sexta-feira, 25 de junho de 2010

38701 até 38800

1

Nesta manhã risonha
Em sonhos mais diversos
Fazendo dos meus versos
O quanto se proponha
E quando a gente enfronha
Caminhos e universos
Os medos em dispersos
Cenários. Nada oponha.
O canto mais sutil
O amor que se previu
Ou mesmo desejara
Assim a luz imensa
Deveras me convença
Desta rara seara.

2

As dores se esconderam
De quem no amor se dera
E viva a primavera
Aonde floresceram
Desejos e cresceram
Os sonhos onde espera
A luz que tanto gera
Em brilhos nos teceram.
Assim ao ver além
O quanto inda provém
Do passo mais audaz,
Resolvo em plenitude
Sem nada aonde mude
O rumo que isto traz.

3

Quem fora da alegria
Apenas passageiro
E vê neste espinheiro
A voz onde se erguia
A noite imensa e fria
E nela o verdadeiro
Caminho, o derradeiro
Sem estrela que o guia.
O quarto se escurece
Não existindo a messe
Apenas sou o ocaso,
O todo desejado
Agora no passado
Futuro eu não aprazo.

4


Esquece que na vida
A sorte dita o rumo
E quando em vão me esfumo
A senda desvalida
Sem luz e imerecida
Manhã sem mais aprumo,
Entrego o sonho e o sumo,
E perco em despedida,
Alheio ao que inda venha
A noite mais ferrenha
O medo duro e atroz,
Silente sem sequer
Saber o quanto quer
Quem solta inteira a voz.

5

Manhã do meu amor
Há muito desolado
E sinto vão nublado
O céu a se compor
No quanto em dissabor
A vida dá recado
O gesto desenhado
Em plena treva e dor,
O corte, a morte o medo
Caminho onde procedo
Ao mais cruel empenho,
E quando vejo aquém
O sonho que inda vem
Vazio mar; embrenho...

6


Que em peito apaixonado
Jamais houvera ao menos
Momentos mais amenos
Ou mesmo abençoado
Caminho a ser trilhado
Em dias tão serenos,
Os riscos são pequenos?
O tombo anunciado...
A morte entranha a pele
E quanto me compele
À fúria terminal,
Gerando em fardo e treva
O pouco aonde leva
O riso bem ou mal.

7

O brilho deste sol
Distante de um olhar
Que tanto quis sonhar
E nada em arrebol,
A vida segue em prol
De quem deseja amar
E nada a desvendar
Senão este farol,
Resisto e não me iludo
O quanto sei, contudo
Não deixa a menor chance
De um dia mais feliz,
Se a vida contradiz
Não tendo como avance.

8

É como um pescador
Vagando em noite escura,
Na tétrica procura
Por tolo ou farto amor,
O mundo a se compor
Enquanto não perdura
A sorte não mais cura,
E gera o sonhador.
Escusas e tormentas
No quanto me apresentas
Sedento, em nada eu creio,
Seguindo sem ao menos
Saber dias amenos,
Entranho um devaneio.

9



Nas danças destas nuvens
Em céus diversos, grises
Aonde me desdizes
E sei que não mais vens
Os dias seguem pálidos
Os olhos entorpecem
Os sonhos já fenecem
Os ritos são inválidos,
E nada mais se vendo
O corte trama em fúria
O quanto em tal penúria
De mim resta em remendo,
Ascendo ao nada enquanto
Ainda teimo e canto.

10

Meus olhos acompanham
Os brilhos onde estás
E tanto busco a paz
Aonde em luz se banham,
Os dias já se estranham
O corte é mais audaz
O tempo agora traz
As nuvens que me entranham,
Grisalhos neste céu
Aonde em carrossel
Teimara em esperança.
Porém ao menos isto
Num sonho tolo insisto
Enquanto o nada avança.

11


Reflexos do rei sol
Dominam todo o lago
E quando sigo vago
Sem nada em arrebol,
Procuro este farol,
E nele agora trago
O coração de um mago
Girando em girassol,
Restando dentro em mim
O quanto do jardim
Ainda se floresce,
O nada se previa
O tempo mata o dia
E a vida se escurece.

12


Libélula voando
À beira do riacho
O amor quando eu o acho
Aos poucos se acabando,
Um tempo onde mais brando
A vida mostra um facho
E nele em sonhos tacho
Meu mundo emoldurando,
A tela não se cria
E vejo a fantasia
Perdida sem ter rumo,
E o todo que pudera
Agora em vã quimera
Deveras me consumo.

13

Nos olhos regozijos
Diversos e felizes
E neles tanto dizes
Dos tempos claros, rijos
E sei quando mergulho
Nesta ânsia inconsistente
Ainda mesmo tente
Vencer o vago orgulho
E ter novo horizonte
E nele me entranhar
Sabendo do luar
Aonde além desponte
Sobeja maravilha
No amor que também brilha.

14

Na minha juventude
O tempo é nunca mais
Os olhos ancestrais
O risco não ilude
E nada mais se mude
Nem mesmo atemporais
Caminhos desiguais
Em frágil amplitude,
Repenso cada passo
E quando além eu passo
Deveras retrocedo,
Não tenho mais o brilho
E sei quando andarilho
Meu mundo em tolo enredo.

15


Nos meus caminhos vagos
Em pleno temporal
A vida sem sinal
De dias mansos, lagos,
Traduzem sem afagos
E sei deste venal
Caminho sempre igual
Onde os quisera magos,
Resulto deste nada
E sei da vaga estada
Em tez sombria e opaca,
O riso se ausentando
O tempo ora nublando
O barco não atraca.

16

As noites se fizeram
Além do que eu pensara
Tão turva esta seara
E nela se moldaram
Caminhos discordantes
Terríveis trevas, pois
O quando sem depois
Dissera e me garantes
Nos ermos deste passo
O cântico em terror
O pranto redentor
Meu mundo eu já desfaço
Enlaces mais sombrios,
Apagam tais pavios.

17

O rumo das estrelas
O mar dentro de mim,
Seguindo de onde vim
Já não consigo vê-las
Nem pouco convertê-las
Nos ermos de um jardim,
Meu sonho é vão festim,
As noites sem sabê-las
Escassa a melodia
Ausente enfim o dia
Aonde quis bem mais,
As brumas eu lamento
E sigo em sofrimento
Além de qualquer cais.

18

Passam por essas sendas
As nuvens e os temores
E quando sei das cores
Sem nada em que me atendas
Decerto não entendas
E mesmo se tu fores
Terríveis dissabores
Matando velhas lendas,
Anseio a liberdade
E sei que quanto brade
Mais alto, mais distante,
O manto em fina teia
A vida não permeia
O passo que adiante.

19

Deixaste tantas urzes
Envoltas em florais
E quando em abissais
Caminhos me conduzes
Ausentes nossas luzes
Diversos vendavais
Em ritos desiguais
E neles cevo as cruzes,
Refém do que já fora
Uma alma sonhadora
E agora se entorpece,
O tempo se anuncia
Em bruma e em heresia
Em mim cedo escurece.

20

Rastros que irão levar
Ao máximo que posso,
O quando fora nosso
E agora já sem par,
Desvia cada olhar
Aonde não endosso
Meu erro, pois destroço
Não pode respirar,
Erguendo a minha voz,
Quem sabe, mais atroz
Talvez enfim consiga,
Mas sei quanto é venal
O rito e no final,
A voz morrendo antiga.

21

Por que essas duras sebes
Aonde quis um dia
Viver esta alegria
E nisto não concebes
Além do que percebes
E tanto poderia
Erguer a fantasia
Se nela me recebes,
Mas ouço além o brado
Do tempo mais ousado
E sei que não retenho
Sequer um menor sonho,
E quando decomponho
Inútil tolo empenho.

22

Jardins de luas tão
Diversas das que busco,
E quando assim me ofusco
Incertos dias dão
O tom de indecisão
E o passo mesmo brusco,
O quanto em mim é fusco
Gerando a ingratidão,
Mereço alguma chance?
Não sei por onde avance
Se o passo é sempre incerto,
Os ermos de minha alma
Já nada mais acalma
Os sonhos? Eu deserto.

23

Nosso amor necessita
De um riso pelo menos
Ou dias mais amenos
Em tarde tão bonita
O quanto se acredita
Além destes pequenos
Delírios em venenos
Aonde o tempo fita
E rendo-me sem tréguas
Distando tantas léguas
Do porto aonde um dia
Pudera me ancorar
E sem qualquer lugar
A vida se esvazia.

24

Tão cruel essa lei
Que dita o meu destino
E quando não domino
O passo eu entranhei
As lendas desta grei
E em pleno desatino,
Vencido, eu me destino
Ao quanto em ti errei,
Não posso e não pudera
Vencer esta quimera
E crer noutro momento,
Por vezes sigo alheio
E o todo quando anseio,
Deveras inda o tento.

25

Das gaiolas vislumbro
O pranto em água farta
O sonho então se aparta
Na cena não deslumbro
O olhar buscando a fonte
Aonde gere o gozo,
Caminho majestoso
Jamais em mim se aponte,
Cerzindo a solidão
O pranto cerra o olhar,
O todo a mergulhar
Nos dias que verão
Apenas a mortalha
Que agora em mim se espalha.

26

As dores nos amores
E os ermos no meu passo,
Perdendo qualquer traço
Morrendo em dissabores,
E sinto as vagas luas
E nelas me transtornas
E quando tu retornas
Estrelas morrem nuas,
Descendo em ruas tantas
Imerge dentro em mim
O quanto sei do fim
E nele me adiantas
As ânsias mais cruéis
E nelas vários féis.

27

Depois de tantas lutas
Ainda pude crer
No raro amanhecer
Aonde tu desfrutas
Das sendas e relutas
Não posso mais tecer
Sequer o meu querer
Em cenas mais astutas.
Resumos desta vida
Ainda decidida
Nos ermos de quem teima
Singrar outro oceano
Da vida levo o dano,
Minha alma à toa queima.

28

São duros os caminhos
De quem busca sonhar
E sei quanto do olhar
Traduz erros daninhos
Adentro tais mesquinhos
Delírios num lugar
Aonde imaginar
Gerasse paz em ninhos,
Nos versos e na vida
A porta corrompida
A morte dita o passo,
E quando mais audaz
O olhar teimoso traz
Apenas descompasso.

29

Quem dera ter a luz
Que tanto poderia
Trazer a luzidia
Manhã que reproduz
O sol em contraluz
A sorte mudaria
E assim rompendo o dia
No quanto amor faz jus.
Aprendo um pouco ou tanto
E quando teimo e canto
Apresentando enfim
O muito que inda existe
O coração em riste
Aponta ao teu jardim.

30

Em tua vida eu pude
Singrar novo horizonte
E sei do quanto aponte
À velha juventude,
O tempo se faz rude
E nada dita a fonte
Pudera qualquer ponte,
Porém a queda ilude.
O vento em tom venal
O dia sempre igual
O medo se apressando
E toma este cenário
Além do imaginário
E o torna enfim infando.

31


O meu amor, lunar,
Galgando a noite imensa
E quando nele pensa
Uma alma a divagar
Percorre devagar
O mundo e sei da tensa
Manhã sem recompensa
Aonde fui moldar
O passo rumo além
E sei do quanto tem
O sonho desejado,
Quem vence o desafio
Em paz quero e recrio
A mais que o meu passado.

32

Desenhou minha sina
O manto em tez sombria
Negando qualquer dia
Ainda me domina,
E nada mais fascina
Quem tanto saberia
Viver esta heresia
O corte não ensina,
A poda açoda quem
Deseja e quando tem
Perpetuando o gesto,
Ao nada se me dera
Quem sabe esta quimera
Num ato vão funesto.

33

Amor que não perdura
Jamais pudera dar
Senão este vagar
Em área sempre escura
É tela sem moldura
É rio sem o mar,
O canto a desenhar
A noite em vã loucura,
Assisto ao fim e tento
Ainda mais atento
Vencer qualquer terror,
E o passo se programa
Transgride ao próprio drama
E gera o fino amor.

34

A dor que não se cura
O tempo mais atroz
E tendo a minha voz
No quanto se emoldura
A vida noutra face
Pudesse ser assim
Tornando dentro em mim
O tempo onde se passe
Com calma e com certezas
E nestas noites belas
O canto que revelas
Em finas sutilezas
Transforma em poesia
O quanto ainda havia.

35


Nas cartas que escondi
Os olhos não sabiam
Do quanto poderiam
Chegar enfim a ti,
O corte a poda a sorte
O mundo tão medonho
E quando me proponho
A ser quem te conforte
A fonte dessedenta
Noutro caminho audaz,
E nada mais me traz
Senão esta sangrenta
Manhã em tempestade
E tudo enfim, degrade.

36

Poeira da saudade
O tempo traz e quando
Aos poucos desnudado
Rompendo qualquer grade
Ainda teima e invade
O mundo desabando
O velho transtornando
Presente realidade,
A calma não se vê
O todo sem por que
O medo se engrandece,
E o vento traz quem fora,
Imagem tentadora
Nunca rejuvenesce.

37

Não posso reclamar
Do passo rumo ao nada
Aonde fora estrada
Agora a divagar
Tomando o seu lugar
A rota desmembrada
Aonde o tempo brada
E nada a se moldar,
Resumos de uma vida
Que tanto nos agrida
E morde enquanto alenta,
O vento não permite
Além deste limite
Uma alma mais sangrenta.


38

O mar que te deixou
Em ondas tão dispersas
Agora quando versas
Jamais se revelou
Caminho onde entranhou
Além destas diversas
Manhãs aonde imersas
Delícias, não mostrou.
Arcando com meu erro
A cada vão desterro
Aprendo um pouco além,
O tanto pude outrora
E quando nada ancora
A barca já não vem.

39


Amor que se renova
E nada traz do velho,
Fazendo este evangelho
E nele toda a prova
Da lua sempre cheia
E sei quando se crê
Além deste clichê
Que tanto nos rodeia,
Vagando em noite imensa
Gerando novo verso
Aonde desconverso
E toda a sorte vença
Restando a imensidão
De um sonho de verão.

40

Desculpe se pareço
Alheio enquanto dito
O passo, e necessito
Dizer deste tropeço,
O quanto não mereço
Ou mesmo sigo e fito
O rumo mais bonito
Em lúbrico adereço,
A sorte se espalhando
O vento nos guiando
Estrada, mundo afora,
O medo não se vendo,
Um tempo em dividendo
Beleza em ti se aflora.

41

A mão que me carinha
O olhar bem mais sincero
Dizendo do que quero
E sendo a sorte minha
Jamais será daminha
Tampouco o mundo fero
E nele sempre espero
A sorte que avizinha,
O manto me recobre
Em ar suave e nobre
Trazendo a plenitude
O barco adentra o cais
E sinto muito mais
Até mais do que pude.

42

Nos olhos trago Lara
Que foi e não voltou,
O mundo desvendou
A vida outrora clara
E agora se prepara
Em turva senda, estou
Buscando o restou
De mim nesta seara,
A morte, a sorte o fado,
O tempo desolado
A bruma a noite a treva,
Aquém do paraíso
Um passo que impreciso
Ao nada então me leva.

43

Enrubescendo a face,
Olhando cabisbaixo
Enquanto um sonho; encaixo
Vencendo um longo impasse
No tempo que inda venha
Depois de tantos anos
Em fartos desenganos
A luta mais ferrenha,
O caos dentro de mim
Vazios refletindo
O quanto fora infindo
Caminho para o fim,
E agora ao fim da tarde,
Mais nada inda me aguarde.

44

Calado, neste canto,
Temor a me exibir
A sina, o meu porvir
O quanto não garanto
O medo sendo tanto
Não tendo mais como ir
Nem mesmo prosseguir
Cevando desencanto
Ainda não prossigo
Em tanto e vão perigo
O risco se anuncia
Na falta de esperança
No câncer que se avança
Amortalhando o dia.

45

Sonhando com favores
De quem um dia eu quis
Pensando ser feliz
Em meio aos dissabores,
Arcando com as dores
Um tempo em cicatriz.
Dos males, chamariz
Sem nunca mais te opores
Vencido pelo nada
A dita anunciada
Nas curvas do caminho,
Aonde quis bastante
Um passo só garante
O amanhecer sozinho...

46

A vida, tanto sonho
Jogado pelos ares
E quando tu notares
O nada em mim componho,
O templo em ar medonho
Destroços nos altares
E em todos os lugares
O ritmo ora enfadonho,
O passo rumo ao vão,
Ausência de algum chão
A queda sobre o cardo,
O medo, o caos e o frio,
A seca atroz e o estio,
Saudade é um duro fardo.

47

Guerreiro; um tolo herói
Gerado pelos medos,
E quanto aos vis enredos
O tempo vem, corrói
O todo se destrói
Em ermos campos, ledos,
E sei dos seus segredos
E nada se constrói
Somente o velho mito,
Dele não necessito
Tampouco o quero além,
O dia a dia a fome
O quanto nos consome
E o sol que nunca vem...

48

Um príncipe virá
Dos ermos do passado,
Gerando outro legado
E sinto aqui ou lá
O quanto tornará
O rumo desejado
Num tempo já traçado
O amor dominará...
Assim a vida passa
E a roupa, o pó e a traça
A frágil fantasia
Desnuda na parede
O olhar traduz a sede
Que nunca se sacia.

49

Em plena fantasia
O manto se puíra,
Nos ermos da mentira
O nada já se cria,
O quanto não havia
E o pouco inda retira
Não resta sombra ou tira
Apenas a agonia.
O canto sem proveito
A lua quando deito
Derrama raios prata,
A sorte não desvenda
Gerando outra contenda
E tanto me maltrata.

50

Num átimo abrirá
Os rumos para quem
Sabendo o quanto vem
Espera e desde já
O mundo renegando
O passo rumo ao tanto,
E quando me adianto
O tempo sonegando,
O risco não sacia
A vida não desnuda,
A sorte tão miúda
O fim da poesia,
O gozo em desalento,
Porém teimando eu tento...

51

Menina que carrega
Os sonhos sobre as costas
Ausência de respostas
A vida dura e cega,
O tempo sempre nega
Assim suas propostas
E quando são depostas
Já nada mais sossega,
Erguendo olhar após
Procuro o rio e a foz
E nada se apresenta,
A sorte em dissabor,
Aonde quis amor
A noite é vã, sangrenta...

52

Não sabe dos demônios
Gerados pelo anseio
E quando em devaneio
Vislumbra os pandemônios
Ataques pelos flancos
Delírios entre sonhos
Momentos mais medonhos
Aonde os quis mais francos,
E resolutamente
A vida não traduz
Sequer a mera luz
Por mais que isto se tente,
Alentos? Nunca mais.
Apenas vendavais...

53

As sortes escolhidas
Os vagos da alma eu sinto,
O tempo, o louco instinto
Procuro em vãs ermidas
As rotas já perdidas
O toque, o manso instinto,
O quanto agora eu minto
Preparo as despedidas,
E sei que já não pude
Rever cada atitude
Ou prever nova queda,
O passo em sobressalto
O medo ora ressalto
E a estrada já se veda.

54

O sonho da menina
Jamais se fez presente,
E quando ainda tente
Porquanto nos fascina
O nada predomina
E a fúria não se ausente
O todo agora sente
O gozo em nova mina,
Emana-se este vinho
Aonde mais sozinho
Pudesse ainda ver
Depois da chuva e medo,
A terra em novo enredo
Enfim a amanhecer.

55

Mas, quieta, nos meus sonhos,
A deusa em luz e glória
Mudando minha história
Em dias mais risonhos,
Os passos enfadonhos
O risco da vanglória
A vida merencória
Meus medos tão medonhos,
Pudesse ainda ter
Algum mero prazer
Depois desta desdita
A lua dentro em mim
Gerenciando o fim,
Jamais se necessita.

56

Eternamente bela
A estrela eu vejo nua
Deitando sobre a rua
O sonho onde se atrela
O quanto outrora em cela
Agora vai, flutua
Além da própria lua
Intensa se revela,
O quanto fora assim
O mundo dentro em mim
Depois de te saber,
Agora em bruma e treva
O tempo inverna e neva
Não vejo o amanhecer...

57

Tempos distantes quando
A adolescência toma
As rédeas; nada a doma,
O mundo transformando,
O todo se negando
O coração em coma,
A vida além da soma,
O templo se adornando.
Depois a chuva e o frio
Num outonal caminho
O quanto vou sozinho
E teimo enquanto espio
A velha adolescência
Com ar de impaciência.

58

E desenho o sorriso
Nos olhos de quem ama,
E tento além da chama
O passo mais conciso,
E tudo o que eu preciso
Sem medo, dor ou drama
O tempo gera e trama
Sem ser qualquer juízo,
O fim, o caos o nada,
A morte anunciada
A esquina em cada queda,
O vândalo cenário
O templo imaginário,
A entrada já se veda.

59

Saudade deste tempo
Aonde se pudera
Beijar a primavera,
Agora em contratempo
O nada se apresenta
E sinto em dissabor
A morte desta flor
Em tarde mais sangrenta
O corte, a poda, o frio
O inverno de minha alma
E nada mais acalma
Um coração sombrio,
Apenas morte e luto,
Porém; ainda luto...

60

Os ventos me trouxeram
Olhares do passado
O mundo desejado,
Os dias não me deram,
E nada mais esperam
Senão terror e enfado,
O corte anunciado
Os passos desesperam,
Gerando dentro em mim
A solução do fim
Negando qualquer chance,
E quanto mais atroz
Mais perto vejo a foz,
A morte ao meu alcance.

61

Nas mãos mais imprecisas
Os passos, cambaleio,
O tempo eu sigo alheio
Além do que precisas,
E sei quanto das brisas
Vieram de permeio,
O mundo que ora anseio
Já não mais vês e avisas,
O término se vendo
O manto em vão remendo
Puída esta esperança,
A corda rota, o fardo,
O fim; somente aguardo
Enquanto o tempo avança.

62


As cores juvenis
São sombras nada mais
Disperso de algum cais
Além do quanto eu quis,
O gesto, o corte, o giz,
Velhos mananciais
As mortes desiguais
O corpo em cicatriz,
A desdentada sorte,
O parto sem suporte
A morte neste instante,
Vagando dentro em mim,
Cevando em luta o fim
Cenário degradante...

63

Olhos, luar... Amor
São meras, vãs lembranças
Agora em tais mudanças
Ausência de calor,
O novo a decompor
Enquanto ao nada lanças
E vês nestas fianças
O mundo em estupor,
Supor que ainda veja
A sorte mais sobeja
O dia após em sol
O risco de sonhar
Vontade par a par
Aquém deste farol...

64

As dores vencerão
Jamais desistiria,
Mas sei desta agonia
Do passo em negação
Aonde há direção
Tentando novo dia,
É mera fantasia
Um sonho de verão...
Atrocidades tais
E nelas os fatais
Momentos; prenuncio,
O rumo se transtorna
A tarde outrora morna
Agora em dor e frio...

65


Um rouxinol cantando
Além do quanto pude
Na minha juventude
Agora se encerrando,
O mundo desde quando
Um dia em vão ilude
Porquanto já se mude
O templo desabando,
O manto em fel e brasa,
A sorte não embasa
Quem busca muito além,
O pranto, o rogo a treva
O nada em mim se ceva
E nada me contém...

66

O sangue enrubescendo
O olhar de quem quisera
Vencer a dura fera
O corte em mero adendo,
E agora se prevendo
O fim da primavera,
O nada mais se espera
Nem paz ora desvendo,
Recebo em dor e pranto
O quanto inda garanto
De um dia que não veio,
O prazo determina
O fim da velha mina,
E sigo além e alheio...

67

Amor tão furioso
Não pude mais conter,
Jamais o quis saber
Deveras raro gozo,
O pranto em ardoroso
Caminho eu posso ver
E tento algum prazer
No mundo pedregoso,
Resumos de outras eras
E neles destemperas
Mergulhas neste vão
Eu busco a mera sombra,
Porém tudo me assombra
A vida dita o não...

68

Na morte deste amor
Aonde eu quis bem mais,
Exposto aos temporais
Encontro em dissabor
Apenas sem rancor
A vida diz jamais,
E o velho porto, o cais
Aonde e como for
Terei num só momento
O quanto ainda invento
E tento novo sonho,
Mas quando se aproxima
A vida muda o clima
Inverno em mim componho.

69

Mas sempre viverás
E sei quanto mais pude
Ao ter tal atitude
Um passo em plena paz,
O olhar se faz audaz
E mostra em plenitude
O quanto mais ilude
A sorte em que se faz,
Gerando um novo dia
A vida mudaria
E tudo será bom,
Mas quando o tempo muda
O que era farta ajuda
Agora noutro tom...

70

Amor que já renasce
Mudando o velho enredo
E quando assim procedo
Expondo a minha face,
No quanto além se grasse
O todo mata o medo,
E sigo e desde cedo
Vencendo o que se trace,
E resolutamente
O tempo não desmente
Prepara outra armadilha,
Quem teve esta esperança
Enquanto ao nada avança
O inverno em si palmilha.

71

Desfilando a beleza
Por ruas e calçadas
Aonde vejo alçadas
Além da correnteza
As sortes, delas presa
Minha alma em alvoradas
Encontra estas lufadas
E as segue com presteza,
Açoda-me o futuro
E vejo enquanto curo
Os medos mais sutis,
Um dia pelo menos
Em ares mais amenos
Quem sabe sou feliz?

72

Caminha tão distante
O olhar de quem procura
A dita se assegura
No posso onde garante
O tanto se adiante
E muda a senda escura,
E sei quanto isto cura
Em ato fascinante.
O passo rumo ao todo,
Entranho medo e lodo,
Mas sei do colossal
Delírio que adivinho
E venço pedra e espinho,
Prevendo um bom final.

73


A vida de esperanças
Em passos mais audazes
Além do quanto trazes
E ao todo quando avanças
Espalhas confianças
E mudas minhas fases,
Gerando em mim as pazes
Em tardes, noites mansas.
Anseios, sonhos, ritos
Momentos mais bonitos
A vida preparara
A quem se dera tanto
E quando agora eu canto
Penetro esta seara...

74


A noite que persigo,
O tempo mais feliz
O quanto contradiz
A falta de um abrigo,
O mundo que consigo
A morte por um triz,
O canto este aprendiz
E nele busco o trigo.
O rastro além da morte
O nada me comporte
E gero outro sinal,
Viceja esta alegria
É pura alegoria
Em ato terminal.

75

Quem dera seu amor
Pudesse ser o meu
O mundo concebeu
Jardim gerando a flor,
E o tempo em tal calor
Jamais bebendo o breu
E o coração ateu
Em luz a se compor,
Na estância desejada
A sorte anunciada
O gozo em redenção,
O medo o passo além
E nada me convém,
Meu passo segue em vão.

76


Os meus mares não passam
De riscos e de medos,
Os dias seus enredos
Os cortes entrelaçam
E tanto se esfumaçam
Além os ritos ledos,
E sei dos meus segredos
E neles vãos se traçam.
Organizando o bote
Aonde amor se note
Eu vejo e me eternizo,
No encanto mais audaz,
O passo já se faz
Além deste granizo.

77

Na graça feminina
O tanto quanto pude
Viver em plenitude
E a sorte já domina
O passo determina
E nada mais me ilude,
Adentro em mim o açude
Dos sonhos, velha mina.
E assim nada retarde
O canto mesmo tarde
E o gozo temporão,
Depois de tanto alheio
O mundo sem rodeio
Encontra a direção.

78

Que morde, que me assanha
E toma a minha pele
Assim em mim já sele
A sorte feita e ganha,
O gozo onde se arranha
O toque que revele,
O beijo onde se atrele
O mar, vale e montanha
Cenário em raro brilho
Aonde em paz polvilho
Iridescente sonho,
Dirimo qualquer medo
E quanto mais concedo
Além, bem mais, proponho...

79

Nos passos veludosos
Os medos, meus anseios
E sigo em devaneios
Procuro majestosos
Caminhos caprichosos
A vida tem seus meios
E neles tantos veios
Em tempos belicosos.
Resisto e mesmo assim,
Vencido vejo o fim,
Mas nada que inda tema,
O corte se anuncia
É morta a fantasia,
Mas rompo a velha algema.

80

Num átimo mergulha
O olhar mais desejado,
E sinto sem enfado
O quanto se vasculha.
Se outrora fui um pulha
Agora transformado
Procuro um manso prado,
Num palheiro, esta agulha.
O vasto caminhar
Em busca de um lugar
Aonde eu possa ter
Além deste non sense
O amor que recompense
E gere este prazer.

81

Ser a caça, seria
O quanto pude e tenho
Aonde mais ferrenho
Pudesse em poesia
Traçar um manso dia,
E sei que não retenho
O mundo em vago empenho,
Pois tudo se recria.
O medo gera a luz
E a luz ao fim conduz
De um túnel onde vejo
O dia ou mesmo o fim,
E volto de onde vim
Somente noutro ensejo.

82

Mas olhares; desvia
Quem sabe busca além
Do quanto mais convém
Ou mesmo poderia,
E assim no dia a dia
Dos sonhos vou aquém,
Mergulho e sem ninguém
Aonde eu viveria
A paz que tanto busco
E quanto mais é brusco
O passo rumo ao fim,
Maior voracidade
E tanto se degrade
O mundo dentro em mim.

83

Na sua vida um mero
Caminho em vaga luz,
E quando me propus
E fui claro e sincero,
Agora nada quero
E nada mais seduz
Que tanto já fez jus
E sigo enfim austero,
O rastro do passado
O tempo anunciado,
O gesto mais suave,
O coração liberto
O manto já deserto
E vago feito uma ave.

84

A espero afinal, Lara
A quem amei e pude
Durante a juventude
Tocar rara seara
Aonde já se ampara
O sonho em plenitude
E mesmo que isto mude,
A sorte ali foi rara,
A morte, o medo e o vão
Ausente atracação
De um barco sem destino,
O roto olhar agora
Além não mais se aflora,
E aos poucos me alucino...

85


Mudanças! Necessito
E nada mais me impede
Nem mesmo se procede
A dor, a fome e o mito,
O quanto em infinito
O rumo onde se cede
O vento me concede
O gozo mais aflito,
Refém de um devaneio
O sonho ainda anseio,
Pois tornará possível
O todo que inda agora
Já sinto não se aflora
E não vejo plausível

86

Já me flagraste tonto
Em noites sonho farto,
Acesa a luz do quarto
Aos poucos me defronto
E vejo em tal confronto
O quanto já me aparto
Do gozo e tento e parto
Enquanto o não remonto.
Vestindo este fantoche
Exposto ao teu deboche,
Um histrião se faz
Na face desdentada
A sorte desejada
Agora em fim mordaz.

87

Que sempre me impediram
De um passo com firmeza
Aonde sem presteza
As sortes não se viram,
Palavras se desfiram
E nelas sem surpresa
A morte em tal vileza
E os sonhos já se expiram.
Respiro este abandono
E quando desabono
Hermético caminho,
O vago sempre assoma
E tudo em tal redoma
Deixando-me sozinho.

88

Agora já não quero
Sequer olhar pra trás
E o quanto não se traz
De um tempo mais austero,
O mundo não venero
Nem tento um passo audaz,
O corte foi voraz
E em vão me desespero.
Gerando outro demônio
E nele este campônio
Em lavras mais sutis,
Agora em pleno estio,
O verso eu esvazio
Ausenta-se o que eu quis.

89


Um dia, me recordo
Dos tantos entre os medos
Desvios, desenredos
E quando estando a bordo
Do sonho; enquanto acordo
Os dias seguem ledos
E tantos vãos segredos
Com eles não concordo,
Apenas aprendendo
A ser qualquer remendo
Emendo os versos quando
Percebo a sebe atroz
E sem ter mais a voz,
Aos poucos me negando.

90

Correndo no jardim
Dos sonhos de criança
A sorte nunca avança
Ditando agora o fim,
E quando sigo assim
Ao léu sem confiança
Preparo outra esperança
E a morte vem a mim.
Pudesse ainda crer
No quanto do querer
Existe ou mesmo resta,
Mas quando se anuncia
Vazio o mero dia,
A sorte não se atesta.

91

As luzes que ficaram
Ou mesmo não vieram,
Os passos desesperam
Os partos desamparam,
Os ritos terminaram
Além do que se esperam
E nada mais, pois geram
Ou nada me entregaram,
Somente o vago e o medo
E quando assim procedo
Encontro especular
Fantasma de minha alma,
Aonde nada acalma
Só resta e em vão, vagar.

92

Não me deixam sentir
Nem mesmo as ilusões
E quando mais te expões
Desnudas o porvir
E sinto onde há de vir
Diversas tentações
E nunca soluções
No tempo a pressentir,
O rastro, o passo e a queda
O mundo hoje se enreda
Nos ermos do meu sonho,
E quando sou voraz
Já nada satisfaz
Nem mesmo o que componho.

93

Jogávamos no sonho
As ânsias mais sutis
E fui até feliz
Embora tão tristonho
E agora se proponho
E nisto até já quis
Vencer a cicatriz
De um temporal medonho
Eu posso caminhar
Sabendo do luar
E nele me entregando,
Mas desde cedo e quando
A vida se desnuda,
A dor é mais aguda...

94

Julgávamos viver
Um infinito ou mais,
Exposto aos magistrais
Caminhos pude ver
O quanto do querer
Entranha tais cristais
E tento o mesmo cais
Das ânsias de um prazer,
Dessedentando a vida
Cevando esta saída
Em porta mais suave,
Mas quando se percebe
A turva e tosca sebe
O passo em vão se entrave.

95

Histórias deste amor
De tantos sonhos quando
O rumo desvendando
Além do quanto opor
O corte gera a flor
E tudo transformando
No tempo nos podando
Em tréguas muda a cor,
Eu sinto em amplitude
Maior o que me ilude
E gera a persistência,
O amor nunca se faz
Em manto tão mordaz
Nem mesmo em prepotência.

96

A noite vem trazendo
O medo, o frio e a treva
O quanto já se atreva
O passo se revendo,
Quem dera em estupendo
Delírio nova ceva
A sorte mais longeva
No amor seu dividendo
Encontra o raro apoio
E sei ser mais que joio,
Um tempo aberto em mim,
Depois dos vendavais
Percorro estes trigais
E teimo em meu jardim.

97

Meu mundo se desaba
O temporal assisto,
E quando mais do que isto
O corte nega a taba
A senda não se gaba
Do quanto inda resisto,
Nem mesmo se eu existo
Ou tudo em vão se acaba,
Ao menos quis rever
Cenários a tecer
Nos olhos mais sombrios,
Meu tempo terminado,
O peso gera o enfado,
E o enfado dores, frios...

98

Nos escombros dos sonhos
Olhando para trás
O quanto não se faz
Nem mesmo em tais risonhos
Caminhos enfadonhos
O passo mais audaz,
O sonho mais voraz,
Meus dias são bisonhos...
Resisto e mesmo posso
Moldando um mundo nosso
Saber do quanto resto
E tento novamente
Além do que se sente
Em firme e claro gesto...

152

99

Percebo o quanto pude além do nada
E dito os meus anseios vida afora
Aonde tão somente desancora
A sorte há muito tempo naufragada,
Resumo meu caminho na alvorada
E nela cada luz inda decora
Quem tenta rebrilhar e se demora
Além da própria vida anunciada,
Aprendo com meus erros, sempre assim,
Depois do quase nada resta o fim
E o bêbado desnudo em plena rua,
Um pária entorpecido bebe o sonho
E neste mar ausente eu me reponho,
Porém alma liberta, vai, flutua...

100

Prenunciando o fim de quem se fez
Além de meramente alguma luz
O pranto o corte o cego o fardo a cruz
Aonde gera a torpe insensatez,
No quanto do remendo que ora vês
O passo noutra face reproduz
Errático delírio eu faço jus
E teimo embora em mim a estupidez.
Quisera a cupidez de um vão lirismo,
Galgando algum cenário espúrio eu cismo
E tento contra a fúria da esperança,
A mão prepara o corte, fina adaga,
A morte com certeza inda me afaga
Enquanto no vazio o sonho lança...

Um comentário:

Regina Costa disse...

Querido, tudo lindo, forte e visceral como vc! >>> O sonho sempre encontra espaço p existir, como tbm há tempo p realizar nem q seja no imaginário. Tanto faz, o importante é q sentimos como se fosse real...>>> Tua produção textual é sublime! Sinto-me lisonjeada de permitir minhas garatujas junto a tua obra! Obrigada... Adoro-te!!! _s2_ Beijo carinhoso de boa noite!