1
Neste sonho ardoroso que nos toca,
As bocas se procuram, sede tanta...
O meu olhar no teu quando se enfoca
Desejo bem mais sorte se agiganta.
Carícias que trocadas nos aquecem
E fazem delirar quem bem se quer,
Os lábios, aos desejos obedecem,
Na busca da menina, da mulher...
Abraço-te com calma e com vontade
De ter teu corpo junto, sempre ao meu,
Nos sonhos (quem me dera) a realidade
Distante. Essa promessa de alegria
No vento em mil carinhos me aqueceu...
Acordo e quando vejo... Fantasia...
2
Neste eterno ansiar pela presença
Daquela que se foi pra nunca mais;
A dor vem castigando e dá a sentença
E me diz: Ser feliz? Nunca, jamais!
Transtorna-me o viver me maltratando,
A existência parece sem sentido.
O tempo tão comprido, se arrastando,
Encontro-me sozinho, estou perdido!
Porém quando te sinto, minha amiga,
Acalma-se a tristeza, a dor se abranda.
Uma emoção serena em ti se abriga,
A vida se transforma calma e branda.
Minha alma canta suspirando leve,
Me dando forças, nem a dor se atreve!
8
No abandono que sinto em tua ausência
Meus versos são tristonhos, magoados.
Às vezes te pedindo por clemência
Os sonhos, eu perdi, abandonados.
Bem sei que isso só foi coincidência
Que amores devem ser sempre louvados.
Porém, por tantas vezes vou sozinho
Na busca pelo sol da primavera
Um pássaro que luta por seu ninho,
Não vendo solução se desespera.
Que bom que tu vieste. Em teu carinho
Um mundo bem melhor do que se espera...
Assim, no vicejar de nosso amor,
Pretendo, minha sorte recompor...
9
Já nada mais pudera
Quem tanto não queria
A mesma fantasia
Marcando a primavera
Ousando noutra espera
A sorte não traria
Sequer a melodia
Aonde a vida gera
Felicidade imensa
E sei que isto compensa
A queda após o tanto
E tudo não se vendo,
Apenas tal remendo
E nisto o fim garanto.
10
Quisera qualquer luz
E nada mais pudesse
Ainda em leda prece
O quanto me traduz
Não posso e reproduz
A sorte noutra messe
Vagando se obedece
O todo onde me pus.
Vestindo a sorte quando
O mundo desabando
Em volta do meu sonho,
E após a rebeldia
De quem tanto queria
O fim, mero eu proponho.
11
Errando bar em bar
Na noite incontestável
O sonho detestável
Aos poucos se notar,
Ausente algum luar
E o tempo tão instável
No amor insustentável
Cansado de lutar.
Ocaso da esperança
Enquanto a vida avança
Mergulho no vazio,
E o passo sem destino
Deveras me alucino
E o sonho eu desafio.
12
Riscando deste mapa
O quanto quis e nada
Viesse em madrugada
No quanto a vida escapa
E prende enquanto encapa
Mortalha desenhada
Nas ânsias onde brada
E o canto forja a capa
Esqueço do meu verso
E tento outra saída
E nisto vou disperso;.
Vagando sem sentido
O todo gera a vida
E o fim, inda lapido.
13
Transcende ao que pudera
Ousando num momento
A vida em desalento
Produz o quanto espera
A sorte leda e fera
O quanto me atormento
Vencendo o sofrimento
Jazendo esta quimera,
Mas quando a sorte enreda
E vejo além a queda
Do sonho mais sutil,
Meu mundo se deserta
E a porta outrora aberta
Agora em caos se viu.
14
Unindo verso e canto
Poeta poderia
Ousar na melodia
E nisto a dor espanto,
Mas quando em desencanto
O nada se traria
Vencendo esta agonia
A vida em ledo manto.
Escassos sonhos; traga
Quem sabe desta adaga
Em fio bem talhada
Depois da tempestade
O sonho enfim se evade
Não resta em nós mais nada.
15
Impede um novo passo
Quem tanto quis a sorte
E nada mais conforte
O quanto agora traço,
Esbarro em sonho escasso
E sigo a todo norte
O mundo onde suporte
Gerando novo espaço.
Esgoto a tempestade
Além do temporal,
A sorte menos mal
O corte ora degrade
O passo sem sentido
E nele eu dilapido.
16
Ocasionando a queda
De quem tanto seria
E mata em agonia
O quanto não se enreda,
O passo aonde veda
E marca em fantasia
O todo noutro dia,
E sei de onde se seda.
Esbarro no passado
E vejo enquanto brado
Apenas o vazio,
Servindo de alimária
A sorte temerária
Aos poucos, desafio.
17
Percebo apenas isso
E sei do quanto tento
Vencendo o sofrimento
O todo onde cobiço
E sei do velho viço
E nele o desalento
E sinto alheamento
No céu ledo e mortiço.
Vencido caminhante
Aonde doravante
A vida não desnuda
A sorte sendo aguda
A morte se adiante
E negue alguma ajuda.
18
Ausência de esperança
Aonde o caos reedita
A sorte mais maldita
E o nada nos alcança
Quisera a noite mansa
E disto necessita
A voz onde se grita
E o mar busca a bonança.
Vestindo a melhor sorte
O todo enquanto aporte
A nau ou meu saveiro,
Pudesse adivinhar
No imenso, enorme mar
O amor mais verdadeiro.
19
Somando cada passo
Aonde nada havia
O todo em fantasia
Deixando o mundo lasso,
Esquece o que ora traço
E sei não vingaria
A morte em agonia
Num mundo tão devasso.
Tropeços costumeiros
Aquém dos meus luzeiros
Em noite feita em trevas,
Depois de cada engano,
O mundo onde me dano
Ainda além tu levas.
20
Demora um pouco mais
A vida sem sentido
E o quanto sigo e olvido
Expressa novo cais.
Perdendo os dias tais
E neles envolvido
O passo resumido
Destrói velhos cristais.
Nos funerais do sonho
A morte decomponho
E vago sem descanso,
Depois de tanto tempo
Em medo e contratempo,
O caos agora alcanço.
21
Fragilizando o passo
Aonde nada pude
E sei desta atitude
E nela nada traço,
Vencido por cansaço
O mundo se amiúde
E nada mais ajude
Quem tenta outro regaço.
Vestindo esta emoção
Os dias não darão
Sequer algum alento,
Esboço num sorriso
O quanto mais preciso
E mesmo inútil, tento.
22
Gritando esta esperança
Aonde nada houvera
A vida dita a fera,
Porém em paz se lança
Marcando com fiança
O quanto se tempera
E nisto a primavera
Aos poucos nada alcança;
As flores no jardim,
Amor em noite imensa,
A vida onde se pensa
Marcando tudo em mim,
Vestindo esta certeza,
Dos sonhos, mera presa.
23
A mente dominando
O passo sem sentido,
O dia ameno e brando
O tempo repartido,
Cortando não duvido
Do dia mais infando
E sei do desprovido
Caminho nos tocando,
A voz se mostra rude
E nada mais ajude
Quem tenta muito além
Do pouco que inda resta
Da sorte em leda festa
Do amor que não mais vem.
24
Desejos espalhados
Vão soltos em pleno ar,
Trazidos pelos fados,
Fazendo salpicar
Amor em vários lados
Anseio te encontrar
Dias iluminados,
Amor, raio solar
Que toca e que transforma
Refaz uma esperança
Mudando cada forma
Reforma uma aliança
Deixando como norma
A sorte que se alcança...
Marcos Loures
18125
Nova aurora surgindo em majestade
Alvíssaras do amor que nos tomou,
Beleza transformada em claridade
Agora nos teus braços sei que sou
Alguém que percebeu felicidade
Nos olhos deste sonho que raiou.
Almejo receber tranqüilidade
Que a luz de teu carinho vislumbrou.
Sou teu e disso faço um estandarte,
Abrindo os meus caminhos sigo em frente.
O peito desnudado vai contente
E vê tua beleza em toda parte,
Mulher maravilhosa, que alegria
Poder ter teus prazeres todo dia...
Marcos Loures
26
Nossos sonhos, qual torres protegidas
Pelos deuses d’amor e pensamentos,
Se elevam levam livres movimentos
Carreiam cordilheiras, nossas vidas...
Nos andores, condores, despedidas,
Flutuam no sonhares meus tormentos,
Queixando-me, percebo tantos mentos
Tremendo, indo temendo as recaídas...
Nossos sonhos, discípulos, Morfeu,
Penetram nas penumbras, nos umbrais,
Deixando leve, breves festivais;
Por onde ondeavam maremotos,
Motivos e matrizes, modos, motos,
Remotos nossos sonhos, sorvem breu...
Marcos Loures
27
Nosso amor; tempestade e calmaria
Que tantas vezes sopra enquanto fere,
Vivendo sem saber uma harmonia,
Na sobra disto tudo, não confere.
Enlouquecendo, traga a fantasia,
E logo venenoso, me desfere
As setas que entorpecem de alegria
Que o sal, açúcar, mel, fel, nos tempere.
Não sei de um amanhã em nosso caso,
Nem sei ao menos quando e nem talvez,
O sol nascendo morre em vago ocaso,
Disfarço mas não vejo mais futuro
Naquilo que se mata a cada vez
Que invade o território claro-escuro.
28
Nosso amor tão amigo e companheiro
Que encara toda a dor com alegria,
Cantando sem temer o mundo inteiro
Fazendo deste verso, a sinfonia
Que louva todo amor sem ter limites;
Em todas as facetas deste sonho...
Te peço, minha amada que acredites
Em tudo o que te canto e que proponho.
Nascemos por amor, vamos por ele,
Nos versos irmanados por um Deus
Que é feito neste amor que se revele
Sem permitir a dor nos olhos teus.
Estamos nos refúgios da esperança
Esse amor-amizade é nossa dança!
29
Nosso amor proibido, que destino!
Nossas horas de sonhos, de ternura.
Quanta beleza em ti eu descortino
Sei que me trará tanta loucura...
Te sabendo menina-primavera,
Neste outono que teima em me tomar.
Tua boca macia, quem me dera;
A vontade de sempre, sempre amar...
Mas a tarde caindo, e não te vejo,
Este tempo passando, solidão....
Encontrar meu desejo, teu desejo,
Eu estou explodindo de paixão!!!
E te quero, comigo, sem demora,
Antes que a primavera vá-se embora...
30
Nosso amor jamais termina,
Sempre forte e duradouro,
Do meu barco, ancoradouro,
De riquezas, nossa mina.
Tenha certeza, menina
Que és assim, o meu tesouro,
Nos teus raios eu me douro,
Tua boca é minha sina.
Se eu demoro alguma vez,
Muito além do que tu vês
Estou contigo, querida.
Vez por outra quando falho,
A culpa é do meu trabalho,
Sem o qual não há saída...
31
Nosso amor alimenta nossa vida...
É pão, é luz, é brilho... Uma esperança
Que nasce a cada dia e revalida
Vontade de viver. Nos faz criança...
Amor que tantas vezes nos transtorna
E nisso, nos transporta livremente,
Depois, mais bonitos nos transforma,
De tantas flores belas, é semente...
Amor que não permita Deus que morra,
Senão nós morreremos pouco a pouco...
Na dor e na tristeza, nos socorra,
Pois sei que em sua ausência, fico louco...
Não quero nem preciso de riqueza...
Por Deus abençoado, com certeza!
32
Nosso amor, se arrastando, vai aos trancos...
Em meio a tantos botes venenosos...
A chuva destruindo esses barrancos,
Os dias se transcorrem melindrosos.
Pés descalços; feridos, ficam mancos
Os sonhos? Pesadelos tenebrosos!
Nós nos cortamos sendo muito francos
Nossos desejos mortos, pavorosos...
Amor que não se cansa de ferir,
Fortuito se escorrega em novas camas
Não sabe nem espera p’ra sair.
Amor que se derrete em tristes chamas
Nas brasas apagadas da saudade,
Confunde insensatez com liberdade
33
Nossa cama está chamando
Para a gente farrear,
Esperando desde quando
Eu saí pra trabalhar
A noite já vem chegando
Trazendo um belo luar
Minha fome saciando
Nossa sede eu vou matar.
Neste cálice perfeito
Que é feito puro cristal.
Nunca fico satisfeito
Quero mais, e mais querida.
No teu corpo sensual,
Toda a razão desta vida!
34
Nossa amizade é feita da alegria
De sermos tão somente o que nós somos,
E nisso se demonstra com magia
Permite que esta história em tantos tomos
Seja contada à luz de cada dia,
Embora diferentes, mesmos gomos,
Frutificando em versos e carinhos,
Todo o poder que vem desta amizade,
Forrando com ternura nossos ninhos,
Vibrando a nos trazer felicidade,
Florindo em nossos campos, alvos linhos
Que em puro alinho moldam a verdade.
Amiga uma ternura insaciável,
Que é feita em amizade insuperável..
35
Nos versos que dedico à deusa nua,
Abrindo no meu peito uma esperança;
Tão bela quanto o sol, irmão da lua
Sorriso delicado de criança!
Nas ondas, nos arroubos, seduzindo;
Formando a fortaleza que protege.
Teu corpo, minha deusa, que é tão lindo;
Nos seios divinais, meu sonho rege.
E sinto a sutileza da nudez
Em toda uma beleza que fascina.
Aos poucos tanto amor que já se fez,
Reflete uma alegria cristalina...
Da rosa, da pantera, garra, espinho...
Não deixe quem te adora tão sozinho!
Marcos Loures
36
Nos teus palácios ácidos devoras...
As formas que comportas, tão disformes.
Nos jornais, nos anais, nossos informes,
Noticias seus cios, nada imploras...
Vértice recrudesces, tolas horas,
Teus peixes a pescar, salmoniformes,
Jamais eu poderia, seus conformes,
Rolando teus espaços, parcas toras,
Não quero o fero gozo de teu sexo,
Nem tento teu invento, tonto nexo...
Minha mina minada nada cria...
Meus olhos, óleos, aços, são pedaços,
Abrindo loucos braços, teus abraços
Convidam para a noite numa orgia...
Marcos Loures
37
Nos teus orgasmos, múltiplas viagens
Encontro uma volúpia insaciável
Intumescido grelo... Tais imagens
Além do que pensara imaginável
Descortina belezas em miragens
De um tempo em que sabia impenetrável
Caminho que mostrava estas paragens.
Agora tua língua mais amável
Grudada em meu caralho, mais faminta
Lambendo a cabecinha, desce mais
Até que em pleno esporro, satisfaz...
Depois de tanto gozo: xana e cu,
Fogueira que queimava, estando extinta,
Descansa calmamente em corpo nu...
Marcos Loures
38
Nos sonhos: pesadelos, medos vários
Procelas em remansos tão antigos.
Os braços que se dão reais amigos
Vencendo desatinos temerários.
Embora tão distantes campanários
Mostrando em rebimbares, os abrigos
Na frágil proteção contra os perigos
Diversos. Posso crer; desnecessários
Se eu tenho do meu lado a companheira
Que traz em amizade o seu encanto,
Mudando o meu destino e me levando
À fortaleza nobre e verdadeira
Na qual posso prever suave manto
Nas mãos de uma amizade se mostrando...
Marcos Loures
39
Nos sonhos , devaneios e viagens
Por mares, por montanhas, vales, rios...
As chuvas, os outonos, estiagens,
Calores, tempestades, ventos, frios...
Nos sonhos que, contigo sempre tenho,
Aragens e ternuras são constantes.
Dos mares mais distantes de onde venho
Os olhos no futuro por instantes
Acordo e ao te sentir bem junto a mim,
Sentindo o teu respiro e teu sorriso.
Pressinto que sonhaste tanto assim
De um jeito delicado e mais preciso.
Atamos nossos sonhos em forte corda
E o amor já se refaz logo que acorda...
40
Nós somos viajantes deste sonho
Que é feito de vontades e desejos.
Meus lábios, no teu corpo quando eu ponho
Formando com a língua em loucos beijos
Um mapa aonde percorro fontes, rios,
E traço com loucura e fantasia
Marcando em cada curva longos fios
Até reconhecer a geografia
De vales e montanhas, depressões,
Beber de cada gota desta fonte
Que mostra- quase um gêiser- convulsões
Tomando em tuas coxas, horizonte.
Adentro no oriente ou no ocidente,
Um lago perfumado, belo e quente...
Marcos Loures
41
Nós somos passageiros da alegria
Atados um ao outro eternamente,
Vivendo esta paixão que a cada dia
Se torna mais divina e envolvente.
Embora possa crer ser fantasia
Eu sei o quanto eu quero veramente
Beijar a tua boca em poesia
Sentir teu corpo aqui, deveras quente.
Assim vamos vivendo o nosso amor
Que é mágico e sincero, sem disfarces
Tocando com meus beijos tuas faces
Não deixo de saber que a boca é perto,
Arando com ternura e com fulgor
Deixando este caminho sempre aberto...
42
Nós somos passageiros da alegria
Amantes que se querem de verdade,
Vivendo a liberdade em poesia,
Alçando num instante a claridade.
Encantos que em teus braços eu teria
Vivificados ganham liberdade,
Aterrisso meu mundo em fantasia
Nos braços deste amor, realidade.
Partícipes de um novo alvorecer
Felizes por nós sermos aliados
Tocados pela sorte de poder
Sentirmos a magia deste amor,
Que enfrenta tempestades, sinas, fados
Mas se mostra, divino e encantador...
43
Nós somos os retratos mais fiéis
De tudo o que nos move, sentimento.
Andamos em conjunto, estes corcéis
Bebemos deste vinho, num momento
Sabemos da verdade destes méis
Voamos liberdade em mesmo vento.
Longe destes tormentos mais cruéis
Usando uma alegria como ungüento.
Levamos nossas mãos no mesmo andor,
Com corpos imantados bem unidos,
Fazendo de nós mesmos; refletor.
Enraizamos sonhos em conjunto,
Destinos num só rumo estão cumpridos,
Num mundo que se faz pra sempre junto
Marcos Loures
44
Nós somos lavradores da esperança
Propondo em nosso canto um novo mundo
Que é feito da partilha em confiança
Do sentimento nobre e mais profundo
Que venha mais depressa e sem tardança
Tomando nossa sorte num segundo.
Na força tão sensível da amizade
Talvez a solução bem mais perene.
Permitindo voar em liberdade
Respeita a toda luz que já se acene
Estrada colorida feita em paz,
Onde a diversidade de matiz
Que a vida num conjunto sempre traz
Fazendo encantador o amor feliz.
45
Nos olhos violetas a quimera,
Feroz devoradora de esperanças...
Tragando todo amor que se venera
Ferindo totalmente, suas lanças...
Quimera companheira me tempera
Com ácidos humores das vinganças.
A dor que não se queima, regenera
Não some e me consome, más lembranças...
Na poderosa bruma, meu naufrágio.
As nuvens que escurecem não dissipam.
As mortes dos amores já me estripam.
Angústia no meu peito é seu pedágio.
Quem dera ver da vida outra faceta,
Na luz que não dissipa, olhar violeta...
46
Nos olhos de quem amo, velhos lumes,
Dourando os meus caminhos, eu garanto
O quanto existe em nós de puro encanto
Na pele de quem amo, seus perfumes.
A saga que se forma sem queixumes,
Nos versos tão suaves, sinto o manto
Que aquece e que permite tanto quanto
Acalentando traz novos costumes
E faz de uma esperança ser meu par.
Levando a liberdade pelos ares,
Bebendo de teu corpo devagar
Percebo a maravilha dos luares,
Amada, como é belo o teu brilhar,
Qual sol a se entregar a belos mares...
Marcos Loures
47
Nos olhos de quem ama, uma esperança
Flutua mansamente em cada olhar.
Refletindo as estrelas e o luar
A noite luminosa sempre avança.
As bocas se misturam, louca dança
Encantos repartidos, tanto amar...
Querendo mil nirvanas alcançar
Firmamos nossos passos, aliança.
Fecundas ilusões se fazem festas
Vasculho meus desejos, te encontrando.
Não quero nem saber por certo quanto
Nem quanto do que fomos, portas, frestas
Abertas no meu peito, fogo e chama,
Certezas de quem sonha, de quem ama...
Marcos Loures
48
Nos olhos de quem amo; a vastidão
De mundos infinitos que não alço,
Caminho em esperanças, vou descalço
Alcanço num momento, o coração.
Sou quase o que perdera a direção,
Porém se uma alegria assim realço,
Amor que tu me deste, sei que falso,
Mas também fez estrago em tentação.
Tu és a glória plena que não vejo,
Tu tens a perfeição da jóia rara,
Embora mentirosa, amor prevejo
Depois de tudo, tudo que eu queria,
Mesmo em teus frágeis pés minha alma ampara,
Trazendo a sensação: bijuteria...
49
Nos méis que tu destilas, viciado,
Vencido pelo gosto desta boca
Que sempre quando toca me treslouca
E deixa-me decerto extasiado.
No toque deste lábio enamorado,
Refaço minha vida outrora pouca
E vibro em sensação que sei tão louca
Querendo renascer em outro fado
Recebo teus cristais com mil vontades,
Restando no meu peito as claridades
Que guiam estrelares cada passo,
Alhures meus temores vão logrados
Alçando estes prazeres sempre dados
Distante de qualquer medo ou cansaço...
Marcos Loures
18150
Nos laços deste amor, agora imerso
Fazendo do meu gozo um ritual,
Revelo meu amor em cada verso
Que faço olhando espaço sideral.
Vagando o pensamento no universo
Encontro o teu sorriso sensual;
Passado em minha vida, foi perverso,
Agora encontro em ti, paz afinal.
Riscando o pensamento, estrela guia,
Entornas no meu mundo, poesia
Deixando para trás velhos degredos.
Vivendo desde agora esta festança
Que trama em nossos passos a esperança
Na paz que se derrama em tais folguedos...
Marcos Loures
51
Nos laços deste amor, dois siameses,
Fazendo deste sonho único mote
Na fonte que eu desejo não se esgote
Matando a mesma sede fartas vezes.
Vencendo no caminho estes reveses
De tanto amor que trago, cada lote
Que Deus permita em glória nunca lote
Teus passos com meus passos tu revezes,
Acere nossa força cada sonho,
No qual a fantasia, eu decomponho
E tramo a mais perfeita solução.
Em vozes irmanadas num coral,
Um gesto de carinho ritual
Trazendo em gozo extremo, uma emoção..
Marcos Loures
52
Nos laços da amizade, a consciência
De que tudo talvez seja possível,
É necessária toda a paciência,
O resultado eu sei, será incrível.
Perdão a quem nos fere e na clemência
Certeza de vivermos noutro nível
Aonde sem castigo ou penitência
O sonho- ser feliz- seja plausível.
Amor em perfeição, tão desejado,
Um mundo bem distinto do passado.
Aquece com ternura o nosso ninho.
Contigo minha amiga, em nova lei,
De peito aberto, agora eu sei que irei
Vencer as intempéries do caminho.
Marcos Loures
53
Nos laços da amizade, decidido;
Percorro meus caminhos, passo a passo.
Andara solitário e combalido
Agora nos teus braços me refaço.
A dor de ter perdido, cedo, o rumo,
Levara o pensamento ao desespero
De toda esta emoção que em paz assumo,
A vida modifica o seu tempero.
Recebo o teu carinho, minha amiga,
E faço de meu verso este estandarte
Ao permitir que a sorte assim prossiga,
Eu sei quanto é possível, adorar-te.
Deixando o canto triste, amargurado,
Jogado em algum canto do passado...
Marcos Loures
54
Nos jogos que Cupido preparou
Desejos e delírios medo e riso.
A flecha no momento que acertou
Já decreta o final de todo siso.
Realidade passa a ser insana,
Insanidade vem a ser real.
Plebéia se tornando soberana
Princesa se percebe vil mortal.
Menino bem matreiro nos transforma,
Arqueiro que não busca nenhum nexo,
Tomando num momento qualquer forma
Total revolução, reinando o sexo.
Cupido nestes jogos, todos seus
É bem mais poderoso do que Zeus...
Marcos Loures
55
Nos jogos empatados, divididos,
Amor faz diferença, companheiro,
Espalha sobre nós o doce cheiro
E mostra os dias leves, bem vividos.
Explora com vigor nossos sentidos,
Paraíso se entorna verdadeiro
E quando tenho amor, eu vou inteiro,
Bebendo os sumos doces, extraídos.
Além de uma aventura simplesmente,
Eu quero todo o gozo que se sente
Ao ter esta mulher aqui comigo.
Menina que se faz qual deusa e Musa,
Aos poucos ao tirar a sua blusa
Encontro o paraíso que eu persigo!
56
Nos jardins desta vida, tantas flores,
Os retratos divinos da esperança.
Por onde meu olhar, feliz, alcança
Milhares e milhares, meus amores!
Um dia, nosso Deus em seus favores
Aos homens, nos deixou essa lembrança:
Apenas quem tiver alma tão mansa
Que saiba conhecer os seus olores
E guarde, na memória seus perfumes
Será um ser liberto de queixumes.
Um sentimento nobre e sedutor;
Felicidade está muito mais perto
Do que tu pensas. Disto esteja certo.
Por isso nos jardins plantei amor.
57
Nos guizos da alegria, um canto de ternura.
Divago sobre a vida, encontro a fantasia
Trazendo a cada dia; a boca doce e pura
Mostrando uma saída a quem tanto sofria.
Amor que se irradia e nisso se depura
Permite que decida a sorte que eu queria.
Nos braços da magia, intensidade e jura
Deixando já perdida a noite amarga e fria.
Eu quero a cada instante, o gozo mais profundo,
Um raro diamante, um amor infinito,
Mudando de repente, a sorte de meu mundo.
Cantando mais contente, alçando um belo sonho
Fazendo da esperança, um novo e manso rito,
No verso que te alcança, amor intenso eu ponho...
58
Nos guizos da alegria, sou palhaço
Que tento ser feliz sem teu amor...
Esqueço e já tropeço no compasso
Te abraço fortemente sem pudor.
Amada como é bom pisar na areia
Sentindo esse calor que a praia traz,
A mão que acaricia e que semeia
No fundo o que precisa é ter mais paz...
Amiga minha amada, minha amante,
Defronte desta estátua da quimera,
Convido passearmos num instante
Buscando dessas dores, primavera...
Amiga me desculpe se sorrio,
Esquenta um coração sofrido e frio...
59
Nos descaminhos todos, sem ter hora
De chegar ou partir, sem compostura,
Vejo que talvez nunca foi embora
A dor que se fez trágica tortura.
Que me importa essa vida lá de fora
E se chora essa tétrica figura
Que há muito se mandou no mundo afora
Agora, que é bem tarde me procura.
Talvez inda proponha; minha amiga,
Falar do que passei e não passou,
Garante que inda gosta, mas nem liga.
Somente te garanto que a aflição
De ser o que não fui tampouco sou,
Maltrata o que restou de um coração.
60
Nos céus onde encontrei o teu carinho,
Meu anjo sedutor, minha pantera.
Em fumos e nas névoas, sem quimera,
O tempo se passando, manso ninho...
Amor que me levou, um passarinho,
Que nas asas deste anjo se tempera
Tão manso como amor, a louca fera,
Nas ilusões demonstra: estou sozinho...
Amada não permita que eu não viva
A vida que queria sempre altiva.
Tristemente passamos por um sonho.
Apenas triste sonho e nada mais.
Nos céus de teu carinho, sei, jamais,
Terei sequer um mundo mais risonho...
Marcos Loures
61
Nos campos, arvoredos e cascata;
Derrama nosso amor, puro cristal.
Desejo tão profuso me arrebata;
Nas noites e nos dias, nesse astral.
Silvestres passarinhos procurando
Parceiros nestes cantos soberanos...
De tudo que sonhei, estou tramando,
Amores que busquei por muitos anos...
Não veja meu carinho como corrente
Que; atando, levará tanta tristeza.
Amor que me dedicas, envolvente.
Reflete em mansa luz, tanta beleza...
Granando estas sementes, noite vem;
Frutificando a noite do meu bem...
62
Nos campos onde espero ter meu fim
Os perfumes silvestres me dominam.
Minhas noites, nas flores se alucinam
E deixam bem distante meu jardim.
Tem rosa, tem crisântemo, jasmim.
Porém os tais perfumes desatinam
Aquelas que, passando, se destinam
Aos campos que inda guardo dentro em mim..
De todos os desejos que esqueci
Um deles rememoro sempre aqui.
Dos sonhos que perdi, nada restou...
Os olhos perfumados da lembrança
Flor, que sempre floresce na esperança
Que me perfuma a vida, nosso amor...
63
Nos campos, arvoredos, natural,
As águas escorrendo pelos rios.
Parecem belas gotas de cristal,
Descendo nas cascatas correm fios...
Penedos exultantes, belos montes,
Montanhas, depressões bosques e matas,
No fundo dos grotões, meus horizontes,
Derramam-se sol, luas, ouros, pratas...
Ao ver tanta beleza da natura
Os olhos mais alegres se procuram,
Envolto no deleite da ventura,
Por tantas cachoeiras se aventuram.
As águas tão alegres que lá tem,
Formadas dos prazeres do meu bem...
64
Nos braços tão serenos deste amor,
Serei o que pensares e quiseres,
Mulher a mais bendita entre mulheres,
Recende à maravilha feita em flor,
O teu sorriso brando, sedutor,
Mostrando na verdade o que mais queres,
Do jeito e da maneira que vieres
Terás o meu carinho. Um sonhador
Que vai a noite inteira de mansinho,
Buscando por teu colo um doce ninho,
Calando tanto beijo em tua boca,
Na fantasia imensa, quase louca,
De ter os teus segredos desvendados,
Em olhos com certeza, apaixonados...
65
Nos braços deste sonho, sigo imerso,
Vivendo o que eu julgara fantasia
Estás presente, amada, em cada verso
Que faço num momento de alegria,
O mundo; eu sei que outrora foi perverso,
Porém um nosso sonho nasceria,
Riscando num momento este universo,
Fazendo deste amor em parceria,
O canto em alvorada que bendigo,
Amor que há tantos anos eu persigo
Encontro finalmente; amor, aqui.
Sentindo o teu perfume, eu quero mais,
Sorvendo cada olor dos roseirais
Aroma sem igual eu percebi.
Marcos Loures
66
Nos braços deste sonho, eu vou vivendo,
Colhendo todo o mel, qual beija flor
Os dias que passei, ora revendo,
Deságuam neste mar encantador;
Segredos que em delírios eu desvendo
Espalham pelos céus o puro amor.
Quem ama, na verdade nada teme,
Sequer pensa em partir, seguir em frente.
Amor quando na vida se faz leme,
Permite que se lute e que se tente
A terra em pleno amor, por mais que treme,
Ao porto nos levando, finalmente.
A par do que mais quero nesta vida,
Amor é com certeza uma saída.
Marcos Loures
67
Nos bares, madrugadas, os iguais
Encontram noutros braços, o abrigo.
Por vezes inda tento e não consigo,
Os dias sem descansos, abissais.
Fatídicas palavras que entoais
Dizendo do final que ora persigo,
O joio suplantando qualquer trigo,
O barco não se encontra nunca mais...
Esfacelado encontro na sarjeta
A boca desdentada e sorridente,
Cravando em minhas costas fina seta
Abrindo esta ferida, crua chaga,
Nos olhos e no silvo da serpente
O encanto que apascenta enquanto afaga...
Marcos Loures
68
Nos bares, avenidas, becos, ruas
Espalho a novidade pelos ventos.
Enquanto te procuro, continuas
Fugindo dos mais nobres sentimentos.
Estrelas mergulhando sobre as luas,
Vencendo as intempéries, sofrimentos
Belezas esperadas, raras, nuas,
Seguindo os astros tontos, cegos, lentos.
No meio de meu mar, a solidão
Explode no meu cais um furacão
Refém destas mentiras que disseste
Apenas esperando pela morte,
Amor que me negou caminho e sorte,
Cruel epidemia, amarga peste.
Marcos Loures
69
Noites vão rondando em lume raro,
Nascendo a cada verso um gozo pleno.
Do verbo que se fez o meu amparo,
O mar que me embebeda é mais sereno.
Gosto que me enrosco deste amaro
Cardume que se molda em bom veneno.
Escalo as esperanças, vendo caro
O gesto que já fora outrora ameno.
A lua é de uma noite a paraninfa,
Amor se estraçalhando expõe a linfa
Aonde se cultiva esta mortalha.
Montanhas, cordilheiras, velhos planos,
Amor em solidão, só desenganos,
Desamar é saber do fio da navalha...
70
Noites sem ninguém, silenciosas
Apenas o dobrar dos velhos sinos,
Tomado pelo vão dos desatinos,
As moscas sobrevoam podres rosas.
Quem dera ainda fossem tão formosas
As pedras que decifram os destinos
Os dedos da esperança, ágeis, finos
Espalham melodias desdenhosas...
Chegar aos teus ouvidos, quem me dera,
A poesia; inútil primavera
Aquece o coração, mas não comove
A pedra do caminho; já conheço
E a cada novo passo, outro tropeço,
Nem mesmo o verso em súplica a remove...
71
Noites sangrentas devorando tudo...
Vergastas cortam penetrando fundo,
O peito lacerado, fica mudo.
A trágica saudade corre o mundo.
As flores do jardim, manás, contudo,
Lavando o sentimento, mais imundo.
Deveras trazem sonhos.... Não me iludo
Aguardo pelo corte, vão profundo...
Recebo teus recados pelo vento,
Esfinges e romances, velhas tramas...
Prazer de ser feliz, experimento,
Mas nada disso serve pr’a quem ama...
Mergulho meus amores nestas lamas,
A noite, que é sangrenta, ardendo em chama...
Marcos Loures
72
Noites a fio eu passo em busca do que fui
Cantarolando a esmo - amor se fez tão frágil-
Por vezes desencanto, o meu castelo rui
Embora lutador, a solidão mais ágil;
Meus versos vãos vagando, os bares se fecharam.
Apenas a fumaça embotando a visão,
Constantes em mim mesmo, as dores se encontraram
Tramando um festival. Vislumbro a solidão.
Mas; quem sabe virá ao fim da madrugada
Um vento que me traga o canto da esperança...
Ao te ver passar, atravesso a calçada
E num passo veloz, meu braço já te alcança
Solitários- nós dois, encontramos talvez
Num resto de alegria, amor vivo outra vez...
73
Noite, prazer e dor tempestuosos...
Irmã da plena lua e dos fantasmas.
Esconde sem querer delituosos
Desejos. Reclamante, em crises, asmas...
Teus olhos vou buscar, voluptuosos,
Encontro simplesmente meus miasmas...
Nas ruas os perfumes olorosos,
Nos sonhos, pesadelos voam, plasmas...
Menino procurava pela noite,
O rumo dos desejos que perdi.
Depois, nos meus plantões, cada pernoite
Trazia as confissões noturnas lutas...
Amores que por certo, nunca vi.
Misturam mesmos bares: santas, putas...
Marcos Loures
74
Noite vem outra vez, me encontra só...
Os raios deste sol não me aqueceram.
A vida se refaz, retorno ao pó
A sorte e meus amores me esqueceram...
Destino tão cruel quanto o de Lot,
As rodas da fortuna se perderam.
Quem quis da vida festa e pão de ló,
Quem da flor, nem perfumes conheceram,
No fundo se perdeu, sem despedida...
Saudade que já tive não trarei.
A morte vem tecendo sua lei,
Desfeita a liberdade, morre vida...
No peito, o frio vago nega vela,
Só Ângela, num anjo se revela...
Marcos Loures
18175
Noite trazendo mágoas, não aguarda
Pela alvorada, passa muito lenta...
Serpenteia maltrata, pesa, enfarda,
A dor arrebanhando, violenta...
Noite cruel, vilã, u’a noite parda.
Nem o vento me acalma,nem alenta.
A noite vai passando, a manhã tarda!
Onda que nos penhascos se arrebenta!
Estropiado, morto, fatigado;
Arrasto meus chinelos pela casa...
Saudades e rancores, tudo arrasa!
Meu canto ecoa, vai desesperado!
Pisando tão sedento em dura brasa...
A noite se arrastando e eu parado...
76
Noite sombria, vago sem destino.
Carrego os meus fantasmas e os sustento,
Silvando pelas ruas, frio vento,
Trazendo o mais completo desatino.
Venenos que conheço de menino,
Nas presas da serpente, o sentimento,
Condenado ao terrível sofrimento,
Sorrio e num momento me alucino.
A carga é tão pesada, me perdoe
Por mais que a realidade corte e doe
É necessário um pouco de esperança.
Irônico; eu carrego os meus espinhos
Retorno para os velhos descaminhos,
A morte eu preconizo por vingança...
Marcos Loures
77
Noite se abrindo , mágicos pendores...
Nas esperas, cansaços e canções...
Vestida de ilusão, trazendo flores,
Destroça, mansamente, corações....
Noite, testemunhando meus amores,
Retrata nos seus brilhos, os perdões...
Quem pensa na beleza dos albores
Desconsidera o rumo das paixões...
Imagino um deserto, lua plena.
O vento acaricia um belo rosto.
A vida que sonhamos, tão serena...
Nos olhos dessa amada, fino gosto,
Os nervos, as entranhas, tudo exposto...
Imagino a ternura desta cena...
78
Noite que tanto sonho, dos amores,
De nossas loucas mãos que se procuram
Nesses momentos santos que nos curam
E livram nossas vidas dos pavores.
A noite desta lua em que te caço,
Os raios penetrando em nosso quarto.
Encontram-me, cansado, feliz farto,
Em todos os prazeres do cansaço.
Na noite das estrelas que me trazes,
No chão que caminhando me deslumbras
As noites tão amadas que vislumbras,
Se fazem quando, enfim, fazemos pazes.
Noites que derramam sobre o mar
Os brilhos que roubamos do luar.
Marcos Loures
79
Noite primordial, desde o infinito,
O Pai, sem perceber, abriu a porta;
Rondando, percebendo, uma alma torta;
Evadiu-se, deixando um triste rito...
Deus, absorto, criando homem, seu mito;
Não se deu conta d’essa alma que aborta,
Destrói, carpe, retrata a vida morta;
Espalha o sofrimento, eleva o grito...
A porta aberta, trouxe tal tormento,
Que jamais permitiu um só momento
De total felicidade. Tiveste
Por toda eternidade bem marcada,
A sorte mais cruel, desesperada,
Essa alma fugidia, vera Peste!
80
Noite num bar, no mesmo bar diário.
Noturnos nossos beijos nunca dados,
Da sedução barata, um honorário
Uma mentira a mais... Rolam os dados...
As curvas generosas, batom, rouge...
Nos seus olhos dengosos, nos cabelos...
Leão adormecido vem e ruge,
Seios deliciosos, é bom vê-los...
Músicas nessa noite e em meu ouvido...
A vida serpenteia em minhas mãos...
Quem dera não tecessem triste olvido.
Os lábios que me fingem, prenunciam,
Corações de serenos lagos vãos...
Tempestades de corpos se anunciam...
81
Noite escura, fechada, relampeja...
Uma estrela teimosa tenta o brilho.
Os raios e trovões, clara peleja,
Cometa se perdendo do seu trilho...
Nessa noite pesada se deseja
Tantas premonições, meu estribilho...
Quem fora simples réptil inda almeja
Romper essas correntes, espartilho...
Dorme a meu lado, serpenteia sonhos...
Leve rumor portas rangendo, escadas...
Então, enclausurado, são medonhos
Os espectrais miasmas, densos... Vento...
Noite escura traz vozes abafadas,
Não posso mais guardar tais sentimentos!
82
Noite escura já renasce
Nos olhos de quem chorara
Vampiros portam disfarce
Destruindo quem sonhara
Nunca mais a mesma face
De quem sempre se enganara
Antes que a vida encontrasse
A noite podre acordara...
As mãos que tanto feriram,
Ressurgidas com violência
Nossas entranhas abriram
Vomitaram tais falácias,
No horizonte ressurgiram
Pobres das nossas hemácias!
Marcos Loures
83
Noite empalidecida traz a lua...
O brilho das estrelas u’a saudade...
Apareceste bela, toda nua...
Aumentando bem mais a claridade
Nossa noite, pacífica e tão crua,
Desvaira soluçante veleidade...
Meu corpo junto ao teu, leve, flutua...
Voamos, refletindo, sem maldade...
Num jardim estrelar vou cavalgando
Teu brilho, manso trilho, perseguindo...
Estrelas radiantes encontrando,
Querida, nosso amor, tudo mais lindo...
Neste momento, invade-me paixão.
Na noite que navega o coração...
Marcos Loures
84
Noite descendo, triste, sobre a terra...
Os meus olhos cansados desta insônia...
Distante, azulejada, bela serra,
A mão que me acarinha... Não é Sonia...
Por tantas madrugadas, paz e guerra.
Porões que convivemos, cal,amônia,
No caos compartilhamos. Se desterra
Um sonho: conviver... Vida demônia!
Embriagado tento uma saída.
Aurora se demora, perco a paz...
Jogada em algum canto, distraída,
A almofada que foi meu travesseiro...
Ao ver-te imaginei-me ser capaz,
Agora o nosso amor, morre cinzeiro..
Marcos Loures
85
Noite de plenilúnio no sertão!
A lua se fazendo namorada,
Dispara um sertanejo coração.
Em busca da mulher, presença amada!
Por vezes imagino teu perdão,
Por outras vou olhar, não vejo nada!
O mundo se derrama na amplidão,
As mãos mais solitárias sem espada
Que proteja nos ermos do caminho.
Não deixe-me ficar sem o teu brilho,
És lua que ilumina alva e tão mansa
Não posso mais viver aqui sozinho,
Iluminas meu rumo onde vou, trilho.
Nesta brancura que Alba sempre alcança!
86
Noite clara de amor, imensidão!
Nos céus e nas montanhas tanta alvura...
Nas palavras, no vento, mansidão..
Um sendeiro fantástico de ternura.
Marinhos caracóis trazem paixão
As ondas se rebentam com brandura...
Espumas, calmaria... Na amplidão
A lua se deslinda em paz, brancura...
Uma nova sereia traz o mar.
Os cavalos marinhos, os corais,
As águas transparentes, o luar...
Estrelas desfilando; noite branca...
Amor que revelou-se mostra a paz,
Nos olhos radiantes de Bianca!
87
Noite chegou outra vez
Trazendo perfumes e risos,
Aos poucos perco a sensatez
Invado os teus paraísos.
Lençóis, cobertas e fronhas
Jogados, rolando no chão.
Desejo saber o que sonhas
Envolto em total sedução.
Jantares e velas, na sala,
No quarto, esperando por nós.
O corpo sedento já fala
Galgando desejos a sós.
Na ronda da noite cigana,
Prazer e loucura se ufana.
Marcos Loures
88
No viço destas folhas, primavera
Reflete-se nos raios deste sol;
Paramento divino, girassol
Altares catedrais, uma tapera.
Tudo reluz, paisagem, quem me dera
Pudesse percorrer, ser o farol.
A natureza orgástica... Na fera
Que repousa, reparo um triste rol.
As marcas tão profundas, dentes, garras.
Escondo-me, sou presa, neste arbusto,
Num átimo rompendo essas amarras
Reparo nos teus olhos, minha fada...
De frágil, num repente, sou robusto.
Na força que me dás, querida amada!
89
No trapézio caído, machucado,
O coração saltou sem perceber;
Foi, pesando assim, meio para o lado...
Deveria, por certo, bem saber,
Que coração, batendo apaixonado,
Não conhece da vida nem por quê;
Quisera conhecer seu triste fado,
Bater descontrolado por você...
O salto, enfim, direto no vazio;
Sem ter, ao menos, rede pra aparar,
Meu coração, tão louco neste cio,
Errou, assim, de tempo e de lugar.
Agora vai meu peito, vai vadio.
Procura um coração, lá no luar...
90
No teu corpo eu passeio
Minha boca sedenta,
Na sede violenta
Tocando sem receio,
Com furor cada seio,
A mão percorre lenta
Depois calma se assenta
E penetra este veio.
E delicadamente
Te fazendo feliz,
Do jeito que se quis
Tomando corpo e mente,
Como fosse aprendiz,
Refaço novamente...
Marcos Loures
91
No teu coração uma andorinha
Voando na procura d’outro mar...
Tua alma viajante vai sozinha,
Na espreita de poder, enfim, amar...
Esqueces tuas dores és doninha
Vestígios de saudade no luar.
Os cantos te fizeram avezinha
Que pede, simplesmente, p’ra voar...
Quem poderá fazer enfim, que as asas
Aprendam os segredos deste céu.
Teu corpo se acendendo todo em brasas
Os beijos são promessas do desejo.
A mão que te carinha, tão cruel,
Desconhece os caminhos que antevejo...
92
No teu aniversário, esteja certa
Que toda a natureza comemora
Porteira da esperança estando aberta
O sonho- ser feliz, cedo vigora.
A lua nos servindo de coberta
Permite ver o céu que se decora
Na prata que nos serve como alerta
Dizendo deste amor que logo aflora.
Por isso, delicada fantasia
Expressa em festa um peito enamorado.
O tempo se mostrando iluminado
Em luzes tão sublimes, alegria
No quanto em emoção eu sei que vens
Desejo nesse dia, parabéns...
Marcos Loures
93
No teu aniversário, caro filho,
Primeiro que tu passas nesta Terra,
Uma alegria farta em que se encerra
A vida que com fé eu compartilho.
Fazendo da alegria, o nosso trilho,
O peito se transborda, amor não erra,
No vento em harmonia, olhar se cerra
E vê o amanhecer sem empecilho.
Que a sorte seja a tua companheira,
Honestidade e paz, felicidade
Hasteie nos teus dias tal bandeira
Um digno serviçal do Meu Senhor,
Sabendo que em perdão pleno e amizade,
Está todo o poder do eterno amor.
PARA MARCOS VINÍCIUS NO SEU PRIMEIRO ANIVERSÁRIO,
94
No teu aniversário, minha amiga
Permita que eu te diga do prazer
De ter esta vontade que se abriga
Nos olhos de quem disse bem querer.
Que toda a poesia trague a liga
Gostosa de compor e de saber
Por mais que a vida, às vezes nos persiga
Tua amizade tece o bom viver.
Vencendo os temporais e tempestades
Iremos sempre juntos, te garanto,
Negando o que se disse dor e pranto
Por isso é que com tais festividades
Eu canto esta alegria nesta data
Falado da emoção que ora nos ata...
Marcos Loures
95
No teu amor recolho uma alegria
Que é molde para o sonho em que pretendo
Vencer a tão cruel melancolia
E o meu passando todo refazendo.
Quem dera se pudesse ter um dia
Amor que em minhas veias percorrendo,
Decerto todo mal eu venceria
E o brilho novamente percebendo.
Amor que em plenitude já se faz,
Mostrando em sua face uma esperança,
Palavra que me toca, sempre audaz,
Na noite que se embala em bela dança,
Querida, nosso amor me satisfaz
E nele, eternidade enfim se alcança...
Marcos Loures
96
No teu amor encontro o paraíso
Que é feito nos desejos mais audazes,
Meu lábio com certeza vai preciso
E busca teus recônditos vorazes.
Enquanto satisfaço, satisfazes
Nos campos em que sempre me matizo,
Amor em nossas luas; vivas fases,
Perpetuando a glória sem aviso.
Não deixe que este amor, um dia morra,
Pois nele nossa sorte se socorre,
No beijo que em desejos já se escorre
Caminhos mais gostosos que percorra
Prometem nova vida em bel encanto
Forrando em alegrias todo canto...
Marcos Loures
97
No tempo que se faz amor eterno
Sem contratempos sigo o meu caminho,
Deixando para sempre o que é mais terno
Adoço com paixão soberbo ninho.
Não tendo em minha vida mais inverno
Meu barco se adernando de mansinho,
O coração em chamas; não hiberno
Bebendo fartos goles de carinho.
Difícil penetrar na fortaleza
Do amor que se defende, mas o nosso
Permite-se sublime e com certeza
Nos versos que te canto o encanto é tanto
Que grita em fortes brados, que já posso
Cobrir-me com teu belo e sacro manto...
Marcos Loures
98
No tempo em que sonhara desmedido,
Guardado por desejos insensatos,
Vivia sem amor, tão distraído,
Vencido pelos sonhos, morrem fatos.
Querendo do arvoredo um agasalho,
Não tinha nem sequer um simples colo,
Deitando minha dor em cada galho
Caído sem remédio, sobre o solo...
Agora que encontrei o meu refúgio
Nos seios da mulher que imaginara,
No breu destes meus sonhos já refulge-o
O lume dos teus olhos, pedra rara...
Amada como é bom sinceridade
Que traz ao nosso amor a eternidade...
99
No sítio destinado ao meu amor,
As nuvens transformadas em tormenta,
Em raios despencando, o meu pavor,
Quem ama simplesmente não agüenta.
E sofre sem ter nada a seu favor.
A chuva desabando me atormenta
Dando-me a sensação de desamor.
Aumenta a solidão, é morte lenta...
A dor tão violenta, já se atreve
Erguendo sua voz, nada mais teme.
Nos olhos transbordados, tanta neve...
Parece que isso, há tempos, foi escrito
Por mãos mais infelizes. A alma geme
No vento. Cada raio, mais um grito!
18200
No nosso amor, imensa tentação
Vontade de ficar sempre contigo
Fazendo deste sonho em sedução
A fonte de carinhos, e de abrigo.
Amar é ter do céu a percepção
Mais límpida e perfeita. Assim prossigo
Buscando nesta vida, a perfeição
Que somente no amor – eu sei – consigo.
Não deixo de pensar um só momento
Teu nome já não sai do pensamento
És Musa de meus versos mais sinceros.
Os dias sem te ter são mais vazios
Porém se estás comigo, cessam frios
E os sonhos com certeza não são feros...
Marcos Loures
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