terça-feira, 2 de novembro de 2010

18001 a 18100

1

Na noite, solitária, o vento qual chibata
Batendo na janela. Amor, triste, partiu...
Um canto longe, vago, uma lágrima,mil...
A vida se esvaindo, a dor maltrata...

A solidão noturna, a saudade retrata.
O mundo que sonhara, um átimo, ruiu...
O castelo, a princesa... O mundo já traiu.
Na morte, se enlutara, a volta não tem data,

Mas espera o momento onde possa encontrar
O motivo da vida, o brilho do luar...
Nesta eterna neblina aguarda pela chuva

Que nunca vem. Final de tudo, sofrimento...
Nesta janela aberta a voz triste do vento...
E Mônica sozinha, o leito, de viúva...
Marcos Loures


2

Na noite, caminhando pelos bares,
Em busca deste sonho que morreu.
Mesmo na claridade, o negro breu.
As lágrimas impedem os luares...

Procuro nos bordéis e nos altares;
Amores que se foram, restou eu...
Nem sombra do que fui sobreviveu.
Nesta noite de ronda, dor aos pares

E meus olhos perseguem esperança...
A cada novo beijo, nova dança,
Aumenta esta distância: vida e paz...

Ninguém percebe, morro a cada instante.
Procuro minha amada, minha amante...
Só Neide a me salvar da dor voraz...
Marcos Loures


3

Na manhã deste amor que nos tomou,
Fazendo da alegria um estandarte,
Amando sem limite em qualquer parte,
Daquilo que já fomos, o que sou?

Olhar cheio de estrelas se espelhou,
Vontade de beijar e de tocar-te
Sabendo da delícia de espiar-te
Desnuda sob o sol que enfim brilhou.

Pomares e quintais na primavera,
Jardins que se esparramam em perfumes.
Os lábios descem corpos nos cardumes

Dos desejos feitos sonhos, doces feras,
Temperas meus momentos de magia,
Tu és a primavera que eu queria...
Marcos Loures


4


Na lira do cantor, vibrante voz,
Que sempre declamando seu amor;
Vencendo a solidão demais atroz,
Recebe com tais ânsias mais fervor...

Ardentes emoções que me devoram
Paixão pecaminosa e sempre santa.
No vento desses beijos comemoram
Letreiro de néon do amor que encanta

E sinto que padeço da loucura
Santificadamente procurada.
Que aos poucos, me detém e me tortura
E faz a vida ser bem mais sagrada.

Te amo sem temer sequer a morte,
Querida nos teus braços, minha sorte!.



5

Na lava deste amor, vulcão intenso,
Mergulho e novamente volto à tona,
Amor quando em amor, amor se clona
Deixa-nos; simplesmente, mais imenso.

Gestando tanto amor, eu me convenço
De toda esta emoção que não ressona,
E neste sentimento que me abona,
Decerto o tempo todo, amada, eu penso.

Adentro este infinito de nós dois
Sabendo que maior virei depois
Alçado nos caminhos do prazer.

Mosaicos de dois corpos misturados,
Caleidoscópio em nós bem retratados,
Na imensidão da vida em cada ser...
Marcos Loures


6



Na lauta fantasia, amor profundo
Viceja nos canteiros da esperança
Espreita de tocaia, ganha o mundo,
Na noite sem juízo, amor avança.

Da flor do sentimento assim me inundo
E vago em teus desejos de aliança
Comendo do banquete me aprofundo
E bebo em tua boca, a temperança.

Sorrisos estampados se mostrando
Nos gestos mais sensíveis percebidos
Sinais que me mandaste recebidos,

E o dia em alegria vai raiando
Vencendo os medos tolos, imbecis,
Lavrando a sensação de ser feliz...
Marcos Loures


7


Na lança em podridão, amarga trilha
Aonde os imbecis vão trafegando,
Apenas nos restando uma guerrilha
Que invade estes quartéis dilacerando

Ao vislumbrar divina maravilha
Pergunto ao meu Bom Deus: tu virás quando?
A carne putrefata da andarilha
Esperança se mostra desabando.

Restando o verdadeiro e puro amor,
E nele algum resquício de hombridade.
Igrejas e congressos, puto andor

Aonde se esmigalham os mais pobres,
Aquele que custou só trinta cobres
Nos salvará em nome da amizade!
Marcos Loures


8

Na lama que freqüentas triste cardo,
Difícil carregar tamanha pedra
Não posso transformar um triste fado,
Que em doce juventude cedo medra,

Em rosa que se esquece dos espinhos
Não sabe nem conhece solidário
Prefere destruir os próprios ninhos.
Ao morrer levará sol solitário...

Vereda que destroça por inveja
Decerto na queimada, os inocentes,
Com medo das palavras que troveja

Não sabem decidir os próprios passos.
Os gritos de tal fera são dementes.
Na mão esconde garra atrás dos laços...
Marcos Loures


9

Na glória deste amor insano e belo,
Destinos que se entranham em loucura,
As bocas que se entornam na procura
Espalham os desejos que revelo.

Um lavrador que usando o seu rastelo
Amaciando a terra com brandura
No arado de seus sonhos, com ternura
Fazendo do cultivo o seu castelo

Sabendo da colheita promissora,
Regando com carinho a sua ceva
Felicidade plena sempre leva

Na mansidão profícua que decora
Os sonhos deste forte lavrador,
Assim é nossa ceva feita amor...
Marcos Loures


10

Na força inabalável da paixão
Vagamos quais falenas pedem lume.
No canto mavioso de costume
Tu chamas, tua voz é tentação.

Molduras que entranhando o coração
Nos mostram raras flores, bom perfume.
Não deixe que o terrível; vão; ciúme
Trague para este amor, transformação.

Tocar teu corpo meigo e tão cheiroso,
Provar de tua boca, todo o gozo,
E ver quanto feliz amor nos faz.

É semear um gosto de esperança
Num gesto mais sutil onde aliança
Permite nosso canto, amor em paz..

Marcos Loures


11

Na força da amizade
Eu traço o meu destino,
Qual fora assim menino,
Vejo felicidade.

Vou à saciedade
E assim eu me ilumino
Num sonho cristalino
Encontrei a verdade.

E quero que tu venhas,
Amiga predileta
No peito do poeta,

Tu sabes quais as senhas,
Tirando todo entrave,
Tu encontraste a chave...


12




Na força da amizade
Encontro o meu caminho,
Sabendo a qualidade
Não ando mais sozinho,

Não quero quantidade,
Amigo é como o vinho,
Quanto maior idade,
Mais forte nele aninho.

Amiga não promete
Já cumpre por si só,
Não joga assim confete

Nos fala sem ter dó.
A nós sempre compete
Apertar mais o nó...


13

Na fonte
Prazer
Defronte
Te ter

Da ponte
Saber
Ao monte
Me erguer

Ternura,
Calor
Que cura

No amor
Procura
E ardor...


14

Na fonte; mais suave, uma esperança brota
E mostra num sorriso o gozo da alegria.
Por mais que nos pareça a sorte tão remota
Há muito que eu soubera- um dia ela viria.

Amar sem ter limite, ir muito além da cota
É traduzir, talvez, em vida a fantasia.
Saveiro coração carrega toda a frota
Dos sonhos, da promessa em doce fantasia...

Teus olhos, tua boca, o riso cristalino,
Encantos que recebo e nisso me alucino,
Sou teu e regozijo em versos plenamente

Eu estarei contigo e nada impedirá
O sol que eternamente, aqui rebrilhará
A toda tempestade, amor sobrevivente...


15



Na festa que fazemos pelo dia
Em que se comemora o aniversário
De tanto minha amiga que eu queria

Que fosse mais constante em calendário.
Tu és toda a razão desta alegria
No amor que tu transmites, que é diário.

Por isso, sempre quero te dizer
De toda esta bondade que te cerca.
Que nunca mais na vida, tal prazer
Em outros rumos vários já se perca.

Querida, então permita nossa festa
Que é feita em mil cortejos de amizade.
A sorte que esta data nos empresta
Trazendo para nós felicidade...


16


Na festa em que fizemos tanta farra
Lembranças tão gostosas no meu peito.
Misturas de prazer e de algazarra
Num leque de loucuras, satisfeito.

A mão de uma saudade já me agarra
E chama para a dança e desse jeito
Realidade chega e logo esbarra
Acordo e nada vejo no meu leito.

Depois de alguns momentos eu percebo
Tua presença aqui, perto de mim,
Na rosa mais bonita do jardim,

Perfume de mulher; assim concebo
Amor que nos tornou indivisíveis
Nas festas, regozijos tão incríveis...
Marcos Loures


17

Na delícia divina deste amor,
Que expõe nossos desejos insensatos.
Na noite desta entrega sem pudor
Tomamos de nós mesmos, cristais, pratos...

Sorvendo de teu corpo, tal calor
Que inunde calmamente estes regatos,
Na profusão divina em tentador
Delírio que nos toma em todos atos...

Deste mel que se escorre em tua boca
Inebriar-me até não poder mais.
Na chuva alucinante, tesa e louca,

Rolando sem juízo nos lençóis.
Amor gostoso assim, sempre demais,
Que faz nascer na noite dez mil sóis...


18

Na dança deste amor, inesgotável,
Uma esperança atando nossos barcos,
No canto que se mostra desejável,
Dois corpos que descrevem loucos arcos,

Vontade de te ter, incontrolável,
Deixando em tua pele doces marcos,
Bebendo desta fonte mais potável,
Esqueço do que tive, gozos parcos.

Galopes, cavalgadas, teu corcel
Adentra por planetas num orgasmo.
Trilhando os infinitos, vou ao céu,

Olhar embasbacado, mudo e pasmo
Percebo uma alegria a cada verso,
E vago no teu corpo, um universo...
Marcos Loures


19

Na curva deste rio, um coração
Sepultado. Relembro desta história.
De bruços nesta terra, sem perdão,
O vento da derrota e da vitória.

No amor desta pantera e do leão,
Momentos descuidados, morte e glória.
A mão que traz amor vive ilusão,
A tarde é do luar, contraditória...

Nas tramas desta vida, uma pantera;
Beleza e maciez, garras expostas.
Tocaias e guerrilhas, triste espera...

Leão, forte e faminto, louco cio...
Os dentes da pantera cravam costas,
O coração do rei, curva do rio...
Marcos Loures


20

Na cama maravilhas e façanhas,
Repleta de magias mais gostosas,
Entrando devagar, tuas entranhas,
As carnes com certeza desejosas,

As fúrias que nos tocam são tamanhas,
E gozo, meu amor, quando tu gozas.
E ganho na certeza que tu ganhas.
Unidas, duas vidas maviosas...

Eu quero ter teu corpo junto ao meu,
No rumo que se encontra e se perdeu
Caminhos diferentes, mesma foz.

Eu quero te sentir, volúpia e cheiro,
E ter o teu amor, assim, inteiro
Na imensidão que encontro aqui em nós...
Marcos Loures


21


Na breve eternidade de uma vida
Se fez o sentimento mais profundo
Posseiro nesta gleba construída
Além deste infinito, corre o mundo...

A terra que sonhara dividida
Nos campos deste sonho, me aprofundo,
E vejo nossa paz restituída
Bem mais do que pensara, e já me inundo

Da mansa rebeldia da loucura
Que mostra suas garras e sorri,
Ao mesmo tempo imerso na ternura

Que constitui as bases deste rito,
Sem ter conflitos, vivo amor em ti,
Imenso e com sabor de um infinito.

22


Na brancura, luar maravilhoso!
A pele me recorda pura seda,
Busco-te, meu olhar vai sequioso,
Nesta grande alameda, na vereda

Florida por jasmins. Neste oloroso
Caminho, minha vida se envereda
Buscando meu futuro glorioso
Esperando que amor divino ceda.

No brilho deste olhar tão deslumbrante
Não deixe que essa vida em vão me fira,
Quero-te como amigo e como amante.

No meu canto amantíssimo, és a lira;
Vereda dos meus sonhos rota e rumo,
Bebendo deste néctar, doce sumo...
Marcos Loures


23

Na areia em sol que ardente nos tomava,
Imagens radiantes eu prevejo,
Sereia imaginária me aguardava,

Com olhos de vontades e desejo.
Ao mesmo tempo o sol queimando em lava,
Tocava a minha pele, insano beijo.

Miragens ou delírios? Não importa,
Apenas encontrei tuas pegadas,
Rumando para a casa, aberta a porta,
Encontro teus sinais nas almofadas,

Invadem nosso quarto, ganham cama,
E tal felicidade continua
Ao ver bela sereia que me chama,
Deitada maviosa, bela e nua...


24

Não quero, companheira, nenhum mal.
Desejo que tu sejas mais feliz.
Vagando pela noite em belo astral,
Meu coração se fez seu aprendiz.

A vida não se mostra em festival,
Nem mesmo nos concebe o que bem quis
Aquele que bem sabe angelical
Sorriso que tu mostras, teu matiz.

Amiga, me perdoe se parece
Que às vezes sou cruel, inconseqüente.
Amor, felicidade, o tempo tece,

Não deixe que meu erro nos afaste.
A sorte andando junto com a gente
Talvez possa impedir qualquer desgaste...


18025

Não quero te perder, tu sabes disso,
Cultivo em meu canteiro, nosso sonho.
Em ti encontro a rosa em pleno viço,
E um mundo mais feliz, eu te proponho,

Desejo que me toma, assim cobiço,
Viver eternamente um bem risonho
Felicidade expressa um compromisso
No mundo em fantasia que componho,

De ser teu companheiro e teu amado,
Estando o tempo inteiro do teu lado
Cansado de vagar, de léu em léu.

Não posso mais sequer aterrissar
Tampouco posso enfim recomeçar
Depois de ter tocado imenso céu.

26


Nestas águas tão claras que navego
Em busca da sereia que fugiu,
O rastro que encontrei escapuliu
Na luz que me deixou vazio e cego.

Amor que sei imenso e nunca nego,
Ao mesmo tempo santo se faz vil.
Meu mundo neste mar se dividiu
Em correntes marinhas que trafego.

Buscando minha amada, a tal sereia,
Qual náufrago termino em plena areia.
No sol que me castiga, a salvação!

Fortuna me negou o manso vento,
Voando, neste indócil pensamento,
Mergulho no oceano da paixão!


27

Nessas mal traçadas linhas
Tanta coisa por dizer.
Escrevo minhas cartinhas
Com amor e com prazer.

Minhas mãos são avezinhas
Querendo te receber
Da tua boca vizinhas,
Com vontade de te ter.

Meu amor é tão profundo,
Nele cabe tudo assim,
Não te esqueço um só segundo,

No teu amor me incendeio,
Vou correndo até no fim..
Não recebeu meu e-mail?



28

Nem sei mais dos meus sonhos, nem desejo...
As crateras abertas no meu peito,
Pertencem a um tempo já desfeito...
As bocas que beijava, já não beijo.

O tempo que perdi, por tanto ensejo,
Carcome todo o cerne, num defeito.
O tempo que sofri nem sei direito,
Faz tempo que guerreio que pelejo...

Nos trâmites normais perdi meu tento.
Nas partes que sobraram desse invento,
Cavalos vão voando na amplidão!

Nos risos da faminta multidão
As portas se fecharam num instante.
Meu coração precisa dum transplante!

29

Negaste cada sonho, minha amiga,
Usando os subterfúgios mais banais.
Quem sabe se depois em nova intriga
Transforme calmaria em vendavais.

Permita-me então que eu já te diga
De todos os meus medos colossais
Mas saiba que talvez; em nobre liga,
O tempo enfim vislumbre amor e paz.

Das preces que fizeste, das quermesses,
Confesso meu perdão, mesmo sem crer.
O corpo em sacrifício me ofereces,

Mas nada disso importa em ter prazer.
Dos sonhos que tiveste, o nada teces,
É tudo o que consigo te dizer.


30


Necrofágicas larvas te beijando...
O tempo não mais pára nem repara.
Tua vida esvaída s’antepara
Nesses vermes famintos devorando...

A tua boca aberta se tornando
Uma enorme caverna. Foste cara,
Mas nem uma palavra diz, dispara...
A noite eterna, tétrica, chegando...

Nauseabundos olores te perseguem,
Mergulhaste profundo, negros fossos...
Sequer os que t’amavam mais conseguem

Resistir a tais fúnebres cortejos.
E quando não restar sequer os ossos,
Enfim poderei cobrir-te de beijos!
Marcos Loures


31


Navego nos teus braços, mar e glória,
No cais de teus desejos eu me aporto
E sinto finalmente que a vitória
Ronda a minha vida, faz seu porto

Nos olhos de quem sempre quis bem mais
Do que um ancoradouro simplesmente,
E tendo esta certeza de teu cais,
A vida se renova totalmente.

Quero te tocar, beijar suave
Podendo alçar aos céus em um momento.
Teu corpo, meu saveiro, minha nave
Aos poucos nos meus olhos toma assento

E em plena sintonia amor se fez,
Toando em nossa cama, insensatez...
Marcos Loures


32


Navego nos teus braços, laços fortes
Em cortes tão esparsos aços tento
Sustentos de minha alma, nossos nortes
Não luto contra a sorte, vou ao vento.

Carinhos não mais servem de suportes
Nem mesmo compartilho do sustento
Que enquanto tantas vezes traz os cortes
Ao mesmo tempo invade o pensamento.

Se eu penso ou se suspenso sou seu par
Satânica palavra lavra sonho
No entanto me entretenho e tento mar

Na boca da manhã eu me entranhei.
Agora se eu te quero e recomponho
Componho o que deveras tanto amei...
Marcos Loures


33


Navego no teu corpo, o meu desejo,
Sentindo o teu afago, seios, boca...
Recebo teu carinho, e assim prevejo
Que a vida seguirá tão mansa e louca.

Se desorientados prosseguimos,
A culpa é da vontade do prazer.
Voando bem mais alto, cumes, cimos,
Montanhas da alegria de viver...

E nestas cordilheiras, fantasias,
Fantásticas insânias, companheiras,
Abrigo meu amor onde querias,
As hordas de emoções, são feiticeiras

E fazem deste amor, nosso remanso,
Aonde em tempestade, bonança alcanço...
Marcos Loures


34

Navego no teu corpo, em sete mares
Poreja o meu desejo em teu suor.
Beleza que encontrei e sei de cor
Eleva nosso sonho nos altares.

Além do que quiseres ou sonhares
Eu te darei um mundo bem melhor
Prazer interminável e maior
Que o brilho de centenas de luares

Sem medos e remorsos, noite adentro,
Amor é companheiro mais dileto
E dele não aparto um só momento.

De todas atenções tu és o centro
Assunto preferido e predileto
Razão de minha vida e pensamento...
Marcos Loures


35

Naufrago no teu mar, tenso e bravio
Deitando meu prazer nestas tormentas,
Um mar feito emoção já prenuncio
Em loucas tempestades, violentas.

Um tênue fio prende-nos, amada,
Nesta esperança atado a cada dia,
Volvendo o que se fora em derrocada
Invade o nosso peito em tal magia

Que nada nos impede cada passo,
Apenas estreitando em verso e gozo,
Distante da acidez procuro espaço
Embarco neste sonho tão formoso

Da salvação que encontro junto a ti,
No mar que naufraguei, eu me perdi...

36


Naufrago no teu corpo o meu desejo
E deles faço o totem que eu sonhara.
Tocando tua pele agora almejo
Estrada tão fantástica, pois rara.

Um mundo mais gostoso assim prevejo,
Deixando para trás a vida amara,
A sorte se aproveita deste ensejo
E nesta fantasia já se ampara.

Amor que se fez sonho, agora existe
E torna esta alvorada divinal.
A vida em alegria já persiste

E toca a tua pele sensual,
Naufrago no teu corpo meu prazer,
Razão para sonhar, para viver...
Marcos Loures


37

Naufrago meus desejos sem limites
No corpo sensual desta mulher.
E peço, meu amor, sempre acredites
Em tudo o que a vontade nos trouxer.

Teus seios em volúpia contagiam
E chamam para a festa que não pára.
Meus olhos em luxúria tanto espiam
A cena maviosa, posto rara.

Querendo te sorver e penetrar
Segredos que conténs em cada poro.
Sedento, tuas fontes mergulhar
Em rumos que conheço e que decoro.

Certezas absolutas que se somam,
Prazeres e delícias que nos tomam...


38

Naufrágios e tormentas invadiram
Os sonhos de quem teve uma esperança.
Decerto, num momento, conseguiram,
Porém teu braço amigo já me alcança.

E mostra quanto a vida vale a pena,
Amiga, não permita o sofrimento.
A sorte benfazeja já se acena
Promessa de um futuro com alento.

Vencendo as intempéries do caminho,
Contigo sou mais forte e vou impávido.
Pois sei que não irei jamais sozinho,
Prevejo um novo dia e vou tão ávido

Na busca de teus passos solidários
Esqueço os velhos dias solitários...


39


Nasceste em primavera no meu peito
E sempre que me lembro, cheiro a flor.
Sabendo que não mais tenho o direito
De ter, entre meus braços, teu amor...

Vivemos tão somente sem ter medo
De enredos que nos levem ao passado.
Guardado num recanto, no degredo,
Às vezes sempre volta atordoado...

Mas saiba que te quero, primavera.
Meu canto se transborda em poesia...
Nos olhos tão serenos da pantera.
O mundo se renasce na alegria...

Depois da primavera, o meu verão,
Explode em sete cores, coração!
Marcos Loures

40

Nas voltas desta vida em carrossel
Girando tão somente e nunca pára
Quem sabe poderei alçar o céu,
Que além de todo amor nos antepara.

Vencendo a solidão, medo cruel,
Trazendo a sensação de jóia rara,
Eu quero estar contigo, minha cara,
Ao desbravar espaços, teu corcel.

Caminho nos cortejos estelares
Atrás das nuvens soltas, por luares
Argênteas emoções que preparadas

Por anjos em delírios sensuais,
Em cantos delicados, magistrais,
Nas mãos tão carinhosas, belas fadas...


41


Nas tuas mãos alvíssimas, divinas,
Espelho meus fantásticos momentos...
Alvíssaras me trazes... Opalinas
As mãos que já guardei nos pensamentos!

Nos cofres onde esconde as obras primas,
Um Deus apaixonado te guardou!
Em um momento breve, trouxe rimas
Provando que, poeta, tanto amou!

Tens a doçura mansa de um poema
Tens a beleza viva duma aurora!
A mão que me passeia, já decora

A terra inteira fica mais bonita!
Amar-te então saber da piracema
Que me carrega procurando Rita!

Tens meiguice silente catedral...
Tu és, da santidade, meu portal,
Amor que se mostrou fenomenal!
Marcos Loures


42


Nas tramas deste amor, eu não me iludo,
Mas seguirei esse caminho audaz
Que enquanto nos maltrata, satisfaz,
Se necessário, a rota então eu mudo.

O sonho me servindo como escudo
Por vezes não consegue ver a paz,
Teimoso coração se crê capaz
Mergulha insanamente e vai com tudo.

Contudo as curvas mostrarão depressa
Que nem todo pecado se confessa,
A praia traz em ondas sol e sal.

Eu tanto desejei e nada vinha,
A solidão se resta, sendo minha
Faz parte dos traquejos do jogral.


43


Nas tramas deste amor, impiedosas
A boca que esfaimada em sangue incita
A fera predileta e favorita
Sem tréguas, em rapinas fervorosas.

Palavras sonhadoras, desastrosas
Ao mesmo tempo nega enquanto excita
Em trêmulos orgasmos, vã, palpita
Trazendo noites frias, tenebrosas.

Voando sobre nós, águias, Harpias
Matando em nascedouro as alegrias,
Exploram cada palmo deste chão.

As garras da pantera penetrando,
Em lanhos mais profundos me cortando,
Legando ao meu cadáver, podridão..
Marcos Loures


44

Nas renda d’Além Tejo, na Bahia,
No Fado que nos toca o meu destino,
Seguindo estrela norte que me guia,
Num sonho fabuloso e cristalino.

O tango, o dengo, o canto de alegria,
A mão que acaricia rouba o tino,
Noite equatorial e a fantasia
Singrando o mar imenso, meu destino...

Marcando meus amores, alfarrábios
Tocando levemente lusos lábios,
Num ritmo alucinante, calmarias,

Tomando, timoneiras, astrolábios
Acasos sem ocasos, sempre sábios
Nos versos de bonança que dizias...
Marcos Loures


45


Nas planícies serenas, tantos montes...
Os olhos desejosos pedem brasa...
Em meio a deslumbrantes, calmas, fontes.
Esfíngica mulher, dolente abrasa...

Desnuda-se esse sol, quer horizontes,
A mansidão demora, tudo arrasa,
Os rios invadindo passam pontes,
Amazônica enchente o leito vaza...

De repente erupções tão indomáveis
Explodem nebulosas, raiam céu...
As almas destruídas, incontáveis...

Depois desta explosão, a calmaria...
Os olhos se reparam lambem mel.
Refaz-se a mansidão, clareia o dia...

46

Nas ondas deste mar, do amor imenso,
navego o pensamento e chego a ti.
Tu sabes que somente em ti eu penso,
tu és toda a razão que eu concebi

da vida feita em luz e em claridade,
alvissareiros dias vou passando
no amor que se me trazendo a liberdade
futuro glorioso vai mostrando.

Meu verso se encantado mostra o quanto
o tempo da esperança, enfim chegou.
Eu te amo, na verdade, tanto, tanto
meu sonho nos teus braços se encontrou.

E agora eu sou feliz por poder ter
amor que me traz forças pra viver...
Marcos Loures


47

Nas ondas deste mar batendo em mim,
Na areia dos meus sonhos me entreguei,
Sereia vai chegando e faz assim
Um pobre marinheiro ser qual rei.

Deitando nos lençóis, seda e cetim,
Além do que podia, imaginei,
Prazeres que buscara até o fim,
Agora em tuas sendas encontrei.

Beijar a tua boca, ser teu par
Na dança deste amor que não termina,
Bebendo da alegria em rica mina,

Vivendo o nosso amor a proclamar,
Ser teu e nada além, somente teu,
Amor que tanto quis, enfim, venceu...
Marcos Loures


48

Nas ondas deste mar, cortando a quilha
De um barco se perdendo em velho cais.
No gozo de uma luta, a maravilha
Que o vento da esperança sempre traz.

Vagando nos espaços bebo a trilha
Que traga na batalha a santa paz.
Rugindo em tempestades, a matilha
Dos crápulas guiando Satanás.

A história se repete em injustiças
Marcadas pela inglória e por cobiças
Nas liças entre cães, somente sobra

O gosto da amizade destruída
A morte sem sentidos ou saída
E os guizos infernais da mesma cobra...


49

Nas noites que cantavam serenatas,
As bodas que fizeram tempestades,
As bocas que sangraram tão cordatas,
Nas horas que surgiram mocidades.

Nas fardas que mataram tolas matas
Dos fardos que levaram nas cidades.
Nos bardos que cantaram veleidades,
Cavalos que pisaram duras patas...

As noites que sangraram serenatas,
As bodas que fizemos nas cidades,
Nas horas que levaram veleidades,

Nas fardas que pisaram mocidades,
Cavalos destruíram nossas matas...
As bocas que matavam duras patas...


18050

Nas minhas brincadeiras infantis,
Amores sempre foram um mistério,
Os olhos que pensei serem anis,
Nunca me levariam tão a sério.

Nos joguetes encenas velha atriz,
O palco que te invade, climatério
Mas ostentas posturas juvenis,
A vida te deixou nenhum critério!

Mesmo assim conseguiste me surfar,
Em torno de teus sonhos, orbitei...
Tens a magia lúdica do mar,

A fantasia cega do egoísmo...
Amar jamais assim como te amei.
Amor que semelhava fanatismo!
Marcos Loures


51

Nas marcas indeléveis deste sonho,
Matizes tão diversos nos dominam.
Um novo amanhecer já te proponho
Em cores que se entornam, alucinam.

Da dura escuridão, anteriormente,
Renasce um sol tão belo, esplendoroso.
Que raia em nosso peito, inconseqüente
E nos transforma em dia radioso.

Ensejos promissores nos indicam
Que a vida borbulhando trama a luz
Aonde os cantos mansos glorificam
E a sorte é camarada e nos conduz

A um mundo com perfeita sintonia,
Vibrantes sensações – pura alegria.
Marcos Loures


52

Nas hostes deste sonho, emoldurada
Dourada fantasia que se faz
Sobejo sentimento que é capaz
Da glória de viver ser transmudada.

A moça tão bonita, bela fada
Que em vivas emoções me satisfaz
Alvíssaras, pois dou à santa paz
Na lírica canção já demonstrada.

Meu verso principia e segue assim,
Trazendo este universo para mim,
Um simples passageiro da esperança.

Na espreita deste amor que é laço e teia,
A vida num momento se incendeia
E faz eternidade na festança...
Marcos Loures


53

Nas horas mais difíceis, meu açude
Matando a minha sede interminável
Na boca que se entrega; uma atitude
Permite um novo sonho mais amável.

Amando sempre além do que já pude
Flagrante de esperança afiançável
Vacância de emoções jamais ilude,
Porém amor, um feito imponderável.

Esgarça enquanto tece um novo tempo.
Transforma contratempo em passatempo
E ri-se da ironia desta vida.

Quem traz esta perfeita sincronia
Percebe quanto amor nos alivia,
Ao Eldorado em sonhos, dá partida...
Marcos Loures


54

Nas horas mais difíceis, sofrimento,

A rosa, em seu perfume, me inebria.

Na sensação gostosa deste vento

Toda emoção, serena, e tão macia.



Do sonho de poder, a flor tocar,

Em todas suas pétalas, carinho...

Jardim dos sentimentos, cultivar,

Certeza de não ser, jamais, sozinho.



A flor que me encantou, está distante.

Só sinto seu aroma e nada mais.

Quem dera se esta rosa deslumbrante

Ouvisse o meu cantar de amor e paz...



Espero te encontrar. Ah! Quem me dera!

Seria renascer a primavera!


55

Nas guimbas dos cigarros que fumei,
A marca do batom que lá deixaste,
É parte do que temo, no contraste
Do que sou e pensava, mas errei...

Teus lábios são incêndios que eu provei
E nesta fantasia me queimaste,
Deixando tão somente, um simples traste.
No lugar de quem ousa ser teu rei...

Vieste, no calor dessa batalha,
Mas nada que fomos inda existe
A boca transportando essa navalha

Decepa o que já tive de ilusão.
Teimoso, meu amor sempre resiste
Enquanto me restar um coração!


56

Nas guerras pelo amor, em pleno cio,
Nos braços dessa amante, com tal crueza
Deitado sob os olhos da grandeza,
Invado o território mais vadio.

Abrindo em corredeiras, todo o rio,
No cio vou seguindo a correnteza
Que rompe com defesa e fortaleza,
Acaba com qualquer medo de frio.

Em atos de bravura, se defende,
Porém de nada serve na loucura
Do fogo que na chama fogo acende

E nos devora tanto que nem vemos.
Tais guerras cometidas, sem brandura
Sementes dos amores que vivemos...
Marcos Loures


57

Nas guerras e batalhas siderais,
As expansões celestes num cortejo
Criando batalhões mais irreais,
Desfilam deslumbrando meu desejo.

Entre estrelas, planetas os sinais
Que demonstram verdades num lampejo.
Em tropéis gigantescos, canibais,
O céu perde, um momento, o azulejo...

Nas flamejantes lanças, holocausto!
Toda a dor explodindo neste infausto...
Miasmas e matérias se confundem...

Por um instante louco, uma viseira
Se ergue. Meus olhos noutros olhos fundem,
Meu amor, Edwiges, a guerreira!



58


Nas funéreas saudades desse amor...
A letárgica noite se abatendo
Trôpega caminhando, convertendo
O que fora jardim renega a flor...

Os resquícios dolentes, onde for,
Pelo que resta; gestos, cada adendo,
Irá comigo. Sigo me perdendo,
Nos fugidios ciclos, sofredor...

Cadáver insepulto que carrego,
Vagueio vão, vazio, visceral!
Cego; renego afago não me apego

Ao negar, soneguei que inda te espero...
Sei, estupidamente te venero,
És princípio, fatal e principal...


59


Nas fráguas desta lua, mil vigílias,
Nas curvas dos meus sonhos, riso franco.
Florindo em meu caminho belas tílias
Ao manto desta lua imensa, branco.

Sangria no meu peito, eu não estanco,
Na paz que desejamos, maravilhas,
No olhar deste prazer já não mais manco
E vivo em solidez as nossas trilhas.

Arcando com meus passos tua guia
Levando ao infinito deste amor.
A cada novo encanto, um sonhador

Nos aços transformados alegria
Pátio da tua rua, meu caminho,
Deitados sob a lua, beijo e vinho...
Marcos Loures


60


Nas flores perfumadas de teus braços
Tatuo meus caminhos, meu destino.
Na trama delicada vários passos
Levando ao sonho intenso de um menino

Vencido pelas dores; novos traços
De um tempo que, infeliz, não mais domino,
Apenas nos meus olhos frios aços,
Rondando meu caminho em desatino.

Mas tendo a flor nas mãos de quem desejo
Quem sabe eu poderei rever bonança
Na trança dos cabelos da menina

Que um dia percebeu que não termina
O sonho de quem traz uma esperança
Singrando ao paraíso que eu almejo...
Marcos Loures


61

Nas farpas que espalharam no caminho
Decerto finos pés se magoaram,
Embora já prevejas farto espinho,
Meus olhos, os teus olhos procuraram,

E tantas vezes, fúteis mergulharam
Neste vazio imenso. Morto o ninho
As asas dos meus sonhos não acharam
Jamais a liberdade. Vou sozinho.

Espero que tu ouças meu lamento
Que corre pelos céus em verso triste.
O canto se perdendo pelo vento,

O nada tão somente é o que resiste.
Vencido pela dor e sofrimento,
Nos sonhos de encontrar-te, amor persiste.
Marcos Loures


62


Nas estradas, passando, sigo atento...
Meus caminhos não mudam. Direções
Opostas, são terríveis decepções...
Levo o barco conforme vai o vento.

Não carrego meus medos, sofrimento...
Sinto bater mais forte, corações...
O tempo não me importa, meus verões
Passaram...Tudo ficou, pensamento...

Nas estradas, caminhos são torturas...
Quem dera conhecer tuas branduras.
Minha noite caindo sem estrelas...

Nas estradas, meus medos são passado,
Não consigo sentir mais, ‘stou cansado...
As estradas, quem dera conhecê-las!


63



Nas estradas que passo, pela vida,
Meu passo, tantas vezes se claudica.
A morte vem em quando faz-se rica,
Um corte representa a despedida..

A boca desdentada vem provida
Dos venenos fatais que não se explica.
Pela rua que passo nasce erica,
Por quê? Não sei, pergunta a alma vencida.

Daninha já não deixa nem alento.
Vasculho pois porque que esse excremento,
Não deixa em paz quem pode caminhar!

Não quero nem talvez possa chegar,
Me permita meu Deus, um só momento,
Poder viver sem ter esse tormento!
Marcos Loures


64

Nas estradas, estadas, abadias...
Nos caminhos que perco sem vantagem;
As tardes sem o sol, seguem tão frias,
O medo de viver sem ter coragem.

Não quero prosseguir nas cantorias,
Nos cantos sem encanto e sem aragem,
Nas abadias sonhos, fantasias...
Não posso perceber essa abadagem

Que cobras coração desesperante...
Meus termos, rendição, são muito brandos...
Quero saber seguir para diante,

Nos versos que te faço falsos cantos...
Amores que perdi os vejo em bandos.
Não quero conhecer os teus encantos...

68



Nas espirais, cigarros me consomem,
Pela fumaça, vejo teu semblante,
Fui um dia, talvez, tão inconstante,
Mas as minhas lembranças, fogem, somem...

Pois quisera poder ser um outro homem,
Ser tão menino sendo então gigante
Ser teu par, teu parceiro, teu amante,
Mas todas as lembranças, matam, comem

O que me restaria, contrafeito
Do que pudesse vida me restar,
tragando o meu cigarro, jogo feito.

Tento caber no brilho do luar,
Tento fugir, burlando esse direito,
Vou tentando obrigar-te enfim a amar


69





Nas espirais do tempo amores esquecidos...
A vida prega peça em quem não tem memória.
Viver um grande amor é se render à glória.
A vida é festival dos amores vividos...

Lembro-me, adolescente, em tempos ermos, idos.
No começo do sonho em que resume a história
D’homem envelhecido, essa dor peremptória
Da saudade cruel de amores vãos, perdidos...

Morava na cidade, a mais doce menina
Que tinha, com certeza, a boca mais divina
Entre todas. Rainha, a mais bela da vila...

Em plena juventude, instintos incontáveis.
O beijo não sacia, as noites memoráveis.
No centro do meu mundo em gozo, amor destila..



70

Nas cores que alumiam meu desejo,
Inúteis passarinhos quedam sós.
Se vejo não prevejo nem revejo,
Desejo, quero ouvir a tua voz...

Na sala do meu sonho, um azulejo
Quebrado, me prendendo tortos nós...
Se perco não me pelo nem pelejo,
Eu não quero ser algo nem algoz...

Caminho por teu ninho e tua senda...
Espero-te na curva do meu rio.
Nos desertos, ocara, taba, tenda,

Acabo tendo luzes sem amores...
Coração que não rebate bate cio,
Nos brilhos dos desejos, tuas cores...
Marcos Loures


71

Nas cinzas do cigarro onde esfumo
A paz que já busquei, abandonada...
Amor quando demais eu perco o rumo,
E morro, sem querer, mulher amada...

Não mais eu procurei o teu caminho,
Porém adormeceste aqui do lado.
Embora tanto amor, estou sozinho,
Deveras neste mundo um duro fado...

A porta que eu abri não fecho mais,
Escancaradamente fica exposta.
Não posso perdoar se amei demais
A vida vai passando decomposta...

Mas vejo esse sinal que já me guia,
Exposto nos seus olhos, poesia...


72

Nas cinzas do cigarro, uma lembrança
Deixada por quem amo. No saveiro
Dos sonhos me restou esta esperança
Jogada sobre a cama, num cinzeiro.

Amor, onipotente, trama a dança
Na qual mergulho insano, por inteiro.
Da vida que queremos, a fiança,
Nas horas mais difíceis, companheiro...

Se não fosse esse amor que me domina,
Não sei, da minha vida, o que eu faria.
Bem sei que uma saudade desatina,

Calando cedo a voz de uma alegria.
Mas se não fosse amor, tesouro e mina,
Disperso como a cinza, enfim, seria...


73

Nas chamas de teu corpo, me aquecer,
Na tenra sensação de cada beijo,
Vivendo tão hedônico prazer
Secando toda a fonte do desejo.

Deitar em bela alcova é reviver
Delícias que se moldam, relampejo,
O gosto delicado que prevejo
Acende num momento, o bem querer.

E sinto-me inundando em tua pele,
Suores e gemidos, convulsão.
Permitem que meu corpo já se atrele

Ao teu nesta magia que transforma
Carinho sensual em explosão,
Deixando imenso gozo como norma...
Marcos Loures


74

Nas bênçãos de te ter minha querida,
Eu adormeço e sonho extasiado.
Tu és toda a razão de minha vida,
Contigo meu caminho está traçado.

A solidão se encontra assim perdida,
Jamais vou reviver o meu passado.
A sorte que queria, resolvida,
Meu mundo nos teus braços, atrelado...

Agora que consigo estar contigo
Depois de um duro inverno, sem destino,
Recebo dos teus braços tal abrigo

Voltando novamente a ser menino
Que foge do degredo e do perigo,
Adentro cada porto e me alucino!


18075

Nas ânsias deste amor tão desejado,
Escuto a tua voz já me chamando,
Açude de emoções se transbordando,
Mudando num momento o nosso Fado.

Meu coração se sente enamorado,
Delícias vão chegando, em doce bando.
As mãos de teus prazeres me tocando,
Levando meu amor sempre do lado,

No enlace destes corpos tão famintos,
Vulcões que outrora achara quase extintos
Explodem nos calores, mel e lava.

Assim ao te provar cada minuto,
Os sinos do prazer, amada, escuto,
E a calmaria em maré forte, brava.
Marcos Loures


76

Nas amplidões; fantástica sereia
Recende todo o brilho sideral.
O canto que desfila forma areia;
Areia que penetra neste astral!

Na chama delicada que incendeia,
Esboça tanta forma colossal.
Embevecido deus nunca refreia
Os sonhos da sereia marginal.

Da cósmica poeira constelar,
Escultora sutil faz os planetas.
Netuno, tão vaidoso, vê do mar

As mãos habilidosas. Maravilha!
Embarca sutilmente nos cometas,
Persegue a bela artista e sua trilha!
Marcos Loures


77

Naquela noite atribulada, inquieta
Depois de ter buscado uma alegria
No corpo da mulher que me dizia
Da vida que se entrega e se repleta

No gozo dos carinhos, nossa meta,
Vencendo todo o medo que trazia
Rondando nossa cama em noite fria,
Eu percebi que a vida era completa

E pude te sentir bem mais audaz,
Sussurros e palavras que trocamos,
Da forma mais profana em que tramamos

Nossas vontades todas, sem limites.
Assim como o prazer que a vida traz
Eu quero, meu amor que me acredites...
Marcos Loures


78

Não vou falar aqui lugar comum
Falando da mulher mãe-pefeição,
Nem quero proclamar e ser mais um
Dizendo de nobreza e coração.

Pretendo sim, usar perfeito zoom
Para mostrar-te inteira em emoção.
Cantando sem temor, sequer, algum,
Eu falo da mulher em explosão.

Daquela que domina, mansamente,
E cobra, de repente, seus desejos,
É força que se mostra plenamente

Tornando-se maior sem fantasia;
Mesmo que de princesa haja lampejos,
Aumenta o seu poder a cada dia...


79

Não vejo mais promessas nem premissas
Apenas açucenas, cenas sãs,
Nas massas, nas remessas, nessas missas,
Que vagam pelas vagas, vastas, vãs.

Bem cedo os vendavais e as tempestades
Nas pestes tantas vestes santas ceias...
As mangas os ingás e as saudades
Das massas, das maçãs e das sereias...

Não vejo meu desejo noutro verso
Que inverso vai reverso e quase cheio...
Unidos pelos versos, universos
Que quase se quedaram corte ao meio...

Não quero mais os imãs nem rastejo.
Desejo teu desejo em meu desejo...


80

Não tire mais meleca do nariz,
Menino seja ao menos educado,
Enquanto uma lembrança agora diz
Do quanto fui feliz em meu passado

Chicote do presente, malfadado,
Cortando a velha e amarga cicatriz,
Não posso mais ficar ora a teu lado
O amor sempre ficando por um triz.

A carne que se expõe desta gengiva
Rasgando com motor, sangra demais.
Dentista faz das dores rituais

E a gente que se dane e sobreviva.
Não posso mais falar do amor urgente
Que lembro-me da imensa dor de dente....


81

Não tire mais meleca do nariz!
Eu sei quanto é difícil resistir,
Porém quando este amor pede porvir
Não deve ser do jeito que se quis.

Eu quero simplesmente ser feliz,
Por isso, encarecido, a te pedir
Vontade de tocar e de sentir,
O corpo desfilando pede bis.

Tu és, falo e repito, tão bonita,
A moça mais charmosa do pedaço,
Não deixando minha alma assim aflita

Reflita no que digo. Uma boneca
Perfeita, teu retrato, em sonhos traço,
Mas, por favor, eu peço. Sem meleca!
Marcos Loures


82

Não tenha tanto medo de viver,
O amor é como jóia a ser cuidada.
No dando uma esperança do querer
Já faz surgir raiada esta alvorada
Amar nunca é demais e não temer
Faz parte desta longa caminhada.

Os olhos que tu queres já são teus,
Os lábios que sonhaste querem beijos.
Não pense que ouvirás um triste adeus
São meus os teus anseios e desejos.
Tu sabes que teus sonhos são os meus,
Viver entre teus braços, relampejos

Do amor que sempre foi estrela guia
De todo este meu canto em poesia...

83

Não tenha mais ciúme, rosa-rubra
A vida sempre foi melhor contigo,
Não vejo onde se esconde tal perigo
Que a mão do doce amor sempre nos cubra

De pétalas cheirosas, e assim descubra
A sorte que nos trouxe, santo abrigo;
Por isso do teu lado, amor prossigo,
Na chama que nos queima, forte e rubra.

Vagando nos teu rastro me encontrei
Depois de tanto tempo em solidão.
Envolto nos desejos da paixão,

Fazendo deste encanto a nossa lei
Que dita sempre forte ao coração,
Em fogo dedicado, em emoção...


84


Não tendo escola, amor, que ensine amar
Apenas é deixar que tudo venha,
Tomando nossa vida devagar,
Amor não tem sinais, nem mesmo senha

É fogo que em si mesmo faz queimar
É dele o bom calor, pavio e lenha,
É nele que se ensina a desfrutar
A sorte mais intensa que detenha.

Embora seja qual um passageiro
Que siga seus destinos por si só,
Nascendo e renascendo feito o pó

Alquímico prazer, um feiticeiro,
Amor não tem juízo ou paradeiro,
Nem mesmo de si mesmo amor tem dó...


85


Não temo mais o frio nem o fogo
Não quero mais nem ódio nem rancor.
Acendo o quanto quis em nosso jogo
Ascendo à magnitude deste amor.

Não quero um simples lago em que me afogo
Um mar de imenso sonho, a te propor,
Sabendo desde sempre o quanto, logo
Meu corpo com teu corpo justapor.

E sem fronteiras, perto é o infinito,
À caça dos jardins celestiais,
Nos lúdicos passeios sensuais,

Teus seios, minha boca... Necessito
Dos olhos e dos lábios que navegam
Por óleos que; trocados, não se negam...
Marcos Loures


86


Não temo mais a morte e nem a dor,
Singrando meu caminho mais sereno.
Meu mundo se mostrando encantador,
Meu dia vai passando mais ameno.

Quem fora simplesmente um trovador
Bebendo desta boca tal veneno
Que encanta e me deixando num torpor
Divino, me mostrando amor tão pleno

Percebe toda a sorte desta vida,
Num verso mais profundo e assim profano.
Tu és a minha sorte decidida

Num canto de tão doce, soberano.
Agora que encontrei uma saída,
Caminho sem temores, sem engano...


87

Não tema uma tristeza nem derrota,
Eu estarei contigo o tempo inteiro.
Amor tão delicado não desbota
Pois sabe ser fiel e companheiro.

O teu beijo gostoso, uma compota
De doce delicado e mais faceiro,
Desejo de te ter além da cota;
Pepita que me fez bom garimpeiro.

Tu és a companheira que eu sonhara,
Na busca interminável por prazer.
A vida sempre fora tão amara,

Agora no teu corpo encontrou senha
Que fez o meu sorriso renascer,
Por isso, sem temores; amor; venha!


88

Não tema nosso amor, ele é bendito.
Assim tão benfazejo e tão profundo.
Soltando pelo espaço um forte grito
Eu quero percorrer num só segundo

Distância que pareça um infinito
Mas nada conterá; nem mesmo o mundo.
Eu te amo e isso me faz bem mais bonito
Da tua boca, amada, eu já me inundo...

Eu quero te sentir abandonada
Aos carinhos suaves que proponho;
À sensação divina, enamorada...

Invadido em desejos incontáveis
Deitando nos teus braços amor, sonho...
As mãos vão se buscar. Incontroláveis


89

Não tema nosso amor, ele redime
A todas essas dores que passamos,
Não há ninguém por certo que te estime
Tanto quanto eu; por isso, vamos!

A vida qual cigana nunca pára
Nem deixa que dominem os seus passos
A sorte no futuro se antepara
Nas cores que se pintam, tantos traços...

A solidão congela o sentimento
Somente um outro amor vem e degela,
Não deixe que se perca num momento
Teu barco necessita de outra vela.

O leme desta bela embarcação
Encontra um timoneiro na paixão!


90

Não tema este silêncio em que me calo,
Pois mesmo assim te busco a cada dia.
O mundo me levando neste embalo
Permite que se faça em melodia

O quanto anunciando amor, eu falo,
Dizendo em cada verso da alegria
Da vida que se faz sem ter abalo,
Do jeito que tu sabes, eu queria.

Eu quero tua boca em minha boca,
Vivermos tão juntinhos, mesma toca,
Sagrando nosso amor que não tem fim.

Nas horas em que vago, na verdade,
Procuro te encontrar, felicidade
Tocando bem mais fundo dentro em mim...
Marcos Loures


91

Não tema esta viagem, pois é nela
Que alçamos infinitos num segundo,
No céu de nosso amor uma aquarela
Inunda em esperanças nosso mundo

E cada novo sonho se revela
Em tal profundidade que eu me inundo
Destino com destino assim se sela
Tocando nossos corpos, mais profundo,

Somemos o que somos e passamos
A ter esta unidade indestrutível
Sem medos, sem cativos, sem ter amos

Apenas dois libertos passarinhos
Na urgência de sentir o gozo incrível
De sermos e de estarmos corpos, ninhos...
Marcos Loures


92

Não tema a tempestade nem o frio,
Ardentes não deixamos que nos toque
A ventania feita em ar sombrio,
Nem mesmo a turbulência que provoque

Em qualquer circunstância um vendaval,
Rondando nossa vida, mil perigos.
Porém encontro abrigo sem igual,
No amor que não traz joios, vive os trigos.

Nos arsenais que temos, minha amada,
Encontro uma alegria como lança,
Recebo de teus braços, alvorada,
E volto novamente a ser criança.

Somemos nossas forças, somos fortes.
Amor cicatrizando antigos cortes.
Marcos Loures


93

Não te esqueças de mim, cara cigana
Que o tempo maltratou, e assim se cala.
A lua que se entorna soberana
Adentra em minha casa, rasga a sala.

No quarto se desnuda e faz a festa
Reparte cada brilho no lençol,
E abrindo suas luzes mostra a fresta
Fornalha que te fez ser o meu sol.

Soprando o vento insano, desatina,
Deita-se entre meus braços, abre as pernas
Recria as fantasias da menina
Que teve em luas plenas, as eternas

Vontades de se dar e se perder,
Brilhando qual rainha em meu prazer...


94

Não te esqueças de mim, nem um segundo,
Não me esqueço de ti, meu grande amor...
Se vivo uma certeza neste mundo
Viver a fantasia sem temor...

Não te esqueças de mim, não me destruas,
Eu quero ser feliz ao lado teu.
Assim maravilhosa, continuas,
Brilhando onde meu sol já se perdeu...

Não te esqueças de mim se tu me queres,
Eu te quero somente, eternidade...
Para mim a mais bela entre as mulheres
Trazendo uma total felicidade...

Não te esqueças de mim, minha querida.
Em teus braços deixei a minha vida...


95

Não sofras meu amor, irei voltar...
Tal qual as ondas eu retorno, amor.
Às vezes é preciso navegar
Buscar uma esperança, sonhador

Mas sei que no teu porto quando atraco
Depois de tanto tempo assim distante
Chegando tão exausto, manso e fraco
Teus braços sempre estão a todo instante

Abertos para velho marinheiro
Amante das estrelas e do mar.
Só penso em retornar, o tempo inteiro,
Só tenho o teu amor a me guiar

Entre tantas borrascas, tempestades,
Sonhando com teu cais... Tantas saudades...


96

Não sei se poderei fazer meus versos,
Com sangue e com suor de minha amada...
Os campos que passei, meus universos,
Relembram minha vida tão cansada...

Meus dias vão passando, são dispersos,
A noite das promessas, enlutada,
Sentimentos gentis seguem reversos,
Das lutas que travamos, resta um nada...

Não sei se meu tormento é teu prazer,
Nem sei se vou gozar com tuas dores...
No fundo magoamos cada ser

Que surge nos caminhos que passamos...
Falar assim tão mal desses amores,
É forma de mostrar que nos amamos!
Marcos Loures


97

Não sei por que tu pensas
Que estou noutro caminho.
Se as minhas recompensas
Estão no teu carinho.

Saudades são imensas
Alagam todo o ninho,
As noites vão tão tensas
Quando eu estou sozinho...

Eu quero o teu amor,
Repito e não me canso.
Tão avassalador

Porém mais terno e manso.
Retorne; por favor.
Vem cá pro meu remanso...


98

Não sabes que te quero?
Não fale esta mentira.
Faz tempo que te espero
Meu corpo já delira
Pois saibas, que venero
Teu fogo acende a pira

E deixando-me aceso,
Jamais te esqueceria,
Vivendo sempre teso,
Vontade... Fantasia...
Contigo quero ir preso,
Cativo todo dia.

Se estás apaixonada,
Vem cá. Não fale nada...


99

Não sabes, mas chegaste em minha vida
Da forma mais sutil e soberana.
Minha alma sem ter rumo, vã, perdida,
Da dor que quase sempre, vem, engana...

Saudade que infinita meu deu versos
Que canto sem parar, meu sentimento.
Rolando pelos céus, nos universos,
Nos une, nesses versos, pensamento.

Vestida dessa lua em claro manto,
Bebendo deste mar que não se esgota.
Dedico para alguém meu triste canto,
A lua que é tão próxima e remota.

Amada como me fizeste bem!
Depois destes meus versos, mais ninguém!


18100

Não sabes, mas somente nele eu penso,
No amor que nos transtorna e nos domina,
Um sentimento enorme, firme e denso
A cada novo verso me alucina.

Quem dera flutuar, alçar espaços,
E junto a ti vencer as amplidões.
Estreitam-se deveras nossos laços,
Tocados pelo fogo em turbilhões.

Eu te convido agora para a dança
Que é feita com loucura e fantasia;
Felicidade plena já se alcança
No mundo em que o amor em sonhos cria

Levando ao mais sublime patamar,
Mostrando quanto é bom poder te amar...

Nenhum comentário: