domingo, 6 de maio de 2018

TRAZENDO DO SERTÃO


Trazendo do sertão as velhas marcas
Dos cortes entre tantos espinheiros,
Nesta aridez de um sonho sem sentido
No caminhar exposto ao longo estio,
O vento da esperança mal bafeja
E a fera atocaiada numa espreita

Minha alma tantas vezes nesta espreita
Traduz em arranhões diversas marcas
E traz enquanto o tempo em bafeja
A dura sensação dos espinheiros
E nisto o quanto gere cada estio
Adentra e dilacera algum sentido,

O tanto que presuma e sei sentido
No canto quando pude além da espreita
Marcado pela fome neste estio
Que deixa tão profundas, duras marcas,
E sigo contra tantos espinheiros
Enquanto a solidão ruge e bafeja,

A sórdida expressão que ora bafeja
Deixando cada passo ser sentido
Aonde o meu caminho em espinheiros
Tramando noutro passo a velha espreita
Deixasse as mais diversas tantas marcas
Grassando feito peste neste estio,

Verão que não sossega em ledo estio,
A fúria se desenha e assim bafeja
Traçando no meu corpo suas marcas
E nestas ilusões, perco o sentido,
E vejo o quanto a morte numa espreita
Presume além dos tantos espinheiros,

Adentro sem temor tais espinheiros
E vejo o quanto reste neste estio
A luta sem sentido agora espreita
E trama a solidão que enfim bafeja
Moldando em minha vida um vão sentido,
E nesta angústia sinto velhas marcas,

E quando tu me marcas, espinheiros,
O mundo em dor sentido, traz no estio
A morte que bafeja numa espreita...


MARCOS LOURES

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