CANTO MATINAL
O canto matinal dos passarinhos
Adentra meus umbrais e vejo ali
O tanto quanto em luz me permiti
Deixando para trás medos daninhos.
Meu verso se transforma e dos espinhos
Marcando o quanto quero e presumi
Vestígios de outras eras quando os vi
Soubesse da emoção diversos ninhos.
Apenas o que trago sem remédio
Expressa a solidão no imenso tédio
Refém de alguma sorte mais atroz,
A morte se anuncia de repente
E o todo na verdade não se sente
Senão a mesma face deste algoz.
MARCOS LOURES
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