segunda-feira, 21 de junho de 2010

38021 até 38040

1

Intensamente espúria esta verdade
Aonde me assolando em turbulência
Não tendo mais a tétrica inocência
E nela não produzo claridade,

Apenas bebo à minha liberdade
E tento alguma mera coerência
E sem das ilusões esta ingerência
A podre face expõe realidade

A morte eu alimento a cada verso
E nada do vazio do universo
Demonstra e se desnuda enquanto luto,

Imerso nesta ermida, meus porões
Apresentando em mim putrefações
Gerindo o meu caminho em ermo luto.

2

O mundo, esta ilusão que não carrego
Tampouco quero mesmo junto a mim,
Apenas pressentindo o amargo fim,
Estúpido e voraz, vagando cego,
Fazendo do vazio um alter-ego
Negando este princípio de onde vim,
A morte se anuncia e sorvo o gim
Porquanto em lucidez eu me sonego.
Arranco os olhos, tomo este horizonte
E quando esta verdade a desaponte,
Não posso creditar qualquer benesse
Ao furioso mar que ora entranhando
Demonstra um ar sombrio e mais nefando
E nele esta mortalha vil se tece.

3

Apenas suicídio é o que me resta,
Não quero e nem pretendo acreditar
Num novo amanhecer, em luz solar,
Sequer desta esperança bebo a fresta,
O todo no vazio não se gesta
A morte eu sinto aos poucos dominar
Sem ter qualquer motivo pra sonhar
Nesta realidade atroz, funesta.
Jogado pelos ermos de um caminho
Porquanto me imagino mais mesquinho
Erguendo o velho brinde em acidez,
O féretro eu preparo em solitário
Delírio aonde eu sei desnecessário
Sabendo a torpe escuridão que vês.



4

Sombria noite doma o meu crepúsculo
E sinto este invernal caminho e tomo
O vago delirar onde me assomo,
Olhando este retrato vão, minúsculo,
A solidão domina cada músculo
Sequer tenho esperança que não domo,
No derradeiro livro único tomo
Ausência entranha em vão, cada corpúsculo,
Um pária e tão somente, nada além
Um sôfrego histrião bebendo a morte,
Sem nada que talvez inda conforte,
Restando do passado este desdém,
O quanto em verme toco este assoalho
Inutilmente ainda ouso e batalho.

5


A crença desta espúria juventude
Num eternal caminho aonde vês
Da vida feita em louca estupidez
Aonde algum prazer torpe te ilude,
Porquanto o dia a dia se transmude
E nesta falsa imagem inda crês
Ousando muito além desta altivez
Em tanta pequenez, já se amiúde
A farsa consonante em tal miséria
E quando se imagina em vaga e etérea
Realidade fosca, ora percebo
O quanto fui canalha em crer sincero
O quanto hoje alheio nem mais quero,
Quando em verdade pura enfim me embebo.


6

Não quero teu amor
Nem pude acreditar
No falso irradiar
Em turbulenta cor,
Aonde sonhador
Pudesse imaginar
Anseio um novo altar
Ou mesmo um belo andor,
Ousando em verso e sonho,
Porém já não componho
Sequer outra ilusão
E quando assim me inverno
O quanto fora terno,
Jamais vira verão.

7

Quem inventou amores
Já não sabia bem
Do quanto não convém
Refém dos sonhadores
Desejos, pois se fores
Dos dias mais além
Verás o quanto tem
Jardim em falsas flores,
No parto ou na promessa
A vaga onde se expressa
O mar, imensidão,
Olhando para o céu
O tempo em carrossel
Atroz constelação.

8

Que, mal nasce este amor,
Já não conheço a senda
Aonde nada estenda
Senão tanto estupor,
No pouco aonde for
E tudo se desvenda
Na sorte, mera lenda
No canto, a clara flor,
Vestígio em primavera
Do quanto destempera
E espera hibernação,
O jogo se promete
No nada se repete
E traz transformação.

9

São versos que não faço
Os que talvez um dia
Ao crer na fantasia
Tomasse cada espaço
Reinando sobre o traço
Aonde não havia
Mais sonho ou sincronia,
Apenas descompasso,
Realço o falso lume
Bem antes que acostume
O passo ao nada ou tanto,
E quando mais atroz
Ausente qualquer voz,
Em solilóquio canto.

10


Amor é sentimento
Diverso de si, sendo
O todo quanto entendo
Além do quanto tento,
Jogado sob o vento,
Sonhar vira remendo
Mentiras; não desvendo
E até me desalento,
Poupando a fantasia
O nada me traria
Cenário divergente,
E sei da falsa imagem
Aonde esta estalagem
O gozo ainda tente.


11

Vem fazendo esta estúpida
Manhã ser costumeira
A sorte onde se esgueira
Jamais seria cúpida
Não fosse esta promessa
De um tempo mais tranqüilo
E quando a dor destilo
Ou mesmo se tropeça
O riso gera o pranto
A dor o desespero,
E quanto destempero
Traduz o meu quebranto,
E nada de algum sol
Tomando outro arrebol.

12

Rasgando, maltratando
O passo rumo ao farto
O jogo já descarto
E sei do quão nefando
O dia sonegando,
A luz adentra o quarto
E nada então reparto
O sonho desolando,
Aprendo e nada temo
Senão seria o demo
O santo que me dás,
Ausente da esperança
A vida não avança
Nem bebe qualquer paz.


13


Nada além de ilusão
Somente o vago trago
Aonde nada estrago
Tampouco a indecisão,
Mudasse desde então
O rumo sem afago,
O gozo outrora mago,
Agora em dimensão
Diversa se mostrara
E quanto mais a apara
É feita em poda e dor,
Maior esta certeza
Da fúria em natureza
Gestando nova flor.

14



Conheço bem promessas
E falsas luzes quando
O mundo se mostrando
Aonde enfim te expressas
Ou nada mais confessas,
Assim irei tomando
O peso dominando,
E logo em vão tropeças
As orações e preces
Os dias que mereces
Os rotos desta roupa,
A vida não sonega
Também em rara entrega
De nada sei nos poupa.


15



Não quero teus carinhos,
Jamais os quereria
Na falsa melodia
Entranho em tais espinhos,
Rasgando desalinhos
Dourando em fantasia
Marcando cada dia
Com olhos mais daninhos,
Expresso esta vontade
E deixo a realidade
Além do quanto pude,
Mas vejo este degrade
Tomando a mocidade
Matando a juventude.

16

Esperanças cortadas,
As armas; empunhara
O quanto fora amara
As horas ansiadas
Depois nestas estadas
A morte se declara
A fúria não negara
Ausência das estradas,
Resumo em verso e pó
Ainda mesmo só
O todo que inda creio,
No fundo solitário
O amor é adversário
No máximo um recreio.

17

O canto que prometes,
A falta de esperança
O passo em nova dança
Aonde me arremetes,
E quando te acometes
Olhar sempre em pujança
Ao nada a vida avança
Sem luxos ou confetes,
Mesquinho? Eu sei que sim,
E do princípio ao fim
Jamais mudei o prumo,
O todo que inda sobra,
O vento não desdobra
E aos poucos me acostumo.

18

Embora dos meus sonhos,
Pudesse ainda haver
Um dia outro querer
Em fatos mais risonhos,
Proponho e não me esqueço
Do quanto pude outrora
A sorte não se ancora
Nem sabe este endereço,
Vencido desde quando
Pensara em melhor sorte,
Sem nada que conforte
O mundo vai pesando,
Quisera estar ileso,
Mas tão enorme o peso.

19


Te cantarei canções
Aonde poderia
Vencer sem ironia
O quanto não expões,
Talvez em ilusões
Vertendo um novo dia
E nele esta alegria
Que agora ainda expões
Ditames de outra festa
E tudo não mais gesta
Senão este vazio,
Aborto em vida eu rumo
E quando perco o prumo,
O passo eu não recrio.

20

Naturalmente bela,
A lua se permite
Além de algum limite
Desnuda em rara tela
E quando se revela
Deveras não se omite
E tanto assim palpite
Quem ama e já se atrela,
Nas ânsias do futuro
O tempo outrora escuro
Agora vejo em brilho,
Galgando noutra senda
A luz que já estenda
Aonde em paz eu trilho.

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