terça-feira, 2 de novembro de 2010

18401 a 18600

1

Perdão se nos caminhos mais distantes,
Meu pensamento em ti, eu não tirei,
Se em tantas fantasias, delirantes,
Acima de mim mesmo, eu te adorei.

Perdão se sempre busco teu olhar,
Na noite mais tristonha e tão vazia.
Perdão se tantas vezes meu cantar,
Teu nome, só teu nome, repetia...

Perdão se não consigo mais conter
O sentimento imenso que me toma.
Só vivo por teu gozo e teu prazer.
Tu és os meus caminhos, tu és Roma.

E sangro uma saudade sem igual.
Distante de teu corpo sensual...
Marcos Loures


2

Perdão... Já vasculhei por todo espaço,
Nas estrelas e versos que não fiz.
Tantas vezes morrendo perco o laço,
E me embaraço. Tento ser feliz...

A vida que me trouxe esse cansaço,
Cumprindo seu destino, tola atriz,
Devolve-me, sedento pr’o teu braço...
Quem dera seu perdão, mas nada diz...

Clemências, fartas doses, perco bula...
Nos calafrios mágicos, segredo.
Dos erros cometidos, tanta gula...

Minhas forças vencidas, mas em vão!
Meu sonho não se livra deste medo...
Será que poderei ter teu perdão?
Marcos Loures

3

Percorro no teu corpo, curvas, sendas,
Decoro cada ponto. Sensuais
Caminhos que te peço que desvendas
Até chegar ao rumo feito em cais.

Tua nudez, querida, me alucina,
Teus seios delicados, tuas pernas,
Buscando pela fonte, bela mina,
As mãos vão vasculhando, calmas, ternas.


Sentindo-te fremir já sobre mim,
Num remelexo intenso dos quadris
Desejo dominando até o fim,
Fazendo-me decerto mais feliz.

No amor que a gente faz e não se cansa,
Um mundo tão fantástico se alcança...
Marcos Loures


4

Percorrendo teu corpo lentamente,
Descobrindo os mistérios mais profundos.
Tocando tua pele novamente,
Entrando em teus segredos em segundos,

Tua resposta mostra-se em gemidos,
Sussurros, arrepios, francos gozos.
Depois destes caminhos percorridos
Os dias se passando, mais gostosos.

Da calmaria feita em furacão,
Da tentação voraz que nos domina,
No sentimento pleno de tesão
Adentro tuas tocas, boca, mina...

E assim neste dilúvio de prazer,
Derramo a minha sede de te ter...
Marcos Loures


5

Percebo, meu amor como estás pálida...
O medo dividindo tua face,
As almas se transformam qual crisálida.
Não posso permitir o teu disfarce...

Amor tempestuoso segue vário,
A noite que te trouxe não te cabe...
Espreito pelo vão de um mostriuário
Amar é um defeito, ama quem sabe...

A lua se transforma em companheira,
Sonâmbulo, procuro por teu porto.
Quem dera se soubesse verdadeira,

A rama que se enreda nessa lua...
Não tinha que viver assim absorto,
Na face que me mostras, se flutua...


6

Percebo tua doce timidez
Quando olho pro teu corpo, meu amor.
Procuras ocultar tua nudez,
Procuras levemente recompor,

Depois de tanto amor que a gente fez,
Enrubesces mudando tua cor.
Sorrio desta vaga insensatez
Amar de novo, volto a te propor.

E passo minhas mãos por sobre as tuas,
Leve arrepio mostra uma vontade,
Num segundo, tu finges que recuas

Mas logo se aproxima, delicada,
Matamos novamente uma saudade,
E a noite recomeça, apaixonada...


7

Percebo nos teus versos o frescor
Das flores que encantando em primavera
Demonstram a beleza de um amor
Que é tudo o que se busca e o que se espera.

No peito em florescência, encantador,
Distante dos queixumes, da quimera
Que corta tão profundo num torpor
Usando mais voraz, garras de fera.

Sorriso juvenil, pureza, encanto,
A doce suavidade no teu canto
Fazendo-me sorrir embevecido.

O meu olhar, tristonho envelhecido
Persiste na ilusão de um dia claro,
Aonde encontrarei último amparo...
Marcos Loures


8

Percebo-me um mujique em pleno inverno,
Inebriantes somas dizem nada,
Puído desde antanho, o velho terno,
Minha alma enfrenta em vão cada geada.

O quanto descobri não ser fraterno
A quem possa saber, me desagrada,
O verso proferido desde o inferno
Na noite branca adentra a madrugada.

Procuro meretrizes pelas ruas,
Imagens deslumbrantes, belas, nuas,
Autua o coração; tosco flagrante.

Por vezes na aguardente bebo luas,
E quando em outro palco, tu atuas;
Vergastas me servindo de calmante...


9

Percebe-se na nossa morfogênese
A evolução da vida sobre a Terra,
Isso não contraria, amigo, o Gênese
Parábola que a Bíblia nos descerra.

Transcendentais mistérios? Nada disso.
Negar o que nós vemos é tolice.
Quem tem com a verdade compromisso,
Concebe o que este livro santo disse.

Um Tomé às avessas, se escondendo,
Por sob escura máscara não crê
Por mais que sob os olhos, nada vê.

Porém eu não concebo algum adendo
Que possa transformar a nossa fé
No Filho que por ser, assim o é.


10

Percebe, com certeza todo o peso
A sorte que por vezes é teimosa
O brilho de teus olhos vai aceso,
Tocando a noite imensa e gloriosa

A vida tantas vezes num desprezo
Impede uma alvorada mais formosa,
O sentimento aflige e torna teso
Aquele que sonhara jardim, rosa.

Porém nossa amizade, neste instante,
Rebrilha como um raro diamante
Que em fonte luminosa tornará

A treva em que vivera o tempo inteiro,
Nas mãos de um camarada, companheiro
Vitória em plenitude chegará.
Marcos Loures


11

Perceba nosso céu tão constelado,
Perceba nosso amor, mansa cascata.
Perceba a nua lua, mar de prata.
Perceba todo o mundo iluminado!

Perceba como Deus apaixonado,
Nos trouxe a maravilha desta mata.
Perceba que a pupila se dilata
Na troca deste olhar enamorado...

Perceba refletir fosforescente
Nas águas teu olhar tão reluzente,
Estão plenas de lumes, de ardentias.

A lua se repete, tantas fases,
Perceba como amor repete frases,
A vida se repete em alegrias!
Marcos Loures


12

Pensando neste amor que me domina,
Não posso mais deixar de ser feliz.
Exala este perfume, uma menina
Que faz amor brotar em chafariz;

Deitar-me nos teus braços, minha sina,
Sabendo que terei tudo o que eu quis,
Mansa palavra chega e me alucina,
Vontade de poder pedir mais, bis.

Minha alma se ofertando ao verso manso,
De quem já se mostrou tão verdadeira.
Açude dos meus sonhos, um remanso

Aonde a paz se encerra em placidez.
Estrada em luz intensa, a derradeira,
Aonde amor perfeito, já se fez...
Marcos Loures


13

Pensando em ti não temo os vendavais,
Sentindo bem mais forte esta alegria
Na qual felicidade se sacia
E bebe a cada dia muito mais...

Percebo quão sublime esta magia
De ter ao fim da vida um manso cais,
Além do que pensara e que jamais
A vida sem te ter, já me daria...

Amante amiga, a terna companheira
Que faz desta emoção sua bandeira,
Derrama tantas flores no caminho.

O brilho sem igual que ora me invade
Trazendo para mim, felicidade,
Dizendo que jamais serei sozinho...
Marcos Loures



14

Peito parturiente gera um sonho
Aonde abortamentos não mais cabem,
O canto em plenitude é mais risonho
Não deixo que estes cantos já se acabem,

Um mar que sem procelas eu proponho,
Embora tempestades, todos sabem.
O mundo sem amores é medonho
Castelos não permita que desabem

Nas praias, nas areias e no luar
Momentos mais sublimes são possíveis.
Meus olhos não serão mais impassíveis

Eu quero tão somente, embora breve,
Saber do quão fantástico é sonhar.
Embora no meu peito caia a neve...
Marcos Loures


15



Peço-te: NÃO DESTRUA AS PRIMAVERAS,
Se o céu azulejar e for ardente
Sossegue, por favor; as tuas feras
E deixe ser liberta a nossa gente.

Os donos das enchentes e quimeras
Chicote que utilizam já se sente
Nas costas infelizes de quem dera
Amor a tal bandalha persistente

Vendendo o paraíso, amaldiçoam
Aqueles que se mostram mais cordatos.
Mentindo sobre origem destes fatos

Achacam infelizes e perdoam
Depois de qualquer paga que se traga
Mostrando em cruz a dura e fina adaga...


16

Peço-te: contamine-me de amor.
Não quero cura nunca mais remédio,
Vivendo tanto tempo sem calor
Não suporto sequer mais esse tédio...

Transmita para mim essa doença
Que faz com que soframos e sonhamos
No fundo tanta dor se recompensa
Nos momentos felizes, nos amamos...

Eu quero esse veneno que me cura,
Eu quero essa tortura que me salva.
Eu quero essa amargura na brandura
Eu quero essa sangria na noite alva

Pois então minha amada, me ilumine,
E se queres tanto bem, me contamine!


17


Peço-te, por favor, não olhe assim

Quem sempre foi a ti tão dedicado.

O mundo desfilando dentro em mim

As dores que carrego do passado

Sentindo uma agonia que, sem fim,

Aos poucos tem meu mundo, dominado...



Não quero o teu olhar de piedade

Tampouco este sorriso complacente.

Pois quem tanto te amou sabe a verdade

Que traz para o futuro uma semente

Guardada em belos cofres da amizade

Mudando logo assim, sua vertente...



Aceito o teu olhar de paz amiga.

A amante que tu foste já não liga...

Marcos Loures


18


Peço-te, nos percalços desta vida,
Tantas vezes sofrendo essa saudade;
Que maltrata e talvez bem merecida,
Não deixa respirar felicidade...

Devolvo-te a promessa deste amor
Que já se adormeceu tão solitário
Não deixando nem escombros, nem sabor.
Rio sem ter o mar como estuário...

As sombras do que fomos perambulam,
Os olhos carregados já lacrimam...
Meus pés sem ter o chão, sonambulam.
De tanto que nos demos, não se rimam

Apenas o silêncio desabando,
Amores, andorinhas, triste bando..



19

Pecado é não sentir a sensação
De ter o paraíso em plena vida;
Negar a imensidade da emoção
Nesta vontade louca e distraída

De ter asas, voar pela amplidão,
Transbordando em prazer, sem ver saída,
Senão a que nos manda o coração,
Minha alma se encontrando; em ti, perdida...

Um arrepio intenso me domina,
E sinto-me suado, a boca seca,
A força do desejo não termina,

Vontade de te ter e sempre estar.
E sei então, quem ama nunca peca,
Adentra o paraíso; por amar...

20

Passaste pelas ruas sem me ver,
Andando sem sequer olhar ao lado,
Os véus que te cobriam, do querer,
Impedem que eu te veja, estou calado...

Não sabes que jardins precisam flores
Amores necessitam de carinho,
Carinho que regando meus amores,
Impedem de viver sempre sozinho...

Mas tudo o que plantaste, nada brota,
Apenas a saudade do que fomos,
No peito sem sentidos, amarrota.
Destroça devorando tantos gomos...

Amada não precisa se esconder,
O dia que te trouxe, vai morrer...


21

Passando pelo céu, vai viajante louca.
Correndo sem parar, cometa sem destino,
Quando for misturar, minha na tua boca,
Regressarei, vou ser, novamente um menino.

Minha voz, noutro mar, noutro tempo, mais rouca;
Já poderá cantar, no dobrar desse sino,
Em cujo badalar, minha dor se fez pouca
E a alegria, verão, foi grande desatino...

Passageira a temer, tantas as desventuras
Que na vida irá ter, quem nunca pode amar.
Para quem, caminhar nas noites mais escuras.

Buscando do luar, farol para guiar,
Os passos a fugir de tantas amarguras.
A viajante vai, nem sabe onde parar...


22

Passando minha vida como errante
Buscando em noite escura, a clara lua...
Querendo tanto amor, forte e constante,
No sonho que em teus braços, continua....

Vieste com teu canto de sereia,
Nos caracóis, nas praias, tantas ondas.
Deitado sob a luz da lua cheia,
Mil luas desfilando assim, redondas...

Eu quero em teu fervor, o meu prazer,
Eu quero essa fervura, ebulição.
Na ronda que de noite irei fazer
Em busca de te dar toda emoção.

Abaixe a luz da lua, só um pouco,
Amor assim demais, prazer tão louco...

23



Parece que esqueceste o jardineiro
Que tanto cativou-te, bela rosa,
Depois de ter cuidado do canteiro,
Ficou tão orgulhoso e todo prosa
Sabendo que talvez no mundo inteiro
Não exista outra flor tão glamourosa.

Tu és a delicada e rara flor
Por quem diversas vezes encantado,
O velho e dedicado lavrador
Se sente como um jovem adorado
Regando com afeto e puro ardor,
Trazendo este jardim tão bem cuidado...

Ó rosa não se esqueça mais de mim,
Contigo irei viver amor sem fim...

Marcos Loures


24

Paraíso em teu canto, ave bela e mais rara...
Ergueste teu castelo em meio a tempestade.
Feito de etéreo fumo, asas da liberdade.
A mão que me maltrata; a mesma que te ampara.

Persegues nova vida em sonhos, mansa e cara.
Onde tenhas amor, sincera amizade
E a paz d’um paraíso: a tal felicidade!
Teu canto encantador, a vida tão amara!

No teu castelo em dor, a flor perde perfume,
O sonho se esvaindo, o que sobra? Queixume...
Amor que sempre fora o retrato da glória,

Adormecido... Quieto... Espreita atocaiado,
Que outro castelo surja em outro, manso, prado.
Nas asas da ave AMOR, a força da vitória!


18425


Paraíso em teu canto, ave bela e mais rara...
Ergueste teu castelo em meio a tempestade.
Feito de etéreo fumo, asas da liberdade.
A mão que me maltrata; a mesma que te ampara.

Persegues nova vida em sonhos, mansa e cara.
Onde tenhas amor, sincera amizade
E a paz d’um paraíso: a tal felicidade!
Teu canto encantador, a vida tão amara!

No teu castelo em dor, a flor perde perfume,
O sonho se esvaindo, o que sobra? Queixume...
Amor que sempre fora o retrato da glória,

Adormecido... Quieto... Espreita atocaiado,
Que outro castelo surja em outro, manso, prado.
Nas asas da ave, Nice; a força da vitória!
Marcos Loures


26

Para sempre viver nosso desejo
Em meio a tantos sonhos de verdade.
Sabendo a maciez de cada beijo,
Vivendo sem temer felicidade.

Eu quero me perder em tal cortejo
Que leva todo amor em liberdade.
Trazendo em cada dia que te vejo
A vida na perpétua claridade...

Não posso me esquecer de ti jamais
Nem ouso perguntar por onde andaste.
Tens a transparência dos cristais,

De toda a minha vida foste fim.
Agora que te encontro e que chegaste,
Eu posso ser feliz, p’ra sempre, enfim!
Marcos Loures


27

Para onde fores, Pai, para onde fores,
Irei também, trilhando as mesmas ruas...
Tu, para amenizar as dores tuas,
Eu, para amenizar as minhas dores!

Que cousa triste! O campo tão sem flores,
E eu tão sem crença e as árvores tão nuas
E tu, gemendo, e o horror de nossas duas
Mágoas crescendo e se fazendo horrores!

Magoaram-te, meu Pai?! Que mão sombria,
Indiferente aos mil tormentos teus
De assim magoar-te sem pesar havia?!

- Seria a mão de Deus?! Mas Deus enfim
É bom, é justo, e sendo justo, Deus,
Deus não havia de magoar-te assim!
Marcos Loures


28

Para onde fores, minha amada, irei;
Trilhando o mesmo rumo, mesmas ruas...
Seguindo estas pegadas, buscarei,
Usufruir das luas, nuas, tuas...

Por mais que a noite venha tão sombria,
Eu vejo uma mudança destes ventos.
Pressinto que terei tanta alegria
Em meio a tão felizes sentimentos...

Se acalmo estas tormentas dentro em mim,
Bem sei como foi triste um vão adeus,
Mas vejo que terei amor sem fim,
Promessa que senti nos olhos teus.

E seguirei teus passos onde fores,
Nas sendas infinitas dos amores!


29

Palavras que, sentidas, são tão belas,
E sempre nos alentam; dão prazer,
Aos poucos soltas frases formam velas
Que nos iluminando faz-nos ver

Em cada poesia um manso vento
Que traz novo matiz a nossas vidas,
Liberta uma emoção, o pensamento
Encontra sensações antes perdidas...

Sentindo o teu perfume no papel,
Na carta que recebo com carinho,
Certezas de me erguer além do céu,
Quem sabe eu não prossiga mais sozinho?

Com toda intensidade já te digo,
Ternura, no meu peito, encontra abrigo...


30

Palavras que me trazem tanto alento
De ter uma esperança, ser feliz.
Amar é conjugar um sacramento
No qual louvamos tudo o que se quis.

A glória deste amor experimento
Embora tantas vezes aprendiz,
Perceba em meu olhar o encantamento,
Não restando sequer a cicatriz

De um tempo em que seguira tão sozinho,
Vagando pelo espaço, sempre em não,
Agora que encontrei fascinação

Dedico estas palavras com fervor,
Tocado pelas lavras do carinho
A quem só semeou a paz e o amor.


31

Perdido nos teus olhos; me encontrei,
Lançando-me em teus braços, fui só teu.
Se num momento assim, quem se perdeu
Percebe que também eu mergulhei.

Ardentes sensações, eu naveguei
Até chegar ao fundo do meu eu
Que nos teus olhos belos, concebeu
O quando e o quanto tempo sempre amei

Sem ter sequer reservas nem receios,
Nos olhos que faróis são claros guias,
Sentindo em minhas mãos os belos seios

Dos olhos cada brilho, novo rumo.
Profundas emoções em ventanias
Aumentam meu desejo, louco insumo.
Marcos Loures


32

Paixão que me domina e não se cansa
De tanto me guiar quanto tolher.
O sonho, ser feliz, quase me alcança;
Mas logo tenho medo, de me ver.

Desnudo, sem defesa, atormentado;
Querendo mergulhar sem ter defesas.
Num beijo sem temor, apaixonado,
Deixando-me levar, em correntezas...

Eu sinto que te quero mais que tudo,
Magia que devora e me inebria.
Amor, como é difícil ficar mudo,
Vivendo nesta louca fantasia...

Espero que tu venhas, na manhã,
Senão toda esperança, morre, vã...
Marcos Loures


34

Pudera segredar-te num momento
As ânsias tresloucadas da paixão,
Que formam da alegria, o seu fomento,
Às custas de nossa imaginação.
Refém de toda a força deste alento,
Perfumes tão suaves na amplidão.

Doçura que da boca, méis emana,
Abençoadamente abrindo a fresta
De toda esta ilusão que, soberana,
Depois da noite imensa é o que me resta,
Vagando sem destino, amor se explana
E marca o meu destino em riso e festa.

Teu nome, uma crisálida em bonança
Promete a paz suprema da esperança...

35


Procuro-te, insensato, pelas ruas
Aonde costumava te encontrar.
Por outras sebes sei que continuas
Roubando raros brilhos do luar.

Em meio à profusão de claras luas,
Tu és a mais sublime e te buscar
Enquanto com certeza, anjo, flutuas,
Formando um belo sobre o mar....

Memórias deste amor que ora pressinto
Erguer-se em plenitude ao infinito.
Além de simples força de um instinto,

Insisto que te quero mais que tudo,
Embora muitas vezes siga aflito,
Em tuas artimanhas eu me iludo...
Marcos Loures


36

Prossigo, de teimoso, e vou sozinho
Encontro afrodisíacos na dor,
Partilhas do que outrora quis propor
Espalham-se nas margens do caminho.

Nas vestes que me deste, puro espinho,
O medo faz o passo encantador.
Quisera conceber algum amor
Que fosse a redenção. Em desalinho

Persisto na caçada tão inglória
Legando ao coração somente escória.
Os olhos com certeza, desatentos,

Almejo simplesmente aterrissar,
Porém ao perceber deserto e mar
Não vejo solução nem sentimentos.
Marcos Loures


37

Prossigo passo a passo do teu lado,
Vertente maviosa prometida.
Meu verso te buscando, enamorado,
Razão de ser feliz, louvar a vida.
Em harmonia sigo extasiado,
A sensação de sorte bem cumprida.

A salvaguarda feita em aliança,
Premissas de divina proteção,
Nos olhos que verdeja em esperança
A cada novo dia uma lição
Que traz eternidade enquanto avança,
Do sentimento imerso na Razão.

Sou teu, tão simplesmente e nada mais,
Tu és ancoradouro em manso cais...


38

Promete-me viver doce remanso
O Amor que se fartando faz feliz,
Deixando para trás a cicatriz,
Enquanto a plenitude eu sempre alcanço.

No braço feito em rede já descanso,
Terei contigo o amor que sempre quis,
Viver a poesia em que se diz
Versando sobre o espaço em que me lanço.

E colho depois disso, a mocidade,
Deixada no caminho, primavera.
Por mais que a solidão nos degenera

A força da paixão renova, invade.
Tocando em precisão o pensamento
Mudando a direção do antigo vento...

39

Promete: não irá jamais embora,
Amor jamais resistiria assim,
O meu canteiro coração a fim
De ter a flor que meu sonhar decora

Essa vontade, ser feliz aflora
Tornando mais bonito o meu jardim.
Amor que vai tomando tudo em mim,
Já sabe meu desejo desde agora.

Felicidade, conviver contigo
Um sentimento muito além de amigo
Aonde uma saudade não se exila.

Vivendo a plenitude sonho,
Na terna sensação enfim componho
Olhar de bela deusa que cintila

Marcos Loures


40



Procuro-te em beirais, umbrais do sonho,
Adentro cada quarto desta casa,
O velho coração decifra a brasa
E um fogaréu intenso; inda proponho.

Vieste num momento em que, tristonho,
Liberto sentimento perdeu a asa;
Já consultei; amor até a NASA
Nas sendas deste Céu; sem ti me enfronho...

Pudesse te encontrar e crer que um dia
Imerso na mais pura fantasia
Viesse a ser feliz... Ah! Quem me dera!

Distante deste Reino: Claridade;
O que pudesse crer felicidade
É simplesmente o vago de uma espera...


41

Procuro, nestes astros, a grandeza;
Que sei encontro em ti, minha querida.
Em toda essa sagrada natureza,
Não vejo tanta luz, em minha vida...

Temendo pela minha desventura,
Por vezes me maltrato sem saber.
Deitando meu amor com tal brandura,
Certezas infinitas de prazer.

A tarde não confirma esse receio,
Que a noite prometera em triste sonho.
Amor que em minha vida é sempre esteio
Permite a realidade que proponho.

Viver é sempre estar em movimento,
Por certo, sem amor, puro tormento...


42

Procuro-te em meu quarto, em nossa casa,
brincando com estrelas, lua e céu.
O fogo do desejo que me abrasa
pressente em teu carinho, tanto mel.

Embora este cansaço me consuma,
te busco em desespero, amada luz.
Da sorte que buscara, mais nenhuma,
apenas esperança me conduz...

A noite vai passando devagar,
e nada de encontrar-te, minha amada
Mas ouço teu sorriso a gargalhar

e a noite se ilumina, por certo ris,
Depois de tanto amor, não falo nada,
acato a brincadeira, estou feliz...


43

Procuro-te a meu lado e não estás.
Partiste para nunca mais voltar?
Perguntando às estrelas, lua e mar,
As notícias de ti, ninguém me traz.

Aos poucos me transtorno e perco a paz.
Loucura e desespero a me tomar,
Não quero e nem consigo mais pensar.
Viver sem teu amor? não sou capaz...

O sono nunca chega, vou insone,
Atravessando as noites, sem ninguém.
Saudade é o que me resta, nada vem..

Ao toque mais cruel do telefone
Outra esperança vã, ninguém responde.
Preciso te encontrar, mas não sei onde...
Marcos Loures


43

Procuras paraíso em coisas tão incríveis
Rara preciosidade, amor que nunca chega,
Na louca liberdade e no barco que navega
Um mar em tempestade, os ventos invencíveis!

Procuras a beleza em sonhos invisíveis,
Na fortuna e prazer. A dor, tonta, trafega
Na luz que tanto brilha e quase sempre cega.
Nos sonhos de vingança, as noites mais terríveis...

Procuras ser feliz nas roupas e nas jóias.
O mundo que maltrata esquece-se das bóias,
A Terra que jamais sonhaste repartida

Traz-nos o paraíso em simples e banais
Aspectos: na atitude, em formas naturais,
Na fonte, na nascente, o paraíso em vida!
Marcos Loures


44

Procurando pelo abrigo
De teu colo sedutor
Vivendo no nosso amor
Todo o fogo que persigo.

Eu quero deitar contigo
Mil desejos, tanto ardor,
Sentindo todo o calor...
Ao beijar o teu umbigo

Cócegas te provocar
Devagarinho chegar
À fonte mais preciosa...

Depois de tudo, cansados.
Pombinhos apaixonados.
Nesta noite tão gostosa..


45

Princesa sertaneja, meu desejo,
Estar entre teus braços sedutores.
À noite de trazer num manso beijo,
As luzes que iluminam meus amores!

A fonte do desejo, sem ter pejo;
Envolta nos carinhos destas flores,
Trazendo pr’este peito sertanejo
A certeza e beleza destas cores.

Altiva e tão serena, meu amor.
Os versos que eu te faço, num momento,
São formas mais constantes do penhor

Que trago no meu peito. Não duvide!
Rainha não permite sofrimento,
Princesa com certeza és, Alaíde!


46

Preso, contido em tais cruéis mistérios,
Não me permito as urzes nem espinhos...
Nas marcas de teus passos nos caminhos,
Por certo derrubaste meu império!

Não posso permitir tal adultério,
As bocas que beijaste, teus carinhos.
Do grande amor que tive, cemitério;
Os pássaros procuram novos ninhos!

Não quero mais saber de tuas culpas.
A noite não permite mais desculpas.
Te quis, jamais oculto essa verdade.

Os trapos que deixaste já rasguei;
Em tudo transtornaste minha lei.
De ti não restará nem a saudade...


47

Prenúncios de prazer em minha vida
Encontro nas manhãs de primavera,
O vento que me toca vem e gera
De todo labirinto, uma saída

A mão que se permite decidida
Enfrenta em destemor amarga fera,
Se eu tenho uma alegria que tempera
A dor de vez em quando, já duvida.

Fazendo um reboliço sem limites,
Às vezes não quer mais quaisquer palpites
E bate na janela, em temporal.

Porém escuridão não mete medo,
Sabendo usufruir, sei o segredo
No lume deste amor fenomenal.


48

Prenúncios de prazer em minha vida,
Deixados no caminho em que prossigo,
Quem sabe tanto amor nunca duvida,
Andando passo a passo, estou contigo.

A dor em esperança convertida
Prepara ao fim da noite o nosso abrigo,
Minha alma se encontrava, antes perdida
Agora até sorrir em paz, consigo.

Teu corpo a mais divina das molduras,
Repleto de prazeres e ternuras
Espelha esta beleza sem igual.

Tentáculos da sorte nos tocando,
O dia em alegria vem raiando
No lume deste amor fenomenal.
Marcos Loures


49


Preciso ter, contigo, paciência.
Se tantas sensações tu me provocas
Preciso deste amor qual penitência,
É como me perder no mar, nas rocas...

Por vezes, tenho ganas de partir,
Deixar o nosso amor sem solução.
Mas sinto que é melhor eu te pedir
Antes que a vida traga decepção...

Eu tento te entender, nem sempre é fácil,
Mas creio, meu amor que vale a pena.
Não quero na verdade, ter-te grácil,
Nem sempre valerá fazermos cena.

Pois bem sei, amanhã, sol vai nascer;
E toda a paciência irá valer...
Marcos Loures


18450









Prazer que eu tanto sinto quando vejo
A tua silhueta tão delgada,
A vida se mostrando iluminada
Além de todo o sonho que prevejo

A noite delicada traz um beijo
Em raios de luar, a madrugada
Promete uma esperança abençoada
Em um momento breve, um relampejo.

Sentindo o teu perfume que se exala,
Invade o pensamento, o tempo cala
E a vida se percebe em alegria.

Não deixo de sonhar nem de querer
Ao receber lampejos do prazer,
A vida se derrama em poesia...


51

Porém, um certo dia, irá nascer
O que se fantasia na carcaça
Enquanto uma alegria se esfumaça
A gente não consegue perceber.

Que todo o bem da vida em desprazer
Ainda se mistura com a caça,
Devora os meus cadáveres a traça
Inerente que habita todo ser.

Usando apodrecida vestimenta
Eu sinto-me esvaindo pouco a pouco,
O grito temerário deste louco

Que ao mesmo tempo mata e me apascenta,
Viscosa, a tua mão inda me afaga
A boca me devora, feita em draga.
Marcos Loures


52

Porém, sem ser ouvido continuas
Amigo que se fez um Rei plebeu,
Em meio a tantos brilhos, céus e luas,
O mundo em um momento concebeu.

Palavras mais sublimes são as tuas
Falando deste amor que se perdeu,
Jogado nas sarjetas, frias ruas
De um homem, o próprio homem se esqueceu;

Na cruz e no martírio que sofreste,
Neste amor que ensinaste e que nos deste
Exemplo tão sublime e verdadeiro

De quem é criador e criatura,
Doutor que nos mostrou com alma pura
O amor que se faz nosso timoneiro.
Marcos Loures


53

Por vezes, tantas vezes procurei
Alguém que me fizesse mais feliz
A dor já parecia ser a lei
Da qual não escapava, porém quis

Um Deus tão valoroso que encontrei
Curando e não deixando cicatriz
Nos braços de uma deusa se prediz
Que o mundo será belo, enfim. Eu sei

Que a face da alegria é inconstante
É feita de um mosaico multicor
Neste caleidoscópio vejo, neste instante

Que após ter sido apenas sonhador,
Encontro no teu braço amada amante,
O sonho transformado em puro amor...
Marcos Loures


54


Por vezes tão difícil a caminhada...
As pedras que encontramos são pesadas.
Eu busco meus amores nesta estrada,
As pedras impedindo m’as passadas...

Eu sinto a impiedade desta vida,
Em tantos fardos rudes que carrego.
Saber que a madrugada vai perdida,
Saber que o meu futuro, eu mesmo nego.

O peso do que tive não é pouco,
A carga que levara, tão dispersa.
Aos poucos sensação de ficar louco,
Ouvindo dos amores, tal conversa.

Não deixe que essa dor, assim, prossiga.
Demonstre meu amor, que és minha amiga!


55

Por vezes necessito ser guerreiro
É quando a tempestade já se assoma
E torna o meu destino prisioneiro
E o nada num segundo enfim me doma.

Porém ao ter abraço verdadeiro
A vida se refaz em nova soma
E o mundo se mostrando companheiro
Com toda força chega e assim nos toma.

Meu coração não teme mais arenas
Distante dos vorazes cães, hienas,
Abutres que nos bicam sem parar.

Na força, com certeza, da amizade,
Encontro todo apoio e na verdade
Consigo bem mais forte caminhar..


56

Por vezes necessito ser guerreiro
É quando a tempestade já se assoma
E torna o meu destino prisioneiro
E o nada num segundo enfim me doma.

Porém ao ter abraço verdadeiro
A vida se refaz em nova soma
E o mundo se mostrando companheiro
Com toda força chega e assim nos toma.

Meu coração não teme mais arenas
Distante dos vorazes cães, hienas,
Abutres que nos bicam sem parar.

Na força, com certeza, da amizade,
Encontro todo apoio e na verdade
Consigo bem mais forte caminhar..
Marcos Loures

57

Por vezes quase evito tantos erros,
São mares que transportam meus desejos.
E fazem de minha alma seus desterros.
Quem dera se tivesse esses lampejos

Que tantas vezes traçam nosso rumo...
Iria corrigir tantos desvios,
Amores não seriam tão sombrios
E a vida, com certeza, em pleno prumo...

A sorte dissimula e não me deixa
Mudando de caminho, santa e gueixa
Fazendo meu futuro temerário...

A mudança que pode me salvar
Tantas vezes ocorre sem pensar.
Muitas vezes depois do necessário...


58

Por vezes imagino meu passado,
Dolorido, vazio sem ninguém...
Sonhara o tempo todo em ser amado,
Vivendo procurando por um bem...

Não posso mais lembrar do que vivi.
O tempo magoando me maltrata
As dores que, em lágrimas, senti,
Tristeza que em meu peito me arrebata...

Mas tudo que começa tem um fim.
Assim de tão tristonho já sorrio.
O sol que vai brilhando dentro em mim,
Promete a calmaria desse rio...

Já tenho, em minha vida, o que mais quis.
De tudo que passei, final feliz!
Marcos Loures


59

Por vezes, no egoísmo em que vivemos,
Deixamos de sentir o gosto bom
Das coisas que sem ver, logo esquecemos,
Da vida, a sinfonia em cada som...

Por vezes nos matamos por dinheiro,
Sem termos a noção sequer da vida.
Sangramos com um mal tão corriqueiro
A sorte que jogamos; vai perdida...

Não falo em sacrifício nem em dor,
Não falo da tortura nem espinhos,
Apenas para bom observador
O que nos faz doer? Sermos sozinhos...

Pois saiba que jamais falta-te abrigo,
Nunca só: em Jesus tens um amigo...


60

Por vezes, mesmo em peitos mais abertos,
A dor estende forte, os frios braços,
Cerzindo com torturas, cria os laços
Que em seca nos trará tristes desertos.

Os passos se tornando, então, incertos,
Não deixaram sequer, os vagos traços,
E os sentimentos, nobres, sendo escassos,
Trarão os céus nublados, encobertos...

Porém, sabendo disso, amiga, eu peço
A luz que me protege dos martírios
Com profusão intensa, claros círios

Que ajudam a vencer qualquer tropeço.
Não deixo então que aflore nem saudade
Nos braços redentores da amizade...


61

Por vezes, encontramos os problemas
Comuns do dia a dia, mas sabendo
Vencer com tanto apoio estes dilemas,
Palavras benfazejas recebendo,

Mostrando em nosso peito tais emblemas,
O mundo em segurança percorrendo,
As alegrias seguem piracemas
Vencendo as cachoeiras renascendo.

Podemos já falar de uma amizade
Cuja base se faz sinceridade
E em firmes fortalezas já nos ata.

Ao mesmo tempo em paz ela nos rege
Enquanto a sua mão sempre protege
Nos dias em que a vida nos maltrata
Marcos Loures


62


Por várias vezes ao sentir a dor
De quem partiu sem dar sequer notícias
O coração vazio e sem calor
Buscava em desespero por delícias

Mas tinha o sofrimento do depois.
Quando o vazio vinha e me tomava.
Saudades torturantes de nós dois,
Dia de tua volta não chegava.

Espero te encontrar de manhã cedo,
E deixo a porta aberta, na esperança
De que talvez por arrependimento

Retornes do cruel, duro degredo.
Então dentro do peito uma festança
Eu juro, não terei ressentimento...


63

Por um momento breve imerso em alegria
Anseio a cada noite, amor de minha vida.
O vento em que se mostra amor e fantasia
Permite que esta história esteja decidida.

Meu verso te encontrando, um pouco a cada dia
Vagando pelo céu encontra uma saída
No braço em que adormeço, envolto em poesia,
Depois de tanto tempo entregue à dura lida.

Não vejo e nem procuro um rumo diferente,
Amar demais e estar, assim pleno e contente
Revelo, minha amada, em versos meus desejos.

Eu sei que tudo muda; uma metamorfose,
E cada vez que sinto o amor que insano goze
Percebo este caminho imerso em meus ensejos...
Marcos Loures


64

Por tantas vezes vi que a crueldade
Disfarça e já se esconde atrás da porta,
Por vezes tão distante da amizade
A nossa estrada queda semimorta

Uma esperança logo já se aborta
E deixa tão somente em frialdade
Verão que em tantas vezes a inverdade
Em frio minuano, sempre corta.

Mas sei que em ti, querida eu encontrei
Apoio para a luta que não cessa.
Amar e ser amiga é não ter pressa

Sabendo que contigo eu estarei
Em todos os momentos. Fortaleza
Inabalável contra a correnteza...
Marcos Loures


65

Por sobre o chão que é nosso, caminhamos;
Viemos de um deserto sem tamanho.
Das árvores distantes, somos ramos
Amar é nosso lema e nosso ganho.
Libertos, não sabemos mais dos amos,
Fazemos do egoísmo, algo tacanho...

Passamos pela sombra e pela luz
Agora há liberdade dentro em nós
Num sonho mais divino nos conduz
No amor nos encontramos bem após
Os medos e as correntes. Já reluz
Um sol em mansidão dentro de nós.

Uma lâmpada acesa em nosso peito
Do brilho deste amor, tão satisfeito...

66



Por que tu me deixaste? Em vão eu te pergunto...
A vida parecia um pássaro contente.
A paz nos comovia; amar eternamente!
Na dor que me legaste, a morte é meu assunto.

Amor quando se quer é bom que seja junto.
Ó tempo que vivi, eu era tão contente!
Amor era meu guia...A vida, mais urgente.
O mundo mais feliz, fantástico conjunto.

Mas Deus, tempestuosoa, em prantos me deixou,
Um canto de agonia, o que de mais restou.
Minha alma se transtorna, ausência me corrói...

Álgida madrugada, aurora nunca vem.
Acordo. Aqui do lado, espero, mas ninguém!
Tu foste muito cedo. Ah como a vida dói!
Marcos Loures


67


Por quantas vezes tive, em minha vida,
O gosto mais amargo da tristeza.
Pensando que jamais fora vencida
A dor que me arrastava em correnteza.

Nos versos que te faço, meu poeta,
O grande sonetista que ensinou
Que a vida pr'a ser boa e ser completa,
Precisa-se saber quanto se amou.

Amado professor, querido pai,
De todas as lições, a mais exata;
Saber que um belo dia, a vida vai;
Saber que esta emoção, cedo desata...

Me ensinaste, meu pai, prá minha sorte,
Não temo nem sequer a minha morte!


68

Por não temer qualquer um desabrigo,
Procuro pela solidão que me tempera...
Não sei se vencerei mais um perigo,
A liberdade torna-se quimera...

Quem dera se pudesses vir comigo,
Em busca da verdade uma nova era...
Nas franjas do caminho que persigo
Reviver os meus leitos na tapera...

Dessas virtudes que cultivas, bela,
A maior delas, mostra tua face.
Nos cavalos marinhos montar sela,

Esperanças dispersas, solidão...
Buscando tempestade que te lace,
Procuro por abrigo, um coração...


69

Por mais que tantas noites nós tivemos
São poucas, te garanto, minha amada.
Vibrando de prazer na madrugada,
O mesmo livro sempre e mais nós lemos.

Além de todo o mundo que queremos,
Nós temos em nós mesmos alvorada,
Paixão assim jamais foi aplacada,
É tudo que sonhamos, o que temos.

Teu corpo que é meu ópio, que é meu vício,
É fonte de loucura; o meu ofício
Se faz bem mais feliz quando te vejo.

Tomado por delícia e por magia,
Vivendo nosso amor, em poesia,
Futuro mais brilhante, enfim, prevejo!
Marcos Loures


70

Por mais que sejam duros os caminhos
Que um dia este andarilho coração
Provando em noites loucas, doces vinhos
Bebendo a se fartar de uma emoção

Vivendo insanas rotas, descaminhos,
Sangrando tantas vezes de paixão
Roubando em cada flor os seus espinhos
Um dia voltará. Velho rincão.

E espero te encontrar, braços abertos,
Ao perceber meus passos vãos incertos
Terei o teu regaço, junto a mim...

E em teu abraço, manso uma certeza
De quem ao enfrentar a correnteza,
Apenas regozija por que eu vim...


71

Por mais que sejam duros os caminhos
Nas íngremes montanhas, no deserto.
Por mais que as rosas tramem seus espinhos
Se o amor chamar, esteja sempre perto.

Nos passos que darás; os fundos cortes
Não sejam empecilhos para a luta.
Os brados de um amor são sempre fortes,
Resistem à tortura e à força bruta.

Se entregue totalmente ao bom do amor,
Pois mesmo que te traga uma ferida,
É nele que se encontra o grão valor
Que torna bem mais útil nossa vida.

Perceba que estas urzes que virão
Se calam com a força do perdão...


72

Por mais que seja rude a natureza
E trame, com destino, tantas dores.
As formas delicadas da beleza,
Por muitas vezes negam os amores...

O fio que nos traz felicidade,
Que prende à vil matéria sempre corta.
Deixando tão somente uma saudade,
Atada a esperança semi morta.

Nas horas mais sinistras desta vida,
Amiga, com certeza estás aqui.
Não pense que, de amor, foste esquecida;
Enquanto tanto amor já me perdi...

Sabendo que da sorte, vou logrado;
Amiga, como é bom te ter ao lado...


73

Por mais que eu te pareça estar distante,
Contigo, minha amada, estou agora.
Tua presença amiga sempre aflora
No pensamento assim mais deslumbrante.

A vida se passando num rompante.
Se pensas, meu amor, que fui embora;
Duvidas de quem amas, e que adora
Estar sempre ao teu lado, a cada instante.

Não tenho um outro alguém, isso eu garanto.
Eu peço, por favor, enxugue o pranto
Que teimando em rolar, maltrata tanto.

Tu és toda a certeza de um encanto
No frio desta noite, abrigo e manto,
Certeza de alegria no meu canto!


74

Por mais que estejas só, teu passo manso,
Não penses que são torpes ou inúteis.
Na vida não há marchas que são fúteis
Todas elas nos levam ao remanso.

Com teus passos, caminhos se abrirão,
Portanto nunca penses em parar.
Na vida é necessário caminhar.
Pois não há nesse mundo, nada vão.

Alguém te seguirá, tenha certeza.
Deslinda teu caminho em tal beleza
Que quando perceberes, claridade!

Meu caro companheiro, vá em frente!
A vida com certeza não desmente
Aquele que lutar com liberdade!
Marcos Loures


18475

Por mais que assim disfarce minha dor,
Sorrindo pelas ruas, até brinco.
Mostrando-me iludido em meu penhor,
Tentando demonstrar algum afinco,
Meu coração se mostra como for,
No desabrigo o vento leva o zinco,

Da casa desabada nada resta
Senão esta risada pobre e vil.
O gosto desta vida já não presta
A sorte me prepara o seu ardil,
Perdido sem ter rumo na floresta,
Meu rosto já me espelha: um imbecil...

Meu grande amor, eu sei que te perdi,
Vivo fingindo então que te esqueci...


76

Por isso, coração, a dor não temas,
É fato quanto quero o seu remanso.
Temáticas pacíficas seus lemas,
Remoço o sentimento e sempre alcanço
A vida tão distante dos problemas,
Destarte a cada dia mais avanço.

E traço cada passo em noite imensa,
Vagando sem temores, vou ao vento.
Em toda sensação de recompensa,
Mais forte vai ficando o sentimento.
O medo determina a noite tensa,
O sonho em carrossel nega o tormento.

Capaz de ser feliz quem ama tanto,
Mandingas desfazendo um vil quebranto...
Marcos Loures


77




Por isso, sem segredos, companheiro;
Devemos caminhar, cabeça erguida.
Se somos mais sinceros, verdadeiros,
Mais fáceis nossos passos pela vida.

Amigo não se esconda, seja franco.
O medo tantas vezes atrapalha.
O sangramento intenso sempre estanco,
No corte tão profundo da navalha.

Eu sinto que a verdade sempre vence
As tramas inventadas, as tocaias.
A vida, simplesmente, te pertence,
Depende de teus mares, tuas praias...

Assim, nunca se esqueça: liberdade
É feita na semente da verdade!
78


Por eu te amar demais, calo os tormentos,
Meus dias são fantásticas magias,
Ruídos, eu transformo em melodias
Transporto para longe meus lamentos.

Por te amar tanto em todos os momentos,
recebo tão somente as alegrias
mudando a trajetória dos meus ventos
levo o meu barco em doces calmarias.

Vivendo esta fantástica ilusão
Do amar demais além do que pensara
Percebo no teu cais a atracação

Depois destas procelas que vivi,
Por eu te amar assim, a noite é clara
Bebendo toda a luz que existe em ti...


79

Por entre mil castelos caminhais,
Uma princesa nua maviosa.
Teus olhos delicados, sensuais,
Colhendo em cada seio bela rosa.

Um trovador dizendo em madrigais
Imagem tão sublime e vaporosa.
Querendo tanto encanto e sempre mais
Em noite magistral e caprichosa.

Sem bruxas que impedissem nossos sonhos,
Apenas meigas fadas, cortesãs...
Debruço nos teus braços as manhãs

Em cantos mais ligeiros e risonhos.
E assim em sapatilhas de cristal,
O mundo que imagino, sem igual…
Marcos Loures


80
Por Deus o nosso amor foi contemplado,
A sina que nos une é muito forte.
Caminho sorridente do teu lado.
Contigo reconheço, tenho um norte.

Os olhos impregnados de futuro,
As mãos cultivam frutos condizentes,
Nosso ar vai se tornando bem mais puro,
Acalmam-se panteras e serpentes...

Vagamos por espaços bem mais leves;
Em mares mais serenos, calma areia
Eu peço que jamais retornem neves
Que calem este sol que nos clareia

E vamos, mãos atadas, destemor...
Vivendo na magia deste amor...


81

Poeta, por favor, feche os ouvidos,
Meu canto de lamento, um desafio,
Ferindo e penetrando os seus sentidos,
Dará u’a sensação de mar bravio.
Os versos em que amores destruídos
São gritos que se perdem num vazio...

Meu canto qual aboio, eu te garanto,
Contendo assim total rusticidade,
Misturas de gemidos com um pranto
Pedindo paciência e caridade,
Talvez ao te causar qualquer espanto
Açoite em que rebenta a tempestade,

Não trazem nem riqueza nem beleza,
São feitos de um amor em pobre mesa...


82

Poeta, tens nas mãos rosa dos ventos,
Um nobre timoneiro que em procelas
Sabendo controlar barcos e velas
Atinges mais diversos sentimentos.

Eu, trôpego andarilho das palavras,
Apenas um campônio e nada mais,
Ao ver tão buriladas tuas lavras,
Só me resta louvá-las, magistrais.

Usando em tua verve a maestria
Que tanto me fascina, meu amigo
Eu vejo em ti suprema poesia,
Na qual, humildemente já me abrigo.

Seguir o rastro em luz que agora espalhas
E ver a perfeição com que tu talhas...


83

Poeta, como é bom ser teu amigo,
Teus versos sempre encantam quem os lê
Por isso, companheiro sempre digo,
É muito bom viver e sei por que.

Na tua poesia regional
Demonstras o Brasil desconhecido,
Beleza muito além da natural
Encontra no teu canto mais sentido.

És mais que mar, bem mais que o grande rio
Que corre na Amazônia em poesia.
Teu peito sem inverno em pleno estio,
Nos traz a sensação da fantasia...

Quem lê teus versos nunca tem vazios
Entornas emoção, Kolemar Rios!


Para o Poeta Kolemar Rios


84



Poeta, companheiro em teu tinteiro
Expressas maravilhas em soneto.
Porém outra beleza eu te prometo
Se queres ter um sonho verdadeiro

Que é feito deste amor tão corriqueiro,
Nos braços de um delírio que cometo,
Ao mundo mais divino eu me arremeto,
E mostro um horizonte por inteiro

Deitando em bela lua, seus detalhes,
Garanto que o buril em tais entalhes
Trará alexandrinos; mais perfeitos.

Licores que se bebem no sertão,
Do amor que feito em lua, na amplidão,
Nas mãos de um trovador, os versos feitos...


85



PODEREI TRAZER OLHOS MAIS DISTANTES,
VÃO PERDIDOS, SEM RUMO, NAVEGANDO,
EM TRISTES ROTAS, MARES INCONSTANTES.
PROCURAM POR TEUS OLHOS, FLUTUANDO

NAS VAGAS SOMBRAS, LUZES VÃO BAILANDO,
NOS ÚLTIMOS COMPASSOS, DELIRANTES;
PERDER-ME, ALUCINADO, SABER QUANDO,
PODER SER O QUE SONHO SER, BEM ANTES

DA DERRADEIRA DANÇA NOS TEUS BRAÇOS,
QUE ME CONDUZ, VADIO POR ESPAÇOS,
NOS COMPASSOS SERENOS DO TEU CANTO,

NO QUE ME DERA,EM VIDA TANTO ENCANTO
NO QUE PUDERA SER ME DESENCANTO,
MAS QUE, GLORIOSA, VIVE EM MEUS ABRAÇOS...


86

Poder sentir inteiro o teu perfume,
Em cada novo dia, me entregar,
Bem mais da forme de costume,
Teu corpo no meu corpo naufragar...

Subindo estas montanhas, vales, cume...
Naturalmente inteira, te tocar.
Cravando em teu cerne, todo o lume
Que um dia das estrelas quis roubar.

As duras madrugadas que, tão frias,
Maltratam quem dormia assim mais só,
Fazendo deste sonho as fantasias

De uma dia ser feliz, não sofrer mais.
Renasço nos teus braços deste pó,
Solidão que não quero ter jamais...


87


Poder contar contigo, cara amiga,
Em todas as desditas que encontrar
Transforma a Terra inteira num lugar
Que nos conforta e sempre nos abriga.

Por mais que a solidão venha e desdiga
Eu tenho esta impressão e vou contar
Sempre com teu carinho a me tocar
Permitindo que a luta assim prossiga.

Nas horas mais difíceis, teu afeto
Garante a solução para os problemas.
Pois amor e amizade são os lemas,

Bandeiras para um mundo mais feliz.
Na paz deste carinho me completo,
É tudo o que eu sonhara e que mais quis...
Marcos Loures


88

Poder contar contigo, companheira,
É ter a minha força redobrada!
A sorte maltrapilha dá rasteira
Depois de certo tempo, sobra nada.
Assim comigo foi a vida inteira
Numa busca incessante, amargurada...

Meus olhos tão tristonhos, vagos... frios...
Cansados destas pedras do caminho.
Andavam pelos campos tão vazios,
Um coração sem rumo vai sozinho...
Sentindo teus carinhos mais macios
Um pássaro revoa, encontra o ninho

Em teus braços, querida e bela prenda...
Futuro mais brilhante se desvenda...


89

Podemos ser amigos simplesmente?
Não diga que não lembras tantas noites
Vividas em loucura plenamente,
As bocas se tocando quais açoites.

Os céus que visitaram nossa cama,
Estrelas que desceram pra nos ver.
O mundo se aquecendo em plena chama
Os risos, gargalhadas de prazer...

Gemidos tão sinceros de repente
Se tornam simplesmente quase nada.
Vivendo nosso amor que foi demente,
Não sobra nem manhã nem alvorada?

Apenas a saudade me tocando,
O medo de partir, céu desabando...
Marcos Loures


90

Platéia tá nos vendo e nos ouvindo
Mas mesmo assim eu gosto de poder
De noite te trazer muito prazer,
Mal vem esta vontade enfim surgindo,

Não temo, pois eu acho amar tão lindo,
Ainda mais se é feito em bem querer,
Teu corpo me procura e posso ver
Desejo sem limites explodindo.

Vencendo as tempestades, preconceitos,
Até os desamores violentos,
Daqueles que se sabem mais sedentos,

Porém nunca se viram satisfeitos.
Assim amar é bom, sempre excitante,
Palavra com certeza cativante...
Marcos Loures


91

Plantar o que colhemos pela vida
E receber o fruto da amizade.
Quem pensa que essa sorte vai perdida,
Encontra em seu caminho a claridade.

Não veja como porta de saída
A que nunca soubeste na verdade,
Não perceba somente a despedida,
A fonte inesgotável de saudade.

Um jardineiro sabe como é bom
Receber o perfume de uma flor,
Demonstra seu carinho como um dom.

Porém nunca se admite minha amiga,
Que a mão que não plantou tenha o valor
E roubar a colheita enfim, consiga.
Marcos Loures


92



Pudesse te esquecer; mas não consigo
O tempo destroçando cada sonho
E quando velho templo eu te proponho
No fundo necessito de um abrigo.

Estrela sem destino que persigo,
A cada novo verso que componho,
Eu creio ser o mundo mais risonho
E esqueço após a curva algum perigo.

Morrer de tédio e ter esta fineza
De ser o que servia e não devia.
A mente vai rolando em mão vazia

E o jeito é ter ao fim aço e destreza
Sermões acumulados pela vida
E a sorte que buscava, enfim perdida...


93


Pudesse te esquecer... ah! Quem me dera
A vida não traria tanta dor.
Apenas sou um mero sonhador
Que aguarda num inverno, a primavera...

Saber quão dolorosa esta quimera
O céu perdendo toda a sua cor
Viver o que restou de nosso amor,
É tudo o que me aguarda, o que me espera.

Sonhar que ser feliz é bem possível,
Felicidade é um dom que não concebo,
E quanto mais dos sonhos eu me embebo

A vida se esvaindo imperceptível...
Não cabe nem tampouco uma promessa
E o sofrimento, eterno; recomeça...


94


Pudesse eu ver querida a nossa estrada,
Meu grande amor sem medos ou espinhos,
Por essa lua imensa iluminada,
Fazendo da alegria tais caminhos.

A liberdade de poder estar contigo
Voando pelos céus em liberdade.
Vencendo tantas faces do perigo,
Chegando e te encontrar: felicidade...

Entre luzes, mistérios e cometas,
Fagulhas do desejo viram chamas,
Nos mares deste amor quero – prometas,
Que nunca deixará as nossas tramas

E sempre do meu lado, passo a passo,
Unidos corpos, lábios, sexos, braço...
Marcos Loures


95

Querendo te sentir aqui comigo,
Meu coração te busca num desejo,
Teu colo me servindo qual abrigo,
Um dia mais perfeito assim, almejo.
Vencendo qualquer forma de perigo
Um dia mais bonito eu já prevejo.

Sentindo a brisa leve da esperança
Roçando os meus cabelos, minha face.
A cada novo verso, uma aliança
Mais forte se permite amor que trace.
Voltar a novamente ser criança,
Vivendo esta emoção sem ter disfarce.

Singrando um mar divino em calmaria,
Vibrando nosso amor tal qual devia...
Marcos Loures


96

Querendo esta presença
que logo vem, alcança,
amar é recompensa,
garanto que não cansa,

que a vida nos convença
a termos esperança,
viver sem desavença
dançar a mesma dança.

Estarmos lado a lado,
em passos bem mais fortes,
num canto extasiado,

aplacando estes cortes,
esquecendo o passado
unimos nossos nortes...


97

Querendo num segundo
Chegar ao infinito
De tanto amor me inundo
Um sonho tão bonito

Sentimento profundo
Mostrando que este rito
De todo amor do mundo
No nosso eu acredito

Pois traz a primavera
Cravando em nosso peito
Depois de tanta espera

Agora satisfeito,
Amor do amor se gera
Deitando em nosso leito...


98

Querendo esta presença
que logo vem, alcança,
amar é recompensa,
garanto que não cansa,

que a vida nos convença
a termos esperança,
viver sem desavença
dançar a mesma dança.

Estarmos lado a lado,
em passos bem mais fortes,
num canto extasiado,

aplacando estes cortes,
esquecendo o passado
unimos nossos nortes...


99

Quem vive do passado, remoendo
As dores que ganhou no dia a dia.
Não é somente a si que ele angustia
A todos que conhece, entristecendo.

A vida não merece ser remendo
Dos erros cometidos. Tal sangria
Expõe todo futuro em anemia.
Um dia, meu amigo, isso eu aprendo.

Às vezes necessito a temperança
De quem sabe viver, tranquilamente.
Palavra que disseste, se me alcança

Talvez adentre assim na minha mente.
Restando-me aprender, ninguém desmente,
Depois da tempestade? Uma bonança!

Marcos Loures


18500

Quem veio de uma vida dolorosa,
Ao ver nascer enfim a primavera
Tomando este perfume de uma rosa,
Além de toda dura e triste espera

Percebe em tua mão tão carinhosa,
Muito mais do que sempre assim soubera.
A vida passa a ser bem mais gostosa,
Deixando para trás toda quimera...

As dores num momento já se esquecem,
Futuro mais bonito, os olhos tecem,
Jamais me sinto, assim, abandonado.

Meu mundo já não sigo mais sozinho,
Nas asas deste amor, um passarinho
Que nunca mais será engaiolado...

Marcos Loures

1

Quem veio de um passado tão sofrido
Marcado pelas dores, sofrimento,
Deixado, abandonado em duro olvido
Vê renascer a sorte em um momento.

Da cicatriz que trago, um dolorido
E amargo versejar quase em lamento
Tocado pelo vento, traz curtido;
O coração vazio em sentimento.

Ouvindo o teu chamado, quem me dera!
Pudesse extasiar-me sem temores.
Outono renascer em primavera?

Um sonho, simplesmente e nada mais,
Inverno não permite mais que flores
Renasçam num jardim triste demais...
Marcos Loures


2

Quem veio de tristezas infindáveis
Vivendo só tormentos e amarguras.
Sentindo tuas mãos tão adoráveis
Sentindo teus carinhos e ternuras.
Palavras que me dizes, mansas, hábeis,
Já sabe que com isso, amor, me curas...

Antigas indolências e revoltas
Turvavam os meus olhos sonhadores.
Das amarras da vida, as almas soltas
Procuram nos teus olhos refletores
A garantia eterna das escoltas
Que matam e diluem minhas dores...

Contigo; estas tristezas vão-se embora
Alegrias renascem! Hoje e agora!

3

Quem sabe um cavaleiro enluarado
Adentra em teu castelo nesta noite.
O vento que tu sentes, amainado,
Permite que este sonho já se acoite

Deixando o medo imenso assim de lado,
Jamais a tempestade em louco açoite
Virá ao teu castelo que, encantado,
Permite ao cavaleiro um bom pernoite.

Sinceras as palavras que te digo,
Amar demais é ter decerto abrigo
Nos braços de quem sabe o que tu queres.

Carinhos tão macios quanto audazes,
Nos quais felicidades, satisfazes,
Bendita entre milhares de mulheres...
Marcos Loures


4

Quem sabe esta amizade me diria
Das horas que decerto não sabiam
Olhares de quem ama e não confia,
Distâncias gigantescas já traziam,

Na pérfida ilusão que parecia
Que nunca, novamente raiariam,
Mas nasce em luz mais branda um novo dia
Que em versos tantas glórias me diriam.

Esperança que se mostra benfazeja
A quem; perfeito encanto assim deseja.
Uma amizade muda toda a história

Calando a mais terrível solidão,
Tomando em luz brilhante, esta amplidão
De dores e de bênçãos, divisória...
Marcos Loures


5


Quem sabe, meu amigo, uma atitude
De paz e de carinho e de perdão,
Nos traga a sensação da juventude
Perdida neste imenso turbilhão.

A vida nos devora sem dar chances
Se não nos redimirmos dos pecados,
Talvez adivinhando quais os lances
Possamos percebermos preparados.

Não deixe que esta dor te turve os olhos
E impeça de raiar o novo dia,
Colhendo as alegrias nestes molhos
Que fazem que muito mais que alegoria.

Perceba: ser feliz é mais que ofício,
Pois Ele já nos deu Seu sacrifício...


6

Quem sabe, no futuro um riso aberto
Estampe cada rosto francamente,
Vagando pela vida qual demente,
Eu semeei tempestades no deserto.

Unidos, mesma voz, igual concerto,
O passo quando dado é conseqüente,
Respeito ao que um irmão, deveras sente,
Trazendo um lenitivo sempre perto.

Porém, quando eu revejo a minha vida,
Percebo que não vi sequer saída,
Espero que este sonho chegue a ti.

Por ter já ter meu tempo se esgotando,
Esboço de uma vida se mostrando:
Tentando ser feliz eu me perdi.
Marcos Loures


7

Quem sabe, assim, talvez a dor te traga
O gosto tão amargo da saudade.
A boca que te beija, que te afaga,
A mesma que te cospe, na verdade...

Amigo, não discuta com a morte,
A sorte de quem vai, a de quem vem,
Dependem desta fúria, deste corte,
Da vida que levamos, sem ninguém...

Mas saiba que te resta uma ventura.
A noite sem estrelas trama o sol.
Depois desta doença, morte ou cura,
A louca desventura, teu farol...

Amigo, uma esperança que morreu,
Do amor que dentro em ti, já se escondeu...
Marcos Loures


8

Quem neste triste mundo se perdeu
Nunca teve os caprichos bons da sorte,
A paz nunca chegou. Viveu sem norte,
O sonho que foi claro escureceu.

Quem sempre mais tentou e se esqueceu
Sabe a profundidade e dor do corte.
Em plena vida aguarda a fera morte.
Esquece de viver, assim como eu.

Sou trama que não teve mais emenda,
Um velho beduíno sem a tenda.
Sou noite solitária e dolorida...

Amor é com certeza o santo cais.
Depois um outro porto, nunca mais.
A última esperança em minha vida!


9


Quem me dera; poeta fosse, enfim,
A solidão apenas brincadeira
Caminharia a minha vida inteira
Sem precisar fugir do amor assim,

Evaporar sem escapar de mim;
Na busca mais faminta e verdadeira,
Razões para a cantiga derradeira
Tocando em tua boca carmesim.

Dos lábios que sonhei; nada retive,
Esplendor com misérias já convive,
Exata dimensão em que se sonha,

Quem dera em cada verso de saudade
Sangrar com tal delírio e na verdade
Sorrir da fantasia mais medonha!

Marcos Loures


10


Quem fora em timidez, quieta e calada,
Ao ter a sensação do amor insano,
Mudando o seu comum cotidiano
Encontra neste amor a nova escada

Que leva ao infinito. E sendo amada,
Permite ao coração que em outro plano
Mergulhe sem limites, soberano,
Na vida já permite esta guinada

Tornando mais bonito amanhecer,
Beijando a madrugada com sorrisos,
Amor que assim chegou e sem avisos

Refez a nossa vida e deu prazer,
Merece ser louvado a cada vez
Que a gente se perder sem lucidez!

11

Quem dera, neste vôo, um passarinho,
Sem medo de encontrar felicidade.
Trazendo essa esperança como ninho,
Bebendo a fantasia, com vontade.

Sabendo da amplitude do desejo,
Com alma tão indômita e feliz.
Distante, sem saudades, sempre vejo,
O mundo do meu jeito, assim o fiz.

Pudera ter teu colo como pouso,
Depois de tanto tempo em desventura.
Meu pensamento livre, sem repouso,
Deitando nos teus braços, com ternura...

Sem grades tão cinzentas, libertar!
E como um passarinho ,enfim, voar!


12

Quem dera um cavaleiro enluarado
Pudesse vislumbrar lindo castelo,
Aonde um coração apaixonado
Tivesse nobre amor como rastelo,
Nas fímbrias deste sonho extasiado,
Momento tão feliz; me refestelo,

Bordando uma ilusão em noite plena,
Refém da fantasia feita em luz.
Buscando uma alegria mais serena,
Ao âmago do sonho, amor conduz.
Promessa de alvorada, assim amena,
Deixando para trás espinho e cruz.

Vivendo esta ilusão, raro deleite,
Espero que este verso – amor- aceite...
Marcos Loures


13



Quem dera um cavaleiro enluarado
Entrasse em teu castelo, com certeza
Amor que sempre fora bem guardado
Darias com desejo em sobremesa
Aos dias em que sempre transtornado
Buscou amada glória na princesa

Das terras encantadas, bem querer,
Depois de tanta estrada, tantas chuvas,
Nas sendas tão difíceis de saber
Em tantas armadilhas, urzes, curvas
Deitar em teu dossel, o meu prazer.
Beijar as tuas mãos, tirar as luvas

E ser assim amado companheiro,
Desta princesa bela, o cavaleiro...


14

Quem dera um cavaleiro andante na procura
Da sua fantasia em castelos dourados.
O verso se encharcando em lúdica ternura
Voltando a caminhar nos belos, mansos prados.

Gigantes e dragões, masmorras e tortura
Sonho medieval de reinos encantados.
Na noite enluarada a vida bem mais pura
De príncipes e reis, eternos namorados!

Mas vejo tão somente as coxas da morena
Na perna torneada a vontade se acena
E chama para a festa, em bêbada vontade

Na nitroglicerina o bonde do tigrão
Cachorra preparada. A tati barracão
Mexendo o popozão. Volto à realidade...


15

Quem dera se, de lágrimas isento,
Passasse a minha vida sem saber
Do verdugo voraz deste prazer
Que mina e já demanda sofrimento.

Amores quando soltos, bebem vento
E dormem envolvidos em lazer.
Procuro, nos teus seios, acender
O fogo que sossegue o pensamento.

Quem sabe a recompensa mais completa,
Cobiças e delírio tão dileto.
A vida remoçando em nova meta.

Desejos explodindo! Assim, repleto,
Marcado por Cupido, em doce seta
Renasço em teus carinhos, tanto afeto...


16


Quem dera se viesses, primavera,
Trazendo a flor bonita do desejo,
Bebendo em tua boca, quem me dera,
Matando a minha fome a cada beijo.

Apascentando a fúria feita fera
Desta vontade louca, onde latejo,
Querendo-te desnuda à minha espera,
No gozo deste amor que tanto ensejo.

A vida não seria mais tão pálida
Corada em teus olhares, teus matizes,
A borboleta vale esta crisálida

Que, temerosa foge de meus braços.
Um dia nós seremos mais felizes,
Unindo nossos corpos, firmes laços....


17

Quem dera se viesses, rosa rara,
Estrela maioral deste jardim,
Em tua majestade a sorte ampara
O sonho que guardei dentro de mim.
O tempo sem remédio, quase pára
Na boca que beijaste, carmesim.

O fundo marchetado da existência
Se imanta em tanto verso atormentado.
Quem sabe te encontrar foi coincidência?
Atando o meu destino ao teu passado
O resto se fará sem penitência.
Somente te proponho estar ao lado

Do mar que assoalhei em nossa vida,
Desabrochando em ti minha saída...


18



Quem dera se pudesse, um jardineiro,
Cuidar da bela flor que em ti já vejo.
O dia passaria por inteiro,
Neste jardim florido em meu festejo.

O mundo enfim seria um verdadeiro
Sonho em realidade que antevejo
De todos meus desejos, o primeiro
Podendo te regar com doce beijo.

Querendo renascer nesta paixão,
Cuidando com carinho desta flor
De raridade imensa, uma emoção

Tocando o jardineiro extasiado
Vibrando nos canteiros nosso amor,
Que é sempre, noite e dia bem regado...


19

Quem dera se pudesse te levar
Nos barcos dos meus sonhos, u'a princesa
Tomando-te em refém, distante mar,
Enfrentando batalhas, correnteza.

Cativo da beleza deste olhar
Teria nos teus braços, a certeza
De todo este tesouro desfrutar
Com ares de banquete e sobremesa.

Deitar minha alegria do teu lado,
Vencendo qualquer guerra que apareça.
No reino dos desejos, encantado,

Viver um sonho eterno, uma ilusão,
A sorte benfazeja que apeteça
Nos mares tão profundos da paixão!


20

Quem dera se pudesse sem receios
Beijar a tua boca e teu pescoço,
Depois descer meus lábios nos teus seios
Causando nos mamilos, alvoroço.

Deixar-te extasiada em loucos veios
Mostrando quando em ti eu me remoço,
Chegando devagar aos devaneios,
Moldando meu prazer neste colosso

De pele bronzeada e tão cheirosa,
Mergulho meu prazer em teus encantos,
Depois saber gostoso quanto goza

Da festa mais divina prometida,
Mordendo devagar, prazeres tantos,
O bem abençoado em nossa vida...
Marcos Loures


21

Quem dera se eu tivesse o teu amor
Teria as asas claras feito um anjo.
A vida num momento a se compor
Traria com certeza um belo arranjo.

Vertendo o coração neste canteiro,
Sentindo este perfume tão sublime
Do vento deste encanto verdadeiro
O sonho que se busca e tanto estime

O pensamento harmônico de quem
Sabendo desfrutar cada momento,
Na doce fantasia que já vem
Alçar felicidade sem tormento

Quem dera se eu pudesse. Quem me dera...
Teria ao fim da vida, a primavera...
Marcos Loures


22

Quem dera se eu tivesse o teu amor.
Seria tão feliz, isso eu garanto
Dos sonhos e alegrias, doce encanto,
O sol enfim traria nova cor.

No corpo de quem amo, um esplendor
Servindo como abrigo, belo manto.
Eu te amo e ouso dizer que eu amo tanto
Que a vida sem te ter, perde o valor.

Perdoe se eu te trago tão somente
O olhar como se fora um penitente,
Que à espera de um milagre vai inteiro,

Promessas que já fiz, rezas e preces,
Porém tu não percebes e me esqueces,
Distante de um amor, simples romeiro...
Marcos Loures


23

Quem dera se eu pudesse, predador,
Resgatar os pedaços que perdi,
Enquanto professei sonhos de amor
Estive tão distante, ausente, em ti.
Agora que percebo o teu rancor
Retorno num momento. Estou aqui.

Andarilhos desejos vão e vêm,
Eterno girassol, te quero tanto.
Depois ao perceber-me sem ninguém,
Destruo o que pensara um helianto
Seria bem mais fácil ter alguém,
Porém ao ver meus olhos: puro espanto!

Cenário desbotado, puído terno,
Legado que carrego: é sempre inverno!


24


Quem dera se eu pudesse te dizer
Das luas que encontrei no caminhar,
O manto consagrando o bem viver
O dia transcorrendo devagar,

Vagando o tempo inerte passo a crer
Na força que não posso mais negar
Remoça nossa fome de saber
Eternizando o sonho enquanto amar

Amargo vou cevando pelos campos
O brilho que vislumbro em pirilampos
A vida mateando esta saudade

Lateja no meu peito, um mijacão
Forrando o minuano, a solidão
Espalha o que pensara claridade...


18525


Quem dera se eu pudesse te dizer
De toda uma delícia que é sonhar,
Além de toda forma de prazer
É mais, cada vez mais; solto, voar...

As rédeas não me prendem. Finjo ter
As asas que permitam o céu, ar.
Na verdade mal consigo me conter
Numa explosão que trama sem cortar.

Bom dia minha cara companheira;
Amiga que aprendi a ter comigo,
E quero sempre assim, tão verdadeira.

Sabendo que te quero, solto a voz,
Gritando e te pedindo sempre abrigo,
Nos versos e carinhos; laços, nós...


26

Quem dera se eu pudesse te dizer
do quanto te adorei, tempos atrás.
O vento quando intenso inda me traz
teu nome sinonímia de sofrer.

Zarpando por teu mar, a me perder,
apenas respirar um pouco em paz.
Saudade vai roendo, tão voraz
e nada do que tive, eu posso ter.

Somente a tua foto na parede,
por traças carcomida e nos pedaços,
imagem que sobrou: caricatura.

Nesta água em agonia perco a sede,
apenas os resquícios, meros traços,
embora me transtorne tal tortura...


27

Quem dera se eu pudesse te dizer
Do quanto desejei e nada veio,
Seguindo estas pegadas sei do veio
Aonde poderei ter teu prazer.

Não tendo mais temores nem receio
Da fonte desejosa vou beber,
Certeza de encontrar meu bem querer,
Matando minha fome em cada seio.

Bagunças meu coreto, com certeza,
E nadando a favor da correnteza
Eu chego mais depressa nessa foz

Aonde despencando em cachoeira
Delícia transbordando na ribeira
Inunda em mar gostoso todos nós...
Marcos Loures


28

Quem dera se eu pudesse ser o vento
Que roça a tua pele devagar,
Vibrando de prazer por um momento
Chegando no teu corpo e penetrar

Debaixo desta saia, tomo assento
Nas coxas e virilhas, desfrutar
De toda a maravilha, estar atento
E nesta fantasia mergulhar.

Um gozo prometido, sedução,
Debaixo do vestido, paraíso.
Malícias irrompendo num sorriso,

Delícias e desejos, tentação,
Orgasmos espelhando e sem aviso
Alçar eternidade com tesão...
Marcos Loures


29

Quem dera se eu pudesse
Corcel ou garanhão
E amor cedo viesse
Tomado de emoção

Na noite em que me aquece
O fogo da paixão
Jamais a gente esquece
Amor em devoção.

Renovo em cada beijo
Desejo mais intenso.
De um deus que num dardejo

Com boa pontaria
Mostrou carinho imenso
E tudo o que eu queria...


30










Quem dera se eu pudesse, um beija flor
Beber teu néctar, rosa perfumada.
Depois de fecundar em pleno amor
Tornando a primavera saciada.

Chegando mansamente e com vigor
Lamber desta delícia, minha amada,
Vibrando com desejo e com fulgor
Deixando esta manhã incendiada...

Quem dera, colibri, pudesse ser
E todo dia sempre a te beijar
Abrir as tuas pétalas, sorver

Este teu mel divino e, devagar,
Depois de te trazer muito prazer,
Num vôo de saudade; ir... e voltar...


31

Quem dera se eu pudesse... Mas não sou
Sequer o que pensara ser outrora.
O tempo de sonhar não revigora
E nada do que fomos demonstrou.

Estendo na varanda o que passou,
A luz deste luar já foi embora
Deixando no lugar a dor que aflora
Que esta fria alvorada me legou.

Quem dera se eu tivesse; mas não tenho
Crisálida morrendo sem empenho
Impede com certeza; seda e sonho.

Quem dera ser ao menos um poeta
Dizer da fantasia que arremeta
A um novo alvorecer, belo e risonho...
Marcos Loures


32

Quem dera, em nosso amor, uma amizade,
Capaz de não deixar sequer segredo,
Vivermos sensação de liberdade,
Sem sombras nem resquícios, nenhum medo.

Podermos confiar sem ter surpresas,
Na geração divina deste amor.
Que nunca mostrará garras nem presas,
Cativo deste sonho, sem temor.

Podermos, nossas noites, nossos dias,
Envoltos na delícia de mil beijos.
Transbordarmos todas fantasias
Que tramam, na paixão, nossos desejos.

Amada, isso seria a perfeição,
Ser teu corcel, teu par e teu irmão...


33

Quem dera, neste vôo, um passarinho,
Sem medo de encontrar felicidade.
Trazendo essa esperança como ninho,
Bebendo a fantasia, com vontade.

Sabendo da amplitude do desejo,
Com alma tão indômita e feliz.
Distante, sem saudades, sempre vejo,
O mundo do meu jeito, assim o fiz.

Pudera ter teu colo como pouso,
Depois de tanto tempo em desventura.
Meu pensamento livre, sem repouso,
Deitando nos teus braços, com ternura...

Sem grades tão cinzentas, libertar!
E como um passarinho ,enfim, voar!


34

Quem dera, sem ter pátria, simplesmente
Pudesse ser humano. Um solidário
Desejo que entranhando em minha mente
Matando este egoísmo mostra o vário

Caminho que se abrindo nos consente
Um gosto alvissareiro, humanitário
Sabendo que o que sinto também sente
Aquele a quem chamamos adversário...

As torres em Babéis a cada dia,
São construídas, sempre alimentadas
Com pútridos tijolos. Tal agonia

Reflete nas igrejas e países
Distâncias certamente são criadas
Pelos canalhas, podres infelizes...


35


Quem dera, se eu pudesse ao menos te dizer
Do amor que tanto eu quis e o tempo carregou.
Agora tão distante em busca de um prazer
Às vezes me pergunto e não sei mais quem sou.

Resquícios da alegria; um novo bem querer
Talvez na fantasia ou sonho que encantou
Eu pude ter comigo o gosto de viver
Ao lado de – quem sabe?- um dia tanto amou...

Qual um louco, demente, espalho versos vãos,
Tateio o tempo inteiro em busca de outras mãos
Que venham ter comigo alvissareiro sonho...

Amiga, me perdoe e escute; pois talvez
Em meio à tempestade, alguma lucidez
Transforme o meu cantar em algo mais risonho...

37

Quem dera, a liberdade inda tocasse
A face deste insano sonhador.
Que tanto mergulhou e se fez dor
Por mais que uma ilusão, tolo, ele abrace;

A vida preparando em desenlace
O quanto a solidão possa propor,
Distante dos augúrios de um amor,
Caminho que esperança não mais trace.

O beijo tão ingrato da pantera,
Rasgando a minha pele, garras, dentes.
Por vezes, resoluto, em vãos repentes

Vislumbro deste alpendre a primavera...
Mas quando o dia nasce e o sol não vem,
Resposta se repete. Sem ninguém...
Marcos Loures


38

Queimando todo o fogo do desejo

Na saraivada intensa, iluminada.

Rastreio cada passo e já te vejo,

Nua na minha cama; enluarada...



Nos cálices bebendo cada beijo,

Banhando tua noite, toda e cada.

Subindo por paredes eu prevejo

A chama que jamais foi apagada...



Morando nos teus olhos, nego a venda,

E quero profanar os teus altares.

A camisola, solta, seda e renda



Testemunhando tudo, nada diz...

No quarto, nas janelas os luares.

A louca sensação de ser feliz!


39

Que esse mundo cruel fique lá fora.
Não tenho mais paciência com sofrer.
Se tudo se descamba ou vai embora,
Não sinto a menor falta. Eu quero ter
O gosto do pecado que se aflora
No corpo da mulher, puro prazer.

Por vezes nos botecos e nas ruas,
Andava em solidão, sem ter ninguém.
As horas pareciam ser mais cruas
O tempo ia passando sem um bem.
Às vezes nas beldades seminuas
Sorrisos de ironia. O quê que tem?

Depois que eu conheci o amor de perto
Não quero nem lembrar de tal deserto...


40


Que dera um cavaleiro enluarado
Entrasse em teu castelo, com certeza
Amor que sempre fora bem guardado
Darias com desejo em sobremesa
Aos dias em que sempre transtornado
Buscou amada glória na princesa

Das terras encantadas, bem querer,
Depois de tanta estrada, tantas chuvas,
Nas sendas tão difíceis de saber
Em tantas armadilhas, urzes, curvas
Deitar em teu dossel, o meu prazer.
Beijar as tuas mãos, tirar as luvas

E ser assim amado companheiro,
Desta princesa bela, o cavaleiro...
Marcos Loures


41

Que bom que tu voltaste, eu já sofria
Distante de teus braços sedutores.
A noite sem te ter, deveras fria,
Os pesadelos tantos, mil horrores.
Tu és a pura fonte da alegria,
Sem ti a vida morre em estertores...

Sacias minha sede desejosa
De ter esta delícia em meu caminho,
No mel destes teus lábios sei a rosa,
Que vibra delicada sem espinho....
Querida és esperança tão gostosa,
Certeza de que não vou mais sozinho.

Me entrego ao nosso sonho de ternura
Na nossa louca noite... insana e pura...


42

Que bom que retornaste para a casa
Aonde te esperei em desvario,
Um coração que sofre tão sombrio,
Aguarda pelo fogo em que se abrasa,

Vem logo meu amor que a vida atrasa
E deixa este meu canto ledo e frio,
Se o sonho nos teus braços já se embasa
Que faço sem amor? Sigo vazio.

Não quero mais falar em desenganos,
Carinhos eu pretendo, bem gostoso.
Teu cheiro, teu perfume fabuloso,

No corpo meus desejos soberanos
Aguardam mil prazeres sem iguais
Em gozos e loucuras divinais...
Marcos Loures


43

Que a ferida que deste não se inflame.
Que a dor da solidão não me persiga.
Que a morte distraída não me chame.
Que nunca mais se entorte a forte viga.

Que nunca mais me fira cruel flame.
Que sempre que se tente se consiga.
Que eu possa ser teu vero e doce estame.
Que nunca mais te esfreguem essa intriga.

Que a sorte que pensavas ser entrave
Não venha decepar teu lindo sonho.
Que a vida te permita porta e chave.

Os versos onde mostro, onde me exponho,
Não possam se perder da grande nave
Que o mundo seja sempre assim, risonho!


44


Quantas vezes, sozinho no meu quarto,
Olhando o teu retrato na parede,
Imagem que procuro e não me aparto
Matando da esperança, fome e sede.

Ouvindo aquela música que um dia
Servira como trilhas pros meus sonhos.
A voz de uma saudade em dizia
De tempos que; hoje eu sei, foram risonhos.

O sol ao invadir pela sacada
Procura-te e não vendo aqui, mais nada,
Em meio a tantas nuvens se escondeu.

Na nebulosidade da manhã,
Entendo a minha vida amarga e vã,
Morrendo pouco a pouco, sendo teu...


45

Quantas vezes pensei voltar pra casa
Para a mesma casa onde nosso amor
Nasceu. Tão solitário... Sem calor
Que emana deste amor que nos abrasa;

Perdia sempre o rumo de meus versos
Jogados nas paredes da lembrança;
Amar se necessita confiança
Além de outros carinhos mais diversos...

Pedindo-te perdão, hoje eu regresso,
Depois de tanto tempo sem te ver..
Amada, me perdoa; podes crer,
Humildemente sou um réu confesso...

E venho te pedir nova guarida,
Te entrego, se quiser, a própria vida...
Marcos Loures


46

Quantas vezes, quis saudade
Dominar meu coração,
Mas vivendo em liberdade
Sigo em outra direção.

Não carrego a falsidade
Nem tampouco outra emoção
Quem não traz felicidade
Não merece uma paixão.

Com certeza ainda quero
Ter um dia mais feliz,
Sendo sempre assim sincero

A verdade não desdiz
É por isso que eu espero
Apagar tal cicatriz...


47

Quantas vezes, fracasso doloroso
Atinge-nos nas sendas, nos caminhos.
Vencido pelos medos, andrajoso,
Distante das promessas de outros ninhos.

A dor vem nos tomando, tão cruel,
As nuvens embotando e sem visão
Não temos mais noção de um claro céu,
O barco não encontra atracação.

E quando mais difícil nos parece,
Na dura sensação da tempestade,
A luz que num momento se oferece
Surgida nos rincões de uma amizade

Permite que saiamos da tormenta,
Apascentando a treva violenta.


48

Quantas vezes, procuro em vão, faminto;
Pelos campos, florestas e cascatas,
Nas estradas terrível labirinto...
A lua refletindo suas pratas

Vai, enorme, acendendo meu instinto...
Penetro vagamente pelas matas...
Mas, embalde, vasculho e nada sinto
Meu cavalo cansado, fere patas...

Vestido de esperanças já me canso...
Se neste labirinto, nada encontro...
Meus destinos, meus rumos, não alcanço...

Minha alma vai seguindo, alma às escuras...
Labirinto d’amores, desencontro...
Encontrarei caminho, nas alturas...
Marcos Loures


49

Quando, enfim, me negaste a primavera,
A vida me sorria desdentada!
Não temia naufrágios, nem quimera,
Os meus dias sonhavam madrugada...

Mas vieste e roubaste, cruel fera,
As cores que pintavam deram nada.
As flores que teimavam, numa espera,
Morreram ao sentir tal invernada...

Nossa vida foi barco sem sentido,
Nossos olhos chorando na partida...
Nem posso lamentar tempo perdido.

Nem quero descobrir a nova vida...
Amor que se partiu, foi dividido.
Nada restou, senão a despedida!


50

Quando vou para o pampa levo o sol
Das minas que ficaram para trás,
Olhando para frente, um arrebol
Distante do caminho que perfaz
O sonho de quem fora girassol
Agora noutro mundo busca a paz...

Vencido pelas léguas, no cansaço,
Abertas estas trilhas em torturas,
Caminho mais liberto em cada passo,
Deixando para trás as amarguras.
Fazendo da amizade, novo laço
Banhado no raro ouro das ternuras.

Refino desta forma, canto e brio,
Na esperança de ter eterno estio...


51

Quando te vi, fumando sem parar,
A noite transportada num encanto,
Nossa mesa esquinada, nosso bar...
Temia pelas dores, cores, canto...

Nada mais poderia separar,
Nem joio sequer trigo, noite e pranto...
As nossas melodias ao luar...
O tempo passaria, noite e manto...

Nas mãos a bruxaria dos amores...
Buscávamos segredos na noite...
Mas nada mais teríamos, Dolores...

Nossa felicidade era fugaz,
A gente se caçava, qual coiote,
A noite serenada pede paz...
Capaz?
Marcos Loures


52
Quando te vejo, assim, namorando,
Passando e provocando meu ciúme,
Te digo, não estás me preocupando,
Pois conheço tão bem o teu perfume...

Às vezes posso até mentir chorando
Fazendo neste canto o meu queixume,
Mas saiba que, com isso te enganando,
Eu já nem me aborreço de costume.

Só sei que já beijei a tua boca,
Nas noites mais gostosas. Que calor!
Agora, por favor, não banque a louca

Querendo meu ciúme provocar.
Quem teve tanto tempo o teu amor,
Nem liga se vê outro em seu lugar...


53


Quando te vejo, amada, fico louco,
Começo imaginar coisas de amor...
Desnudo tua roupa pouco a pouco
Em minha fantasia, nosso ardor...

Imagino nossos corpos no entrelace
Que traz tanta alegria, no prazer,
Nos rumos mais divinos que se trace
Amor tão infinito em nosso ser...

Vagando nesse mapa, lentamente
Decoro cada rota, vales, montes,
Desvendo esses segredos totalmente,
Bebendo dos prazeres nessas fontes...

Assim vou conhecendo os teus desejos,
Usando como guia os nossos beijos...


54

Quando te vejo, um sonho de alvoradas
Com brilhos duma aurora inesquecível.
Recebo tuas mãos tão adoradas
Qual sonho que pensara ser incrível.

E sinto teu cantar de cotovia
Trazendo para a vida um novo sol.
Aos poucos me raiando um santo dia
Promessas de viver em ti, farol...

Amor que tantas vezes hipotético
Longínquo nos meus ermos sem paragem.
Olhar que quando emanas, tão magnético,
Tramando pelos astros, tal viagem.

Do corpo desnudado sobre a cama,
Numa alvorada louca, imerso em chama...


55

Quando te vi, senti no teu molejo
A doce sensação de estar perdido.
A cada novo dia te desejo,
Buscando meu destino, decidido...

Teus passos conduzindo ao paraíso,
Balanço destas ondas na calçada;
O sofrimento besta eu exorciso,
Saudade vai pr’um canto assim, jogada...

O cheiro de teu rastro me domina,
Vertendo meus anseios, quero mais...
No balançado manso me alucina,
Na força que me doma, assim, demais!

Molejo desconcerta e desconcentra...
Paixão feito loucura; vem, adentra...


56

Quando te vi, sonhava, é quase certo...
Entre os raios do sol iluminada,
Felicidade estava ali por perto
Ao rastro da beleza assim sagrada...

Eu te olhava sentindo teu frescor
Pressentindo que tudo iria ter
A maga companhia dum amor
Nascedouro em tal noite de prazer...

Ah! Tantas ilusões a vida tece
Em nossos corações desavisados.
Depois de tanto tempo amor fenece
E nos faz parecer mais derrotados.

A vida se refaz em novo canto,
Talvez nova emoção, um outro encanto...


57

Quando te vi, amada viajante;
Eu nunca poderia adivinhar
Que, na vida, te mostras inconstante
Nas vezes em que pude te encontrar...

Bem sei que este teu passo é tão errante,
Companheira noturna do luar.
Mesmo perto, sentida tão distante
Navegante de todo o céu, do mar...

Amiga, bem tentei te conhecer
Mas nunca me mostraste tua face.
Não pude nem querer saber por que,

Pois só me permitiste o teu disfarce.
Às vezes ao tocar, te fiz perder...
Quando virás, enfim em mim; atar-se?


58

Quando te vi, eu juro não pensava
Que um dia poderíamos viver
A sensação; vulcão-erupção-lava
Que invade nossa noite e dá prazer.

Tu eras tão menina, mas guardava
Tanto desejo em flor; mal pude crer
Quando senti que a vida me levava
Direto pros teus braços... Que fazer

Senão me permitir este mergulho
Que trouxe em minha vida esta esperança;
Quem teve em dura estrada um pedregulho

Já sabe como usar suas defesas,
Porém, surpreendido em nova dança
Se entrega a desfrutar tantas belezas...


59

Quando te vi, amor fundamental
Não percebi que a sorte me tomara.
Cansado de uma vida sempre igual
Sem fonte e sem desejo, vida amara,

Quando te vi sincero e desprendido,
Sem marcas e desenhos, facas, garras,
Aos poucos sem sentir fui envolvido
Pelas mansas delícias das agarras.

Quando te vi querida, não sabia
Que o mundo me traria novas cores.
Tomado pelo fogo da alegria
Numa entrega total, sem pudores...

Quando te vi, depois de medos tantos,
Voltei a perceber; da vida, encantos...


60


Quando te vi; cansada viajante,
Eu nunca poderia adivinhar,
Que, na vida, tu foste tão constante.
Embora nunca pude te encontrar...

Eu bem sei de teus passos; uma errante
Companheira noturna do luar.
Sempre perto, sentida tão distante,
Navegante de todo céu e mar.

Amiga, bem tentei te conhecer,
Pois nunca me mostraste tua face,
Não pude nem querer saber por quê.

Pois só me permitiste teu disfarce.
Procuro e nada encontro, pois, cadê?
Muitas vezes, difícil te saber...

61

Quando te vi, bem menina,
Nunca eu poderia crer
Destino me desatina,
Sem ter nem vez nem por que,

Ao aprontar me destina
À sina do bem querer.
Na doce luz que fascina,
Teus olhos, puro prazer.

Menina-moça tão bela,
Do embrião virou sereia,
Agora arrasa, incendeia,

No meu céu rainha/estrela.
Nas cordas do violão
Acordou meu coração...



62


Quando te conheci, Lara, tocavas
Cítara e eu guitarra, rebeldias...
Quando, de noite, nua, decolavas;
Louco, audaz, procurava por orgias.

Enquanto eras serena, acalmavas,
Meus delírios cegavam, valentias...
No teu coração, calma, no meu, lavas.
Minhas palavras acres, repelias...

Lara, distante sonho, mansidão,
Meu contraste feroz, sou furacão...
Quando fervo no frevo, tu Nirvana...

Quando sou tempestade, tu és brisa,
A vida que me enruga vem, te alisa...
Brilhando sol e lua, uma cabana!


63



Quando te conheci, eu não sabia
Que tudo que sonhara estava ali,
Decerto, minha vida tão vazia,
Em tantos pesadelos, me perdi.

Agora que conheço a fantasia
De ser feliz somente ao lado teu.
Vivemos num momento de alegria
A luz que me ilumina e cessa o breu.

Teus olhos, com certeza, luminária
Dos sonhos que sonhei na minha vida
Alegria que fora imaginária
Renasce nos teus olhos, sim, querida.

Como é bom poder sempre, enfim te amar.
Encontrei, em ti, todo o azul do mar...


64

Quando pensas fingir, sei do teu jogo...
Disfarças; não enganas quem conhece
Teus beijos, alegria rouba a prece.
Quando finjo temer; peço num rogo

Que perdoes meu erro feito em fogo;
Ardendo meus sentidos, o ator cresce
Nos engodos, mentiras, como houvesse,
Realmente tristezas. Não me afogo.

Cultivo tais mentiras que me dizes.
Nos meus portos procuro por veleiros,
Mas insana, por vezes, contradizes

O que sempre parece o meu naufrágio,
Mas, no fundo, jamais são verdadeiros
Os versos que me fazem ser tão frágil...


65


Quando partiste, amor, me deixaste perdido...
Minha manhã vazia, a vida em desatino...
Maldisse a vida tanto, o mundo e meu destino...
Seria bem melhor, é certo, ter morrido!

Nessa ferida aberta, um pranto desvalido,
Um lamento cruel, coração assassino!
A morte, em plena vida, um canto em desafino...
Como se para a treva, em vida, tivesse ido...

Mas hoje, ao ver distante, o templo desta dor,
Amor que fora gelo, agora me traz flor
Brotada desse adubo: a morte da quimera!

Do frio deste inverno, a solidão, surgiu
Florida e perfumada. A vida que era vil,
Se transforma, um segundo, em bela primavera!
Marcos Loures


66

Quando eu te vi, sonhava com estrelas
E um brilho sem igual veio surgindo
Tiaras num cenário em que deslindo
Estradas luminosas que revelas.

Além de tão somente percebê-las
Encantos divinais fui descobrindo,
Num templo desejado, amado e lindo,
De imagens tão diversas, ricas telas.

Ao acordar notei que tua presença
E, num sorriso manso a me dizer
Que amor quando nos traz em recompensa

Um sonho que transborda em emoção,
Já sabe cada estrela recolher,
Compondo uma real constelação...


67

Quando eu te vi, sabia que seria
O derradeiro amor de minha vida.
Depois de tanta dor, farta agonia,
Abrindo no meu peito esta ferida

Qual fora uma ilusão ou fantasia,
Minha alma que seguira em vão, perdida,
Ao encontrar enfim, tanta alegria
Encontra-se deveras renascida.

E tendo esta certeza, sigo agora
Sem medos nem temores, peito aberto.
Contigo, meu amor, eu vejo a luz

Que em meio a mil prazeres revigora,
Cevando a bela flor neste deserto
Que em rara maravilha me seduz...
Marcos Loures


68


Quando estou recolhido no meu quarto
Eu sinto o bafejar do calmo vento,
Depois de ter vivido um sonho farto
De amor que não me sai do pensamento,

Escuto tua voz chamando ao senso
Imerso em tal delírio, te procuro,
Depois de certo tempo o mar extenso
Da solidão me mostra o quarto escuro.

Levanto; fecho esta janela e deito.
E te sinto tocar a minha boca,
Beijando-te adormeço satisfeito,
Refém desta emoção sagrada e louca...

E sonho com teus olhos, teu carinho,
Assim eu vou vivendo em nosso ninho...


69


Quando criança trouxe sua morte
Nas asas deste pobre passarinho
Se esquece que teria um novo ninho
Na muda dessas penas e de sorte.

O vento da saudade bateu forte
E não deixou mais nada aqui, sozinho,
No frio que devora seu cantinho
O rumo da viola sempre o norte.

Mentiras se não matas viram pragas
As ruas que visitas sempre afagas
Na boca das morenas mais bonitas...

Menino fui moleque e não disfarço
O marco que deixei em cada abraço
E sob esses vestidos, puras chitas...


70

Quando criança eu tinha tanto medo
Da escuridão que sempre me assustava.
A noite dolorosa me traçava
Um grave e tenebroso mau enredo...

Agora a solidão faz o degredo
De quem sempre, em criança, imaginava,
Que a luz que nunca vinha não brilhava.
Amor é tempestade e traz segredo

E tanto procurei a solução
Que trago mais vazio o coração.
A luz que me transmites me apavora.

A vida sem teus braços mansa e calma.
Pois toda escuridão sempre me acalma,
O brilho deste olhar já me devora!
Marcos Loures


71


Quando chegaste, mansa; não a vi.
A vida preparando tal surpresa
Com pensar vagamundo, nem senti
O aroma que exalavas. Sendo presa

De problemas sutis, estava aqui,
Mas minha alma vagava enfim tão tesa
Que em ti não reparei nem percebi.
Talvez por um instinto de defesa

Já que amor é assunto delicado
P’ra quem sofreu bem mais do que o costume.
Depois de certo tempo, fui tocado

Pela beleza intensa de uma flor
Além da raridade do perfume.
Fui ver: desabrochou em mim o amor...


72

Quando chegaste, amada, sorrateira,
Mal percebi amor que me trazias.
Uma palavra amiga e tão certeira
Iluminava assim, todos os dias.

Uma esperança amarga e derradeira
Dormitava em meus olhos, fantasia.
Não notei que a palavra verdadeira
Se escondia em sorrisos de alegria.

Perdido, sem olhar por certo em volta,
Deixei de te sentir por tanto tempo...
Agora, tua mão de novo volta

E me acariciando tu sorris.
Após a tempestade em contratempo,
Ao ver brotar tal flor, fico feliz...


73

Quando a vi, me parecia humana..
Os olhos esmos, livres passarinhos...
Pensei na minha dor, na dor mundana...
A roupa esfacelada em desalinho...

Imagem que senti, santa e profana..
Reparei, neste instantes, sou sozinho...
Quem me dera ter alma assim, cigana!
Cabelo revoltoso em desalinho...

A morte se aproxima, vem temprana,
O sonho se refaz em tal beleza...
Desfaz a mágica cruel, tristeza...

A dor que se portara tão tirana,
Minha alma se renova com certeza
Na alma dessa boneca, porcelana...
Marcos Loures


74

Quando a vi, sustenidos e bemóis
Ressoando na casa iluminada
Por vários tons, matizes de mil sóis
Trafegando degraus em escalada.
Ascendendo lances logo após
As marcas que encontrava; todas... cada.

Vestida de nenúfares sabia
Que a cada novo passo vaporoso
Tornava-me refém da fantasia
De ter e ser além de simples gozo.
Nos sons que com certeza, entranharia;
Mostravas seu perfil tão belicoso.

Numa alucinação febril, insana,
A lua desfilava soberana...


75


Quando à noite, nos campos, olho o céu;
A beleza espalhada no universo,
Deus, Poeta, traduz seu maior verso
Nesses caminhos lácteos; belo véu.

Pintor, numa só cor, num só pincel,
Nos tons mais belos, raros e diversos
Num sopro, com matizes mil, dispersos
Pela imensidão mago menestrel

Apaixonado pela natureza,
Sua obra prima, filha natural.
Num momento de lúcida beleza,

Deixou-nos por amar a toda gente
A grandeza silente desse astral
Que faz sonhar, maravilhosa, a mente...
Marcos Loures


76

Quando à noite, sozinho na janela,
Cismando, procurando em minha rua,
As pegadas deixadas por aquela
Que deixou a minha alma inteira, nua.

Será que ela percebe quanto eu amo
Os passos, as saudades, as lembranças
Por vezes se, seu nome, inda reclamo,
Parecem me faltar as esperanças.

Mas sei que voltará a ser comigo
O que sempre jamais pude esquecer.
Não tento, nunca quero e nem consigo
Viver sem receber o seu viver.

Procuro essas pegadas todo dia,
Quem sabe me informar? A fantasia?


77

Quando a brisa roçar-te, mansa, a fronte,

E o vento balançar os teus cabelos,

Olhando para frente, no horizonte,

Teus olhos fulgurantes; quero vê-los!



Estrelas transformadas em sorrisos,

Vertentes de esperança, lagos plenos

Repletos de carinhos mais concisos,

Guardando teus momentos mais serenos.


Viajo pelos astros, rumos, lumes

Que emanas de teus olhos deslumbrantes,

Meus olhos são pequenos vaga-lumes

Nos trilhos, teus faróis, fortes. Gigantes.


E assim, apenas sou um sonhador

Que encontra neste brilho, imenso amor...
Marcos Loures


78

Quando, ontem, nos teus olhos procurava
Os versos que escrevi pensando em ti;
Nas horas mais serenas encontrava
Motivos para estar de novo aqui.

Nos meus jardins dos sonhos, tantas flores;
E cisnes passeando em manso lago.
As nuvens desenhando novas cores
Num céu que se pretende ser tão vago.

Nos olhos, pois; levaste meu poema.
Meus sonhos; carregaste junto a ti.
Sem eles como vou seguir meu lema
De tanto que te amei, eu me esqueci...

Preciso de teus olhos, minha amada;
Sem eles não escrevo assim, mais nada!


79

Quando, os olhos fechados, te percebo;
No cheiro tão macio dos teus seios.
Aos poucos tantas luzes eu concebo
E vivo em paz na vida, sem receios...

Não somos mais as ilhas pedregosas
Atóis tão isolados no oceano.
As frutas dos amores, saborosas,
Inundam cada palmo, cada plano...

Guiado por perfumes que exalaste,
Deitando meu desejo sobre o teu.
Fazendo desse amor, puro contraste,
Cálice onde alegria já bebeu.

Inebriada, a vida quer festejos,
De camas, de carinhos, de desejos...

80


Quando, enfim, natureza tão pujante,
Resolveu conceber uma alegria;
No momento mais belo, deslumbrante;
Deu vazão à completa fantasia.

Quando, enfim, nos seus sonhos mais profanos,
Eros, enamorando-se da vida.
Ao sentir em minha vida, os desenganos,
Refaz a minha estrada vã, perdida...

Quando todo esse universo em reboliço,
Fulgurando em milhares de desejos;
Tramando tal beleza, luz e viço;
Trazendo divinais, loucos cortejos;

Ao ver o meu caminho, sem ninguém,
Trouxe-me a maravilha em ti, meu bem...


81


Quando “a cigana leu o meu destino”
Acendeu lamparina da esperança.
Dizendo que este amor desde menino,
Seria uma alegria, eterna dança...

Agora que te vejo bem distante,
Eu vejo que a cigana se enganou.
Perdendo esta esperança, um diamante,
Pergunto sem te ter para onde vou?

Quem dera se eu tivesse a paciência
De saber esperar por quem não vem,
Porém amar nos toma a consciência,
Depois de tanto tempo sem ninguém...

Vencido pela dor que assim se sente,
Procuro novo amor em outra gente...

82

Quando, faz tanto tempo, eu esperava
Amores que enganavam, nunca vinham.
As cores de tristeza sempre tinham
As horas mais certeiras, e chorava.

Sem versos e tão débil me lavava
Nas ondas deste mar onde se aninham
As dores mais terríveis que se alinham
No coração entornam frio e lava.

Quem já se viu contente não prospera
Em penas desfazendo manso canto.
Rodando nos espaços, qual esfera

Repara que viveu só no mormaço.
Sabe que amor se encanta com seu pranto,
E dorme, desleixado, no seu braço...


83

Quando, sozinho, à noite eu me recolho,
Percebo o teu retrato na parede,
A solidão fazendo-me restolho
Não tem mais quem aplaque sua sede.

Fechando os olhos, vejo em nitidez
Teus olhos, primavera inexistente.
Embora tanta saiba que não crês
Persisto em te chamar. Por mais que tente,

Não posso mais alçar uma esperança.
Afago o teu retrato sem moldura,
A noite sem luar, não me descansa
E morre enquanto a dor que inda perdura

Promete-me somente uma saudade,
Emoldurada, sim. Na eternidade...


84

Quando, ao dobrar dos sinos, percebi
Que quem durante tempos fora minha,
Eu nunca mais veria;então senti
O medo e desamparo da avezinha

Engaiolada: nunca mais saí...
A solidão, da morte má vizinha,
Depois de tantos anos, ei-la aqui.
Minha alma vai morrendo, pobrezinha...

Amores e saudades, com certeza,
Irmanados; devoram totalmente...
Deixando tão somente uma tristeza

Mas tenho por ventura uma esperança
Que em mim já coexiste, pois latente,
Com doce amor guardado na lembrança...


85

Quando, pelas ruas tu caminhas
Deixando um rastro amável pelo chão,
Palavras de cobiças, tontas, minhas
Alçando a tempestade em furacão.

Vestígios que procuro, tuas vinhas
Inebriadamente a tentação
Que chega quando vejo que tu vinhas
Tornando cada passo um alçapão.

Ruidoso coração dispara insano,
Num sofrimento atroz e desumano,
Catando estas estrelas que derramas.

Nas juras de um amor que eu quero eterno,
Do Céu cedo mergulho para o inferno
No fogo desabrido destas chamas...

Marcos Loures


86

Quando, no entardecer eu sinto a ventania
Batendo no meu rosto exposto ao sol,
Relembro do que fora apenas fantasia
Perdido sem destino, um barco sem farol

Há tempos dentro em mim a sorte se escondia
Fingindo ser feliz; negara o girassol.
Sangrando em nascedouro, abortando o meu dia
Bebendo da tristeza; isolando-se: atol.

A noite traz o luto, o sol já se escondeu.
Amor que tanto eu quis, percebo que morreu
Nos braços da saudade, adormecer? Quem há de...

Amar e ser feliz: um sonho benfazejo.
Porém a solidão explode num bafejo;
Em ventania intensa, adentra pela tarde...

87

Quando, com eloqüência me disseste
Do nada que transporto dentro em mim,
Ao sonegar beleza disse enfim
Do quase em que tocando não me deste.

Ao coração espúrio, mau,agreste
Eu digo do vazio aonde eu vim,
O céu que poluíra, outrora clean
E em nuvens taciturnas se reveste

Percalços entremeiam solidões
Nos aços de teus olhos, os senões,
Pedaços esquecidos nas esquinas.

Amarro estes cadarços da esperança
A queda que carrego me afiança
Do todo que negaste e que exterminas...
Marcos Loures


88

Quando, ao te procurar, encontrei a alma,
Livre, leve, feliz e transparente...
Com gosto mais suave fui descrente,
Amiga tempestade fez-se calma...

Nos versos esquecidos, minha palma,
A noite me viver, tão envolvente.
Tentei me absorver, me julguei gente,
Não tinha nem resquícios deste trauma....

Ao te encontrar, senti que meu espelho,
Refletia a tua alma, lama e caos...
O céu que nunca vinha, sei vermelho...

O medo nas paredes, nas molduras.
A guerra transformando um novo Laos,
Amar-te é como estar, sem pés, alturas...


89

Quando, enfim, abacelas nossas dores,
E tentas ocultar as dificuldades
Que fazem consumir nossos amores,
Em meio a tais diversas tempestades,

Procuras evitar os amargores,
Dispensas solidez, tranqüilidades...
Resumes os outonos já sem flores,
Esqueces primaveras... Nas tardes

Abandonadas vives sem carinho...
O medo te deixou paralisada.
Meu mundo sem verter nosso caminho,

A porta da saudade escancarada...
Abacelando amor, me faz sozinho,
Da vida que sonhamos, sobra nada...
Marcos Loures


90

Qual triste borboleta, vou a esmo,
Nas gotas deste orvalho, sem paragem...
Amor que nunca mais será o mesmo,
Descansa, doce bálsamo, viagem...

Nas promessas divinas, me quaresmo,
Não quero nem permito estar à margem.
Por vezes, tão calado, me ensimesmo
É medo de trocar, nova roupagem...

Crisálida que dorme não se esquece,
A dor deste fantasma me persegue.
Não basta a conversão sequer a prece.

A mansa borboleta nunca nega,
Por mais que tantos mares eu navegue,
Como é pesado o fardo que carrega...
Marcos Loures


91

Qual pluma que bailando com o vento
Entregue a tais carícias envolventes.
Parando, recomeça, num momento,
Na dança e nos folguedos mais frementes,

Meu coração aos poucos toma assento
E esquece de outros dias, penitentes.
Querida, não me sai do pensamento
Inveja que causamos a outras gentes.

Anseio te tocar, mas te procuro
Em todas as palavras que eu disser
Em todos os meus sonhos, em meus versos.

A luz que me inebria neste escuro,
A silhueta bela da mulher
Em magnitude plena, os universos...
Marcos Loures


92


Qual nau que ultrapassando ledos mares
Em busca de outras terras, de outra gente.
Entrego-me aos teus braços, teus amares,
Na angústia por te ter comigo, urgente...

Amor tão delicado, nos teares,
Se fez em pura seda, de repente.
Eu vim do não sei onde, há tantos dias,
Meus sentimentos mostram a minha alma

Desnuda em cada verso que fazias.
Destino se conhece pela palma
Da mão que me acarinha em fantasias.

O teu beijo em meus lábios sempre acalma...
Amar-te é traduzir esta avidez
Em semente que brota na aridez...


93

Qual fosse um astronauta
Que invadindo esta lua,
Achando em sua pauta
A força que flutua

Na refeição mais lauta
Princesa bela e nua
Que bela, andando incauta
Vagando pela rua

Espelha uma estrela
Roubada num momento
Meu pensamento atrela

E segue em calmo vento
Até poder revê-la
Em louco pensamento....


94


Qual fora um helianto apaixonado
Seguindo o teu olhar, solar intenso.
Meu canto se mostrando inebriado
De tanto que te adoro eu me convenço

Que as dores já ficaram no passado,
E o dia não será jamais tão tenso.
O canto em que persigo um novo fado
Num brado sem deslumbre, fogo imenso.

Persigo cada passo, cata-vento,
Descubro maravilhas, girassol.
Não deixo de pensar um só momento

Nas guias que me trazes, meu farol,
O dia renascendo traz no vento
Delícias deste belo, ardente sol...
Marcos Loures


95

Queria, num momento mais feliz,
Falar de nossas noites que se foram;
Jogada neste canto, a velha atriz;
Cujos olhos sem vida se descoram...

Queria num momento, manso, breve;
Falar do desatino que vivi.
A mão tão dolorida não se atreve,
Lembrar de cada canto que esqueci.

Restando tão silente, sem perfume...
Cálice onde ofereces tinto vinho,
Recende a tantas gotas de ciúme
Já tornando insalubre meu caminho...

Queria te falar do que restou,
Sou sombra do que fui, mais nada sou...


96

Queria te falar dos sentimentos
Momentos tão gostosos que prevejo.
O amor quando se mostra em seus intentos
Provê de fantasias o desejo.

Perdoe se te causo vãos tormentos,
Em ti farta alegria, meus ensejos.
Beijar tão mansamente, sinta os ventos
Que prenunciam gozos mais sobejos.

Convido-te, querida, para a dança
Que emoldurando a vida traz o lume
No qual minha alma embebe-se em perfume

Tocada pelas mãos de uma esperança,
Acaso tu virias para a festa
Que amor, em maravilhas já se empresta?
Marcos Loures


97

Queria ser teu par, o mais constante,
Estando dia a dia do teu lado,
Não ser somente assim, o teu amante,
Além de companheiro, apaixonado.

Estando no teu mundo, um debutante,
Nos sonhos que te invadem, ser teu fado,
Vivendo uma alegria a cada instante,
De um mundo que se fez mais encantado...

Eu quero renascer em cada beijo,
Em todo amanhecer que sei, virá.
Forrando o nosso céu deste azulejo,

Neste caleidoscópio sensual
Aonde nosso mundo brilhará,
Numa beleza intensa e sem igual...

98



Querer te ter intensa, sem limites,
Num êxtase completo, carne e dentes...
Não quero, em nosso amor, quaisquer palpites
Apenas teus carinhos, envolventes

Num ato de total insanidade,
Roubarmos os sentidos, viajar,
Amar: ter e privar a liberdade
Desejos entranhados a queimar...

Ardendo em tua chama, num vulcão
Que explode em tantas lavas, me devora.
Trazendo eternidade em erupção
Das nossas profundezas, forte, aflora.

Viajo por teu ser, quero tocar-te,
Teus templos e mistérios... Profanar-te..


99

Quando eu te vi, querida, estava certo
Que a lua finalmente eu encontrara
Meu coração sem travas vai aberto
Na busca desta deusa, perla rara...

A boca tu me deste em mansa entrega
Beijei-te calmamente e pude ter
A sensação do barco que navega
Em ondas mais suaves de prazer...

Sentia que tremias e eu também,
Na sensação mais plena de alegria,
Sem medo me entreguei. A vida vem
E forra meu sonhar em fantasia...

Quando eu te vi, querida, descobri
Que todo o bem da vida estava ali...


18600

Quero o sabor da manhã,
Vicejando nos teus olhos,
Percebendo teu elan,
bem distante dos abrolhos.

Vagueando vida vã,
Que tão louca vai, engole-os
Todos sonhos, cortesã
dos amores, sacros óleos.

No corpo e mente feliz,
Nos meus desejos a atriz
No que pudera ser tão,

Nem tampouco são servis,
O que nunca fora vão
já decora o coração.

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