PROCELAS
Falar do bem, do mal, do mais ou menos...
Do que restou dos beijos mentirosos...
Meus dias se passaram bem pequenos
Cobertos de fantasmas e de gozos,
Bebendo em cada amor, os seus venenos,
Meus olhos se formaram mais brilhosos...
Agora, vou ao nada, nado solto,
Em mar que te pariu e me cevou.
Procelas, celas, túmulo revolto,
O quase que eu não fui, o que restou.
No passo tão mal dado em que me escolto
Sou outro e já nem sinto o que ficou.
Falar do bom de um sentimento amigo
É quase se entregar, correr perigo...
MARCOS LOURES
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