1
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O sonho mais feliz
Aonde o bem se quis
E tanto procurar
Nas ânsias a vagar
O peito em cicatriz
O sonho é chamariz,
E tento este luar.
No olhar manso e sensato
No quanto eu me retrato
Mergulho sem defesa
A sorte se transforma
E toda a rara forma,
Sublime da beleza.
2
Esqueço minha agrura
E encontro a paz enquanto
Ao menos eu garanto
A vida em tal ternura
E nada me amargura
Esqueço algum quebranto
E assim eu me levanto
Em aura clara e pura.
O todo se perfila
Na vida mais tranquila
Ausência de terror,
E sei da claridade
No quanto em liberdade
Conheço o bem do amor.
3
Passeias pelo campo
Em flórea maravilha
E quando ali palmilha
Nos sonhos eu encampo
O quanto posso ter
No amor a sorte imensa
E quando se compensa
O gozo a se verter,
Resumo em verso e canto
O todo que pudera
Sem medo a primavera
E nela já me encanto,
Vencido caminheiro
Entregue por inteiro.
4
Os bosques e pomares,
Os sonhos mais felizes,
Ausentes cicatrizes
Aonde tu tocares,
Os dias se notares
Conforme queres, dizes
Jamais enfrentam crises
Adentram os luares
E sei do quanto posso
Viver sem ter destroço
Algum do que passei,
Na cena mais suave
O quanto não se agrave
O amor que imaginei.
5
Sob uma cabeleira
Em fulva fantasia
O quanto já se cria
A história derradeira,
A mão aventureira
Deveras não sacia
E bebe a poesia,
Aonde a paz se esgueira,
Vencendo os meus anseios
Encontro em ti os veios
E tão profusamente
Adentro o paraíso
Num passo mais preciso
No amor que a gente sente.
6
O sol fica feliz
Ao ver no teu olhar
Qual fosse algum luar
Dos sonhos chamariz,
E tendo o que mais quis
Encontra o raro par
Num belo imaginar,
O todo assim eu fiz,
Enquanto fomos um,
Sem medo mais algum,
Intenso vendaval,
A vida não permite
Além deste limite,
Eu vejo este final.
7
E em raios carinhosos
Pudesse ter somente
O amor que me apascente
Em dias pedregosos,
Vencendo os caprichosos
Caminhos sempre tente
Viver mais plenamente,
Sonhos voluptuosos.
Restando a quem deseja
A sorte mais sobeja
Ou nada. Mesmo assim
Adentro esta incerteza
E bebo a correnteza
Lutando até o fim.
8
Nas pastagens, o sol
Tomando este cenário
Além do imaginário
Reinando no arrebol,
O amor, nosso farol
Sem ser mais temerário
Encontra o necessário
Caminho e segue em prol,
Deixando para trás
As dores, mais audaz
Adentra este infinito,
E quando se percebe
Tomando toda a sebe
O sonho mais bonito.
9
O gado, aos belos raios
Do sol que se entranhara
Com fúria em jóia rara,
Ao longe sem desmaios
Ainda vejo aqui
O quanto imaginei
Do todo que sonhei
O amor eu percebi,
Vencendo qualquer medo
Tramando esta promessa
Aonde recomeça
A vida sem segredo.
No prado ou na cidade
Viva felicidade.
10
A dona desse olhar
Reinando sobre mim,
Tomando início e fim,
Gerando outro luar,
Vencido sem lutar
Querendo sempre assim
O brilho em meu jardim,
Beleza a desfrutar,
Não posso e nem podia
Ausente fantasia
Saber desta clemência
E agora que tu vens
Traçando raros bens
O amor em providência.
11
Mal percebe meus olhos
Quem tanto quis um dia,
E agora se esvazia
Canteiro em vis abrolhos,
Resumo de um momento
Aonde imaginara
A vida bem mais clara,
Porém já nada tento,
Medonha face vejo
Do sonho em novo rumo
E assim eu me consumo
Aquém deste desejo
Tecendo esta mortalha,
A morte em mim se atalha.
12
A natureza absorta,
O tempo de sonhar,
Buscando algum lugar
Abrindo qualquer porta
Aonde o sonho aporta
E trama outro luar,
Percebo e quero amar,
Já nada mais importa.
Restando solitário
Além do necessário,
Cansado desta lida,
Encontro sem temor
Nas ânsias deste amor,
Enfim uma saída...
13
Respeitando esta cena
Aonde o amor porfia,
Gerando a fantasia
A sorte me serena,
Quem sabe sendo plena
Tomando o dia a dia,
Matando uma agonia
Em tarde tão amena.
Ocasionando o brilho
Aonde agora trilho
E sei felicidade,
Depois de tantos danos,
Em erros desenganos
Encontro a liberdade.
14
Perfumarem teus passos
As flores deste prado,
O quando fora dado
Em dias turvos lassos
Agora vejo os traços
E neles o passado
Há tanto abandonado
Ocupa seus espaços,
Vencido pela sorte
Alheia e sem suporte
Jamais serei feliz.
O todo nunca vira
A vida uma mentira
Aonde eu me desfiz.
15
Lua sobre esse pampa
Divina maravilha,
O sonho quando trilha
Ali também se acampa,
A sorte desairosa
Há muito se esquecera
Agora percebera
A senda majestosa,
E tendo esta certeza
No olhar de quem te adora,
A vida sem ter hora
Aflora-se em beleza.
E sei quanto é sincero
O amor que tanto quero.
16
Eu ando procurando
As sombras do passado
Aonde sonegado
O tempo bem mais brando
Os sonhos, mero bando,
O rumo destroçado
O corte anunciado
O peso me inundando,
Não quero saber mais
Dos sonhos desiguais
Bem como do vazio
Então ao ver a face
Do amor quando desgrace
Seus ermos não desfio.
17
O meu tempo passara
Nos seios da esperança
A sorte sem lembrança
A manhã nunca clara,
O beijo se escancara
A porta em aliança
Ausente confiança
A morte se declara
Na ponta do punhal
No corte magistral
No arisco sonhador,
Cavalos num tropel,
Adentram rumo e céu,
Mudando toda a cor.
18
Horas celestiais
Delírios de um poeta
A vida se completa
Em atos divinais?
Não posso nunca mais
A senda predileta
A morte não afeta
Nem rompe tais cristais,
Porém o desamor
Gerando o dissabor
Não deixa nada além
Do vago que ora trago
E sem sequer afago
Apenas treva vem.
19
O céu iluminado
O riso, o gozo a festa
O quanto que me resta
Do tempo imaginado,
O gozo em fino prado
A sorte noutra fresta
O mundo não se empresta
A quem o tem negado.
Vestindo a fantasia
E nela se recria
Cenário mais sublime,
No quanto fora amargo
O medo agora eu largo
E a paz já me redime.
20
Cobertor divinal
A lua com seu manto
Além do que garanto
Em cena sensual,
Transcende ao seu normal
E espalha em todo canto
Beleza em que agiganto
Meu passo em ritual,
Cevando dentro em mim,
O amor que não tem fim,
A sorte mais feliz,
Depois de tantos anos
Em medos, desenganos
Encontro o que mais quis.
1
No seu mata borrão
Amor não se sacia
E quando em fantasia
É vinho e dita o pão,
Momentos que virão
Em dor e em alegria
Ou medo ou agonia
Inverno ou no verão,
Sedento e concedendo
Sem medo e sem remendo
Apenas por haver,
Amor já não se basta
Aos poucos nos arrasta
Ditando o meu viver.
2
Derrama sobre o campo
Em flores mais diversas
E quando ali te versas
Em ti querida acampo,
Buscando esta certeza
Em ritos e vontades
Enquanto tanto agrades
Seguindo esta certeza
Destreza em cada toque
A correnteza eu sigo
E tendo em ti o abrigo,
No tanto onde se enfoque
A vida mais gentil
Que amor nos permitiu.
3
Na guaiaca repleta,
Os sonhos que carrego
Os mares já navego
Em senda predileta,
Quem dera ser poeta
Viver onde me entrego
E ter neste nó cego
A vida mais completa
Resumo do passado
Aonde nada havia
Agora a fantasia
Num passo demarcado
Adentra o coração
E toma a direção.
4
Mais sonhadores, levo
Os olhos para além
E quando a noite vem
Em ti querida atrevo
E todo amor que cevo
Jamais vive o desdém,
No bojo sempre tem,
Um ar calmo e longevo,
Risonhos camaradas
Em noites demarcadas
Por risos, gozos, festa
O tempo não se esgota
Amor domando a rota
Penetra em qualquer fresta.
5
Na espreita de que venham
Os dias mais felizes
Aonde sem deslizes
As sortes nos convenham
E nada mais detenham
Os passos sem as crises
E quanto mais me dizes
Bem mais sonhos empenham,
E vivo esta certeza
De ter em minha mesa
O tempo magistral
Aonde bem ou mal,
Descendo com destreza
O amor é nossa nau.
6
No meu coração vibrando
Os sonhos mais audazes
E neles sempre trazes
Um dia bem mais brando,
O quanto fora teu
E nunca mais desfaço
Seguindo cada passo,
Em ti já se perdeu
O mundo que buscara
Em noite dura e fria,
Agora em harmonia
A vida é sempre clara,
Não posso mais nem quero
O passo amaro e fero.
7
A me trazer doçura,
A vida permitira
Bem mais do que a mentira
Além de uma loucura
Assim logo procura
Quem tanto se prefira
E acerta logo a mira,
Tramando sonho e cura,
Adentro o paraíso
No passo mais preciso
Em ti, minha querida,
Arcando com engodos
Deixando além os lodos
Mudando a minha vida.
8
Tempo em que nos amamos
Aonde fomos um
Agora sem nenhum
Caminho nós erramos,
Vagando noite afora
Sem ter qualquer alento
Em ti, o pensamento
A solidão devora
E nada resta então
Enganos dominando
O tempo se nublando
Ausenta-se o verão.
O cais distante e ledo,
No coração só medo.
9
Olhos distantes, mares
Aonde quis um porto,
Agora mero aborto
Aonde tu plantares,
Sem luas e pomares,
O dia semimorto,
O corte, o desconforto,
Aonde vi luares?
Não posso caminhar
Sem rumo e procurar
Quem tanto quis um dia,
A noite sem destino
Ainda me fascino,
Somente em poesia...
10
Amores que passaram
Em dias desiguais
Momentos sensuais
Aonde se ampararam
Verdades não domaram
Em gestos rituais
Delírios magistrais
Corpos não se tocaram,
Ausência de esperança
Aonde em vão se lança
A melodia atroz,
Que faço sem caminhos
Em dias tão mesquinhos
O rio perde a foz.
11
Os ventos, as procelas,
Terríveis tempestades
E quanto mais invades
Dourando raras telas,
Assim tu me revelas
Em duras falsidades
As tantas crueldades
Aonde os sonhos selas,
Vagando sem caminho
Apenas tão sozinho
Um ledo caminhante,
Quem vê já nada fala,
Uma alma tão vassala
Jamais, pois se agigante.
12
Em tentar conquistar
Quem mais amei na vida,
A sorte corroída
A morte a me rondar,
Aonde te encontrar?
A senda já perdida,
Apenas despedida
Aonde quis amar.
Aos poucos vejo assim
Sem flores o jardim,
Sem esperança, a luz,
E perco qualquer rumo
No nada me consumo
No nada ora me pus.
13
Está tudo distante
Dos olhos de quem sonha,
Por mais que inda componha
Caminho tão brilhante
Sem ter o diamante
A vida é vã medonha
E logo já se enfronha
E nada se garante,
Somente esta saudade
De quem na realidade
Domara toda a sorte,
E agora sem ninguém
O vago me retém
E nada me conforte.
14
De terras mais vazias
Olhares néscios ditam
As sortes e acreditam
Além destas sombrias
Veredas que tu crias,
E logo se interditam
Os sonhos não mais gritam
As sendas seguem frias.
Resumo o meu caminho
Tão ermo e mais sozinho
Neste cenário rude,
E mesmo o falso brilho
Aonde em vão palmilho
Apenas toma e ilude.
15
Causando no meu peito
Esta desesperança
O passo já se cansa
Distante do meu leito
Os ermos, eu aceito,
A sorte em tal mudança
Penetra em fria lança,
Mas mesmo assim deleito,
O risco de sonhar
O gozo de entranhar
Veredas mais suaves,
Pudesse ser assim,
Mas quando vejo o fim,
Somente duras traves.
16
Fomos felizes? Certo
Caminho que se fez
Em rara insensatez
Agora eu já deserto,
E deixo sempre aberto
À frágil lucidez
Que agora tu não vês,
E disto ora me alerto,
Resgato o meu passado
E tento novo prado
E mesmo que eu me engane,
O amor se der a pane
Nos ermos mergulhado
Deveras, que se dane!
17
E levaste contigo
O olhar de quem te adora,
A vida vai embora
E deixa o desabrigo
Aonde em vão persigo
A sorte não demora,
O sonho não se ancora
E o corte diz jazigo,
Na sombra deste olhar
Vontade de chegar
Além deste horizonte,
Mas nada tenho em mim
Vagando sem ter fim
Sem nada que me aponte.
18
Deixando aqui um homem
Ausente da esperança
Aonde o medo avança
As alegrias somem,
Os tantos se consomem,
Sobrando a mera lança
E sem qualquer lembrança
As vozes não se domem,
O olhar seguindo vago,
Vazio em que me alago,
Afago e tão somente
O sonho se perdendo,
A vida num remendo
Jamais, pois me contente.
19
Por onde andas, pergunto
A quem puder achar,
Distante deste olhar,
Aonde outrora junto
Mudando já de assunto
Cansado de sonhar
Querendo me enfronhar
As sobras em conjunto,
Revelo o quanto quero
Do amor que sendo austero
Não seja mais feroz,
E tento sem sucesso
O quanto te confesso,
Ausente a tua voz.
20
Saudade desses tempos,
Aonde a vida brota
Em cena mais remota
Distintos contratempos,
O gozo dita a messe
A vida não tropeça
Nem pouco sem promessa
O sonho se obedece,
Vagando por astrais
Espaços muito além
O amor quando contém
Prepara seus cristais
E dita esta alegria
Que agora reinaria.
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