quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

MITOLOGIA ESLAVA

MITOLOGIA ESLAVA

1

Baba Yaga

Baba Yaga, a mulher que vaga além
Usando uma vassoura limpa os rastros
E deixa a própria vida sem os lastros
Na fúria que a anciã tanto contém

Magérrima, ao montar no almofariz
Em moradia incerta, esta andarilha
Prepara atocaiada, uma armadilha
E mata, devorando um infeliz.

Nesta sinistra face, temerária
A imagem que se vendo já traduz
A ausência mais completa de uma luz
Na noite tão temível, solitária

Um ente desprezível o olhar em chama
Em tantas heresias, morte trama...

2


Os Reinos

Três reinos no Yggdrasil são resumidos
Como um carvalho imenso dividido
E nele cada parte tem sentido
Diverso, em tais mundos reunidos.

Na copa se desenha o Paraíso
Na fronde o mundo em tom material
Cenário que se faz consensual
Inferno nas raízes eu matizo,

Yav, Nav, Prav: o Céu, a Terra, Inferno
Assim se apresentando este universo
E nele cada passo mais disperso
Noutro momento vago ou mesmo interno,

E cada parte tendo o seu Império
O mundo se traduz neste mistério...


3

Dolja

A deusa do destino, Dolja trama
O quanto poderia e mesmo veio
Ou nada na verdade quando anseio
Traçando mais sutil a leda chama,

O corte se transforma em mero drama
E quando se encaminha em tom alheio
O mundo se presume onde rodeio,
Porém a solidão tanto reclama,

A sorte de tal modo nos levando
Ao quanto não se via desde quando
O sonho que deveras apascenta

Por vezes deprimindo cada passo,
Gerando o que se fez agora escasso
Na vida sem sentido, violenta…

4

Perunú

O deus das tempestades traz em frágua
Eternamente acesa, o seu caminho
Nos raios, fogaréu trama onde alinho
O peito feito em dor, temor e mágoa,

Aonde o meu tormento ora deságua
Um mundo tantas vezes mais mesquinho,
Aonde um andarilho vai sozinho,
E enfrenta o temporal em ventos e água.

E quando a labareda se extinguisse
A fúria tão somente o que se visse
Em Perunú e a morte se abatia

Por sobre o servidor que não cuidasse
Do fogo com denodo e sem impasse
Jamais veria além um novo dia...

5

Podaga

Podaga; o deus do tempo e das estâncias
Diversas que se mostram dia a dia,
Nas intempéries, secas, agonia,
Nas chuvas e nos ventos, discrepâncias
Assim ao se mostrarem tais distâncias
Dos pólos sem saber de uma harmonia
A Terra volta e meia se invadia,
Em indolentes passos, ledas ânsias.
O tanto que se quis e não coubera
Na sensação temível de uma fera,
Ou mesmo em primavera esta florada,
A vida transmudando e retornando
Ao quanto num cenário amargo ou brando
Neste domínio imenso, o tempo brada.



6

Pripegala


O deus do sol domina amanhecer
Pripegada traduz plena vitória
E a vida que noturna é merencória
A cada novo dia a renascer,
E assim tramando o quanto possa ser
Neste infinito passo rumo à glória
E o tempo se moldando na memória
Do quanto poderia mesmo crer,
Assim ao se entregar em vasto espaço
O meu futuro além deveras traço
E bebo o brilho que me traz o sol,
E vendo assim este caminho em luz
Meu passo neste rumo enquanto o pus.
Uma esperança a anunciar farol.

7

Rodjenice

A criação humana se devendo
A Rodjenice o deus que assim gerando
A humanidade em tempo atroz e brando
Marcando o ser supremo, vil e horrendo.

A sorte trai e neste tanto vendo
O tempo noutro passo se moldando
Escasso caminhar em tempo infando
Ou mesmo a luz a demonstrar o adendo.

Expressa em tom diverso o quanto existe
E possa ser além alegre ou triste
Incontestavelmente mais diverso,

E quando o homem fez-se sobre a Terra
Ao inundar o solo em sangue e guerra
Gerara este cenário mais perverso.

8

Rugievit

O deus que domina arte da guerra
Com sete faces; imenso e mais dantesco
Rugievit se mostra em gigantesco
Caminho transformando toda a Terra.

Um gládio em sua mão direita eu vejo
E sete na cintura, demonstrando
A fúria deste ser, um deus nefando
No olhar tempestuoso, malfazejo,

Guerreiro como Marte, na verdade
A sorte mais atroz traz, pois consigo
E quando nos condena ao desabrigo,
O tempo noutro passo se degrade,

E o vento leva além uma esperança
Que aos poucos sem caminho, enfim se cansa.

9

Russalka

Russalka belas ninfas, na verdade
São almas virginais e de tal sorte
O quanto esta beleza nos conforte
Representando a nobre puberdade,

E quando o coração assim se invade
Tentando descobrir um claro norte,
A vida feita após a própria morte
Traduz nas ninfas; sonho que ora agrade

E vendo tal diversa fantasia
Meu mundo noutro tempo se faria
Diverso do que vejo desde agora,

A sutileza trama esta esperança,
Porém o dia a dia tanto cansa
E a sensação do nada me apavora.

10

Sudjenice

Sudjenice traduz nosso destino
E dita o que virá nesta Fortuna
Num infortúnio ou luta mais soturna
O quanto na verdade não domino,
E perco o meu caminho e desatino,
E sinto o quanto o passo já desuna
Que tenta vicejar; porém se puna
No sonho que julgara cristalino,
Destarte quando vejo a realidade
Sudjenice mudando a direção
Dos ventos noutro cais, a embarcação
Sem rumo num naufrágio se degrade
E vendo este momento desandando
O quanto me espreitava é mais nefando.


11

Tiernoglav

Tiernoglav; divindade que guerreira
Representava enfim expedições
Vitoriosas; quando assim expões
O quanto deste sonho tanto queira,

A luta tendo a sorte por bandeira
Ousando nas diversas dimensões
E nisto outro caminho em furacões
Ou mesmo nesta dita derradeira.

Eslavo-russo deus negra cabeça
Bigode prateado, força e fúria
E neste desenhar a lei espúria

E nela todo o fim deveras teça,
Marcando com vitórias sua história,
Se condenando então à rara glória.

12

Triglav

Tricéfalo este deus que governava
Os reinos; Céu e Terra e mesmo Inferno,
Neste poder supremo enquanto externo
Caminho feito em luz, em paz ou lava,

Uma alma se perdendo sendo escrava
Do quanto se deseja ser eterno
O delirar aonde um dia terno
Deveras noutro engodo trama a trava.

Expressa a cada instante o desafio
E em nove lanças presas sobre o solo,
No cavalgar traduz aonde assolo

O ser vitorioso onde me guio,
Tocando qualquer lança por acaso,
A sorte se perdendo em duro ocaso.

13

Turupid

Um deus guerreiro traz em tantos sons
Diversa dimensão que assusta e move,
Turupid na verdade se promove
Em tantos e diversos megatons,

Os sonhos disfarçados em neons
A vida dita além prova dos nove
E o quanto no caminho se remove
Mantendo ou transmudando velhos tons,

Assim ao se entranhar em passo rude,
O quanto se deseja desilude
E marca no final a guerra em si,

E quantas vezes; tolo, eu me perdi
Deixando para trás a juventude
Sem nada que decerto inda se mude.

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