ALGUM MOMENTO
Sem perder o que talvez pudesse ainda
Trazer algum momento mais sutil,
O mundo que conheço, amargo e vil,
A cada novo não mais se deslinda,
E bebo desta dor que quando infinda
Matara qualquer sonho, e assim previu
Afã tão tenebroso e se sentiu
A sorte se mostrando na berlinda.
Ao menos a carcaça que hoje sou
Ainda pode ter qualquer alento,
E quando mais distante me atormento,
Devoro esta carniça que sobrou
Do que fora deveras honra e glória,
A morte celebrando esta vitória...
MARCOS LOURES
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