NUM BARCO ABANDONADO
Num barco abandonado sem destino,
Embarco a solidão que me entregaste.
O vento sem sentido não domino,
Qual galho se vergando em frágil haste
Perdido neste mundo, um peregrino
Que aos poucos se consome em vil desgaste.
Apenas uma porta que se abriu
Permite que eu retorne timoneiro.
Tua palavra mansa e tão gentil
Talvez seja meu sonho derradeiro.
O céu de nevoeiros fez-se anil.
Mergulho nesta bóia por inteiro...
A quilha recomposta, leme solto.
Amiga irei contigo em mar revolto...
MARCOS LOURES
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