra
Estrela d’alva além no céu descerra
Beleza tão sublime desenhada,
Assim a cada instante o quanto invada
Na bela fantasia que se encerra
Por sobre a mais audaz, gigante serra,
E nesta divindade o sonho brada,
Sublime imagem vejo e sei constante,
E nesta maravilha se garante
O novo amanhecer em azulejo,
Destarte o sol invade e a vida trama
O renascer diurno em clara chama,
Traçando o sonho bom que ora prevejo.
56
Tlaloc, o deus da chuva e tempestades
Senhor do Inferno vem e amaldiçoa
E a vida que pensara ser tão boa
Em outras faces sempre além degrades,
E quantas vezes mesmo quando brades
A vida do teu sonho se destoa,
E nada garantindo esta canoa,
Naufrágio entre temores, rudes grades,
Assim ao se entregar já sem alento
Bebendo os raios tantos, forte vento,
Relâmpagos cruzando o céu grisalho,
Inferno em vida, luta onde brumosa
A senda que querias majestosa,
Tramando o que não quero, mas detalho.
57
Em Tlillan-Tlapallan, este cenário
Em paraíso feito e dominado
E nele Quetzalcoatl traz demarcado
De tantos, um suave itinerário,
O deus dos ventos, da sabedoria
Traçando este destino após a morte
E nele o quanto possa e nos conforte,
Tramando o quanto dita em fantasia,
Um raro sonho feito em liberdade,
Mergulha em paraíso e dita o quanto
A vida se permite e se me encanto
Presumo este momento aonde invade
A força sem igual de quem procura,
Ao fim de tanta luta, uma brandura.
58
Teteo Innan, a lua quando cheia
A avó dos deuses reina sobre o imundo
Caminho onde o pecado invade o mundo
Embora a lua imensa; além, rodeia.
E quanto o pensamento devaneia
E nas ânsias maiores me aprofundo
Querendo e desenhando um vagabundo
Momento onde a vontade não receia,
A deusa feita em gozos mais profanos
De todos os pecados, soberanos
Traçando dos anseios gozo pleno,
E quando se anuncia em claro céu
Desnuda último pano e sem o véu
Ao sonho mais feliz e audaz me aceno.
59
Ao sentir Tzitzimime em bela estrela
Dominando este céu tão majestoso
Caminho que se faz mais fabuloso,
Na vida com vontade de contê-la,
Assim o que pudera nos trazer
Beleza constelar e posso em paz
Nos pirilampos claros o que se faz
Tramando o quanto viva em meu prazer,
Negar o desespero e ter a sorte
Do quanto me arrebata, em diademas
De luzes onde o sonho quando o extremas
Produzes o que tanto me conforte,
Marcantes emoções, caminhos tais,
E neles os espaços siderais.
60
Ouvindo Ueuecoyotl em festa sigo
O quanto poderia ser diverso,
Marcando com ternura cada verso
E sinto o quanto quero e neste abrigo
As danças e festejos que prossigo
Vivendo este caminho onde disperso
Singrando o quanto possa e sigo imerso
No quanto poderia e assim persigo,
Na dança, na alegria e melodia
Reinando a divindade em plena festa
O tanto quanto quero e se faria
Num ritual fantástico e sublime
Assim a sensação que a vida gesta
Expressa o que deveras mais estime.
61
Um colibri voando em primavera
Traçando esta beleza tão sublime
E o quanto na verdade nos redime
E nisto outro caminho se tempera
Parindo o quanto a vida por si gera
E nisto todo o bem que ora se estime,
E segue seu caminho e nos suprime
Do sonho em mais diversa e rara esfera,
Vitzliputzli, a deusa que é suprema
Reinando sobre a guerra, um colibri
Marcando em tal batalha o que senti
E nisto a própria vida nos extrema,
Da primavera ou mesmo deste inverno,
O mundo se anuncia céu e inferno.
62
Xipe Totec primaveril deidade
Reinando sobre as flores e a beleza
Gerando noutro tom esta certeza
Que nos trará enfim, fertilidade,
Ao quanto se pudesse na verdade
O tempo sem temor e sem surpresa
A luta se anuncia em correnteza
Marcando o que teimara e nos invade,
Em holocausto ao deus, o sacrifício
Ao esfolar um vivo ser humano
E nisto outro caminho onde profano
Cenário se transforma em precipício
Simbolizado assim todo o vergel
Variado num momento em luz, cruel.
63
Da serpente de fogo, esta arma atroz,
Xiuhcoatl dominando em guerra e luta,
A sorte desenhada não reluta
E traça na esperança a sua foz,
Assim neste momento ou mesmo após
A vida se mostrando audaz e bruta
E quando se transforma mais astuta
Rompendo num instante velhos nós.
Huitzilopochtli domina esta serpente
E usando-a nas batalhas mais ferozes
Moldando os passos rudes, vis e algozes
E nisto se transforma imprevidente
Matando quem deveras o atrapalhe,
A dita; num momento: um vão detalhe.
64
Xiuhtecuhtli a divindade em fogo
Mostrando este poder da fúria insana,
E marca quantas vezes desengana
Negando qualquer sonho ou mesmo rogo,
A luta se anuncia temerária
O verso não traduz tanto fulgor
E nisto se traçando com ardor,
A sorte muito aquém da imaginária,
Entranho este caminho e vejo o deus
Trazendo em fogaréu esta ardentia
E tento nesta vaga poesia
Prever qualquer momento, mesmo adeus,
Querências tão diversas, bem e mal
Domínios deste em ar tão desigual...
65
Xochipilli ao dominar o amor
E toda a mocidade em festa e dança
O quanto traz deveras e se lança
Moldando um mundo em bom, claro calor,
Gestando com beleza a rara flor,
O tempo noutro instante além avança
E causa, no final leda mudança
E marca outono e inverno com vigor,
Porém enquanto o deus da juventude
Domina o coração tanto se ilude,
E bebe da magia que não há,
Assim mesmo que seja temporário,
O reino se transforma em relicário
Guardado dentro em nós como um maná.
66
Xochiquetzal que do dilúvio escapa
Junto com Coxocox, seu marido,
Expressa o tempo aonde este sentido
Traduz noutro caminho o velho mapa,
E vejo ali Noé americano,
Trazendo o mesmo fato noutra face,
O quanto deste sonho sempre grasse
Marcando o que pudesse noutro plano,
Assim em concordância tanta vez
O que se visse ali, aqui ou lá
Expressa o que em verdade se verá
Depende tão somente do que crês.
Caminhos convergentes luz tão vária
A vida traça enfim, a luminária.
67
Xocotl reinando sobre a constelar
Diversidade feita no infinito,
Trazendo a cada passo um novo mito
Ou mesmo outro caminho a se buscar,
Neste momento vejo e num vagar
Sem prazo de chegar, intenso rito
Transforma o que pudera e mais bonito
Presumo este cenário a se moldar,
A divindade feita em diadema,
A sorte que em verdade nada tema,
O canto determina a liberdade
E o verso se anuncia em paz e trama
O mundo desenhando em sonho e flama
No céu se perfilando a claridade.
68
Qual salamandra eu vejo e configura
A divindade asteca, Xolotl traz
O fato de poder ser mais capaz
E nisto outro cenário se assegura,
A sorte que vencera e traz na cura
O quanto me sacia e satisfaz;
Mas vejo sonegada enfim a paz
E nesta sorte a vida em amargura,
Guiando as almas rumo ao turvo mundo
E neste desenhar em dor me inundo,
Mas tento a paciência que não há,
E vendo este final já sem remédio,
O tanto desenhado em medo e tédio
Expressa o que ninguém desejará.
69
Yacatecuhtli; deus dos mercadores
Protegendo o comércio dita em regras
As sortes tão diversas quando entregas
Em sacrifícios tais tantos louvores,
E sendo que deveras onde fores
O todo num instante mesmo integras
Ou solitário sei que desintegras
Morrendo onde pudera em multicores,
Assim ao se traçar cada futuro,
A vida traz um porto que inseguro
Expressa o quanto quero e possa ser,
Depois da treva em noite mais deserta
A porta que tentara e enfim se alerta
Presume o que inda possa amanhecer.
Um comentário:
Arre! Consegui chegar ao fim: 699 versos heroicos, 69 sonetos, um panteão de deuses Astecas em Avalanche que quase me sufoca a alma! Parabéns! Edir
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