domingo, 6 de novembro de 2011

NADA ME IMPEDISSE DE SER FELIZ...

Mas nada que me impedisse
De ser feliz.
A não ser o vento triste
Que trouxe amor em bocados
E fazendo dos meus medos
Arremedos e disfarces.
Amor que tem mil faces
Embaça minha visão.
Não me peça mais perdão
Não há bem que se perdure
Mesmo alma que cure
Alma que não se procure.
No boteco da saudade
Tanto gole de conhaque
Vivendo mais de araque
Que da tal felicidade
Que traz sombra
Na verdade
Mas, sinceridade,
Quem não gosta?
Amor sempre se aposta
Embora tanto desgosta
No salto do vira-bosta
No pulo do coração.
Receite amor, seu doutor.
Vais ver quanto que cresce
A sua freguesia.
Amor é vida vadia
Mordendo, depois assopra,
Acalma e depois alopra.
Faz pecado e sacristão,
Na prancha que não surfei
Onde mares naveguei
Onde oceanos passei.
Mas eu não sei nadar!

Por falar em natação
A nada ação
Também dói.
Embora menos um pouco,
Receba a sorte miúda
E tenha a vida graúda
Nas asas dessa paixão.
Da cor de uma graúna
Dureza tem da braúna
Coloque a tua escuna
E parta para o vazio.
Quem sabe no novo cio
O ócio não se desfaça.
Amor é minha cachaça
Embora não saiba amar.
Também eu sou abstêmio!

No reverso da medalha
Amor não me atrapalha
Apenas compensa a pena
Que na pena da saudade
Bateu asas, avoou...

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