Quer a dor mais feroz na abundância dos pastos
Quer viver no prazer toda culpa do incesto
Pela dor resistir a latência dos castos.
Dudu Oliveira.
1
“Pela dor resistir a latência dos castos,”
Que enquanto nos prejulgam ditam norma
Enquanto a própria vida se deforma,
Ousando nos banquetes, vis repastos.
Não quero e não suporto tal algema,
A vida não se traz atrás das celas,
E quantas maravilhas que revelas
Presumem o que o sonho busca e selas.
Eu sei quanto é difícil prosseguir
Em meio aos turbilhões sem mais sentido,
E embora tente além, já decidido,
A insegurança doma o meu porvir.
Não quero mais a mão que me tortura,
Tampouco as garras turvas da censura.
2
“Quer viver no prazer toda culpa do incesto”
Num átimo, um mergulho no meu ego,
E quando no final tento e navego,
À mágica expressão então me empresto,
Coleto cada resto que pudesse
Ainda me trazer além do hedônico
Caminho que se mostre desarmônico
Gerando a variada e louca messe.
Não sinto mais os medos nem pudores,
A senda se desnuda e me aprofundo,
Vagando sem sentido no meu mundo,
Seguindo cada passo aonde fores.
E sei que nada disso hoje é palpável,
Estrela no infinito, inalcançável.
3
“Quer a dor mais feroz na abundância dos pastos”
Que a cerca nos impede de alcançar,
Assim como um mineiro frente ao mar,
Assim como meus sonhos, velhos, gastos.
Já nada mais comporta o quanto outrora
Coubera dentro da alma de um poeta,
A vida se mostrara ora incompleta
E a fúria, pouco a pouco me apavora,
Eu não sei que não pudera ser diverso,
As asas já podadas pela vida,
Não vejo embora busque uma saída,
Contido o coração neste universo.
Vagar além do quanto a eternidade
Presume quando o sonho além se evade...
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