ENTREGUE ÀS FERAS
O mundo entregue às feras e eu aqui,
Tomando o meu sorvete calmamente,
E quanto mais o tempo se faz quente
Maior esta certeza do que vi,
A podre sensação da qual sorvi
O tanto que talvez inda apresente
A morte noutro fato, mais contente,
Trazendo o que talvez não conheci,
Enverga-me o terror e nada sendo,
Apenas do passado algum adendo,
Adentro pelos ermos deste vão,
E tanto poderia ter em mim,
Ainda qualquer flor, pomar, jardim,
Mas como se não vejo irrigação?
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