quinta-feira, 24 de junho de 2010

38516 até 38600

1

Em cânticos suaves onde eu possa
Trazer à minha voz leda esperança
Aonde meu futuro em luz avança
Vencendo o desespero, amarga fossa,
Do quanto na verdade não se apossa
Da dura realidade em fúria e lança
O olhar sem ter sequer esta pujança
E nele o dia a dia tanto endossa
Resumos de momentos mais cruéis
E tento prosseguir imerso em méis,
Mas sei das dores fartas onde escuto
O canto deste pássaro sombrio
E nele um novo mundo desafio
Deixando para trás quebranto e luto.

2

Não tendo outro momento aonde eu vira
Sequer a menor sombra do que um dia
Gerasse além do medo e da agonia
O passo feito em dor, medo e mentira,

O resto da esperança se retira
E nele nada mais inda recria
Somente a mesma espúria fantasia
E nela cada engodo acerta a mira,

Escolho em discordância as ilusões
E sendo com terror o que ora expões
Medonha face viva em cada passo

Ecoa dentro em mim este demônio
E tento preservar quando refaço
Eclipse dentro da alma, em pandemônio.

3

Meus versos se envolvendo em teus mistérios
E sendo mais austera esta ilusão
Do todo poucos dias se terão
Além dos mais soberbos vãos critérios
Os dias são terríveis, quando alheio
Ao passo tão cruel aonde eu tento
Vencer esta heresia em desalento
E sigo contra a fúria, em devaneio.
Marcando com meu sonho mais audaz
O rumo em face esdrúxula e venal
O tempo noutro rumo sempre igual,
Enquanto este vazio se desfaz
Eu sinto e nada disto ainda toma
Além deste não ser em vária soma.

4


O sol posto, nas nuvens
Ainda não teria
A marca mais sombria
Por onde sei que vens
E quando ainda tens
No olhar tal heresia
Orgástica folia
Dominas teus reféns,
E tento enquanto posso
Saber do quanto é nosso
O nunca onde se deu
O mundo em raro ocaso,
E se ele ainda aprazo
Deveras não foi meu.

5


Meu verso enamorado
Calando no meu peito
Enquanto em vão me deito
Procuro estar ao lado
De bem anunciado
E nunca satisfeito
Enquanto me deleito
Risonho este legado
Ao menos pude ver
E mesmo até já crer
No risco que ora assumo,
E tanto pude além
Do quanto já não tem
Sequer caminho ou rumo.

6

Embalde repetindo
Meu canto noutra senda
O nada se desvenda
E o dia outrora lindo
Agora sei que findo
Sem nada que se atenda
Dos sonhos a moenda
Aos poucos destruindo.
Resumo o verso em vão
E sei que não virão
Sequer outros momentos,
E beijo em sofrimentos
Os templos onde eu cri
No amor que já perdi.

7


Meu sonho procurando
Quem sabe novamente
Alguém que ainda tente
Um dia ao menos brando,
E quando mergulhando
Em ar tolo e descrente
O vento urgentemente
Deveras derrubando
O todo que inda havia,
Gestando esta agonia
E nela não mais creio,
Somente sigo aquém
Do mundo em tal desdém
Dos sonhos, mais alheio.

8

Aguardando-te intero
O passo rumo ao quanto
Pudesse quando canto
Talvez ser mais sincero,
E tanto quanto eu quero
Ou mesmo não garanto
O rumo em ledo espanto
O corte audaz e fero,
Resumos de uma vida
Há tanto adormecida
Nos ermos de minha alma
O fato de sonhar,
E tanto desejar
No fundo não me acalma.

9

No tinteiro da tarde
Em grises tons eu sinto
O quanto fora extinto
E agora enfim se aguarde
E mesmo que retarde
Acende o meu instinto
No amor onde me pinto
O coração se guarde,
Alardes entre sons
Delírios mais que bons
Desejos dessedento,
O rumo se moldara
Mudando esta seara
Reinando em provimento.

10

Mais altos, nos bordados
Dos céus enaltecendo
O dia que estupendo
Traduz abençoados
Caminhos desejados
E sei que sem remendo
Agora vou revendo
Anseios delicados
Deliciosamente
A vida se apresente
Em cores mais sutis
E tendo esta certeza
E imerso em tal beleza
Serei bem mais feliz.

11

Precisamos atar
Caminhos discordantes
E quando me garantes
O quanto irei buscar
E sei do teu luar
Em dias fascinantes
E neles me adiantes
Cenários, farto mar.
Resumo em verso e sonho
Amor que ora componho
E bebo com fartura
Do gozo mais sublime
Que tanto já se estime
E sempre se procura.

12

Ficavas abrigada
Dos pesadelos quando
O tempo já nublando
Por sobre tal estrada
A senda se alagada
Em ti não transbordado,
Amor nos dominando
Cevando a bela estada,
Toando junto a mim
Tomando este jardim
Aonde foste a flor,
E agora que me vi,
Percebo colibri
Envolto em teu sabor.

13

Amor não necessita
De quem sempre o desfaça
A vida nega a traça
E tenta nova dita,
E sendo mais bendita
No quanto amores grassa
Entoa em plena praça
Cantiga mais bonita.
Eu vejo e sinto o amor
Conforme o cobertor
Em noite fria e atroz,
Sabendo-te comigo,
Encontro o doce abrigo,
Gerado dentro em nós.

14

É gás que me cintila
E toma em ardentia
A noite outrora fria
Agora se perfila
E gera em claridade
O tom mais nobre e raro
Num mundo bem mais claro
O sonho nos invade
E toma sem defesas
Os ermos de nós dois,
Agora ou no depois
Diversas correntezas
Transformação bendita
Que a vida necessita.

15

Lembrança dolorosa
De um tempo mais atroz,
E quando já sem voz
O mundo em verso e prosa
Negando a majestosa
Manhã, mal sei de nós
E quando rompe os nós
A estrada é perigosa,
O passo noutro rumo
Deveras não assumo
Nem mesmo quero e tento,
Seguindo lado a lado
O corpo desejado
Em doce sentimento.

16

Amor que não se orgulha
Do quanto pude ver
E sei que sem querer
A sorte não mergulha
Apenas é fagulha
E quando amanhecer
A vida em desprazer
Os ermos não vasculha,
Elevo o pensamento
E quando teimo e tento
Não tenho mais resposta,
O mundo em face mansa
O gozo agora alcança
Redime esta proposta.

17

Descansando nos braços
De quem tanto desejo
O mundo num lampejo
Estreita nossos laços
Ocupando os espaços
Além do que prevejo,
Aproveitando o ensejo
Vencendo os meus cansaços
Resumo o dia a dia
Em luz e fantasia
E deito junto a ti
Sorvendo com carícia
Aos poucos a delícia
Que agora eu conheci.

18

Fonte límpida e fresca
Aonde dessedento
O amor e o sentimento
Em lua gigantesca,
Jazera em voz dantesca
A dor e o sofrimento
E quando em ti me alento
A vida é nababesca.
Encontro finalmente
Enquanto amor pressente
O fim dos tantos ais,
Depois de muitos anos,
Em meios aos desenganos,
Momentos magistrais.

18

Nos cantos mais suaves
De pássaros eu vejo
O amor raro e sobejo
Envolto em belas aves
E quanto mais já craves
Os olhos, meu desejo
Aumenta a cada ensejo
Além das duras traves,
Vagando pelo espaço
Aonde tento e traço
Um raro amanhecer,
Vivendo sem limites
E tudo o que permites
Em bel e mor prazer.

19

As searas prometem
Momentos mais diversos
Aonde com meus versos
Os sonhos se completem
E tanto me arremetem
Aos raros universos
Estando agora imersos
No quanto nos competem,
Jamais eu pude crer
Na dor e no sofrer
Se eu tenho junto a mim
Quem tanto desejei
E agora nesta grei
Cultivo o meu jardim.

20

Abraçadas nas asas
Das ânsias mais felizes
Aonde sem deslizes
Decerto tu me abrasas,
As horas mais precisas
Os dias são deveras
O quanto mais esperas
E sei que não avisas
Apenas viveremos
E sem pergunta alguma
Minha alma já se assuma
E assim nós saberemos
Do amor onde te fartas
Expondo as nossas cartas.

21


Na pompa onde se vê
A vida em galhardia,
Vencendo uma agonia
O tanto diz do quê
No amor ora se crê
E nele se recria
O quanto poderia
Além de algum clichê,
Mergulho em teu abraço
E assim também eu traço
O rumo mais feliz,
Viceja dentro em nós
O amor em viva voz,
Vivendo o que se quis.

22

Não sei desses receios
Antigos onde um dia
A morte não traria
Sequer novos anseios
Passando então alheios
Às luzes, fantasia,
O gesto em ironia
Os passos, devaneios,
Agora que eu te tenho
O gozo mais ferrenho
Aproximando a sorte
De quem se fez e sabe
O quanto já nos cabe
A luz que nos comporte.

23

Os álamos, as luzes
Os ramos, belas frondes
Aonde tu respondes
Ao quanto me conduzes
E sei ora seduzes
E nisto não escondes,
Os velhos troles, bondes
Em sonhos reproduzes,
E neste bulevar
Podendo caminhar
Durante a madrugada,
Viola em minhas mãos,
Agora, dias vãos
A noite mais gelada.

24

No mato se misturam
As cores e os anseios
As pernas coxas seios
As bocas se procuram,
Delírios que torturam
Olhares nunca alheios
Sem medos ou rodeios
Dois corpos se misturam,
E assim a noite traça
A vida sem desgraça
Na graça costumeira
De quem tanto se quer
Um homem e a mulher
E nisto o amor se inteira.

25

Neste missal criado
Por sonhos mais audazes
Deveras tu me trazes
O dia iluminado
O tempo desejado
Em ritos belas fases
Cenários mais falazes
Num dia anunciado
Navego no teu mar
E tento em ancorar
No gozo em explosão
Desnuda esta rainha
Eu sei que sendo minha
Mil sóis nos tomarão.

26

Luxuoso desfile
De luas neste quarto
Jamais de ti eu parto
Nem mesmo se destile
A dor quando voraz
O medo ainda além
O todo nos convém
E assim tudo se faz,
Remodelando a cena
Aonde tanto vês
Os dias e porquês
A sorte nos serena,
Bebendo e sempre à farta
A sorte não se aparta.

27

Nas várzeas e montanhas
Olhando para além
O amor quando convém
E dita nossas sanhas
Deveras tu me ganhas
E sabes muito bem
Do quanto sempre tem
Na paz aonde entranhas
O dia a dia quando
O mundo nos rondando
Gerando esta clemência,
Pudesse muito mais
E sei dos divinais
Delírios desta essência.

28

Deslumbramento tal
Gerando o quanto posso
E sei ser sempre nosso
O rumo original
Aonde em ritual
Dos gozos eu me aposso
E em ti quando me adoço
Um tempo magistral,
Resumo desta vida
Há tanto decidida
Num canto e num alento,
Ouvir a voz do vento
Saber sem despedida
O amor em paz e atento.

29

Pintar na poesia
O sonho redentor
Gerado pelo amor
Que tantas vezes via
Além, em fantasia
Agora sei sabor
E tendo o teu calor,
Imerso na alegria
O rumo se percebe
E sei que nesta sebe
A sorte sempre é nossa,
E o vento mais alheio
Aonde sem receio
O canto nos adoça.

30

No centro deste quadro
Desejo em raridade
E tanta claridade
Tomando cada esquadro
Em ti se eu já me enquadro
Revivo esta vontade,
E sei voracidade
Gerando altar e um adro.
Ouvindo a tua voz
Seguindo então veloz
Nesta procura intensa,
Sabendo que te tendo
Momento ora estupendo
Saudade se compensa.

31


No viço destas folhas,
O brilho deste olhar
Aonde desvendar
Ainda que recolhas
As sobras entre as bolhas
E os dias a sonhar
No corpo do luar
As vidas em escolhas
Resisto e não resido
No quarto dividido
Em luzes e promessas
Assim tanto se esgueira
A vida é passageira
E nela já tropeças.

32


Reflete-se no raio
Da lua que te toma
O amor quando nos doma,
E nele sei já caio
O porte, o sonho o rito
Abençoado passo
Aonde agora traço
O quanto necessito
Do gozo mais audaz
Do corpo e seu rocio,
No quanto propicio
Também me satisfaz
Redunda neste farto
Delírio em nosso quarto.

33

Paramento divino
O sonho aonde entranha
A sorte outrora ganha
E agora não domino
Ao quanto me destino
Ou mesmo nesta sanha
O corte onde se arranha
O rio cristalino,
Assim ao me entregar
Sem medo ao teu luar
Eu bebo esta alegria
E quando se arrebata
Amor em serenata
Amor recriaria.

34

Altares catedrais,
Momentos mais felizes
Em meio às tantas crises
Vencendo e muito mais
Singrando atemporais
Caminhos onde dizes
E nada em tais deslizes
Prometem novos cais.
Rescindo o quanto pude
Atroz velha atitude
Aonde o passo alheia,
E quando bebo o norte
Sem nada que conforte
A lua nunca é cheia.

35

Tudo reluz, paisagem,
Sublime em cores raras
E quando me escancaras
Encontro esta hospedagem
E nela a doce aragem
Semeio em tais searas
E quanto mais amparas
Seduzes em viagem
O corpo em plena forma
O amor já nos transforma
E gera este desejo,
Refém da noite em ti
O quanto percebi
E agora enfim eu vejo.

36

Pudesse percorrer
O mundo num instante
Num ritmo alucinante
Procuro o teu prazer
E quanto ao te querer
No passo que adiante
O gozo se agigante
Jamais posso conter,
Erétil pensamento
E quando ainda tento
Vencer a timidez,
A sorte se anuncia
E adentra noite e dia
Amor que a gente fez.

37

A natureza orgástica
De quem se fez em paz
Do amor sendo capaz
E nele a bela plástica
A vida sendo drástica
Por vezes é mordaz,
E se não satisfaz
A sorte mais bombástica
Permite o que crê
Num tempo sem o quê
Pudesse adivinhar,
Gerando a lua intensa
E nela se compensa
O mundo a divagar...

38

Que repousa, reparo
No olhar mais desejoso
E quando em pleno gozo
Caminho manso e claro
O tanto quanto amparo
E sinto majestoso
Diverso e mavioso
Delírio em anteparo,
Resido no passado,
Mas quando se apresente
A luz deste presente
Num tempo irradiado
Eu vejo e sei do quanto
Amor garante o encanto.

39

As marcas tão profundas
De tempos doloridos
Em dias presumidos
E neles quando inundas
Com fúrias e circundas
Meus passos resumidos
Em dias velhos e idos,
E em trevas me aprofundas,
Resulto deste fato
E quando me destrato
Imerso em solidão,
Encontro no teu porto
O cais, e se te importo
Eu vejo esta amplidão.

40

Escondo-me, sou presa,
De quem se fez a dona
Do passo que abandona
E toma de surpresa
Vivendo esta certeza
E nela alma ressona
O quanto já me abona
Em lúbrica beleza
Sentir o teu perfume
E tudo que se assume
Num ato sem igual,
Cevando esta esperança
Aonde amor nos lança
E gera um ritual.

41

Num átimo rompendo
Os medos do passado,
Vivendo este legado
Sem corte e sem remendo,
O mundo que desvendo
Deveras entranhado
No corpo anunciado
De quem agora entendo,
Servir, ser teu lacaio
E quando já não caio
Levanto o olhar além
Bebendo a claridade
Esqueço a liberdade
E o sonho me contém.

42

Reparo no teu barco
E busco ser o cais
Aonde em temporais
O sonho desembarco,
E quando mais eu arco
Com todos os cristais
Querendo muito mais
Do quanto outrora, parco,
Realço em verso e luz
O farto e me conduz
O passo rumo ao tanto,
E sei que enamorado
O corpo desejado
Em versos, sonhos canto.

43

De frágil, num repente,
Não tendo quase nada
Além da desenhada
Manhã onde se atente
E quando se insistente
O passo em alvorada
Dizendo desta amada
Agora enfim ausente,
Eu teimo contra a fúria
E sem medo ou penúria
Apenas quero ter
O sol onde irradia
A imensa poesia
Ditame de um prazer.

44

Na força que me dás,
O olhar envolve e bebo
O amor que mais concebo
E nele a plena paz
O passo mais audaz
E quando a luz recebo,
O todo já percebo
E sei ser mais capaz,
Não posso e não tentara
Além desta seara
Cerzir outro momento,
E sei do quanto quero
Cenário tão sincero
Aonde me alimento.


45

Amor que tão distante
Não pude perceber
Tocando além o ser
Ainda que constante
No quanto se adiante
Ou mesmo passo a ver
Podendo amanhecer
Em raio deslumbrante.
Viceja movediço
E quando mais cobiço
Deveras não estás,
O brilho morredouro
Jazendo em nascedouro
Prazer? Porém mordaz.

46

Vestida de saudade
A velha solidão
Transforma o sim em não
E agora doma e invade
Deturpa a realidade
Transborda em ilusão
Resvala na emoção
Ofusca a claridade,
Acendo outro cigarro,
E quando além disparo,
A vida sem amparo
No nada enfim me agarro
Imenso e traiçoeiro
Fatal desfiladeiro...

47

É lagrima que cai,
Tomando o rosto quando
O dia se inundando
No nada já se esvai,
O passo então se trai
O corte se mostrando
Em mim ora nevando
O músculo contrai,
E a sorte segue alheia
Desfaça qualquer teia
Ateia um fogaréu
E queima esta seara,
Além o olhar depara
Com fusco e turvo céu.

48

A dor, embevecida,
O olhar ensimesmado,
O tempo desolado
Dotando a nossa vida
Da dor, farsa e ferida
O campo abandonado,
O olhar envenenado
A sorte aonde agrida
O passo rumo ao nada,
Vencido em descarada
Batalha; eu sigo só,
A morte enfim responde
E sabe quando e aonde
Invade sem ter dó.

49

Amor que nunca cura
Nem mesmo se alivia,
Gerando em pleno dia
A noite em amargura,
Velha semeadura
Aonde poderia
Haver a fantasia,
Realidade é dura.
Apuros entre dolos,
Tentando novos solos,
O chão é o mesmo quando
O tempo se desnuda
E mesmo com ajuda
Jamais virá brotando.

50

Não adianta crença
Nem mesmo alguma sorte,
Aonde sem aporte
Não tendo quem compensa
A solidão imensa
Imersa em dor e morte,
Prepara e trama o corte
E assim, sempre nos vença.
Não quero outro momento
Aonde inútil tento
Saber tranqüilidade,
Ausente deste olhar
O quanto pude amar,
Agora é falsidade.

51

Desfila a solidão
Olhando de soslaio
E quando enfim me traio
Encontro a negação,
Os sonhos moldarão
O passo este lacaio,
Cevando em cada raio
Imenso furacão,
Eu quis e não podia
Vencer esta agonia
Que eu sei ser inerente,
E quanto mais lutava
A vida em fúria, brava
Decerto se apresente...

52

Minha pobre esperança
Olhando para os lados
Os dias desolados
Aonde o nada avança
Gerando a temperança
Caminhos congelados
Os sonhos já calados,
A vida sem pujança
O risco a cada passo,
O quanto desenlaço
E quis de novo atar,
Uma esperança morta,
Ausente em minha porta,
Afasta-se do altar.

53

Porém me resta o canto
E nele se anuncia
Quem sabe um novo dia
Ainda quando espanto
A dor, velho quebranto
E visto a teimosia
E bebo a fantasia
Que tento e quero tanto,
Ausento do futuro
Passado se entrelaça
Olhando esta fumaça
Além deste alto muro,
Sem ter novo horizonte
Sem nada que me aponte.

54

A benção mais divina
O olhar mais delicado,
Aonde pus o fado
A história determina
E tudo se extermina,
Resumo sem recado,
O peso do passado
Desfaz a velha mina,
Nascente da ilusão,
Os dias mostrarão
Somente um fardo e quando
A face se desnuda
Uma alma quieta e muda
O todo sonegando.

55

Por tanto tempo quis
Apenas o que seja
A sorte mais sobeja
O dia mais feliz,
Ausente cicatriz
A morte se preveja
E quando inda lampeja
Viver é por um triz,
Resumo em fúria e fome
O tempo agora some
E o risco não sacia,
Jamais terei u’a messe
O risco em vão só cresce
E a noite doma o dia.

56

O canto abençoado
Outrora mais presente
Agora não se sente
Sequer um só recado,
Olhando o torpe fado
O nada é tão freqüente
O mundo já se ausente
Num céu turvo e nublado,
Alçando muito além
Do quanto sei que tem
No coração audaz,
A voz se cala e tento
Beber em novo vento
Tempesta que se faz.

57

Inunda o sofrimento
O olhar mais agressivo
De quem e quando vivo
Pudesse em raro alento
Viceja quando eu tento
E nisto, possessivo
Jamais me fiz cativo
Procuro o livramento
Num passo mais audaz
E quando além se traz
O sonho em claridade,
Ouvindo a voz desta alma
Somente o que inda acalma
A plena liberdade!

58

Nas bênçãos de Janine
No olhar de Lara então
As noites se farão
Aonde se extermine
O canto determine
As sendas da ilusão
E sem a solução
O mundo não termine
Vagando olhar/olhar
Cansado de buscar
Apenas um cenário
Aonde sei que a peça
Decerto em vão tropeça
Num ato temporário.

59

Recebi sua carta,
E nela eu percebi
O quanto havia em ti
Imagem morta ou farta
Bem antes que se parta
Vivendo e se vivi
O tempo desde aqui
Há muito se descarta,
Revolvo dentro em mim
E chego mesmo ao fim
De um turvo abismo na alma
Aprendo um pouco mais
E quando em abissais
A morte, então me acalma.

60

Em todas as palavras
Aonde pude crer
Num belo anoitecer
A bruma então tu lavras
E sei quando se ausenta
O brilho do luar
Apenas procurar
Seguir esta tormenta,
O rito se anuncia
Em turbulência plena
O céu já se envenena
E mata a fantasia,
Negrume invade o céu,
E o coração ao léu...

61


No fundo de minha alma
O canto não sacia
E a morte toma o dia
E nada mais acalma,
Regendo esta inocência
O olhar sem horizonte
Sem nada que inda aponte
Sequer qualquer clemência,
A vida se esvaíra
E tudo não pudera
Além desta quimera
Imersa em tal mentira,
O passo rumo ao fundo
Do sonho onde me inundo.

62

Consigo não irão
Nem mesmo os meus caminhos
Que sei em desalinhos
Na ausente direção,
E quando vejo em vão
Apenas os mesquinhos
E ledos passarinhos
Não tendo arribação,
Eu quero o seu destino
E quando me alucino
Na busca por seus passos,
O mundo modifica
E a vida mortifica
Olhares mortos, lassos.

63

A sensação que tenho
De ter além da vida
A sorte em despedida
Ou canto mais ferrenho,
E quando além me empenho
Preparo uma saída
Enquanto esta avenida
Por onde me retenho
Além não levaria
Sequer a fantasia
Fantástica promessa
Aonde o rumo; esqueço
E sem teu endereço
O nada recomeça.

64


Desfeitos tantos sonhos
Já não mais vejo além
O mundo jamais tem
Olhares mais risonhos,
Os dias enfadonhos
O corte enfim retém
O passo segue aquém
Em cursos tão bisonhos.
Vencer cada espinheiro
O quanto é traiçoeiro
Traçado feito em dor,
Não pude conceber
Aonde há desprazer
O cântico em louvor.

65

E de querer, enfim,
Descanso após o tanto
E quando me garanto
Há seca em tal jardim,
Vivendo sempre assim,
O passo em dor e pranto,
No mundo não me espanto
Até chegar meu fim.
O nada sobrevive
Ainda que me crive
Em luz enlanguescente
O rumo desabriga
A sorte perde a liga,
E o gozo não se sente.

66

Viver mais plenamente
O olhar sem ser vencido
Um dia dolorido
O amor que se aparente
No corpo e se envolvente
Deixando entorpecido
E às vezes aturdido
O tempo, esse demente.
Açoda-me a mortalha
Enlutando o dia a dia
E nada mais se cria
Aonde a dor espalha
E toma em profusão,
O rumo e a precisão.

67

Bem sei que depois disso
Jamais eu poderia
Traçar a fantasia
Aonde ainda viço
E sei quanto cobiço
Ou mesmo tentaria
Entranho o dia a dia,
Em solo movediço.
O preço que se paga
Aumenta cada chaga
Ferida impertinente
Ainda que se tente
Vencer o pesadelo,
Que faço? Só vivê-lo.

68

É certo que tentamos
Depois de certos anos
Mudar os nossos planos
Traçando em novos ramos
O quanto desejamos
Ou mesmo em novos planos
Tecer com nobres panos
O sonho que trajamos,
Porém a vida traz
O corte mais audaz
E gera este vazio,
O corpo em liberdade
Gestando ansiedade
Aos poucos desafio...

69

O fio deste amor
Aonde nada vem
Somente mostra bem
O corte, o sonhador,
O vasto em dissabor
O muito quando aquém
Gerado em tal desdém
Vibrando, vencedor,
Pudera ser assim
O mundo de onde vim,
Quem sabe novo dia?
A morte penetrara
Destroça esta seara
Denigre a poesia.

70

Não quero recordar
O passo rumo ao nada
Aonde a velha estrada
Deitada em tal luar
Só pode demonstrar
A sorte desvendada
Ou mesmo ajuizada
Nas ânsias do lutar,
Cansado e quando em vez
O tanto se desfez
Gerando outro vazio,
O pasto de minha alma,
O nada ainda acalma
Aonde o desafio.

71

Vivemos nosso céu
E nele este abandono,
E quando já me abono
Do sonho, o fogaréu,
Vagando léu em léu
Até, morto de sono,
Reinando nada clono
Senão meu carrossel,
Girando a vida inteira
Aonde não se inteira
Esgueiro e sigo lasso,
O manto que me cobre,
A sorte não descobre
Sequer permite um traço.

72

Jenifer me trará
O que Lara levou,
O pouco que restou
E sei e desde já
O nada tornará
O quanto sonegou,
Caminho se traçou
Aonde nada irá,
Nem mesmo olhar o quanto
O mundo aonde eu canto
Em festa ou mesmo em dor
Trará nova esperança
O passo então se lança
Ao manto em turva cor.

73

Não chore tanto assim
O quanto a vida toma
E faz aquém da soma
O resto que há em mim,
Vagando até o fim
E nisto o peito doma
Fechado em tal redoma
Mortalha eu vejo enfim,
Negar o meu caminho
E ser além, sozinho
É tudo o quanto resta,
Vencido pela ausência
A cada penitência
Fechando toda fresta.

74

As dores são promessas
De um novo amanhecer?
Não sei quanto o prazer
Existe se tropeças
Ao nada te endereças
Ou mesmo posso ver
O quanto ainda crer
Nos erros que confessas.
Gestar esta ilusão
Sentir aonde irão
Os termos em vacância,
A morte não redime
Tampouco um ar sublime
Traduz a nobre estância.

75

Nas mãos deste teu Deus
Perdão, amor e GUERRA?
Assim vestindo a Terra
Em ares de um adeus,
Aonde os passos meus
E os teus, o tempo encerra,
O coração desterra
Em ritos quase ateus.
Ousar a liberdade
Saber plena a verdade
Que além, o amor ensina,
Cenário majestoso,
Mas sei dificultoso
Em senda cristalina.

76


Amor virá com paz
Reinando sobre tudo,
O quanto inda me iludo
Ou tanto se desfaz
Gerando o que é capaz
E nisto sei do mudo
Delírio onde transmudo
O passo mais audaz.
Restando do que eu era
Ausente primavera
Apenas duro inverno,
Nas trevas do futuro
O rumo eu asseguro
E nele enfim me interno.

77

A lua irá brilhar
Além da própria vida
E sei quanto perdida
A luta sem cansar,
E quando navegar
Em busca da saída,
A sorte decidida
Não deixa mais sonhar,
Servindo de alimária
A dita procelária
Jamais resiste ao vento
Aonde se amortalha
E gera esta batalha,
Na qual a luz eu tento.

78

Nunca deixe morrer
O quanto não alentas
Em meio às violentas
Vontades; vejo o ser
Aos poucos se perder
E nele tanto tentas
Saber quando atormentas
De um rumo, a perceber.
Vagando sobre o nada
A sorte desejada
Jamais se vê, mas tente,
Por quanto a vida nua
Desvenda e bebe a lua,
Lunática e demente.

79

Que brinca no teu peito
O amor mais sensual
Ou mesmo desigual
Decerto insatisfeito,
Enquanto em vão me deito
E busco outro sinal,
A morte em tom venal
Adentra e toma o pleito
O riso, o corte, o pranto
E quantas vezes canto
Tentando outra promessa,
O dia não se dá
A quem jamais virá
E ao vão já se endereça.

80


Enquanto houver um ar
Aonde possa ainda
Sentir o quanto brinda
Com sonhos este amar,
O risco de vagar
E nisto já se finda
A sorte não deslinda
Diverso caminhar.
Resumo após a queda
E tendo quem me veda
Jamais serei feliz,
O pranto derramado,
O corte desenhado
Além do quanto eu quis.

81

No brilho das estrelas
No olhar mais agressivo
De quem ainda vivo
Resolve enfim vertê-las
E sem saber do quanto
Ainda pude ou cego
Se eu tento e não navego
O mesmo quando canto
Vestir esta mortalha
E nela este remendo
O pouco que desvendo
Jamais a sorte espalha,
Em teimosia eu vejo
Meu sonho, um vão lampejo.

82

Nos raios da manhã
No olhar que não pudera
Beber a primavera
Nem mesmo em tão malsã
Certeza sem élan
O corte destempera
E nada mais se espera
Da vida amarga e vã,
Eu quis até um dia
Aonde poderia
Vencer qualquer temor,
Mas quando me aproximo
Apenas vejo o limo,
E nele a queda e a dor.

83

Nosso amor se alimenta
Do medo e do fastio
E quanto mais recrio
A sorte tão sangrenta
Gerando outra tormenta
E nela desafio
O corte fio a fio,
E nada se apresenta.
Somente esta incerteza
Ditame sobre a mesa
Negrume dentro da alma,
Na palidez; imerso
Ainda tento um verso,
Porém só gesto o trauma.

84

Não de deixe levar
O sonho aonde um dia
A dor em fantasia
Trouxesse devagar
O canto a divagar
Buscando a poesia
E nela se viria
O mundo a desabar,
Destroços costumeiros
E neles, espinheiros
São meras ilusões,
E quando na verdade
O passo se degrade
E nele então te expões.

85

Não vive em nosso amor
Nem mesmo a poesia,
O tanto poderia
E nisto há dissabor,
Vivendo este temor
Aonde não teria
Senão esta heresia
E tento sem pudor,
Vencer o meu anseio
E sigo e até rodeio
O novo quando invento
O passo rumo ao farto
E quando me descarto
Em vão me desalento.

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